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GIOVANA SANTA MARIA 1 FPM V Ginecologia Sangramento uterino anormal é definido como o sangramento (agudo ou crônico) proveniente do corpo uterino, com anormalidade – na regularidade, frequência ou duração – em mulheres não grávidas ATENÇÃO: DEVE-SE SEMPRE DESCARTAR A PROBABILIDADE DE GESTAÇÃO NA MULHER COM SUA PADRÕES DE SANGRAMENTO NORMAL: • Quantidade: perda sanguínea em torno de 40mL (25-70 mL) • Duração do fluxo: 2 a 7 dias • Frequência dos fluxos: entre 21 e 35 TERMOS IMPORTANTES: (está em desuso) ➔ Menorragia: do volume sanguíneo excessivo (>80mL), ou prolongado (>7dias), podendo haver coágulos e, ocasionalmente, anemia. ➔ Metrorragia: sangramento uterino em intervalos irregulares. ➔ Oligomenorreia: sangramento uterino em intervalo superior a 35 dias. ➔ Polimenorreia: sangramento uterino em intervalo inferior a 24 dias. ➔ Sangramento de escape, intermenstrual ou spotting: sangramento uterino de pequeno volume, precedente ao ciclo menstrual regular. ➔ Amenorreia: ausência de sangramento vaginal por 3 ciclos regulares ou 6 meses em ciclos irregulares. ➔ Sangramento uterino disfuncional (SUD): sangramento uterino não relacionado a causas anatômicas ou sistêmicas, sendo diagnóstico de exclusão. Sua principal causa é anovulação. • Orgânica • Disfuncional (endocrinológica) : deve-se determinar o local do sangramento (para não confundir o vaginal com uretral ou retal). • Sangramento vaginal: Causa mais comum é a vulvovaginite, mas também pode ser por doenças dermatológicas, crescimento neoplásico, trauma por acidente, abuso sexual ou corpo estranho. • Sangramento uterino: aumento nos níveis de estrogênio (puberdade precoce, ingestão exógena acidental ou neoplasias ovarianas). : causas mais comuns são a anovulação (por imaturidade do eixo HHO) e coagulopatias. As possibilidades de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e abuso sexual não podem ser descartadas. : é um problema frequente nessa idade, cerca de 1 em 20 mulheres em fase reprodutiva irá se consultar devido a SUA. Sangramento por gravidez e DSTs podem ocorrer. Leiomiomas e pólipos endometriais aumentam de probabilidade com a idade. : a SUA é muito frequente por anovulação, reduzindo as chances de sangramento por gravidez e DST. Outras etiologias aumentam em frequência, como neoplasias benignas e malignas. : sangramento que ocorre após a menopausa, causado por doenças benignas. Atrofias do endométrio e da vagina, pólipos endometriais benignos podem ocorrer. Carcinoma de endométrio é mais frequente. Apesar de menos frequente, pode ocorrer um tumor ovariano produtor de estrogênio, formando uma hiperplasia endometrial. Outras possíveis causas são: neoplasias ulcerativas vulvar, vaginal e cervical. Deve-se sempre iniciar pensando em um diagnóstico de gravidez, o sangramento pode ser devido ao descolamento prematuro de placenta, gestação ectópica, abortamento, placenta prévia ou doença trofoblástica. ➔ Beta HCG no soro sanguíneo = 7 a 8 dias após a ovulação, ou no dia posterior à implantação trofoblástica. ➔ Beta HCG na urina: quando o nível sérico atinge 20 a 30 UI/L • De locais potenciais de sangramento (vulva, vagina, colo do útero, uretra, ânus e períneo) GIOVANA SANTA MARIA 2 FPM V Ginecologia • Da presença de achados como laceração, ulceração, corrimento vaginal, corpos estranho ou massas. • De características uterinas – tamanho, mobilidade e contorno. • USG: transvaginal é o mais indicado; posteriormente, pode-se solicitar um USG com solução salina, em que as lesões uterinas são mais bem analisadas; • Histeroscopia: avaliação direta do útero e retirada de materiais para biópsia; • Ressonância magnética: necessidade de avaliação além da USG • Tomografia computadorizada em casos suspeitos de doenças malignas e metástases. • Testes tireoidianos: para pacientes com queixas sugestivas de hipo/hipertireoidismo; • Dosagem de prolactina: em caso de uso de determinados medicamentos ou galactorréia; • Níveis de andrógenos: para mulheres com sinais de hirsutismo. • LH e FSH para prováveis causas de distúrbio ovulatório. Excluída a gravidez, deve-se fazer uma investigação etiológica detalhada → utilizar o PALM COEIN Formações hiperplásicas de glândulas endometriais e estroma. Benignos e assintomáticos. Diagnóstico: achado na USG ou histeroscopia; visualização de células endometriais na citologia cervical; investigação de SUA ou infertilidade; exame físico (pólipos prolapsados). TRATAMENTO: • Expectante (regressão em 25%) • Histeroscopia (polipectomia) • Histerectomia Glândulas endometriais e estroma presentes na musculatura uterina. O tecido endometrial ectópico induz a hipertrofia e hiperplasia do miométrio circundante, resultando em um útero difusamente aumentado. Sintomas: dismenorreia, menorragia e dor pélvica crônica (pode ter dispaurenia) Na USG observa-se útero aumentado, sem endometriose ou leiomiomas; histerossonografia; RNM TRARAMENTO: agonistas de GnRH; antagonistas de GnRH (diminui níveis de esteroides gonadais); adenomiectomia, embolização da aa uterina; laparoscopia) Tumores pélvicos, sendo mais comum em mulheres. Classificados como monoclonais e benignos, originários de células musculares lisas do miométrio. • Intramurais: desenvolvem-se dentro da parede uterina; • Submucosos: derivam de células miometriais localizadas imediatamente abaixo do endometrial e frequentemente crescem para a cavidade uterina. • Subserosos: originam-se na superfície serosa do útero • Cervicais: localizados na cérvice uterina Sintomas: dor, pressão pélvica, menorragia e acometimento do trato urinário, quando comprimido pelo tumor. Pode ter efeitos reprodutivos, como infertilidade. GIOVANA SANTA MARIA 3 FPM V Ginecologia Investigação por imagem: USG com massas redondas hipoecóicas e bem circunscritas, com sombreado e calcificações. Diagnóstico: útil histeroscopia ou USG com solução salina e ressonância magnética. TRATAMENTO: • Cirúrgico: histerectomia/ miomectomia • Antifibrinolóticos: acido tranexâmico • AINEs • Análogos do GnRH SARCOMA ENDOMETRIAL: dores e distensão abdominal, sintomas urinários e algumas vezes assintomático. Diagnóstico por USG e biopsia do endométrio. CARCINOMA ENDOMETRIAL: diagnóstico suspeitado na investigação de sangramento uterino anormal ou por achados inesperados na citologia cervical; confirma por USG e biopsia do endométrio CANCER DE COLO UTERINO: importância do Papanicolau; vacinação (bi [cérvix] e tetravalente) Investigação: • hemograma e testes de coagulação (tempo de sangramento, tempo de protrombina [PT], tempo de tromboplastina parcial ativada [TTPa] e tempo de trombina [TT]); • além de historia de distúrbios de coagulação e achados no exame físico, como equimoses palpáveis e hematomas de tecidos moles, profundos e extensos. Sintomatologia: historia pessoal de hematomas; complicações – hemorrágicas com cirurgia ou parto; cistos hemorrágicos; epistaxe; sangramento grastrintestinal; história familiar. TRATAMENTO: mesmos do SUD (exceto AINES); reposição de fatores de coagulação; IRREGULARIDADE MENSTRUAL (variação entre anovulação e períodos de 2 meses ou mais sem sangramento, e períodos com sangramento intenso). COMUM EM PACIENTES NOS EXTREMOS DA IDADE REPRODUTIVA e naquelas com síndrome do ovário policístico ou distúrbios endócrinos. Avaliação laboratorial: não é necessária, mas pode ser feita para excluir doenças da tireoide e hiperprolactinemia. Diagnóstico: clínico, US TV, dosagem de