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Organização dos Estados Tradicionais e o Direito

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1.Introdução 
O presente estudo é refente a Organização dos Estados Tradicionais e o Direito: Autoridades Tradicionais e Resolução de conflitos. Como forma de ilustrar a vida tradicional, Organização dum modo detalhado das povoações Moçambicanas. E fazer relação entre o Direito consuetudinário e o Direito Positivo Actual, para compreendermos como o Direito foi evoluindo desde os primórdios até a era actual. 
2. Organização do Estado Tradicional 
A organização do (os) estado (os) tradicional(ais), baseavam-se com a base de sanguinidade real, isto é, materna e paterna mas também com a sanguinidade mística que eram os tios, primos, sobrinhos, avos, netos etc. da qual exige uma transição de herança e de preferência dos bens que toda pessoa recebia e transmitia.
Assim a descendência dos estados tradicionais era feita em dois sistemas a saber:
· Sistema materlinear e sistema paterlinear, assim sendo a descendência eram ligados a uma linhagem. a relação entre as pessoas aparentadas por consanguinidade rea,fiticia ou putativas são chamadas por "parentesco".
 As principais bases de organização tradicional eram: a família, clã, tribo e o reino.
· Família 
A família-era o elemento fundamental que consistia na união consanguínea entre os filhos, pai e mãe e era a primeira célula por sinal de organização do estado tradicional e o mais importante porque definia o comportamento do individuo numa sociedade e ninguém era Permitido viver isolado da família. A família não é um grupo autónomo mas sim heterónimo uma vez que é a unia de Pessoas com o único fim.
· Clã 
Era designado por clã uma união ou conjunto de varias famílias conjugais em círculos concêntricos escalados, sobrepostos e cada vez mais ampla e apoiando a célula base, isto é, a família
· Tribo
 Tribo era a união de vários clãs que tinham a origem comum, irmanados pela mesma linga e religião contingente.
Elaborado por:
ABILIO, Victorino Victor 
Reino
 Consistia no conjunto de várias tribos, com a finalidade linguística, vivendo num determinado espaço geográfico limitado e que tem interesses comuns. As diversas famílias alargadas ou fenícias formam uma densa rede totalizante que é a fase de comunidades e solidariedades, desse modo os membros se tratam como parente carnal. Chamam "pai" ao seu *tio" e "irmão" ao "sobrinho" individualmente. 
2.1 Chefia no Estado Tradicional 
Os chefes dos estados tradicionais faziam ligações com os antepassados, presentes na vida comunitária, cuja influência benéfica deve ser cuidada pela sua proximidade com os antepassados cuja qualidade, poder, conhecimentos superiores, podem arrancar-lhes favores ou torna-los propícios. os chefes tradicionais resolviam os conflitos e o bem-estar familiar bem como da comunidade. os seus poderes estendiam se ao campo social, política, jurídico e religioso, quando a família cresce os chefes a dada altura substituem os chefes em determinadas funções e é dai onde surgem os subchefes de aldeias e "chefe familiar" que também desempenhavam funções idênticas dos chefes e velhos. o chefe de um estado tradicional desempenhava uma função fundamental no grupo como uma pessoa mais qualificadas , mais poderosa e mais valentia, é o guião da comunidade e o guarda das suas tradições e sua coesão.
As motivações religiosas caracterizavam a mentalidade do chefe, segundo esta concepção sacral, o chefe era um carismático. o chefe e os anciãos eram os grupos mais autorizados a estrato social mais prestigiada, o chefe dirige, pensa, solidariza, vigia e procura o bem estar da comunidade, o chefe era o canal de conexão directa com a corrente vital ancestral, por isso o chefe pertencia a linhagem que a comunidade conhecesse como autoridades de sangue e maior antiguidade, isto é, elegia se chefe quem pertencia a uma descendência do fundador da sociedade ou estado.
De uma forma RESUMIDA o "chefe" era o sangue e o espírito dos antepassados, prolongamento e deposito comunicante dinamismo vital, pessoa sagrada responsável pela comunidade perante os antepassados, seu delegado capacidade e eleição e a sua encarnação pois que, por intermédio dele vivificavam a comunidade por comunidade.
