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Estrutura e Elementos da Constituição Brasileira

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Elementos da Constituição 
 
1. Estrutura normativa da Constituição vigente: 
A Constituição possui uma sistematização lógica e tem uma natureza polifacética, ou 
seja, compõe-se de dispositivos com valores diferentes. 
 
 Disposição Permanente (250 artigos): 
 
 Preâmbulo: É parte integrante da Constituição, pois foi objeto de votação 
pela Assembleia Constituinte. 
 Título I: Princípios Fundamentais 
 Título II: Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
 Título III: Da Organização do Estado 
 Título IV: Da Organização dos Poderes 
 Título V: Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas 
 Título V: Da Tributação e do Orçamento 
 Título VII: Da Ordem Econômica e Financeira 
 Título VIII: Da Ordem Social 
 Título IX: Das Disposições Constitucionais Gerais: Pela técnica 
legislativa, as disposições gerais deveriam tratar de regras aplicáveis a 
tudo que vem antes, entretanto neste título foi colocado tudo o que não 
tinha onde ficar. 
 
 Atos das disposições constitucionais transitórias (94 artigos): Também fazem 
parte da Constituição, pois foram votadas da mesma forma que as permanentes. 
Como tem nova numeração, podemos afirmar que há repetição numérica na 
Constituição. 
 
A eficácia das transitórias é uma eficácia esgotada ou provisória, assim em face do 
advento de um fato ou de uma data certa, a sua eficácia será exaurida, até que um 
dia todas as regras dos ADCT serão exauridas. Ex: O art. 4º dos ADCT não produz 
efeitos, mas não significa que tenha saído do texto. 
 
 Emendas Constitucionais (51 emendas): Também fazem parte da Constituição. 
 
2. Comparação entre a estrutura da CF/88 e CF/69: 
 
 Constituição de 1969: Os Direitos da Pessoa localizavam-se no final da 
Constituição; Os Direitos Sociais, ao invés de estarem no Título dos Direitos da 
Pessoa, encontravam-se no Título da Ordem Econômica. 
 
 Constituição de 1988: Os Direitos da Pessoa, que sempre estavam pospostos às 
regras de Organização do Estado, foram antepostos. Com isso, o legislador quis 
demonstrar que os Direitos da Pessoa são mais importantes, isto é, que o Estado 
depende da pessoa, e afirmou ser jus naturalista. 
 
Segundo a doutrina jus naturalista (Rousseau), o homem, desde quando vivia 
isoladamente, já tinha direitos inerentes a sua condição humana. Num certo tempo, 
por um instinto agregário, se reuniu a outros homens e estabeleceu um contrato 
hipotético (uma sociedade), dando origem ao Estado. Tendo em vista que os 
direitos inerentes a condição humana já existiam antes do Estado, decorre que a 
função do Estado é proteger aqueles direitos precedentes historicamente a sua 
formação. 
 
3. Agrupamento doutrinário das normas constitucionais segundo a finalidade: 
 
- Elementos Organizacionais ou Orgânicos. 
- Elementos Limitativos. 
- Elementos Sócio-ideológicos. 
- Elementos Formais de aplicabilidade. 
- Elementos de Estabilização Constitucional. 
 
Os elementos orgânicos, limitativos e sócio-ideológicos são regras materialmente 
constitucionais, isto é, tratam dos alicerces fundamentais e estruturais da sociedade. 
 
4. Elementos Organizacionais ou Orgânicos: 
São normas que tratam da organização do poder e as que definem a forma de 
exercício e aquisição do poder. Ex: Título III e IV 
 
- Normas que tratam da organização (estruturação) do poder: 
 
 Forma do Estado: Federal. 
 Forma de Governo: República. 
 Regime de Governo: Presidencialista. 
 Sistema tripartíde: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder 
Judiciário. 
 Organização, funcionamento e órgãos. 
 
- Normas que definem a forma de exercício e aquisição do poder. 
 
