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Retículas Traço, retícula e meio-tom ➢ Em um desenho animado ou em histórias em quadrinhos, os personagens e demais elementos visuais geralmente têm seus contornos delimitados por traços que são preenchidos por cores chapadas (uniformes, sem variações). No entanto, no nosso dia-a-dia, não é assim que vemos as coisas. Em vez de traços, percebemos o limite dos elementos visuais por variações de tons (os meios-tons) – sejam eles abruptos (quando há um grande contraste entre os elementos) ou tênues (como no caso das sombras, por exemplo). Da mesma forma, não vemos as coisas “preenchidas” por cores chapadas, mas sim por cores repletas de meios-tons. ➢ Assim, percebemos as imagens ao nosso redor não por meio de cores e traços, mas pelos meios-tons –que nos dão a percepção das luzes e das sombras, das texturas, da profundidade etc. ➢ É a diferença entre uma fotografia e um desenho simples feito com esferográfica: na foto, as formas são definidas por meios-tons; no desenho, por traços e pelas cores que os preenchem. ➢ Na foto, dizemos que há uma imagem em meio-tom; no desenho, temos uma imagem em traço. ➢ No entanto, não é tão simples reproduzir esses meios-tons num impresso. ➢ Para que isso seja possível, é preciso decompor os meios-tons em pequenos pontos que, variando de tamanho e de cor, misturam-se em nossa visão (porque são pequenos). Por conta dessa mistura ótica, esses pequenos pontos simulam uma variação natural da cor e assim, também simulam o aspecto “natural” das formas que estão sendo reproduzidas. Esses pontos são organizados numa rede, denominada retícula (ou seja, uma “pequena rede”). Assim, os meios-tons são obtidos na impressão com o uso de retículas. ➢ Muitos processos gráficos utilizam retículas – como offset, a rotogravura e a impressão digital – e, assim, têm como reproduzir imagens fotográficas com bastante realismo. Se utilizarmos uma lente de aumento (conta-fios), veremos que se trata de uma simples simulação, obtida por meio dos pontos da retícula. Outros processos, por questões tecnológicas, não têm como reproduzir pontos tão pequenos e, por isso, são incapazes de simular os meios-tons. ➢ É o caso da maior parte dos equipamentos de serigrafia, de boa parte do parque gráfico de flexografia e, também, do corte eletrônico (que, como observado anteriormente, é um processo de reprodução, mas não propriamente de impressão). ➢ A plotter de jato de tinta é um caso à parte: embora utilize pontos pequenos, seu meio- tom só é satisfatório quando observado a uma certa distância, devido à baixa resolução resultando do processo eletrônico usado. ➢ Quando não há meio-tom, temos uma impressão a traço. O traço é a propriedade de todo elemento impresso que é formado por uma única tinta e, portanto, por uma cor física: não há meio-tom algum. Por exemplo: os grande jornais, que são impressos no processo offset, utilizam traço para a impressão dos textos (com tinta preta) e meios-tons para as fotos. ➢ Nas fotos em preto-e-branco, esses meios-tons são formados apenas com tinta preta. Nas fotos “coloridas”, são usadas outras tintas que, na nossa visão parecem se misturar por meio das retículas. Cada uma dessas tintas é impressa separadamente (ainda que uma logo depois da outra, na mesma máquina). ➢ Isso significa que um impresso que possui mais de uma cor foi, em realidade, impresso mais de uma vez. Tipos de pontos Existem formatos diferentes dos pontos, de acordo com a retícula utilizada. - Retículas de pontos quadrados: Sâo as mais comuns, pois reproduzem os meios-tons de maneira satisfatória e, dependendo dos demais fatores (qualidade do maquinário de impressão, por exemplo), geram impressos de boa qualidade. - Retículas com pontos em forma de elipse: Reproduzem melhor os meios-tons da pele clara ou morena, e por isso são muito utilizadas em revistas mais sofisticadas e livros de arte. É necessário, um bom equipamento para que essa vantagem de pontos elípticos possa surti efeito. - Retículas de pontos redondos: Dão melhor rendimento aos trabalhos realizados em máquinas rotativas do processo offset de tipo heatset, destinadas a trabalhos com altas tiragens, “coloridos” e com boa qualidade – em geral, revistas de venda de bancas. Retícula estocástica Na retícula estocástica é FM (frequência modulada) os pontos são distribuídos aleatoriamente, com concentração mais densa nas áreas escuras e menos densas nas áreas claras, porém todos os pontos tem o mesmo tamanho. A qualidade de imagem digital, em um monitor, é definida pela unidade PPI (pixels per inch, ou pixels por polegada). 