Elaborado por:
MASSINGUE, Alice Luís 
3. Os estados tradicionais e o Direito
3.1 Casamentos recomendados
Devemos ter em conta dois casos: certos casamentos são concluídos devido a uma espécie de direito de preempção e outros devido a um direito de herança.
 3.1.1 Direito de preempção 
 Trata-se do costume já explicado em virtude do qual um homem pode casar com certas raparigas da família da mulher. A expressão direito de preempção não é talvez bem adequada, há com efeito, dois casos a considerar: se a mulher daquele homem não teve filhos, ele tem um direito de exigir uma substituta entre as raparigas mencionadas; mas não tem de paga-la. Não houve compra, por conseguinte não há direito de preempção; há, sim, um direito de apropriação. No segundo caso, se a mulher daquele homem correspondeu as legitimas exigências do grupo e a comprou, o marido pode ainda casar com uma daquelas raparigas, pela qual deve pagar um lovolo: a compra, e de qualquer modo protecção, mas o direito reduz-se pouco mais ou menos a isto: aquele homem é em geral louvado pelo clã se se decidir a isto e é bem-vindo dos parentes da rapariga; é até preferido a outros pretendentes se o seu carácter oferecer as garantias necessárias para assegurar a felicidade da rapariga. 
No que respeita ao casamento com a filha do irmão da mulher há várias possibilidades a considerar:
Pode muito bem acontecer que a mulher de um homem, desejosa de ter uma rapariguita que ajude nos trabalhos domésticos, vai ter com o irmão e lhe peca que lhe ceda por algum tempo a filha, que é a sobrinha desta mulher, para vir habitar na sua povoação. Ele consente que a criança cresce lá. Mais tarde, os pais da rapariga dizem a irmã: “se teu marido tem bois, pode toma-la para a mulher”. Volta para casa e discuti o negocio com marido. Se este aceita, manda a mulher para fazer a proposta aos pais da rapariga, e toma-a imediatamente sem grande cerimónia. O resto do lovolo é pago mais tarde.
O costume que consiste em casar com as sobrinhas da mulher é louvado, mais não é muito seguido nas actuais famílias tsongas. É recomendado e louvado escolher mulher na família onde o pai encontrou a mãe, desde que não se trate de um aparente muito próxima.
3.1.2 Direito de herança
O segundo grupo de casos não diz respeito a mulheres que tenciono kulobola (lobolar), mas as viúvas que posso herdar depois da morte dos seus maridos. As que podem assim caber-me em herança chamo em geral de esposa, e tenho relações muito livres com elas, mas já frisei que esta liberdade nunca vai até permitir relações sexuais.
Ndringada (posso comer, receber em herança por prioridade) a viúva do meu irmão mais velho: cabe-me por norma. Relativamente a viúva do meu irmão mais novo a seguir a mim, só posso casar comigo se for velha e incapaz de vir a ter filhos. Se fosse ainda capaz de ter filhos, toma-la por mulher seria totalmente o contrario as ideias da tribo.
Elaborado por:
AUGUSTO, Nilsa Roque
4. Autoridades tradicionais
O conceito de autoridade tradicional designa pois uma forma de poder político. O poder político é entendido como uma forma de dominação, ou de autoridade no sentido weberiano, na qual um grupo de indivíduos toma decisões de governação, isto é decide sobre a organização da sociedade global. Mas trata-se de uma forma de legitimidade específica, que se consubstancia primordialmente por ser uma forma tradicional de autoridade. O poder de mando é legitimado pela tradição, isto é, a sociedade global outorga esse poder a um indivíduo ou grupo de indivíduos, que por via das regras consuetudinárias se encontra legitimado para exercer esse poder.
