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Arte, suas manifestações e linguagens
Você pagaria pouco mais de 3 milhões de euros 
pelo mictório da figura ao lado?
Sem dúvidas, sua primeira resposta seria “não”. Afinal, é somente 
um mictório, certo? Como pode valer tanto dinheiro? E se você 
descobrisse que esse simples mictório é, na verdade, uma obra de 
arte – além disso, uma das mais valiosas e representativas da França? 
Certamente, você já foi a um museu e se questionou se um quadro 
ou uma escultura poderia ou não ser visto como arte. Porém, poucas 
vezes paramos para pensar o que é arte. Durante a Antiguidade 
Clássica, a arte deveria ser bela e, para isso, deveria apresentar 
harmonia e proporção entre as formas. Embora estejamos cronologi-
camente muito distantes desse período histórico, na maioria das vezes, 
ainda achamos que a arte deve cumprir esse pressuposto estético para 
que possa ser assim considerada. Por exemplo, ninguém hesita em 
afirmar que o Davi, de Michelangelo, é uma grande manifestação 
artística, afinal, há beleza, harmonia e grandiosidade. Esse urinol se 
chama A Fonte, do artista Michel Duchamps, e é também uma obra 
de arte, porém, pode fazer muitos “torcerem o nariz”.
C4
ObjetivOs:
– Iniciar o estudo da literatura a partir de conceitos gerais básicos;
– entender o que é arte e sua manifestações;
– aprofundar os conhecimentos sobre diversos tipos de linguagem.
Neste módulo, estudaremos as manifestações artísticas e suas 
diferentes linguagens, a fim de que esses limites entre o artístico e 
o não-artístico possam ser mais bem compreendidos.
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A fonte, de Marcel Duchamp
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Davi, de 
Michelangelo 35
1ª Série
LITERATURA
Módulo 1
1. O que é arte? Para que ela serve?
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O que você entende por realidade? Geralmente, considera-se 
realidade tudo aquilo que pode-se reconhecer e identificar no 
mundo, logo, o que é verdadeiro. A arte, por sua vez, é a repre-
sentação da realidade. Não é sua obrigação, portanto, descrevê-la 
fielmente tal como é conhecida No quadro acima, René Magritte 
discute a ideia: há o desenho de um cachimbo, mas, no mesmo 
quadro, a frase afirma “Isto não é um cachimbo”. De fato, o desenho 
é uma representação do objeto e não o objeto em si.
A dificuldade inicial que muitas pessoas têm em lidar com a 
arte decorre do fato de não conseguirem encontrar para ela uma 
utilidade prática imediata. Um carro, por exemplo, é utilizado para a 
locomoção. Um forno de micro-ondas, para esquentar rapidamente 
a comida. Um binóculo, para aumentar o poder de alcance da visão. 
Uma das funções da arte é suscitar emoções variadas. Muitas 
vezes, essas emoções surgem não a partir da cômoda contemplação 
do belo ou do harmonioso, mas sim do incômodo trazido pelo 
inesperado, que conduz a indagações e reflexões. 
Além disso, não pode ser esquecido que há, por trás de toda 
manifestação artística, um autor, indivíduo de determinado lugar e 
época, o que o faz estar inserido em uma tradição e trazer consigo, 
ainda que involuntariamente, aspectos de uma cultura. Dessa 
forma, a arte ajuda a apreender e compreender aspectos do contexto 
histórico, social e político atuais e de outras épocas.
O avanço da tecnologia gera grande impacto na arte. Seja 
ao possibilitar novas formas de manifestações artísticas, como 
no caso da fotografia e do cinema, seja ao trazer novas questões 
que serão debatidas pela arte debatidas. A verdade é que arte e 
tecnologia andam, cada vez mais, lado a lado. 
O papel da internet
O artista e poeta americano Kenneth Goldsmith 
cria um inusitado projeto colaborativo para imprimir 
(quase) toda a rede 
Imagine cada blog, cada álbum de fotos on-line, cada perfil 
nas redes sociais, cada mensagem trocada. Imagine o volume 
colossal de páginas que foram criadas no mundo todo desde o 
início da década de 1990, quando a internet começou a entrar 
nas nossas casas, até hoje.
LITERATURA36
1ª Série Módulo 1
Desde 22 de maio deste ano, o artista e poeta americano 
Kenneth Goldsmith convoca pessoas do mundo inteiro 
a colaborar com um projeto de arte conceitual, ainda em 
andamento. Ele quer imprimir toda a internet. A quantidade 
assombrosa – dez toneladas de papel, mais precisamente – não 
parou de crescer desde então e está em exposição até o dia 26 de 
agosto na galeria de arte Labor, na Cidade do México.
Em um espaço de 500 metros quadrados, em que o pé direito 
mede seis metros de altura, os visitantes podem ler as páginas 
em voz alta sobre um pequeno palco ou simplesmente folhear 
o conteúdo. Mais de 600 pessoas já atenderam ao chamado de 
Goldsmith e enviaram por correios folhas de formatos diferentes, 
com teores dos mais diversos. Essa amostra é bem representativa 
do que há na internet: e-mails, códigos de banco, pornografia, 
artigos jornalísticos, todas as partituras de Mahler, letras de Prince 
e 20 páginas em que aparece somente a letra A. 
Em entrevista à rádio CBC do Canadá, o artista comenta 
que “estamos lidando com uma nova métrica de imensidade”. 
Evidentemente, o projeto vem sendo criticado por incentivar 
o uso excessivo de papel. A resposta à polêmica, no entanto, é 
que, encerrada a exposição, todo o material será reciclado. (...)
“Printing out the internet” 
é um tributo a Aaron Swartz, 
um dos fundadores do site de 
compartilhamentos Reddit. Aos 
26 anos, o ativista que cometeu 
suicídio em janeiro estava 
sendo pressionado pela justiça 
americana por piratear e tornar 
públicos artigos acadêmicos do 
site do MIT (Instituto de Tecno-
logia de Massachusetts). (...) 
O projeto de tornar a rede on-line material, concreta, é 
uma forma de sublinhar nosso acúmulo compulsivo de cultura 
digital. A iniciativa, contudo, sabe das suas limitações e não 
teme o fracasso: de acordo com o site World Wide Web Size 
(www.worldwidewebsize.com), o tamanho da internet impressa 
totalizaria mais de 4,8 bilhões de folhas de papel. Empilhadas, 
essas páginas alcançariam 55 vezes a altura do Everest. Mesmo 
que a galeria fique abarrotada, portanto, é inviável dar conta 
do recado.
Alice Sant’Anna. O Globo, 9 ago. 2013.
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Atualmente, a arte é 
vista pela medicina como 
um recurso extremamente 
benéfico no tratamento 
de determinadas doenças. 
Essa aplicação da arte na 
área clínica deu origem à 
arteterapia, cujo conceito é 
atribuído ao médico alemão 
Johann Christian Reil, um 
dos grandes nomes da 
psiquiatria alemã. 
Quando voltamos nossa atenção para obras de arte, 
deixamos de lado, por alguns instantes, as preocupações do 
cotidiano. Há alterações desde o nosso cérebro até o ritmo de 
nossa respiração. Se estamos doentes, o entusiasmo decorrente 
da apreciação de uma manifestação artística pode nos ajudar 
a sair de uma crise. Com o relaxamento que ela traz, o sistema 
imunológico passa a funcionar melhor. 
Por conta dessas vantagens, diversos institutos e hospitais 
do Brasil e do mundo têm usado a arte como coadjuvante no 
tratamento de doenças.
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Claro que a arte possui outras funções. Dentre elas, cabe 
ainda mencionar uma terceira: o seu poder de transformar a 
linguagem. Porém, é necessário, primeiramente, entender o conceito 
de linguagem.
2. O que é linguagem?
O homem é um ser social e, por isso, está constantemente 
estabelecendo comunicação com outros indivíduos. É raríssimo, 
por exemplo, um dia no qual não haja comunicação com ninguém. 
Seja escrevendo um bilhete para os pais ou acenando na rua para 
um amigo que se encontra na calçada oposta. Todo o momento, há 
interação com outras pessoas.
A linguagem é um conjunto de signos utilizados para a 
comunicação. Não há apenas uma linguagem, mas várias. A escolha 
da formamais eficiente dependerá do contexto: se alguém estiver em 
um ambiente no qual o silêncio é muito importante, por exemplo, é 
natural que a comunicação seja estabelecida não por meio da fala, 
mas por meio de gestos, desenhos ou da escrita. Além disso, também 
dependerá do interlocutor: de nada adiantaria escrever um bilhete 
para uma criança que ainda não foi alfabetizada. 
Pode-se subdividir as linguagens em dois grandes grupos: o das 
linguagens verbais e o das linguagens não verbais. O grupo das 
linguagens verbais é composto por todas as que se valem da palavra, 
ou seja, pela língua falada e escrita. O grupo das linguagens não 
verbais, então, reunirá todos os demais sistemas que não a utilizam. 
