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Na atividade passada conversamos sobre o gênero textual memórias literárias que é uma forma de reviver uma época por meio de lembranças pessoais. Nesse gênero, o(a) autor(a) liga passado e presente pela lembrança de fatos, imagens, conversas etc., interpretando os acontecimentos de forma pessoal, ou seja, do seu jeito. Além disso, você foi convidado(a) a escrever um pequeno relato sobre algum acontecimento muito importante do seu passado e também a fazer uma viagem, à qual hoje daremos continuidade. Vamos embora! NOVIDADE! A viagem será nossa participação na 7ª Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, um evento muito importante, pois vamos ler e escrever com alunos de todo o Brasil. Nosso objetivo é mostrar o lugar onde vivemos e o quanto temos de bom e interessante para oferecer às pessoas. Com isso, vamos valorizar as pessoas mais vividas e idosas, pois elas têm muitas histórias interessantes para nos contar e encher de encantos nossas vidas e as vidas de todos aqueles que lerem os textos que produziremos de agora em diante. Força! I- Para aquecer: os preparativos para nossa viagem Vamos ler dois textos. O Texto I foi escrito por aluna vencedora da Olimpíada de Língua Portuguesa 2010; o Texto II foi escrito por Zélia Gattai, famosa escritora brasileira. Leia-os com atenção! TEXTO 1 Chão varrido Não quero esquecer aquele cantinho só meu, cheio de vida, de sons e de cores que há muito tempo só existe em minha memória: a casinha de tábua onde morávamos; o fogão a lenha num dos cantos da cozinha, que tisnava tudo, manchando de preto narizes, paredes e o teto de palha; a casa de farinha – lugar de suplício para mim, que odiava lavar mandioca –, e a densa floresta ao redor, interrompida por pequenos roçados, de onde papai e mamãe tiravam, com muita dificuldade, o sustento da família... Ali, meus velhos só viviam para o trabalho. E aos sábados, que nem burrinhos de carga, lotados de cestas, iam ao antigo mercado vender o que colhiam na lavoura e comprar o rancho, como denominavam a feira semanal. Eu, menina levada, e minhas três irmãs, apesar dos trabalhos que éramos obrigadas a fazer (“pastorar” arroz, raspar e lavar mandioca, arrancar ervas daninhas dos roçados), nos divertíamos também. Brincávamos de casinha, de esconde-esconde e, às vezes, quando papai nos mandava pastorar o plantio do arroz, para enxotar passarinhos, nós aproveitávamos para jogar pedrinha – diversão arriscada, que papai nem sonhava acontecer! Por isso quando víamos vir em direção do roçado, começava a gritaria desenfreada: “Xô, passarinho, xô!”. Fonte Imagem: Internet. Mas eu gostava mesmo era de ir ao roçado sozinha, porque ali procurava um galho de alguma árvore caída e passava a tarde me balançando e cantando o mais alto que eu podia. Eu adorava cantar e achava que estava abafando! Gostava de ouvir o eco da minha voz mata adentro... [...] Glossário: Tisnava: deixava da cor da fumaça ou carvão. Suplício: no sentido de algo muito difícil. Pastorar: cuidar do arroz. TEXTO 2 Parecida mas diferente O pai de Zélia Gattai costumava contar a história de como sua família havia vindo da Itália para o Brasil. Uma vez, quando ele narrava a viagem dos Gattai – que era o nome da família de seu pai -, Zélia, então menina, observou que Eugênio, seu avô materno, escutava atentamente. Então, pediu a ele que também contasse a história da família da mãe, os Da Col. Vovô veio da Itália com toda a família, contratado como colono para colher café numa fazenda em Cândido Mota, em São Paulo. Nona Pina passou a viagem toda rezando, pedindo a Deus que permitisse chegarem com vida em terra. Tinha verdadeiro pavor de que um dos seus pudesse morrer em alto-mar e fosse atirado aos peixes. Carolina ressentiu-se muito da viagem, estranhou a alimentação pesada do navio, adoeceu, mas desembarcaram todos vivos no porto de Santos. Atenção! Cucagna: significa sorte. A família fora contratada por intermédio de compatriotas do Cadore, chegados antes ao Brasil. Diziam viver satisfeitos aqui e entusiasmavam os de lá através de cartas tentadoras: “Venham! O Brasil é a terra do futuro, a terra da ‘cucagna’… pagam bom dinheiro aos colonos, facilitam a viagem…” Com os Da Col, no mesmo navio, viajaram outras famílias da região, todos na mesma esperança de vida melhor nesse país promissor. Viajaram já contratados, a subsistência garantida. Em Santos, eram aguardados por gente da fazenda, para a qual foram transportados, comprimidos como gado num vagão de carga. [...] Obs.: A imagem do Texto 2 foi retirada da I internet. Atividades 1- Quais são os temas tratados nos trechos lidos? – Marque V naquela(s) alternativa(s) que julgar correta(s). ( ) As memórias da infância de uma mulher. ( ) Memória da imigração de famílias italianas para o Brasil 2- Marque um X na alternativa que melhor descreve quem está vivenciando e narrando os fatos nas duas histórias: ( ) No Texto I, o narrador conta a história como se ela fosse vivenciada por ele mesmo; já no Texto II, o narrador conta sobre a história vivenciada por outras pessoas. ( ) O narrador conta as duas histórias da mesma forma, ou seja, só observando, sem vivenciar os fatos. 3- Há acontecimentos da sua vida que merecem ficar registrados para sempre na memória? Se tiver, você pode contar um pouco sobre ele(s)? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ II- Se bem me lembro... E por falar em memória, você sabia que há diferença entre a palavra memória, no singular, e memórias, no plural? Veja: Memória: é aquilo que ocorre em nossa mente devido a experiências já vividas, lembranças. Por exemplo: um adulto passa na estrada e vê crianças nadando no igarapé. Então, faz memória - lembra-se – dos tempos de menino. Memórias: é um relato que alguém faz sobre acontecimentos históricos de que participou ou que foi testemunha ou então de sua vida particular. Pode ser contado em forma de texto literário, da mesma forma que aparece nos dois textos que você leu acima. Todos nós temos episódios de nossas vidas para lembrar: uma festa, uma travessura, um passeio, uma viagem, um costume. Alguns deles são tão importantes e marcantes que merecem ser registrados. Mas de onde vêm essas histórias? Quer descobrir? Então leia com atenção o seguinte trecho retirado de um livro chamado Velhos amigos, da autora Ecléa Bosi: De onde vêm as histórias? Elas não estão escondidas como um tesouro na gruta de Aladim ou num baú que permanece no fundo do mar. Estão perto, ao alcance de sua mão. Você vai de scobrir que as pessoas mais simples têm algo surpreendente a nos contar. Quando um avô fica quietinho, com o olhar perdido no passado, não perca a ocasião. Tal como Aladim da lâmpada maravilhosa, você descobrirá os tesouros da memória. Se ter um velho amigo é bom, ter um amigo velho é ainda melhor. As histórias estão ao alcance de nossas mãos, e esse texto nos ensina que não devemos perder as oportunidades de conversar com pessoas mais vividas, sobretudo os idosos, pois com certeza eles têm muito a contar. Respeitar, ouvir suas histórias e valorizar os mais velhos é um tesouro de que precisamos cuidar. Com eles, aprenderemos muito e preservaremos a memória do lugar de onde viemos, como, provavelmente as crianças da imagem acima estão fazendo ao ouvir histórias de um senhor mais vivido. A imagem foi retirada da Internet. III – Sente e descanse porque lá vem história! a) Uma missão para você! Agora, vamos entrevistar pessoas com mais idade que você. Pode ser alguém da sua própria família – pais, tios, avós – ou conhecidos, um vizinho, uma pessoa idosa da comunidade. As histórias podem ser tristes, alegres, engraçadas, expressando o modo como as pessoas viveram e sentiram esses acontecimentos. O que interessa é que as lembranças sejam fortes e significativas para quem conta. b) Peçalicença para começar Quando você localizar a pessoa que deseja entrevistar, pergunte a ela se está disposta a ajudar você em uma tarefa escolar. Explique que se trata de algo simples, que apenas exigirá a lembrança de fatos passados, mas que será muito importante para você, pois será o início de todo um estudo de leitura e escrita que tem como tema o local onde vocês vivem, os costumes, a cultura e a memória sobre o lugar. c) Dica preciosa: lembre-se de que cada um de nós carrega dentro de si muitas lembranças, vivências de momentos importantes e significativos. No caso da pessoa entrevistada, a memória dela também reflete boa parte daquilo que é hoje a sua comunidade, pois já vivenciou muitos fatos ao longo da vida. Por isso, respeite todos os momentos da entrevista e demonstre verdadeiro interesse pelo que está sendo narrado. d) A importância de registrar: é fundamental que você faça um registro escrito da sua entrevista, anotando o maior número possível de informações. Essas informações serão fundamentais nos próximos passos do nosso trabalho. Por isso, apresentamos a seguir um roteiro de entrevista para que você possa se guiar. Registre as informações no espaço abaixo. Se precisar de mais alguma folha para anotar tudo, você poderá anexá-la a este material. Muito importante! Em razão do risco de contágio pelo coronavírus, adote medidas de segurança: use máscara e álcool gel; e mantenha distância de, pelo menos, um metro e meio. Faça a entrevista em local aberto em ventilado. IV- ENTREVISTA COM PESSOA IDOSA/MAIS VIVIDA DA MINHA COMUNIDADE Dados da pessoa entrevistada Nome completo:______________________________________________________Idade:______________ Data de nascimento:___/____/_________ Sexo: ( ) Masculino ( ) feminino Local de nascimento:______________________________________ Estado:________________________ 1- Há quanto tempo o(a) senhor(a) mora aqui? _______________________________________________________________________________________ 2- Conte um pouco sobre sua história de vida. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3- Agora, conte como era a comunidade no seu tempo de criança e juventude. Quais eram as brincadeiras e o que o(a) senhor(a) fazia para se divertir? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- O(a) senhor(a) se lembra de alguma passagem marcante da sua vida na comunidade onde se criou? Que fato é esse e por que foi marcante? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5- O que o(a) senhor(a) gostaria que continuasse do seu tempo de infância ou mocidade? Por quê? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6- Vou pedir ao(a) senhor(a) que faça uma comparação entre a sua infância ou juventude com os dias atuais. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- O(a) senhor(a) tem alguma foto, documento ou objeto da sua época de infância ou juventude? Poderia me mostrar e contar um pouco sobre essa foto, documento ou objeto? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Atenção aluno(a)! Se for possível, tire uma foto da fotografia, documento ou objeto, do entrevistados, e a guarde com você. Pode usar um celular para fazer essa foto. Se puder, peça para alguém tirar uma foto da sua entrevista. Mande a foto ou vídeo para o meu whats app: IMPORTANTE: todas as imagens desta atividade foram retiradas da Internet e pertencem ao domínio público. Que sejam dados os devidos créditos aos seus autores.