Não há separação de poderes na corte tsonga. O chefe, ajudado pelos seus conselheiros, conserva em suas mãos o poder legislativo, executivo e judicial. É autoridade suprema e das suas decisões não há apelo. A sua autoridade fica limitada e subordina à dos chefesde organizações sociais e políticas superiores: clã, tribo e reino. Os anciãos e o conselho familiar, embora gozem de grande prestígio, não o suplantam em autoridade, a não ser em situações extremas e flagrantes. A sua autoridade nunca pode chegar ao despotismo porque a família forma uma comunidade democrática. O conselho familiar, no qual actuam todos os maiores de idade, admite a sua autoridade suprema porque lhe reconhece a superioridade de estirpe, mas controla as suas decisões e opina em assuntos importantes, desta forma as decisões passam por uma consulta prévia à comunidade. O Rei pode ter poder político, mas este é um poder vazio a não ser que seja reafirmado e reforçado pela autoridade das sociedades sagradas.
Cada família, portanto cada povoação, possui o seu superior, o seu dono. A povoação muti, verdadeira pequena comuna com o sue chefe a cabeça, forma um organismo social primitivo. O dono da povoação, filho mais velho e herdeiro do que era antes dele, é um chefe em ponto pequeno.
Por exemplo, no dia em que mata um boi para dar uma festa a sua gente, as diversas parte do animal deve ser distribuída pelos parentes; primeiro recebe o pai da povoação, o proprietário nominal do animal, que fica com o peito, a maior parte das vísceras que ai se contem, e depois recebe o irmão mais novo, o filho mais velho que devem comer os seus pedaços com as suas famílias. É um costume muito antigo. Depois recebem os cunhados ou sogros, tio materno, o avô, e todos os homens da aldeia, que ficam com a cabeça. Estes costumes ilustram bem a posição do chefe da povoação.
O chefe da povoação é o senhor, mas também é o pai, o superintendente dos seus administrados. Assim ele:
· O chefe deve velar pela aldeia;
· O chefe é um verdadeiro juiz de paz para os habitantes da povoação, e faz com que haja boas relações entre eles;
· O chefe tem autoridade sobre os demais irmãos mais novos e filhos deles;
· O chefe tem também o direito de impor trabalhos;
· O chefe preside a todas discussões que têm lugar na povoação.
Todos têm direito de tomar parte nas discussões, excepto as mulheres. A mulher só pode dar conselhos ao seu marido, mas o conselho da mulher se é aceite pelo marido, e contada aos companheiros do marido, o marido é censurado severamente e acusado de «fazer mal à povoação». O chefe é responsável por todas as reclamações que são feitas aos seus subordinados.
Mas há situações em que os membros da família ajudam-se mutuamente na resolução de certos problemas, ex:. Caso de alguém da família contrair divida e não conseguir pagar, a família ajuda-o se puder, mas só a título de empréstimo. Assim como os filhos devem pagar as dívidas dos pais já falecidos, mesmo que não tenham recebido herança.
Se o chefe da povoação é absolutamente incapaz de governar a povoação, o conselho da família pode depô-lo e substitui-lo por outro homem. O conselho de família é formado pelos parentes velhos, em especial os tios paternos. Será eleito o irmão a seguir. No que respeita a lei da sucessão na direcção da povoação, o segundo irmão toma o lugar do mais velho e assim sucessivamente. O filho do irmão mais velho só pode vir a ser chefe depois de todos os seus tios paternos terem morrido.
Elaborado por:
CHIVALE, Hortência Américo Jeremias 
A capacidade de comunicar com os espíritos dos mortos serve também como instrumento de administração de justiça, pois com frequência o adivinho é chamado a resolver disputas entre membros da comunidade.
(Cota, Gonçalves) Com a composição e natureza das principais instituições tradicionais nas comunidades tradicionais, os responsáveis pela manutenção e reposição da ordem é o conselho jurídico, as distribuições, as tarefas do conselho jurídico e seus deveres e respectivos direitos tem o papel de assegurar o cumprimento das normas dentro das comunidades.
· O Adivinho interpreta factos em função de forças positivas. O curandeiro é um homem prático que tem grande conhecimento do poder curativo de plantas.