É um grupo mais numeroso: os desenhos, as cores, os sons, os 
gestos, etc. Vale ressaltar que as linguagens não são sistemas fixos 
e imutáveis, elas estão constantemente sofrendo mudanças. Além 
disso, novos contextos podem propiciar o aparecimento de novas 
linguagens ou o desuso de antigas. 
As manifestações artísticas podem fazer uso tanto da linguagem 
verbal quanto da linguagem não verbal. Os textos literários, nosso 
principal objeto de estudo, estabelecem comunicação com o 
Arte, suas manifestações de linguagens LITERATURA 37
1ª SérieMódulo 1
interlocutor, majoritariamente, por meio da linguagem verbal, mais 
especificamente, da língua escrita. As pinturas, esculturas ou as 
danças o fazem principalmente por meio da linguagem não verbal. 
Além disso, não podemos descartar a possibilidade da combinação 
das duas: uma música que não seja apenas instrumental mistura a 
linguagem verbal (a língua falada) com a linguagem não verbal (o 
som produzido pelos instrumentos). Ou ainda: uma tirinha, que 
usa tanto o desenho quanto a língua escrita para a transmissão da 
mensagem, também está fazendo a combinação de uma linguagem 
verbal com uma linguagem não verbal. Alguns autores dão o nome 
de linguagem híbrida ou mista ao resultado dessa mistura.
Ao longo de toda a história da humanidade, o homem 
buscou diferentes formas de se expressar artisticamente. De 
pinturas na caverna até videoclipes, existe um desejo inerente a 
alguns artistas de reinventar a linguagem e, consequentemente, 
reinventar-se também. Os recursos para tanto são inúmeros, 
como: geometrização dos planos, texturas diversas, iluminação 
variada, construções sintáticas inovadoras e, conforme consta-
tado no texto de abertura do módulo, até mesmo seres vivos. 
 01 Sabe-se que, por meio da arte, o seu realizador reflete o contexto 
social e cultural em que está inserido, como podemos notar no(a): 
(A) invenção do guindaste, que facilita o levantamento de pesos 
que não poderiam ser movidos apenas com a força humana. 
(B) pintura rupestre, isto é, aquela realizada em rochedos e paredes 
de cavernas, que representa interpretações do homem sobre a 
natureza. 
(C) criação de utensílios domésticos, como o computador, que nos 
auxilia nos estudos, por exemplo.
(D) produção de ferramentas, como a vara e o anzol, que possibi-
litam ao homem maior êxito na procura por alimentos. 
(E) surgimento da calculadora, que faz parte de nossas vidas diárias 
e apresenta uma utilidade evidente. 
 02 Pode-se entender por objetos artísticos: 
(A) objetos cuja finalidade maior é facilitar nossa vida: no trabalho, 
nos afazeres de casa, no lazer.
(B) ferramentas para ajudar o homem em seu trabalho e a superar 
suas limitações físicas.
(C) artefatos que possibilitaram ao homem dominar e transformar 
o meio natural. 
(D) objetos que, apesar de não terem uma utilidade imediata, 
permitem ao homem expressar seus sentimentos com relação 
à vida.
(E) instrumentos aperfeiçoados que tornam possível o processo 
civilizatório pelo qual o homem vem passando ao longo dos 
séculos.
 03 Em diversos momentos da nossa longa história, variados artistas 
usaram a arte para expressar sentimentos religiosos dos homens 
para com os deuses ou entidades. Marque a alternativa em que esse 
traço específico está ausente:
(A) 
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LITERATURA38
1ª Série Módulo 1
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 04 Partindo do pressuposto que as manifestações artísticas estão 
relacionadas à vivência do artista, imerso em determinado contexto 
político, social e cultural, é incorreto dizer que ele:
(A) pode comunicar e expressar suas ideias, sentimentos e sensações 
para os outros. 
(B) cria obras cuja principal característica é a praticidade, dinami-
zando as tarefas cotidianas.
(C) trabalha com palavras, cores, formas, sons, harmonias, estimu-
lando nos homens a percepção e a sensibilidade.
(D) arranja a forma de seu objeto artístico de modo a encantar e 
provocar reflexões especiais nos homens.
(E) não mostra, em suas obras, exatamente como as coisas são, mas 
sim como elas podem ser, de acordo com a sua visão.
 05 Observe as duas figuras abaixo: 
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 Salvador Dalí – A Girafa-elefante
A da esquerda é a fotografia de um elefante e a da direita, uma ilus-
tração do famoso pintor surrealista Salvador Dalí. Podemos dizer que 
a perspectiva de ambas as figuras sobre o animal é a mesma? Explique. 
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Toda publicidade tem como objetivo convencer o leitor a adquirir 
determinado produto ou serviço. No entanto, esse objetivo só 
poderá ser cumprido se houver, por parte daquele que lê, um 
entendimento da mensagem que está sendo transmitida. No caso 
dessa propaganda da empresa Volkswagen, a eficácia na transmissão 
da mensagem depende principalmente do reconhecimento, pelo 
leitor, do seguinte aspecto: 
(A) referência a outros modelos de carro visando a uma aproxi-
mação entre as suas características e as do modelo Fox. 
(B) utilização de linguagem coloquial, que facilita a comunicação 
entre a publicidade e o seu público-alvo. 
(C) relação entre linguagem verbal e não verbal, que garante a 
diferenciação entre o modelo Fox e os demais. 
(D) utilização do verbo “adivinhar”, atribuindo à propaganda um 
caráter inesperado.
(E) estabelecimento de uma comunicação direta com o interlocutor, 
contribuindo para aumentar seu poder de persuasão. 
 02 Os significados das imagens estão relacionados com o trata-
mento dado aos elementos que as compõem. 
Na pintura de Chagall, o tratamento conferido aos elementos situados 
em primeiro plano – homem e animal – gera, pela comparação, o 
seguinte sentido: 
(A) a música é realidade para 
os homens, mas não para 
os animais. 
(B) os homens, tnto quanto os 
animais, podem ser feitos 
de música. 
(C) os músicos, ao contrário 
dos animais, podem se 
transformar em música. 
(D) a música pode ser a essência 
dos músicos, sejam eles 
humanos ou não.
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Marc Chagall. O violoncelista.
Arte, suas manifestações de linguagens LITERATURA 39
1ª SérieMódulo 1
 03 
A antena da cultura pop
Beatles, Bob Dylan e Andy Warhol. Esses três nomes definem 
a década que mudou tudo no século XX, os anos 1960. Bob Dylan 
bebeu nas tradições do passado (...) para elevar o rock ao status de 
arte. Enquanto isso, os Beatles varriam, com seu radar, várias áreas 
da cultura, e assim moldaram o mais perfeito retrato da época. Se 
Dylan olhava para trás e os Beatles captavam o espírito do presente, o 
artista plástico Andy Warhol era a antena que rastreava o futuro. (...)
Warhol é importante pelas questões que sua produção levanta 
e pelas reflexões que provoca até hoje. Reflexões, claro,bastante 
diferentes das que as mesmas criações suscitaram nos anos 1960. Por 
uma razão simples: Warhol falava de um novo mundo que nascia e 
nós vivemos agora a consolidação desse mundo. 
Revista Bravo. no 151, ano 12, mar. 2010.
Andy Warhol (1928-1987) foi um dos principais expoentes do 
pop art, movimento artístico que objetivava demonstrar, com suas 
obras, a massificação da cultura. A partir da compreensão do texto, 
podemos afirmar que uma das funções da arte é:
(A) debater, de forma objetiva, as questões sociais relativas ao seu 
tempo.
(B) fixar-se à retratação de uma realidade a ela contemporânea sem 
vislumbrar realidades futuras.
(C) constituir uma fonte esgotável de reflexão, identificando-se 
somente com o homem de seu tempo.
(D) propor ao homem reflexões sobre o seu contexto social inde-
pendentemente da época em que foi concebida. 
(E) captar, como um radar, preocupações pertinentes ao homem, 
atendo-se ao passado e ao presente.
 04 
LXXVIII (Camões, 1525?-1580)
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra 
um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve
cor-de-rosa;
Presença moderada e 
graciosa,
Onde ensinando estão 
despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido. 
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.
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A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens 
artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e 
cultural de produção pelo fato de ambos:
(A) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio 
presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.
(B) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na 
variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos 
do poema.
(C) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela 
sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão 
e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.
(D) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher 
como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos 
usados no poema.
(E) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela 
emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão 
da moça e pelos adjetivos do poema.
 05 As imagens abaixo fazem parte de uma campanha do Ministério 
da Saúde contra o tabagismo.
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O emprego dos recursos verbais e não verbais nesse gênero textual 
adota como uma das estratégias persuasivas: 
(A) evidenciar a inutilidade terapêutica do cigarro.