5. Elementos Limitativos: 
São normas que declaram os direitos fundamentais da pessoa. Ex: Título II - Segundo 
proposta da doutrina clássica, adotada pela CF/88, para se identificar os direitos da 
pessoa, esta deveria ser considerada sob três aspectos: 
 
 Sob a perspectiva individual (do ser humano): O homem como ser humano é 
titular de direitos indisponíveis inerentes a essa condição. Tais direitos são 
chamados na Constituição de Direitos Individuais 
 
 Sob a perspectiva social (do ser trabalhador): O homem como trabalhador, 
desenvolve atividades laborativas ou econômicas numa sociedade e em razão 
dessa condição decorrem direitos. Tais direitos são denominados na Constituição 
vigente de Direitos sociais. 
 
 Sob a perspectiva política (do ser político): O homem, como um participante do 
processo político, escolhe seus representantes ou é um desses escolhidos. Tais 
direitos são denominados na Constituição de Direitos Políticos. 
 
O constituinte reuniu as 3 espécies de categorias de direitos da pessoa no mesmo 
gênero, chamado de Direitos Fundamentais da Pessoa. As cláusulas pétreas englobam 
apenas os direitos individuais. 
 
6. Elementos Sócio-ideológicos: 
São normas que tratam dos princípios da ordem econômica e social em face da 
indissociabilidade do modelo político. Ex: Títulos VII e VIII. 
 
7. Elementos de Estabilização Constitucional: 
São normas ou mecanismos previstos na própria Constituição Federal, destinados a 
assegurar a sua supremacia. Ex: Título V (Estado de Defesa e Estado de Sítio); 
Intervenção Federal; Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
 
8. Elementos Formais de Aplicabilidade: 
São normas que regulam a aplicação das próprias regras constitucionais. Ex: Título I e 
ADCT. 
 
 Cláusula de entrada em vigor de uma Constituição: A Constituição entra em 
vigor quando sobrevém, pois o fenômeno da superveniência gera ab-rogação da 
Constituição anterior. Assim, ao entrar em vigor, revoga todas as disposições 
anteriores sem necessidade de cláusula de revogação. 
 
A nova Constituição somente pode manter a vigência de algumas normas da 
Constituição anterior através de cláusula expressa. Ex. O artigo 34 dos ADCT 
manteve expressamente em vigor, por um determinado período, o sistema tributário 
da CF/67. 
 
Geralmente, as leis têm datas diferentes de publicação (inserção do texto na 
imprensa) e de promulgação (atestado de que a lei existe e está apta a produzir 
efeitos), mas a Constituição de 1988 tem a mesma data de promulgação e 
publicação, pois o Diário Oficial ficou pronto na véspera e circulou no mesmo dia da 
promulgação. 
 
Nada impede que a Constituição tenha “vacatio constituciones”. Isso aconteceu 
com as duas constituições anteriores à de 88. 
 
Se a emenda constitucional não traz a data em que entra em vigor, entrará na data 
da publicação, não valendo a regra da lei de introdução ao Código Civil que 
determina a entrada 45 dias após a publicação, pois a LICC não pode regular 
norma superior. 
 
 Atos das Disposições Constitucionais Transitórias: São dispositivos de direito 
intertemporal destinado a regular a transação constitucional, isto é, as situações em 
curso durante a mudança de uma Constituição para outra. Ex: art. 4º dos ADCT 
determinou que o Presidente iria tomar posse no dia 15/03/1990 e o próximo, no dia 
01/01. 
 
Os atos das disposições constitucionais transitórias podem ser alterados por meio 
de emenda constitucional, através do mesmo procedimento das normas 
permanentes, pois possuem a mesma rigidez. Assim, se afirma que o poder de 
alteração das normas permanentes se estende as transitórias. Ex: O art 2º dos 
ADCT previa que, no dia 07/09/93, o eleitorado definiria através de plebiscito o 
sistema de governo, mas a EC 2/92 antecipou a data para 21/04. 
 