No que tange à política, pode-se constatar que no mundo tsonga o poder era concentrado nas mãos dos chefes religiosos e militares
4.1. A organização das Autoridades Tradicionais 
Segundo Henrique A. Junod na sua obra "Usos e Costumes dos Bantos" As autoridades tradicionais estavam organizados em:
· Conselheiros: eram os que detinham o poder de falar com autoridade, Eles também assistiam o chefe no exercício da realeza. Os conselheiros na povoação Tsonga dividiam-se em várias categorias: 
· Conselheiros principais (letikulu), que eram encarregados de discutir e tomar decisões em negócios gravem que interessavam ao país.
· Conselheiros do exército os generais (tindhuna t yimpi) que presidiam a batalha. 
· Conselheiros dos negócios estrangeiros a razão de um por pais vizinham: eles formavam uma máquina indispensável nas relações diplomáticas ou matrimoniais de um reino com o outro. Se eles fossem inteligentes e tivessem um grande ascendente sobre o chefe, poderiam até impor-lhe a sua vontade, e também poderiam ser um contrapeso útil na autocracia do chefe todo-poderoso. Muitas vezes eram instrumentos servis nas mãos dele.
· Conselheiros estabelecidos pelo chefe cuja função era vigiar os súbditos e averiguar as suas desavenças, eram eles que deveriam levar a capital os negócios (timhaka) importantes, as querelas que o dono da povoação não poderia apaziguar, as acuas que dependiam do tribunal do chefe.
· O arauto: é encarado como a sede da compressão e dos dons oratórios, tinha varais funções uma delas era: todas as manhãs este adulador real vem, antes de nascer do sol, exaltar a porta da palhota do chefe os altos feitos dos seus antepassados, lembrando os nomes e seus actos de valor. Acrescenta maus cumprimentos à destreza do chefe actual, ao qual recrimina ser só um preguiçoso, uma criança em comparação ao pai, o avo e todos aqueles nobres defuntos. (leve-nos à guerra mostra-nos de que valentia és capaz) e o chefe deve acordar todas as manhas ao som deste estranho concerto que dura às vezes horas. E também quanto o chefe mata um boi e demora a distribuição da carne aos hóspedes, parece que o mbongui é o pedinte encarregado de ir reclamar a parte dos guerreiros dizendo o seguinte: não vês todos estes homens, ali, na tua povoação? Não são teus cães? Por que nos reduzes a Porção estipulada? Tu só das carne as mulheres… são as mulheres que te hão-de livrar quando os inimigos te atacarem, etc. ele é muito respeitado. 
· O <<xitalexatiku>>, o insultador do pais: Era uma espécie de louco da corte que tinha o direito de (vomitar insultos) mais graves. Os mais ultrajantes param todos dependentes dos pais. Nunca atacava estrangeiros mas gozava de certa imunidade pois só injuriava os seus compatriotas. Essa função é oficial e hereditária.
Elaborado por:
NSELE, Eldefonso Luís
Nas comunidades indígenas de Moçambique, segundo Cota Gonçalves (S.d:89,139) caso um homicídio protagonizado por um irmão que mata o outro, era de costume que o caso fosse resolvido pelo pai deste ou por alguém que representasse o poder paternal que tinha competência para punir com a pena capital ou outra menos severa conforme as circunstancias e o desejo do julgador, e no caso de matar um estranho, a vendita era popular, o povo é que elegia o juiz, e o povo é que dava a sentença final, enquanto o Direito actual estabelece que a resolução de conflitos cabe aos tribunais ou outras instancias de resolução de conflitos e os tribunais são independentes (Art. 212 CRM), portanto este modelo normativo do costume, o Direito não o positiva, Mas há também regras do costume que são positivadas pelo Direito, é o caso da pena sobre o fogo posto em Quionga – Moçambique, embora não tivessem as prisões propriamente ditas, era punida com a privação da liberdade do arguido como também o Direito prescreve (Art. 464 C.pen[footnoteRef:1]) [1: Luís Miguel Ribeiro, Código penal e legislação complementar de Moçambique, 2ª ed.,MinervaPress Editora, 2013, S.l] 
Mas há casos de responsabilização civil do homicídio involuntário ao indivíduo, como diz Cota Gonçalves(S.d:143)qualquer delito involuntário, até mesmo o homicídio, não era punido criminalmente. O facto gerava apenas a responsabilidade civil, ao passo que o Direito responsabiliza criminalmente este facto (art. 368 C.pen)
Destes pressupostos podemos ver que nalgum momento as normas costumeiras são validadas ou positivadas pelo Direito, doutra sorte pode-se ver que algumas normas costumeiras coincidem com as normas jurídicas, e outras são simplesmente indeferidas pelo Direito tais são os casos das penas de morte por exemplo, que eram aplicadas a quase maior parte dos crimes nas sociedades indígenas de Moçambique, porém no Direito tais penas de morte já não são aplicadas, salvo nos países que adoptam este tipo de penalização, mas em Moçambique por exemplo não há pena de morte (art. 40, nr2 CRM).