prolactina, TC; Tratamento: • clomifeno • metformina se IMC >35 • tratar patologia de base Infecções e inflamações que acometem o endométrio, por meio de variados agentes patológicos, e formam ogrupo das doenças inflamatórias pélvicas. Sintomas: dismenorreia, corrimento vaginal e algumas vezes odor fétido, distúrbios urinários e dores abdominais. Diagnóstico: análise do corrimento, sorologias para DSTs e pesquisa para C. trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e Mycoplasma genitalium no material colhido no exame ginecológico. Sangramento anormal causado por medicações como anticoagulantes ou contraceptivos hormonais (principalmente os que contém somente progesterona); ou uso de dispositivo intrauterino (DIU). • endometriose crônica • malformações arteriovenosas • hipertrofia miometral • outras causas.... PÓLIPOS: remoção do pólipo por histeroscopia. (se não quiser manter vida reprodutiva, pode-se fazer histerectomia) → tratamento apenas para sintomáticos ADENOMIOMAS: ac oral combinado, progestagênios ou sistema intrauterino liberador de levonorgestrel. GIOVANA SANTA MARIA 4 FPM V Ginecologia LEIOMIOMA: análogos de GnRH, AINE, antifibrinolíticos (ac. Tranexâmico); • submucoso: remoção por histeroscopia • intramurais: remoção por laparoscopia ou laparotomia • em miomas muito grandes: análogos de GnRH antes da cirurgia por 3 meses. • Em casos que não se deseja manter a vida reprodutiva → histerectomia MALIGNOS: abordagem individualizada, de acordo com as características do tumor Tratamento padrão é com medicações hormonais ou não: • Contraceptivo oral combinado • Progestagênio isolado oral • Dispositivo intrauterino com liberação de progestagênio • Fibrinolíticos (acido tranexâmico – em dias de sangramento intenso) • AINE: além de reduzir sangramento, age contra a dismenorreia – usado nos dias de menstruação (não usar em coagulopatias) Obs: contraindicações para usos de estrogênios: hipertensão, enxaqueca com aura, tabagismo após 35 anos, trombofilias... OBS2: o tratamento cirúrgico de causas não estruturais é indicado quando se falha o tratamento clínico, podendo ser feito por ablação do endométrio ou histerectomia. (ablação = destruição do endométrio, com lesão da camada basal, impedindo sua regeneração – pode ser feita por via histeroscópica ou não histeroscópica, com balões térmicos) Tratar doenças existentes que podem ser responsáveis pelo SUA: doença tireoidiana (causa disfunção ovariana), DIP, doenças da coagulação, como Von Willebrand... Perda sanguínea oriunda da cavidade uterina e de origem endometrial, na ausência de doenças orgânicas (DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO), atribuída a alterações neuroendócrinas. “SUD corrige-se com hormônios. Se não corrigir, não é disfuncional, é orgânico” CATEGORIAS: 1- SUD ANOVULATÓRIO (80% dos casos) a. Não há produção de progesterona b. Persistência do endométrio proliferativo 2- SUD OVULATÓRIO: a. Perda de tônus vascular b. Maior perda sanguínea. DIAGNÓSTICO: biopsia de endométrio, histeroscopia, hicro-histerossonografia. TRATAMENTO: • SUD OVULATÓRIO: não necessita de tratamento (complementar com progesterona na segunda fase do ciclo, ou uso de ACO); • SUD ANOVULATÓRIO: • Na puberdade: inicialmente, é necessário somente observação e orientação, aguardando o amadurecimento do eixo HHO; AINES e antifibrinolíticos. • No menacme: mesmo da puberdade; objetivo do tratamento visa hirsutismo, obesidade, hiperinsulinismo e/ou infertilidade. • No climatério: tratamento é o mesmo, mas deve ser feito um estudo histopatológico do endométrio. Preocupação com CA de endométrio. GIOVANA SANTA MARIA 5 FPM V Ginecologia GIOVANA SANTA MARIA 6 FPM V Ginecologia
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