1476x830 | 150 ppi. 1476x830 | 75 ppi. 1476x830 | 25 ppi. Ganho de ponto ➢ Um dos principais cuidados que o uso das retículas requer é com o efeito conhecido como ganho de ponto – ou seja, a variação da forma dos pontos nos elementos impressos, com o aumento de seu tamanho. ➢ Os efeitos que ele causa, se não forem controlados, podem ser aterradores: retículas entupidas, com perdas de detalhes ou escurecimento das imagens, fios delicados que se tornam pesados, degradês que se inviabilizam textos ilegíveis por perda de contraste com o fundo no qual foram aplicados. ➢ Em certas situações de projeto, não há uma forma de reduzir o ganho de ponto, como é o caso da impressão de jornais, cujo maquinário e o próprio papel utilizado obrigatoriamente geram variações dos pontos que chegam a torná-los um terço maiores do que seu tamanho original. Ex. Evitar fotografias com muitos detalhes aplicadas em dimensões pequenas. Máximas, mínimas, meias-tintas e neutros As retículas são divididas em três grandes áreas, de acordo com a densidade dos pontos: as áreas de máximas (ou sombras), as de meias-tintas e as áreas de mínimas (ou alta luzes). Essa divisão é útil tanto na edição de imagens (pois essas áreas servem como referência para que o designer gráfico ou técnico de pré- impressão avalie a necessidade e a natureza dos ajustes a serem realizados), quanto durante o processo de impressão. ➢ Áreas de máximas: São aquelas nas quais há maior quantidade de pontos e que vemos como mais escuras ou mais carregadas de tinta. ➢ Áreas de mínimas: São o oposto das áreas de máxima, e por isso são também chamadas de altas-luzes. As mínimas são as partes da imagem com ausência ou pequena quantidade de pontos, que correspondem aos tons mais claros e à própria cor do suporte. ➢ Meias-tintas: São as áreas intermediárias entre máximas e mínimas, nas quais a soma dos pontos da retícula cobrirá entre 25% e 75% da área do suporte, após a impressão. As meias-tintas são algumas vezes referidas simplesmente como meios-tons, o que é impreciso, visto que meio-tom é o oposto de traço – ou seja, qualquer área da imagem formada por pontos, independentemente de eles serem numerosos (caso das máximas) ou não (caso das mínimas). Outro termo que, embora nada tenha a ver com essa classificação, se relaciona a essas três noções é o de tons neutros (chamados grises). Os neutros são os diversos tons de cinza, inclusive aqueles que apresentam alguma coloração. Os neutros funcionam como uma referência importante para o tratamento de imagens. A matriz e seus elementos Todo processo de reprodução pressupõe cópias e, portanto, uma matriz da qual elas se originam. As matrizes podem ser físicas (nos processos mecânicos) ou virtuais (nos processos digitais e em alguns híbridos). As matrizes físicas recebem diversos nomes de acordo com o processo – em geral diretamente relacionadas com o material do qual são feitas ou com seu aspecto físico: chapa (offset), cilindro ou forma (rotogravura), tela (serigrafia), borracha (flexografia), rama ou clichê (tipografia). A maioria dos processos utiliza matrizes que, em geral, imprimem simultaneamente mais de uma unidade do serviço a ser realizado. Ou seja: a matriz é maior do que o produto final e, por isso, nela cabe mais de uma lâmina ou página. Sangramento (ou sangrias) ➢ Um elemento sangrado é aquele que “parece” caber no formato final do impresso e que por isso foi“cortado”, ficando por conta do leitor “completá-lo” subjetivamente. ➢ As capas de revista têm, em geral, elementos sangrados: fotos de celebridades cortadas na altura do colo, do pescoço ou mesmo do rosto, como se “não coubessem” nas dimensões da capa. ➢ O efeito sangrado perde seu impacto quando, devido a erro, há um filete branco junto à borda do papel, causado por falta de impressão. ➢ Os sangramentos são justamente o cuidado necessário para que os elementos gráficos que ficarão nas bordas do papel fiquem efetivamente sangrados. ➢ Quando um impresso não possui elementos sangrados, dizemos que ele receberá um corte seco. Esta expressão se deve ao fato de que, como as páginas ou lâminas estão limítrofes umas Às outras, bastará um único e certeiro corte na guilhotina de papel para que o refile esteja concluído.
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