Nas sociedades indígenas o conceito penal baseava-se no espírito colectivista segundo Cota Gonçalves (S.d:127), em que um homem praticando um homicídio também sua família era envolvida, era a chamada responsabilidade solidária – por exemplo se um homem matasse alguém ele podia a titulo de compensação substitui-la por um dos seus parentes a família da vitima diferentemente do que a lei penal actual preconiza, o individuo terá a sanção individual de prisão maior (art. 349, C.pen) portanto é extinta aqui a substituição do morto.
Elaborado por:
MUCHIDÃO, Luís Betinho Ernesto 
5. O conflito social e a sua resolução
5.1. O conflito
autoridade tradicional busca preservar as normas e valores culturais, velando pela sua transmissão às novas gerações como forma de garantir a sua continuidade, e os mecanismos tradicionais de resolução de conflitos sociais funcionam como meio através dos quais as práticas culturais são preservada.
A autoridade tradicional joga um papel fundamental navida da comunidade porque compreende o significado de cada acto material e espiritual por ter sido socializado, podendo desempenhar funções com base na tradição, num exercício de educação moral dos indivíduos com objectivo de preservar as normas e valores que sustentam a cultura.
Cuenhela (1996) afirma que aautoridade tradicional é uma instituição sócio-política tradicional africana que se vai perpetuando ao longo do tempo e de geração em geração.
Nas comunidades tradicionais, qualquer conflito é provocado quando o individuo ou grupo de individuos dentro da comunidade, não seguem o comportamento considerado normal pelo modo de vida local. Muitas vezes este conflito é manifestado atraves da não observancia das normas e regras em vigor, regras que regulam os diferentes aspectos da vida social. Entretanto, o impacto do conflito varia em funçao da sua gravidade e ele pode verificar-se: 
· Entre individuos dentro da familia
Ex:Os conflitos conjugais são, quase sempre, de natureza familiar
· Entre familias dentro das comunidades
Ex: Os conflitos resultantes de acusacaoes de feitiçariapodem ser de natureza familiar ou comunitaria
· Entre comunidades 
Ex: os conflitos resultantes do não respeito ao tabuestes por sua vez, envolvem quase toda a comunidade
Nessas Sociedades tradicionais existem certos factores que favorecem situações para o surgimento de conflitos que são:
· A não aceitação do trabalho do conselho jurido;
· O não cumprimento das normas e regras que regulam as relações entre os individuos dentro das comunidades;
· A imposição de novos valores socio-culturais.
Elaborado por:
JANJA, Amiel Abdul Carimo Alide
5.1.1 A prevenção do conflito
As sociedades tradicionais criam mecanismos para evitar o conflito. Os individuos aprendem essses mecanismos durante o seu processo de socialização ou enculturação. Este processo de aprendizagem existe em todas a culturas.Ele é realizado, sempre com cerimonias. 
Por Ex: A existência de festas como, os ritos de iniciação dos jovens para uma vida adulta; os casamentos, e as missas ou cerimónias que acontecem depois da morte dos mesmos.
Os tabus possuiam um papel muito importante para evitar os conflitos dentro das sociedades tradicionais. Na verdade, eles apresentam-se como um código de comportamentos, Duma maneira geral os tabus podem ter funções como:
· Evitar os conflitos que podem acontecer na gestão e distribuição de recursos naturais onde esses são escassos.