(B) indicar a utilidade do cigarro como pesticida contra ratos e 
baratas.
(C) apontar para o descaso do Ministério da Saúde com a população 
infantil.
(D) mostrar a relação direta entre uso do cigarro e aparecimento 
de problemas no aparelho respiratório.
(E) indicar que os que mais sofrem as consequências do tabagismo 
são os fumantes ativos, ou seja, aqueles que fazem uso direto 
do cigarro. 
LITERATURA40
1ª Série Módulo 1
 01 No cartum apresentado, o significado da palavra escrita é 
reforçado pelos elementos visuais, próprios da linguagem não 
verbal. Explique a principal ideia expressa por meio da separação 
das letras da palavra em balões distintos. 
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 02 Em 1970, o país estava sob a ditadura militar, que se apropriou 
do tricampeonato do Brasil na Copa do Mundo em julho, para 
incentivar o espírito nacionalista-ufanista do povo.
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“Esta ilustração que fiz para os versos de Carlos Drummond 
de Andrade quase provocou a prisão do poeta. Tive um trabalho 
danado para convencer o general de censura que publiquei o 
desenho sem pedir autorização do poeta. 
Jaguar
Estabeleça a relação entre a linguagem não verbal e o fragmento 
do poema “E agora, José?” de Carlos Drummond de Andrade, na 
construção desse novo texto de Jaguar: Avante seleção.
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Linguagem denotativa, conotativa e figuras de linguagem
Você sabia que existem pessoas que 
interpretam tudo “ao pé da letra”?
Na famosa série de TV americana The Big Bang Theory, o 
personagem Sheldon Cooper possui um distúrbio chamado 
Síndrome de Asperger. Pessoas com tal condição têm, entre outras 
características, dificuldade em perceber sarcasmo e metáfora, o que 
atrapalha o entendimento e a interação pessoal. 
Assim, ao ouvir alguém dizer que está “morrendo de fome”, os 
portadores do Asperger são capazes de ficar realmente preocupados, 
achando que a pessoa pode, de fato, falecer. Para as demais pessoas, 
no entanto, o próprio contexto é capaz de evidenciar se alguém está 
se referindo a uma questão no sentido literal ou não.
No estudo da língua, somos capazes de estabelecer diversas 
relações entre palavras que, quando combinadas, são capazes de 
dar novos sentidos e aumentar a expressividade de uma mensagem. 
Neste módulo, estudaremos a denotação e a conotação, bem como 
as principais figuras de linguagem, a fim de entender – e dominar– 
ainda melhor um texto.
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ObjetivOs:
– Entender a diferença entre conotação e denotação;
– aprender as principais figuras de linguagem;
– conseguir identificar figuras de linguagem em diferentes 
contextos.D
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41
1ª Série
LITERATURA
Módulo 2
1. Linguagem denotativa e 
linguagem conotativa
As palavras não apresentam um sentido fixo ou estático. O 
seu significado pode ser ampliado e podem ser somadas muitas 
outras à sua significação original, dependerá do contexto em que é 
empregada. Isso significa dizer que, além de seu sentido denotativo, 
a linguagem também pode apresentar sentido conotativo.
O sentido denotativo, também chamado de sentido literal, 
é o sentido “básico” das palavras, ou seja, aquele que pode ser 
compreendido por todos os usuários da língua sem que esteja 
vinculado a contextos específicos. Quando uma palavra é usada 
na sua acepção original – a que geralmente é encontrada em sua 
primeira definição no dicionário –, ela está sendo empregada no 
sentido denotativo ou literal.
Já o sentido conotativo, também conhecido como sentido 
figurado, é o sentido diferente do literal que certas palavras podem 
assumir em contextos específicos. Quando uma palavra ganha, em 
um texto, acepção diferente da usual, ela está sendo empregada no 
sentido conotativo ou figurado. 
Observe a tirinha a seguir:
O humor é fruto da observação da fala da mulher, que usa a 
expressão “mente muito fértil”, em seu sentido conotativo, e a cabeça 
do homem, com árvores e plantas, feitas a partir do entendimento 
do sentido literal da expressão, ou seja, denotativo.
Por sua função estética, a linguagem conotativa é muito usada 
em textos artísticos. Isso não significa, porém, que ela seja exclu-
sividade deles: os textos não artísticos também a utilizam, porém 
com menos frequência. No exemplo abaixo, uma das manchetes do 
jornal O Globo chama a atenção para o “nó” causado no trânsito 
por protesto na cidade do Rio de Janeiro. Nesse caso, a palavra “nó” 
está sendo empregada no sentido conotativo, para simbolizar uma 
obstrução do tráfego. 
LITERATURA42
1ª Série Módulo 2
O poder que a linguagem possui de assumir vários sentidos 
multiplica as suas possibilidades. Esse poder é amplamente 
explorado pela literatura, como pode ser visto no fragmento abaixo, 
do poema “Procura da poesia”, de Carlos Drummond de Andrade.
Procura da poesia
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras. 
Lá estão os poemas que esperam ser escritos. 
Estão paralisados, mas não há desespero, 
há calma e frescura na superfície intata. 
Ei-lo sós e mudos, em estado de dicionário, 
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. (...)
Não adules o poema. Aceita-o
Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço. 
Chega mais perto e contempla as palavras. 
Cada uma 
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta, 
pobre ou terrível, que lhe deres: 
Trouxeste a chave? 
ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo. Poesia e prosa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 95-97.
Quando o eu lírico de “Procura da poesia” fala de poemas “em 
estado de dicionário”, há uma clara referência à linguagem denota-
tiva. Afinal, quando uma palavra está “em estado de dicionário”, ela 
apresenta uma limitada possibilidade de significados. 
É no texto que essas palavras se libertam. Nos versos “Chega 
mais perto e contempla as palavras. / Cada uma / tem mil faces 
secretas sob a face neutra”, a referência maior é, por sua vez, à 
linguagem conotativa. É ela que permite que a palavra tenha 
muitos outros sentidos além do sentido comum. Dessa forma, a 
“face neutra” é seu sentido literal, as “mil faces secretas”, seus vários 
sentidos figurados possíveis. 
2. Figuras de linguagem
As figuras de linguagem são recursos que garantem maior 
expressividade a nossa mensagem. Ao usá-las, o potencial criativo 
da linguagem fica ainda mais evidente. A seguir, serão elencadas 
algumas das principais figuras de linguagem existentes:
2.1 Comparação
A comparação é a aproximação de dois elementos que apre-
sentam entre si algum ponto em comum, alguma semelhança. Ela 
é sempre feita por meio de uma partícula comparativa expressa, 
como: “tal qual”, “como”, “semelhante a”, “que nem”, etc. 
No fragmento da música “Tatuagem”, de Chico Buarque, 
pode-se observar um exemplo de comparação:
“Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem...
(...)”
Chico Buarque. Disponível em: <letras.mus.br>
2.2 Metáfora
A metáfora é uma comparação implícita, pois, ao contrário do 
que ocorre na comparação, não há nela um elemento comparativo 
expresso. A aproximação feita entre dois elementos pela metáfora 
é subjetiva e momentânea: embora haja uma relação entre os 
elementos implicitamente comparados, ela não é óbvia e está muito 
ligada à visão do indivíduo. 
Na imagem abaixo, pode-se perceber a metáfora sendo 
aplicada na linguagem não verbal da publicidade. A disposição 
das árvores na cena nos faz lembrar os pulmões humanos. 
A aproximação entre os dois elementos se dá por meio da impor-
tância para a respiração que ambos possuem. Como o objetivo da 
propaganda é chamar a atenção para o desmatamento, um dos lados 
desse “pulmão” já se encontra comprometido.
Linguagem denotativa, conotativa e figuras de linguagem LITERATURA 43
1ª SérieMódulo 2
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2.3 Metonímia
A metonímia é a substituição de uma palavra por outra com a 
qual guarde uma relação estreita de afinidade ou relação de sentido. 
Observe a manchete a seguir:
 
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Encontra-se um caso de metonímia presente na expressão 
“sem-teto”, na qual o termo “teto” remete, imediatamente, à ideia 
de casa, lar ou abrigo. Logo, “teto” constitui uma parte de um todo, 
que, nesse contexto, seria a moradia. 
Além do tipo mais famoso de metonímia, a parte pelo 
todo, também conhecida como sinédoque, podemos encontrar 
essa figura em várias outras situações. Dentre elas, podemos 
destacar estas:
• Autor pela obra: “Não me canso de ouvir Cazuza”.
• Efeito pela causa, e vice-versa: “Aquele homem enriqueceu 
com muito suor”.
• Continente pelo conteúdo: “Comi dois pratos no almoço”.
• Concreto pelo abstrato: “Tem que ter muito braço para 
suportar este peso”.
• Singular pelo plural: “A mulher deve continuar lutando 
por direitos iguais”.