Os atos das disposições constitucionais transitórias possuem a mesma forma de 
norma constitucional e a mesma eficácia. Assim, também se localizam no ápice da 
pirâmide. 
 
A norma constitucional tem poder de trazer a regra na permanente e a exceção nas 
provisórias. Ex: Segundo o artigo 100 da Constituição Federal (regra geral), os 
precatórios posteriores a 1988, apresentados até 01/07 serão pagos até o final do 
exercício seguinte. Segundo o artigo 33 dos ADCT (exceção), os precatórios 
anteriores a 1988 serãopagos em parcelas anuais em até 8 anos (regra do calote). 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, o artigo 33 dos ADCT não é inconstitucional, 
pois não existe inconstitucionalidade decorrente de poder constituinte originário, 
devendo a norma dos ADCT prevalecer nos casos anteriores a 1988, pois ela é 
especial. Assim, todos os conflitos entre permanente e transitória resolvem-se pela 
transitória, em razão do princípio da especialidade. 
 
 Preâmbulo: É a parte introdutória que contém enunciação de certos princípios, 
refletindo a posição ideológica do constituinte. É a síntese do pensamento 
dominante na Assembléia Constituinte, que serve como elemento de interpretação 
das normas jurídicas. 
 
Não há contradição entre o Preâmbulo (que faz a invocação de Deus) e o artigo 19, 
I da Constituição (que demonstra que o Brasil é um Estado Leigo), mesmo tendo 
em vista que o Preâmbulo faz parte da Constituição, pois a invocação de Deus não 
tem conteúdo sectário, não se liga a nenhuma religião ou seita. A Constituição, no 
preâmbulo, apenas professa um teísmo oficial, uma crença na existência de um ser 
supremo e único (monetismo), e esse teísmo não contraria o caráter leigo do 
Estado. 
 
o Todas as Constituições, com exceção da de 1891 (positivismo) e de 
1937, sempre fizeram invocação a Deus. A Constituição do Império 
invocava a Santíssima trindade, pois éramos um Estado Confessional, 
isto é, tínhamos uma religião oficial. 
 
o O fato de um Estado ser confessional não representa um 
subdesenvolvimento cultural. Ex: A Argentina até hoje é Confessional, 
tendo como religião oficial a Católica; Suécia, Dinamarca, Finlândia, 
Noruega são Confessionais, tendo por religião oficial a Luterana, 
permitindo liberdade de crença, exceto para o rei (paises com alto padrão 
de vida); No Reino Unido, a religião oficial é o anglicanismo. 
 
o Em tese, o Estado poderia adotar uma outra posição que não a do teísmo 
oficial. Ex: Cuba adota o ateísmo oficial, dispondo que o Estado educa o 
povo pelas regras cientificas e materialistas do universo. 
 
O Partido Social Liberal entrou com uma ADIN por omissão, alegando que o Acre 
não trazia na sua Constituição Estadual a invocação de Deus. O Supremo decidiu 
que o Preâmbulo não produz efeitos jurídicos, não cria nem direitos, nem deveres, 
não tem força normativa, refletindo apenas a posição ideológica do constituinte. 
Afirmou que o preâmbulo não é norma central (aquela norma da Constituição Federal 
que é de reprodução obrigatória na Constituição Estadual), assim cabe aos Estados 
decidirem se devem inseri-la ou não Constituição Estadual. 
 
A lei 6802/80 criou feriado no Brasil, no dia 12/10, para o culto público e oficial a 
Nossa Senhora do Brasil. Tal lei é inconstitucional, pois não está de acordo com o 
art. 19, I da Constituição. 
 
 
Fonte: 
http://www.webjur.com.br/doutrina/Direito_Constitucional/Elementos_da_Constitui__o
.htm 
 
http://www.webjur.com.br/doutrina/Direito_Constitucional/Elementos_da_Constitui__o.htm
http://www.webjur.com.br/doutrina/Direito_Constitucional/Elementos_da_Constitui__o.htm

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