Ex: a proibição do consumo de certos alimentos por um determinado grupo social dentro das diferentes comunidades, faz parte desta categoria;
· Evitar os conflitos que podem vir das relacoes sexuais sem respeitar as regras.
Ex: o tabu do incesto;
Um tabu muito generalizado no sul de mocambique,é o tabu que tem ligação com o código de temperatura, ou seja, a pessoa estar quente ou fria. Dentro destas comunidades, uma pessoa quente é perigosa, visto que pode transmitir doenças à comunidade. Todos consideram "quente", uma pessoa nas seguintes condições:
· Que tenha mantido relações sexuais na véspera, com um viúvo ou viúva, antes da cerimonia de purificação;
· Um doente de tuberculose ou hernia
· Uma mulher menstruada ou grávida.
Elaborado por:
CUMBE, Salimesto Jorge Alexandre
5.1.2. Normas e regras para a resolução de conflitos 
Na comunidade tradicional, qualquer violação de tabus tem como consequência uma crise social que afecta mais de uma pessoa e manifesta-se atráves de conflitos dentro da familia ou entre familias ou ainda, dentro da comunidade. Estes conflitos são tradicionalmente resolvidos mediante uma cerimonia conhecida por todos e que a comunidade aceita e raliza como parte da sua cultura. Estas ceriminias variam de comuindade para comunidade, em função das diferenças culturais.
Por exemplo, em muitas comunidades na região do sul de mocambique, se dois irmaos tiverem mantido relações sexuais com a mesma mulher, eles violam um tabu. Deste modo, se um dos irmaos ficar doente, o outro não pode visitar o doente sob o risco de, segundo se acredita, este vir a morrer. Por outro lado, se o primeiro irmão morrer, o outro não pode participar nas cerimonias fúnebres, sob o risco de ele também morrer a seguir.
Entre os Vacopi, no sul de mocambique, por exemplo, um homem que tenha mantido relações sexuais um dia antes de a sua mulher dar parto, deve, ao voltar para casa e durante o caminho, fazer um nó num ramo de um arbusto. Se não fizer isso, pode causuar doenca a criança recém nascida.
E por fim, em muitas comunidades na região norte de moçambique, por exemplo, uma mulher menstruada não pode salgar a comida. Se ela assim o fazer, acredita-se que ela e os parentes mais próximos que consumirem aquela comida, vão ter anemia.
 A cerimonia de purificação consiste, neste caso, na mulher ter que manter relações sexuais logo depois da menstruação.
5.1.3 A reposição da ordem social 
Existem mecanismos sociais dentro das comunidades, que são usados para a reposição de ordem social, caso esta ordem tenha sido violada. Estes mecanismos são diferentes de uma comunidade para outra e de um conflito para o outro. Porém, em todos os casos, a reposição da ordem passa pela realização de uma cerimonia.
As cerimonias de reposição da ordem social sofrem uma variação, e esta diferenciação tem a ver com a maneira de viver e de ver o mundo que cada comunidade tem, e tambem como o tipo de conflito, mais ou menos grave.
5.1.4. Alguns exemplos mais comuns de cerimonias
5.1.4.1. Cerimonias de purificação
Todo o individuo que viola um tabu, deve passar por uma cerimonia de purificação.
Por exemplo: aquele que matou alguem, deve ser submetido a esta cerimonia. Antes disto acontecer, ele não pode ser visto como um individuo normal dentro da familia ou da comunidade.
Muitas comunidades estao a praticar a cerimonia de purificação, com o fim do conflito armado, são purificados os soldados desmobilizados que voltam para casa. Isto é importante para o individuo e para a comunidade, com efeito, estas cerimonias poem de volta o individuo na sua comunidade, onde pode passar a viver em paz. Podemos ate, chamar a este tipo de cerimonia como cerimonias de perdão.			 
As mulheres viúvas, ou aquelas cujos seus bebes tenham morrido, tambem passam por este tipo de cerimonia.5.1.5. Cerimonia de Perdão
É importante fundamental no processo de reconsiliação nacional depois da Guerra. O que acontece sempre nessas cerimonias, é que elas são feitas em muitas fases em diferentes momentos com a grande privacidadde somente com a participação de um grupo familiar e da comunidade. 