• Matéria pelo objeto: “O garçom derrubou a bandeja com 
os cristais”.
• Marca pelo produto: “Preciso tirar xerox deste livro” .
Repare que todos os exemplos citados mantêm uma relação 
de interdependência com as palavras que substituem. Trata-se, 
portanto, de uma relação objetiva.
2.4 Antítese 
A antítese é o emprego de palavras que possuem sentidos 
opostos, que se contrapõem. Por meio do contraste, ambas são 
enfatizadas.
Observe o trecho abaixo, retirado do poema “O dia da criação”, 
de Vinicius de Moraes:
“(...)
Impossível fugir a essa dura realidade 
Neste momento todos os bares estão repletos de homens 
vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas 
Todos os maridos estão funcionando regularmente 
Todas as mulheres estão atentas 
Porque hoje é sábado.
(...)”
Vinicius de Moraes. Disponível em: <www.viniciusdemoraes.com.br>.
Em um dos versos do poema, o eu lírico diz: “Neste momento 
todos os bares estão repletos de homens vazios”. Logo, há um nítido 
contraste entre o adjetivo “repletos”, relacionado ao substantivo 
“bares”, e “vazios”, ligado ao substantivo “homens”. Repare como 
essa oposição dá origem a uma imagem, ao mesmo tempo, bonita 
e crítica.
2.5 Paradoxo
O paradoxo é a união de termos contrastantes em uma mesma 
unidade de sentido, dando origem, portanto, a uma ideia aparen-
temente contraditória. 
No fragmento a seguir, do poema “Fanatismo”, da poetisa 
portuguesa Florbela Espanca, o eu lírico faz uso do paradoxo:
“Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida! (...)”
Florbela Espanca. Disponível em: <www.jornaldepoesia.jor.br>.Repare que, diferentemente da antítese, não há, no verso 
destacado, somente a contraposição de elementos antagônicos, 
mas a presença simultânea de opostos em um mesmo elemento: 
os olhos do eu lírico, ao mesmo tempo em que estão cegos, vêem. 
LITERATURA44
1ª Série Módulo 2
2.6 Personificação ou prosopopeia
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A personificação, também chamada de prosopopeia, é a 
atribuição de características próprias dos seres humanos a seres 
inanimados ou irracionais. 
Nessa imagem, do fotógrafo Terry Border, há um kiwi se 
raspando diante do espelho. O trabalho faz parte de um criativo 
projeto idealizado por Border em que explora alimentos, objetos 
pessoais e embalagens de produtos, conferindo-lhes uma aparência 
humana. Logo, os elementos inanimados acabam sofrendo um 
processo de personificação. 
2.7 Eufemismo
O eufemismo é a suavização de uma ideia ou expressão forte, 
desagradável ou chocante por meio do emprego de outra ideia ou 
expressão mais suave ou agradável.
Leia o trecho a seguir, retirado do romance Dom Casmurro, 
de Machado de Assis:
“(...) Uma certidão que me desse vinte anos poderia enganar os 
estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os 
amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram 
estudar a geologia dos campos-santos.”
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Moderna, 2004. p. 18.
O narrador, em vez de dizer que os amigos morreram, afirma 
que eles “foram estudar a geologia dos campos-santos”, ou seja, 
dos cemitérios. Trata-se de um eufemismo, já que a troca do verbo 
“morrer” pela expressão garante a suavização da ideia. Além, claro, 
de reforçar seu efeito expressivo.
2.8 Hipérbole
A hipérbole é o emprego do exagero com a finalidade de reforçar 
a mensagem que está sendo transmitida.
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Na propaganda acima, o uso da hipérbole reforça a qualidade 
do produto anunciado. A imagem reforça a eficácia do produto ao 
sugerir força em demasia para o animal que dele usufrui.
2.9 Ironia
A ironia consiste em dizer o contrário do que deseja-se afirmar. 
Na maioria das vezes, ela é utilizada para satirizar ou questionar 
algum aspecto que pretende-se criticar. A ironia é mais facilmente 
percebida na língua oral do que na escrita, já que, na oralidade, a 
ironia pode ser evidenciada por meio da entonação. Sempre que 
utilizada, a preocupação deve ser em construí-la bem, pois, se 
essa figura de linguagem não for identificada, a mensagem será 
entendida justamente da forma oposta à que o emissor desejava.
Foi isso que aconteceu com a crônica “A audácia”, de Luis 
Fernando Veríssimo. Será reproduzido, a seguir, um trecho dela: 
“(...)
O Lula tomando Romanée-Conti... Ora faça-me o favor. 
Que coisa grotesca. Que coisa ridícula. Que acinte. Que escândalo. 
E que desperdício. Vai ver ele não sabe nem pronunciar o nome, 
quanto mais apreciar o sabor. Vai ver derramou um pouco pro 
santo, na toalha. Romanée-Conti não é pra gentinha, não, Lula. 
As coisas boas da vida são para as pessoas finas do mundo, não pra 
pé-rapado que bota gravata e acha que é doutor. Muito menos pra 
pé-rapado brasileiro.
(...) Está bom, foi só um gole. Mas é assim que começa. Hoje 
tomam um gole de Romanée-Conti, amanhã estão com delírio de 
grandeza, pedindo saneamento básico, habitação decente, oportu-
nidade de trabalho e até – gentinha metida a grande coisa não sabe 
quando parar – mais saúde pública, mais igualdade e caviar. Enfim, 
essas coisas que intelectual comunista põe na cabeça deles. (...)
O Lula tomando Romanée-Conti... É o cúmulo. É uma inversão 
completa dos valores sob os quais nos criamos, segundo os quais 
se Deus quisesse que os pobres tomassem vinho de rico daria uma 
ajuda de custo. É o fim de qualquer hierarquia social, portanto o 
Linguagem denotativa, conotativa e figuras de linguagem LITERATURA 45
1ª SérieMódulo 2
caos. Ainda bem que ainda existem patriotas alertas para denunciar 
o ridículo, o acinte, o escândalo, e chamar o Lula de volta à 
humildade. Para mandar o Lula se enxergar.
Sim, porque hoje é Romanée-Conti e amanhã pode ser até a 
Presidência da República. Gentinha que não conhece o seu lugar 
é capaz de tudo.”
O Globo, 15 out. 2002.
Na crônica, Luis Fenando Veríssimo assumiu a voz de parte da 
elite, que considerou inaceitável Lula tomar um Romanée-Conti, 
um dos vinhos mais caros do mundo. O objetivo era expor quão 
absurda era essa atitude da elite, criticando-a, pois. No entanto, 
muitos leitores não entenderam a ironia do cronista e o acusaram 
de assumir uma postura reacionária. No mesmo dia, Veríssimo 
respondeu às críticas: “Quando o leitor não entende o que um 
jornalista escreveu, a culpa é sempre do jornalista. Peço desculpa a 
quem não entendeu a intenção da coluna. O alvo era o preconceito 
social implícito na reação desmedida ao fato do Lula ter tomado 
um bom vinho. Talvez tenha faltado o aviso ‘Atenção, ironia’. 
De qualquer jeito, culpa minha”.
2.10 Pleonasmo
O pleonasmo é a combinação de termos que vinculam a mesma 
ideia para enfatizar a mensagem. 
No fragmento abaixo, do “Soneto de Fidelidade”, de Vinicius 
de Moraes, há um exemplo de pleonasmo:
“Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento”
Vinicius de Moraes. Disponível em: <www.releituras.com>.
2.11 Elipse
A elipse consiste em omitir um termo que pode ser facilmente 
identificado pelo contexto, como na frase “Na sala de aula, apenas 
alguns alunos”. Nela, há a omissão do verbo “haver”, que pode ser, 
no entanto, depreendido pelo leitor.
Quando o termo omitido houver sido citado anteriormente, a 
figura de linguagem em questão será a zeugma. 
2.12 Gradação 
A gradação é a exposição de ideias em ordem crescente (clímax) 
ou decrescente (anticlímax).
No trecho abaixo, retirado da música “Mar e lua”, de Chico 
Buarque, há o emprego de uma gradação decrescente: 
“E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar”
Chico Buarque. Disponível em: <letras.mus.br>.
Além da utilização das figuras de linguagem no contexto 
artístico e em diversos meios de comunicação, também 
fazemos uso delas em nosso cotidiano. Não são poucas as vezes 
que recorremos às figuras de linguagem para conferir maior 
expressividade ao que falamos.
Quando dizemos que uma pessoa “é a maior mala”, estamos 
fazendo uso de uma metáfora. Quando dizemos para um amigo 
que ele “faltou com a verdade” em vez de acusá-lo de mentiroso, 
é um eufemismo, e talvez consigamos com isso que ele confesse 
mais facilmente seu erro. Quando dizemos a um colega que 
tirou nota baixa em uma avaliação que ele “tirou o maior notão”, 
estamos usando a ironia. 
Há, além desses, muito outros exemplos. Já reparou no 
quanto utilizamos, no nosso dia a dia, termos e expressões 
próprios do esporte? Usamos o “jogar a toalha”, contribuição 
do boxe, o “por em xeque”, do xadrez, o “dar a assistência”, 
do basquete. Se pararmos para pensar nas contribuições do 
futebol, a lista é ainda maior: 
dizemos que alguém “pisou 
na bola”, que já não vale mais 
se esforçar “nessa altura do 
campeonato”, que “em time 
que ganha não se mexe”, 
que o filme a que assistimos 
ontem é “show de bola”, que o 
ex-namorado de nossa amiga 
“ganhou cartão vermelho” e 
“foi colocado pra escanteio”.
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 01 “Meu pai e o proprietário sumiram-se, foram cuidar de 
negócios, numa daquelas conversas cheias de gritos. Minha mãe e 
eu ficamos cercados de saias.”
Considerando essa passagem, de Infância, de Graciliano Ramos, 
que figura de estilo ocorre no último período? Reescreva-o em 
linguagem denotativa.
LITERATURA46
1ª Série Módulo 2
 02 Indique, entre as alternativas abaixo, a figura que aumenta ou 
diminui, exageradamente, a verdade das coisas: 
(A) Metáfora.(B) Metonímia. 
(C) Comparação.
(D) Hipérbole.
(E) Eufemismo.
 03 Assinale a figura de linguagem predominante no seguinte 
trecho:
A engenharia brasileira está agindo rápido para combater a 
crise de energia.
(A) metáfora. 
(B) metonímia. 
(C) eufemismo.
(D) hipérbole.
(E) pleonasmo.
 04 
“O encanto do Recife não aparece à primeira vista. O Recife não 
é uma cidade oferecida e só se entrega depois de longa intimidade. 
Se não fosse muito esquisito comparar cidades com mulheres, eu 
diria que o Recife tem o físico, a psicologia, a graça arisca e seca, 
reservada e difícil de certas mulheres magras, morenas e tímidas. 
Porque, não repararam que há cidades que são o contrário disso? 
Cidades gordas, namoradeiras, gozadonas? O Rio, por exemplo, 
Belém do Pará, São Luís do Maranhão são cidades gordas. A 
Bahia é gordíssima. São Paulo é enxuta. Mas Fortaleza e o Recife 
são magras. (...)”
O trecho apresentado, extraído da crônica “Um grande artista 
pernambucano”, de Manuel Bandeira, utiliza-se, para caracterizar 
as cidades, do(a): 
(A) paradoxo. 
(B) antítese. 
(C) ironia.
(D) metonímia.
(E) personificação.
 05 Na frase “Naquela horrível batalha, vários adormeceram 
eternamente”, qual é a figura de linguagem utilizada? Em seguida, 
reescreva a expressão figurada em seu sentido denotativo.
 01 
Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhe-
cidas figuras de linguagem para: 
(A) condenar a prática de exercícios físicos.
(B) valorizar aspectos da vida moderna.
(C) desestimular o uso das bicicletas.
(D) caracterizar o diálogo entre gerações.
(E) criticar a falta de perspectiva do pai.
 02 
Metáfora
Uma lata existe para conter algo, 
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe, 
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
Gilberto Gil. Disponível em: <www.letras.terra.com.br>. Acesso em: 5 fev. 2009.
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação 
subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto 
de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa 
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
(A) “Uma lata existe para conter algo”.
(B) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”.
(C) “Uma meta existe para ser um alvo”.
(D) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
(E) “Que determine o conteúdo em sua lata”.
 03 Leia o texto seguinte:
“A aposentada A. S., 68, tomou na semana passada uma 
decisão macabra em relação ao seu futuro. Ela pegou o dinheiro 
de sua aposentadoria (um salário-mínimo) e comprou um 
caixão. A. mora com a irmã, M. F., 70, que também é aposentada. 
Elas não têm parentes. A. diz que está investindo no futuro. Sua irmã 
a apoia. A. também comprou – a mortalha – roupa que quer usar 
quando morrer. O caixão fica guardado na sala da casa.”
“Aposentada compra caixão para o futuro”. Folha de S. Paulo, 22 ago 1992 (adaptado).
a. Localize um trecho que revela ironia. 
b. Explique como se dá esse efeito de ironia. 
Linguagem denotativa, conotativa e figuras de linguagem LITERATURA 47
1ª SérieMódulo 2
 04 
Oxímoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que 
se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se 
mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão. 
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da 
obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser 
encontrada a referida figura de retórica é:
(A) “Dos dois contemplo
 rigor e fixidez.
 Passado e sentimento
 me contemplam” (p. 91).
(B) “De sol e lua
 De fogo e vento
 Te enlaço” (p. 101).
(C) “Areia, vou sorvendo
 A água do teu rio” (p. 93).
(D) “Ritualiza a matança
 de quem só te deu vida.
 E me deixa viver
 nessa que morre” (p. 62).
(E) “O bisturi e o verso.
 Dois instrumentos
 entre as minhas mãos” (p. 95).
 05 
Texto I
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra
(...)
ANDRADE, C. D. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
Texto II
As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: 
cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha 
a neta, como vão passando as águas no tempo (...) A lavadeira e a 
pedra formam um ente especial, que se divide e se reúne ao sabor 
do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que nova 
pedra a acompanha em surdina...
(...)
ANDRADE, C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Caderno B. 17 jul. 1979.
Com base na leitura dos textos, é possível estabelecer uma relação 
entre forma e conteúdo da palavra “pedra”, por meio da qual se 
observa:
(A) o emprego, em ambos os textos, do sentido conotativo da 
palavra “pedra”.
(B) a identidade de significação, já que, nos dois textos, “pedra” 
significa empecilho.
(C) a personificação de “pedra” que, em ambos os textos, adquire 
características animadas.
(D) o predomínio, no primeiro texto, do sentido denotativo de 
“pedra” como matéria mineral sólida e dura. 
(E) a utilização, no segundo texto, do significado de “pedra” como 
dificuldade materializada por um objeto.
 01 
Favelário nacional
1. Prosopopeia
Quem sou eu para te cantar, favela,
que cantas em mim e para ninguém a noite inteira de sexta
e a noite inteira de sábado
e nos desconheces, como igualmente não te conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro: baixou a mim, na vibração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
(...)
Tua dignidade é teu isolamento por cima da gente.
Não sei subir teus caminhos de rato, de cobra e baseado,
tuas perambeiras, templos de Mamalapunam
em suspensão carioca.
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
medo só de te sentir, encravada
favela, erisipela, mal-do-monte
na coxa flava do Rio de Janeiro.
Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
Nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
(...)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. São Paulo: Record. p. 109-112, 1984.
LITERATURA48
1ª Série Módulo 2
O texto tem como subtítulo a palavra “Prosopopeia” e aborda uma 
temática de apelo social. 
a. Sintetize, em uma frase completa, a relação entre o subtítulo e 
a favela. 
b. Sintetize, em uma frase completa, por que somos culpados de 
pouca ou nenhuma irmandade, segundo a argumentação do 
texto.
 02 O texto a seguir está publicado em obra dedicada “às milhares 
de famílias de brasileiro sem terra”.
Levantados do chão
Como então? Desgarrados da terra?
Como assim? Levantados do chão?
Como embaixo dos pés uma terra
Como água escorrendo da mão?
Como em sonho correr numa estrada?
Deslizando no mesmo lugar?
Como em sonho perder a passada
E no oco da Terra tombar?
(...)
Como assim? Levitante colono?
Pasto aéreo? Celeste curral?
Um rebanho nas nuvens? Mas como?
Boi alado? Alazão sideral? (...)
HOLANDA, Chico Buarque de. In: SALGADO, Sebastião: Terra. 
São Paulo: Companhia das Letras, p. 111, 1997.
As imagens da última estrofe constroem-se por meio da combi-
nação de substantivos com adjetivos, pertencentes aos campos 
semânticos de ar e de terra. 
a. A maneira como esses campos semânticos estão combinados 
resulta em imagens contraditórias, expressas numa figura de 
linguagem. Diga qual é essa figura de linguagem. 
b. Essa figura de linguagem revela a opinião do eu lírico sobre a 
realidade. Explique por quê. 
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Funções da linguagem
Você já parou para pensar por que ficamos 
tão irritados quando estamos no meio de uma 
conversa on-line e a internet cai?
Hoje em dia, a internet é um dos principais canais de 
comunicação existentes e milhões de pessoas se conectam 
todos os dias – por vezes, mais de uma vez por dia – 
à rede mundial de computadores. Logo, quando esse canal é inter-
rompido, todo o processo comunicacional acaba não sendo mais 
possível. Aliás, poucas vezes paramos para pensar em como esse 
processo é complexo, e de que forma vários elementos precisam se 
combinar para que consigamos interagir.