Elaborado por:
ALVARO, Ribeiro Francisco 
5.1.6 Ordalias 
A ordalia é uma prova que busca mostrar se uma pessoa é culpada ou não. 
Nos tempos passados, todo o acusado ou suspeito de um crime e que negasse o seu envolvimento em tal crime, era submetido a prova de culpa.			 
A orladia mais comum em quase todas as comunidades mocambicanas, era chamada MWAVI em emakhuwa. E o juiz deste tipo de cerimonia era um Medium ou um Chefe Religioso, para o caso da região muculmana. O teste de mwavi era feito através do bolo de arroz, isto é, o chefe dava ao acusado um pequeno pedaço do bolo de arroz. Se o acusado conseguisse engolir o pedaço do bolo, era declarado inocente, mas se não conseguisse, provava-se assim a sua culpa.
Outro exemplo da ordalia comum entre as comunidades era a prova da agua a ferver. Esta cerimonia consistia no seguinte: metia-se um anel, ou outro objecto pequeno, numa panela de barro com água a ferver. O acusado deveria tirar o objecto com a mão sem dificuldades se não fosse culpado, mas se fosse, ira queimar a mão, e não conseguiria tirar.
Estas práticas de resolução de conflitos que punham em risco as vidas ou aleijavam as pessoas, foram deixando de existir com o passar do tempo, e actualmente já não se usam mais. Entretanto, ainda é muito comum o uso de outras provas, que todos vem como correctas.
No sul do rio save, as partes envolvidas num milando vão normalmente, ter com um medium. O medium prepara um remédio que depois da aos acusados para beber. Para os que não tem culpa, segundo esta tradição este remédio não surtira algum efeito, mas para o culpado ficará bebado e vai confessar os seus actos sem pressão de ninguém. Esta cerimónia é usada quase sempre, para acusados de feiticaria.
Nestas comunidades do sul, a cerimónia mwavi recebe também o nome de mhodzo, que significa shifre. Isto porque o remédio é preparado e tomado num recepiente feito a partir de um shifre.
O mwavi deixou de ser praticado já durante o período colonial, por que foi proibido pelas autoridades administrativas.
Elaborado por:
DANIEL, Lino Francisco 
6. Conclusão 
Após a busca de diferentes e recoleção de informações de manuais, Internet trasformando num estudo concluimos que no que concerne a organizão dos estados tradicionais a que pormos em consideração que os estados tradicionais eram organizados em povoações: Familias, Clã e Tribos. E dentro do clã existia uma hierarquia de poderes que consistia num conjunto de familias conjugais. Dentro da Tribo era o conjunto dos clãs.
E olhando para a questao das autoridades tradicionais nota-se a falta de descentralizaão de poderes, mas apenas tinham algumas entidades que apoiavamm ou eram desognados para apoiar o chefe na direção das pvoações ou resolução dse certos conflitos.
Em suma podemos afirmar que os estados tradicionais tinham uma autoridade organizadad apesar de não haver uma directa separação de poderes. O Direito das povoações eram direitos Costumeiros. A questao mas interessante estava ligada na resolução de conflitos que tem relação com as autoriodades tradicionas. Essa autoridade tradicional executava o poder que lhes era dado pelo chefe das povoações. 
7. Bibliografia
Tavares, Alfredo Camacho e António. O nosso dicionário línguaportuguesa, 2ª ed., 
1. Alcance Editores, Maputo, 2012.
Balogun, Olaetall (1980). Introdução à cultura africana. Edições 70. Biblioteca de
2. Estudos Africanos.
Cota, Gonçalves. Mitologia e Direito Consuetudinário. ArquivoHistórico De 
3. Moçambique. Maputo. 
Junod, Henri A., Usos e Costume dos Bantu, Tomo II, Arquivo Histórico de
4. Moçambique 1996.
Nhancale, Orando, normas regras e justiça tradicional: como evitar e resolver conflito, 
5. 1996.

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