É justamente isso que será estudado neste módulo: os elementos 
da comunicação e suas funções da linguagem. Juntos, eles são 
responsáveis pelo sucesso – ou pela falta dele – em qualquer 
processo comunicacional.
C5
ObjetivOs:
– Aprender as diferenças da linguagem;
– identificar funções da linguagem em textos com diferentes 
linguagens
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49
1ª Série
LITERATURA
Módulo 3
1. Os seis elementos da 
comunicação
Conforme estudado em redação, em toda situação de comu-
nicação, estão presentes seis elementos: o emissor, o receptor, a 
mensagem, o código, o canal e o referente. 
O emissor é o elemento responsável por enunciar, emitir e 
produzir a informação que será recebida pelo receptor. Ainda que 
seja comum pensarmo no ato comunicativo como uma situação 
com emissor e receptor bem definidos e facilmente identificáveis, 
nem sempre é assim. Basta imaginar, por exemplo, os discursos 
feitos pela presidente em rede nacional: o emissor é facilmente 
identificável, mas o receptor a que ela se dirige é um grupo grande e 
heterogêneo, difícil de ser delimitado. Ainda assim, se a informação 
é passada pelo emissor, chega até o receptor – que, nesse caso, serão 
milhões de brasileiros – e é por ele apreendida. Está estabelecida 
a comunicação.
Também está sempre presente em uma situação comunicativa a 
mensagem, que é a enunciação feita pelo emissor para o receptor, a 
informação passada do remetente para o destinatário. Para que ela 
seja transmitida, o emissor faz uso de um código, ou seja, de um 
conjunto de símbolos. Só haverá comunicação se o receptor souber 
decodificar a mensagem, isto é, se ele conhecer o código que foi 
usado pelo emissor na hora de transmitir a mensagem. Por exemplo: 
uma pessoa que nunca frequentou a autoescola dificilmente saberá 
o que todos os desenhos das placas de trânsito representam. Dessa 
forma, por não compartilharem do mesmo código, muitas dessas 
placas não estabelecerão comunicação com ela. 
Além disso, toda mensagem é transmitida por um canal, o 
meio, material ou não, por meio do qual ocorre a comunicação. 
Quando alguém fala com um amigo no chat do Facebook, só o faz 
graças à internet. Dessa forma, a internet é o canal que possibilita a 
mensagem chegar ao amigo. Se, por conta do tempo ruim, a internet 
cai, a comunicação imediatamente para de ser estabelecida.
Por fim, para que o ato comunicacional seja pleno, um sexto 
elemento se faz necessário: o referente. Por trás de toda situação 
comunicacional, há um contexto, um conjunto de informações 
que permite o receptor compreender a mensagem transmitida 
pelo emissor. Esse conjunto de informações é o referente. Pense 
na seguinte situação: você é parado por uma pessoa na rua e ela 
lhe pergunta se você irá à festa da Ana, que acontecerá no sábado. 
Você não conhece essa pessoa nem a Ana de quem ela fala. Logo, 
haverá problemas na comunicação de vocês dois justamente porque 
irá lhe faltar o referente.
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LITERATURA50
1ª Série Módulo 3
2. As funções da linguagem 
A linguagem pode desempenhar seis funções, que estarão 
centradas nos seis elementos que vistos. Vamos revisar essas funções 
que você está estudando em redação:
2.1 Função emotiva
A função emotiva está centrada no emissor. Ela fica em 
evidência quando exteriorizadas as emoções, sentimentos e 
opiniões. A função emotiva está presente, principalmente, nas 
interjeições, nas frases exclamativas, na 1a pessoa tanto dos verbos 
quanto dos pronomes e no recorrente uso de adjetivos.
No trecho a seguir, retirado do poema “Meus oito anos”, de 
Casimiro de Abreu, repare como o foco é o emissor, havendo, 
portanto, o predomínio da função emotiva:
“Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais.”
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 38-39.
A função emotiva da linguagem está muito presente na 
literatura, principalmente em poemas cujo grande foco são as 
emoções do eu lírico. Porém, ela também fica em evidência em 
outros contextos, como na linguagem popular, principalmente 
no uso dos chamados “palavrões”. Como as pessoas os utilizam 
para exprimir as mais diversas emoções – tristeza, surpresa, 
felicidade, dor, etc. – a linguagem centra-se no emissor e a 
função emotiva é evidenciada. 
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2.2 Função conativa ou apelativa
A função conativa, também chamada de apelativa, está centrada 
no receptor. Ela fica em evidência quando espera-se uma resposta 
ou uma atitude do receptor, ou quando a intenção é influenciá-lo. 
Por isso, aparece com frequência, nos textos publicitários, cuja 
principal função é convencero receptor de que ele precisa adquirir 
determinado produto ou serviço. A função conativa está presente, 
principalmente, nas frases imperativas, nas frases interrogativas, 
nos vocativos e na 2a pessoa tanto dos verbos quanto dos pronomes.
Observe como esta propaganda se utiliza do imperativo e da 2a 
pessoa do singular para convencer o receptor:
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O objetivo maior do sistema de comunicação publicitário 
é provocar a necessidade de compra (de produtos, serviços ou 
ideias). Para tanto, alguns recursos linguísticos e extralinguís-
ticos são utilizados. Também podemos encontrar, nesse mesmo 
sistema comunicativo, especificidades capazes de fornecer, a 
um atento leitor do mundo, ferramentas que lhe garantam 
colaborar na resolução de problemas sociais. É o que podemos 
notar no texto a seguir, de Luiz Costa Pereira Junior.
O anúncio que ri de si mesmo
Linha auxiliar do mercado, a publicidade ganha autonomia criativa e estatuto 
e arte e de contestação
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A tradição das estratégias inventivas para concepção de 
mensagens publicitárias, mais que vender produtos, parece 
ter conquistado espaço criativo próprio, que se retroalimenta. 
Funções da linguagem LITERATURA 51
1ª SérieMódulo 3
“Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste.”
Manuel Bandeira. O Anel de Vidro
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Noite Estrelada, de Van Gogh (MoMA, NY)
2.4 Função metalinguística 
A função metalinguística está centrada no código. Ela fica em 
evidência quando a linguagem é usada para comentar ou explicar 
a própria linguagem, ou seja, o código é usado para explicar ou 
comentar o próprio código. A função metalinguística está presente 
toda vez que um poema retrata um poema, que um filme retrata 
umfilme, um quadrinho retrata um quadrinho e assim por diante.
O quadro a seguir, de René Magritte, pode ser considerado 
uma obra metalinguística:
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O publicitário, diz Washington Olivetto, é um adequador 
de mensagens. Adapta o que se quer vender a um público que 
pode consumir. Mas já há um caldo cultural ávido por devorar 
comunicações publicitárias como obras autônomas, julgadas 
fora do contexto dos fins mercantis que as geraram. 
Tal estatuto de arte pode ser um exagero, mas sinaliza o 
valor da criatividade na confecção de slogans e mensagens 
audiovisuais. (...)
Fez fama a fase em que a Benneton esteve sob influência 
do fotógrafo milanês Oliviero Toscani. Nos anos 1990, ele foi 
o responsável por (pregar) peças com a grife italiana. Divulgou 
a marca de roupas exibindo padre beijando freira, uma família 
com um soropositivo moribundo, túmulos e corações em 
sequência.
Toscani diz, em A publicidade é um cadáver que nos sorri 
(Ediouro, 1996), que publicidade não serve só para vender bem 
um produto, mas pode ser intervenção social relevante em 
tempos de globalização e perda de influência da arte. 
Pode ser, ainda mais num ambiente em que já não é nítido 
o contraste entre o que é fato ou mera persuasão. Mas a publi-
cidade pode reivindicar um papel crítico? Parte da retórica, 
ela não apela a argumentos racionais, mas quer convencer a 
qualquer preço. Mostra só o que beneficia o interlocutor. O 
consumo compulsivo, passageiro e de elite é seu oásis. Encarar 
sua dimensão cultural é talvez testar limites, mas muita gente 
dá como certo que está longe de ser uma impossibilidade.
PEREIRA JR., Luiz Costa. Revista Língua. Ano II. Número 16, 2007.
2.3 Função poética 
A função poética está centrada na mensagem. Ela fica 
em evidência quando há um maior cuidado na elaboração da 
mensagem, por meio de recursos como a seleção vocabular ou 
o emprego de palavras em sentido conotativo. A função poética 
está presente, principalmente, no uso das figuras de linguagem, no 
cuidado com o ritmo e no emprego de rimas.
Embora seja muito comum na poesia, também é possível 
encontrar a função poética em outros tipos de texto como a prosa 
e até em manifestações artísticas que não fazem uso da linguagem 
verbal, como fotografias e pinturas. Além de estar presente também 
na linguagem publicitária ou, com menos frequência, no texto 
jornalístico.
Por causar estranheza – já que se diferencia da linguagem 
comum, cotidiana, vulgar –, a função poética faz o receptor prestar 
mais atenção no que está sendo dito ou mostrado, evidenciando, 
assim, a mensagem. O foco na função poética geralmente é um 
dos principais critérios para diferenciar os textos literários dos 
não literários.
Perceba a presença da função poética em dois textos diferentes: 
versos de um poema de Manuel Bandeira e um quadro de Van Gogh:
LITERATURA52
1ª Série Módulo 3
2.5 Função fática
A função fática está centrada no canal. Ela fica em evidência 
quando a comunicação é iniciada, prolongada ou encerrada, ou 
quando o canal é testado por meio do qual a comunicação está sendo 
estabelecida. A função fática está presente no uso de expressões 
como “oi”, “alô”, “né?”, “tchau”, “como vai?”, etc.
Na música abaixo, a expressão “alô” evidencia a função fática 
da linguagem ao ser utilizada para iniciar a comunicação entre 
emissor e receptor. Observe:
“Alô, alô, marciano 
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura”
Disponível em: <letras.mus.br>.
2.6 Função referencial
A função referencial está centrada no referente. Ela fica em 
evidência quando informações ou constatações são transmitidas, 
geralmente de modo objetivo, por meio do uso da linguagem 
denotativa e, predominantemente, da 3a pessoa. A função referencial 
está presente, principalmente, em enciclopédias, livros didáticos e 
textos jornalísticos.
Um bom exemplo de função referencial é o seguinte, que 
procura explicar o que é filosofia:
“Filosofia é uma palavra grega que significa “amor à sabedoria” 
e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados 
à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e 
estéticos, à mente e à linguagem. Filósofo é um indivíduo que 
busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão pragmática, 
movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade. 
Além do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a 
filosofia é intrínseca à condição humana, não é um conhecimento, 
mas uma atitude natural do homem em relação ao universo e seu 
próprio ser. A filosofia foca questões da existência humana, mas 
diferentemente da religião, não é baseada na revelação divina ou na 
fé, e sim na razão. Dessa forma, a filosofia pode ser definida como 
a análise racional do significado da existência humana, individual 
e coletivamente, com base na compreensão do ser.
Disponível em: <www.significados.com.br>. Acesso em: 2 ago. 2015.
 01 Relacione os elementos da comunicação abaixo aos seus devidos 
significados:
I. Mensagem ( ) Meio físico que conduz a mensagem ao 
receptor.
II. Referente ( ) Aquele que diz algo a alguém.
III. Emissor ( ) Texto – tudo que é transmitido do emissor 
ao receptor.
IV. Canal ( ) Aquele com quem o emissor se comunica.
V. Receptor ( ) Contexto em que mensagem, emissor e 
receptor estão inseridos.
VI. Código ( ) Convenção social que permite ao receptor 
compreender a mensagem.
 02 Temos contato diariamente com vários sistemas de comu-
nicação, como, por exemplo, o sistema informativo. Partindo 
do pressuposto que o objetivo maior dos textos pertencentes a 
esse sistema é destacar o assunto, ou seja, informar, a função da 
linguagem em destaque é a referencial. Logo, o tipo de linguagem 
mais empregada por eles é a:
(A) científica. (D) conotativa.
(B) artística. (E) denotativa.
(C) metafórica.
 03 O uso do modo imperativo,da segunda pessoa em pronomes 
e desinências verbais, além da presença do vocativo são recursos 
linguísticos que nos permitem identificar que função da linguagem 
em destaque? Explique. 
 04 “Lutar com palavras / é a luta mais vã / entanto lutamos / 
mal rompe a manhã”. Os versos citados pertencem ao poema 
“O lutador”, de Carlos Drummond de Andrade, e propõem uma 
reflexão sobre a dificuldade da carpintaria poética à qual o poeta 
é imposto diariamente. Ao refletir sobre o seu exercício com as 
palavras, o eu lírico chama-nos a atenção para qual função da 
linguagem? Explique.
 05 Sistemas de comunicação distintos tendem a aplicar recursos 
diferentes de linguagem, porém, isso não constitui uma regra: 
não são poucas as vezes que podemos encontrar uma mescla 
desses mesmos recursos em apenas um determinado sistema 
comunicativo. Imaginemos um outdoor contendo uma campanha 
publicitária, tentando nos convencer de aproveitar a promoção, em 
um supermercado, e, simultaneamente, informando-nos sobre os 
produtos e preços em destaque. Nesse exemplo, quais são as funções 
da linguagem presentes?
Funções da linguagem LITERATURA 53
1ª SérieMódulo 3
 01 
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome com 
letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra, 
uma letra somente
para acabar teu nome!
— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências este cartaz amarelo: 
“Neste país é proibido sonhar.”
ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.
Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predomi-
nância das funções da linguagem no texto de Drummond, pode-se 
afirmar que:
(A) por meio dos versos “Ponho-me a escrever teu nome”(v.1) e 
“esse romântico trabalho” (v.5), o poeta faz referências ao seu 
próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos.
(B) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos 
“No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na 
mesa todos contemplam” (v.3 e 4) confere ao poema uma 
atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados 
constitutivos de uma cena realista.
(C) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada 
na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa 
de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
(D) em “Eu estava sonhando...” (v. 10), o poeta demonstra que está 
mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormente 
e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores 
do que em expressar algo sobre si mesmo.
(E) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v. 12), o poeta 
abandona a linguagem poética para fazer uso da função 
referencial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” 
(v.11) presente no local.
 02 
ESTE É O LECO ESTE É O JOÃO
• Ele tem 3 refeições diárias;
• tem consultas regulares 
para cuidar da sua saúde;
• tem carinho;
• tem alguém que se 
preocupa com ele.
• Ele tem 4 anos de idade.
Apadrinhe. Igual ao João, milhares de crianças também precisam de um melhor 
amigo. Seja o melhor amigo de uma criança.
Anúncio assinado pelo Fundo Cristão para Crianças CCF-Brasil. 
Revista IstoÉ. São Paulo: Três, ano 32, no 2079, 16 set. 2009.
Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se que, 
nessa peça publicitária, predominantemente, busca-se:
(A) conseguir a adesão do leitor à causa anunciada. 
(B) reforçar o canal de comunicação com o interlocutor.
(C) divulgar informações a respeito de um dado assunto.
(D) enfatizar os sentimentos e as impressões do próprio enunciador. 
(E) ressaltar os elementos estéticos, em detrimento do conteúdo 
veiculado.
 03 
Canção Amiga 
Eu preparo uma canção, 
Em que minha mãe se reconheça 
Todas as mães se reconheçam 
E que fale como dois olhos. 
[...] 
Aprendi novas palavras 
E tornei outras mais belas. 
Eu preparo uma canção 
Que faça acordar os homens 
E adormecer as crianças. 
ANDRADE, C. D. Novos poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1948.
A linguagem do fragmento acima foi empregada pelo autor com o 
objetivo principal de: 
(A) transmitir informações e fazer referência a acontecimentos 
observados no mundo exterior. 
(B) envolver, persuadir o interlocutor, nesse caso, o leitor, em um 
forte apelo à sua sensibilidade. 
(C) realçar os sentimentos do eu lírico, suas sensações, reflexões e 
opiniões frente ao mundo real. 
(D) destacar o processo de construção de seu poema, ao falar sobre 
o papel da própria linguagem e do poeta. 
(E) manter eficiente o contato comunicativo entre o emissor da 
mensagem, de um lado, e o receptor, de outro.
LITERATURA54
1ª Série Módulo 3
 04 
Em uma famosa discussão entre profissionais das ciências 
biológicas, em 1959, C. P. Snow lançou uma frase definitiva: “Não 
sei como era a vida antes do clorofórmio”. De modo parecido, hoje 
podemos dizer que não sabemos como era a vida antes do compu-
tador. Hoje não é mais possível visualizar um biólogo em atividade 
com apenas um microscópio diante de si; todos trabalham com o 
auxílio de computadores. Lembramo-nos, obviamente, como era 
a vida sem computador pessoal. Mas não sabemos como ela seria 
se ele não tivesse sido inventado.
PIZA, D. “Como era a vida antes do computador?” OceanAir em Revista no 1, 2007 (adaptado).
Nesse texto, a função da linguagem predominante é:
(A) emotiva, porque o texto é escrito na primeira pessoa do plural.
(B) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas, em que 
elementos como o clorofórmio e o computador impulsionaram 
o fazer científico.
(C) metalinguística, porque há uma analogia entre dois mundos 
distintos: o das ciências biológicas e o da tecnologia.
(D) poética, porque o autor do texto tenta convencer seu leitor de 
que o clorofórmio é tão importante para as ciências médicas 
quanto o computador para as exatas.
(E) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator 
está tentando convencer o leitor de que é impossível trabalhar 
sem computador, atualmente.
 05 Observe, abaixo, esta gravura de Escher: 
Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos equi-
valentes aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência:
(A) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe 
parece extremamente intrigante.
(B) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos 
que têm a mesma utilidade.
(C) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e 
distanciamento a experiência de que trata.
(D) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor 
procedimentos construtivos do discurso.
(E) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma 
determinada sequência de operações.
Para responder às questões seguintes, leia os textos a seguir:
Psicografia
Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
Ana Cristina Cesar
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa
Vocabulário:
comboio: trem de ferro.
calhas de roda: trilhos sobre os quais corre o trem de ferro.
Compare os poemas de Fernando Pessoa e de Ana Cristina Cesar 
e responda:
 01 Por que se pode dizer que em ambos os poemas está presente 
a função metalinguística? 
 02 Explique a ambiguidade presente no poema de Fernando 
Pessoa, revelada pelo título e pelo adjetivo fingidor, em contraste 
com o poema de Ana Cristina Cesar.
A arte literária e suas funções
Você acharia um absurdo alguém ser condenado 
à prisão por 5 anos por ter roubadoum pão?
Por mais estranho que possa nos parecer, aconteceu no destino 
do personagem Jean Valjean no célebre livro francês Os Miseráveis, 
de Victor Hugo, publicado no século XIX. 
Essa narrativa se passa em plena Revolução de Julho, entre dois 
grandes momentos históricos: a Batalha de Waterloo e os motins de 
junho de 1832. Subjugado e condenado a permanecer em péssimas 
situações, Jean e as demais personagens contribuem para que o 
livro seja mais do que um entretenimento, mas um testemunho 
histórico da miséria desse século, além de nos levantar reflexões 
importantes sobre as mais diversas questões, como a noção de 
justiça, por exemplo. Os Miseráveis, um sucesso até os dias atuais, 
é um excelente exemplo de como a Literatura pode extrapolar os 
limites de uma simples leitura.
Neste módulo, estudaremos justamente isso: que aspectos fazem 
da Literatura uma manifestação artística única, bem como suas 
diversas funções, que vão bem além do senso comum.
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ObjetivOs:
– Iniciar o estudo específico da arte literária;
– entender o que é literatura e suas funções.
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1ª Série
LITERATURA
Módulo 4
1. O que é a Literatura?
Mais do que somente uma disciplina, a Literatura é, sobretudo, 
uma paixão. Ao entrar em contato com ela, deve-se permitir ser 
tocado pelos textos, pelo modo como eles brincam com as palavras, 
criando-as e recriando-as; por sua capacidade de, sendo represen-
tação da realidade, transpor a vida para suas páginas, tirando de 
uma posição de inércia e levando a importantes reflexões. 
Quando movidas para o texto literário, situações que seriam 
vistas e vividas de modo automatizado tomam, com a ajuda da 
linguagem artística, outras proporções: tornam-se grandiosas, 
intensas, por vezes emocionantes, por vezes incômodas. Muito além 
disso, a Literatura – diferentemente dos textos não literários, cujos 
objetivos maiores são noticiar, convencer ou explicar – permite 
vivenciar experiências que jamais seriam proporcionadas pela 
vida real. É, portanto, um caminho com infinitas possibilidades.
Por meio da Literatura, são acessadas informações de muitos 
outros campos do saber. Por exemplo, o livro Os Sertões, de 
Euclides da Cunha, em que o autor retrata a Guerra de Canudos, 
confronto que aconteceu no interior da Bahia, nos anos de 1896 
e 1897. O livro é escrito em três partes: “A terra”, “O homem” e “A 
luta”. Então, além de seu valor artístico, Os Sertões é uma obra que 
reúne saberes geográficos, históricos e antropológicos.
A Literatura é, também, uma forma de transportar as pessoas 
para outros lugares e épocas. Há a possibilidade de conhecer outras 
culturas, outros povos e grupos sociais, tendo acesso, por meio do 
texto, a seus costumes, valores, preconceitos e padrões de beleza.
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Ao fazer essa viagem, a pessoa conhece e lança um olhar 
crítico ao passado, o que é uma boa forma de lidar com o presente, 
compreendendo-o e evitando que velhos erros sejam cometidos. 
Certamente, a leitura de um poema como “Navio negreiro”, de 
Castro Alves, que denuncia a forma como eram trazidos, para o 
Brasil, os escravos africanos, reforça a convicção de que a escravidão 
é uma prática social que deve ser sempre combatida. 
Além disso, os textos literários estarão sempre abertos a 
novas leituras, a novas conexões com aspectos contemporâneos. 
É o que permite que obras sejam revisitadas por novos atores sociais. 
Dessa forma, aparecem perguntas que antes não haviam sido feitas 
e, consequentemente, serão alcançadas novas respostas. Isso é o que 
faz, por exemplo, grupos feministas considerarem a obra Madame 
LITERATURA56
1ª Série Módulo 4
Bovary, de Flaubert – cuja personagem principal, em pleno século 
XIX, é uma mulher adúltera – uma importante fonte de debate 
sobre a imagem social da mulher.
Portanto, não há prazo de validade para a literatura: 
pode-se ler a Ilíada, que é uma obra da Antiguidade Clássica 
e, ainda assim, ela nos apresentará questões atuais. Grandes 
autores, como Shakespeare ou Machado de Assis, não “saem 
de moda”, não são substituídos de uma hora para outra por 
novos autores. Eles permanecem inseridos na tradição literária 
e continuam vivos por meio de seus leitores e de outros autores. 
A literatura estará sempre disposta a falar e propor reflexões sobre 
questões relevantes. Cabe a cada pessoa dar uma chance a ela. 
No Brasil, grupos de escritores têm buscado novas formas 
de produzir Literatura. Eles se apoiam em novas ferramentas 
trazidas pelo avanço da tecnologia. Diferentemente de uma 
Literatura impressa ou mesmo digitalizada, feita para ser lida 
em tablets, por exemplo, eles propõem a substituição do livro 
tradicional por uma nova experiência de leitura, a partir de um 
novo tipo de texto e de autor. É o que podemos observar na 
notícia a seguir, cujo foco é o “Movimento Literatura Digital”:
Por uma Literatura digital
Movimento gaúcho reúne autores e leitores em Porto Alegre
Um grupo de escritores gaúchos lança, no dia 17 de abril, 
o Movimento Literatura Digital, no Instituto Estadual do Livro 
do Rio Grande do Sul (Rua André Puente, 318, bairro Inde-
pendência) em Porto Alegre. Voltado para o tipo de Literatura 
feita, especialmente, para mídias digitais, impossível de ser 
reproduzida em papel por utilizar ferramentas próprias das 
novas tecnologias, como animações, multimídia e hipertexto, o 
movimento defende que o avanço tecnológico não representa 
ameaça à Literatura. Um dos princípios anunciados no manifesto 
(acessível no site) aponta a necessidade de autores e leitores serem 
apresentados à Literatura digital como um novo espaço para a 
produção literária, considerando as características próprias do 
meio e a importância do papel social da Literatura.
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Disponível em: <publishnews.com.br>. Acesso em: 25 ago. 2013.
Leia o poema a seguir, de Manuel Bandeira:
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem 
engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-
-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfa, as virgens 
cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
BANDEIRA, Manuel. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
No texto, o eu lírico – ou seja, a voz que se expressa no 
poema – propõe uma reflexão sobre o fazer poético a partir da 
comparação com uma cena cotidiana. Há, no poema, um possível 
incidente ocorrido em uma rua: um homem, que vestia uma roupa 
impecavelmente branca, vê-se, subitamente, sujo de lama. Num 
primeiro momento, ao dizer que o poema deve ser como a mancha 
de lama naquele tecido, a revelação parece chocar. O que de fato o 
eu poético estaria propondo com tal comparação? 
Imagine-se nessa mesma situação. Após algumas horas se 
arrumando para uma festa, ao se aproximar do local pretendido, 
um veículo passa por uma poça e o encharca por completo. O que 
você faria? A resposta não vem de imediato. Um misto de sensações 
e vontades o atravessaria. Você iria querer correr atrás do carro, 
xingar o motorista, esconder-se em algum lugar para afastar a 
vergonha ou até mesmo apenas sentar e chorar. O eu lírico constata: 
“É a vida”, referindo-se tanto à nódoa de lama quanto ao terno de 
brim branco. Em suma, a vida é feita de contrastes: brancura do 
brim versus sujeira da lama.
Na estrofe seguinte, quando o poema se volta para si mesmo, o eu 
lírico afirma que o papel da poesia, e das manifestações artísticas em 
geral, é desestabilizar a previsibilidade do cotidiano. É preciso permitir 
a experiência de “se dar ao desespero”, ou seja, sentir, refletir sobre 
os fenômenos

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