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Análise de Custos 1ª edição 2017 Análise de Custos 3 Palavras do professor Caro aluno/cara aluna, vamos iniciar a disciplina de Análise de Custos. A�nal,�do�que�se�trata�e�qual�sua�importância? A análise de custos consiste em avaliar os gastos realizados pelas empresas durante suas atividades operacionais, contribuído para o processo de tomada de decisões. Com a globalização, cresce a concorrência entre as empresas, assim como o acesso fácil à informação e uma imensa gama de opções de produtos e serviços, consumidores cada vez mais exigentes buscam no mercado por� produtos�de�qualidade,� mas�que� também� tenham� preços�competi- tivos. Neste contexto, surge a demanda pela implementação de processos gerenciais�estratégicos�de�custos,�que�maximizem�a�lucratividade�garan- tindo a permanência e desenvolvimento das empresas no mercado. Assim,� analisar� e� gerenciar� custos� é� fundamental� para� a� manutenção,� competitividade, lucratividade e sustentabilidade das organizações, inde- pendente�do�tamanho�dela�ou�seu�ramo�de� atuação.�Dada�a� relevância� do assunto, a disciplina de análise de custos e formação de preços busca desenvolver em você, uma visão crítica e global, com foco na gestão de custos e resultados. A�partir�do�conteúdo�abordado,�você�poderá�compreender�e�identi�car�os� custos,�métodos�de�apuração,�relação�com�o�resultado�e�preço�de�venda.� Desta� forma,�você�será�um� pro�ssional�capaz�de� auxiliar� as� empresas� a� ganhar�e�ciência,�e�cácia�e�competitividade.� 1 4 Unidade 1 Fundamentos Básicos de Custo Para iniciar seus estudos Nesta unidade, apresentamos os conceitos básicos necessários para o desenvolvimento de nosso estudo, bem como uma visão geral sobre a gestão�de�custos�e�sua�relevância.� Objetivos de Aprendizagem Estudando esta unidade, o aluno poderá: • reconhecer�os�principais�conceitos�atrelados�aos�custos; • compreender os princípios básicos de custos. Tópicos de estudo • Abordagem�introdutória;� • Terminologias�básicas; • Fundamentos�e�princípios�de�custo;� • Métodos�de�controle�de�estoque.� 5 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo 1.1 Abordagem Introdutória Quando�falamos�em�custos,�um�erro�muito�comum�é�acreditar�que�custos�se�resumem�a�produção,�quando�é�de� fundamental�importância�entender�toda�a�cadeia�de�valor.�Identi�car�as�relações�entre�as�atividades�contribui�de� maneira�e�caz�para�o�melhor�mapeamento�e�redução�dos�custos.�Mas�o�que�seria�a�cadeia�de�valor?�Este�conceito� considera�que�uma�empresa�pode�ser�desmembrada�em�suas�atividades�estratégicas�de�maneira�a�possibilitar�a� compreensão do comportamento dos custos, suas fontes e potenciais de diferenciação (PORTER,1992). Este princípio agrega valor a um produto, assim implica em desenvolver uma ou mais atividades a um custo reduzido�e�de�uma�forma�mais�e�caz�que�os�concorrentes.�Neste�processo,�a�empresa�adquire�vantagens�compe- titivas ao executar suas atividades estrategicamente importantes com menor custo possível, ou ainda, com custos inferiores aos dos seus concorrentes. Segundo Brinsom (1996, p. 18), algumas empresas, a partir do alcance de certo domínio de mercado, conside- ravam-se�invencíveis�e,�por�isso,�utilizavam-se�de�estratégias�a��m�de�obter�vantagens�da�posição�no�mercado.� No entanto, a vantagem obtida pela marca unicamente não garante a longevidade de uma organização. Figura 1.1 Evolução do mercado. Legenda: Fusca e Landrover. Fonte:�<https://pixabay.com/pt/auto-vw-besouro-idade-oldtimer-1986309/>�e� https://pixabay.com/pt/range-rover-carro-caminhão-2015663/. Traçando� uma� linha� de� relação� com� o� planejamento� estratégico,� atualmente,� em� um� mundo� cada� vez� mais� competitivo,�as�empresas�precisam�entender�que�o�planejamento�estratégico�não�é�mais�su�ciente�para�de�- nição� de� todas�as�ações�a� longo� prazo.�Com� os� avanços�das� tecnologias� da� informação,�houve�uma�drástica� redução�do�tempo�para� a�tomada�de�decisão,�fazendo�com�que�as�estratégias�devam�ser�avaliadas�continua- mente�(HAMMER,�2001,�p.122).� 6 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Figura 1.2 – Concorrência. Legenda: Jogo de tabuleiro. Fonte:<�https://pixabay.com/pt/conselho-jogo-concorrência-761586/>.� Mediante�a�volatilidade�do�mercado,�é�necessário�aprimorar�continuamente�seus�processos�operacionais,�a��m� de�se�manter�a�frente�da�concorrência.�Portanto,�é�de�suma�importância�levar�em�consideração�alguns�aspectos,� tais como: • Os�investimentos�em�pesquisas; • A�adoção�de�novos�processos; • O�controle�e�redução�de�custos; • A�conquista�e��delização�da�clientela. A�redução�de�custos�deve�ter�início�na�compreensão�de�que�os�recursos�utilizados�por�uma� organização possuem a função de produzir valor. Assim, em toda organização, ocorre a transformação produtiva, ou seja, o processo onde os recursos são convertidos em bens e serviços�para�os�quais�existe�uma�demanda.� Organizações�competitivas�devem�gerar�valor�para�clientes�e�investidores;�de�um�lado,�através�de�bens�e�serviços� pelos�quais�o�cliente�é�disposto�a�pagar;�por�outro,�propiciando�um�retorno��nanceiro�adequado�aos�recursos� investidos�na�empresa�(MARTIN,�1999,�p.�8).�Portanto,�é�necessário�entender�os�diferentes�processos�e�agentes� envolvidos nesta relação produtiva. 7 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Figura�1.3�-�Transformação�produtiva.� Legenda: Elementos e processos da transformação produtiva. Fonte: Adaptado de Martin, 1999, p.9. 1.2 Terminologias Para�entendermos�um�pouco�mais�sobre�análise�de�custos,�precisamos�conhecer�alguns�de�seus�termos-chave.� Assim, observaremos a seguir algumas terminologias básicas. Receitas São entradas de recursos para o patrimônio de uma empresa na forma de bens ou direitos correspondentes geralmente�à�venda�de�mercadorias,�produtos�ou�serviços.�Vale�salientar�que�se�entende�por�mercadorias�a�aqui- sição�de�itens�já�prontos�que�serão�comercializados.� Já�os�produtos,�são�elementos�gerados�pela�indústria�e�os� serviços consistem na venda da mão de obra. As� receitas� também�podem�ser�oriundas�de� aplicações�ou�operações��nanceiras.�Por�exemplo,� ao�aplicar�um� determinado montante na poupança, a cada período este valor será acrescido/remunerado com juros. Estes juros podem�ser�considerados�como�uma�receita��nanceira.� Gastos Para�Martins�(2000,�p.25),�gastos�são�sacrifícios��nanceiros�realizados�pelas�entidades,�para�obtenção�de�um�produto� ou�serviço�qualquer.�Se�o�pagamento�for�presente�(no�ato),�haverá�um�desembolso,�caso�contrário�constitui-se�uma� dívida (passivo/exigibilidade). Os gastos podem ser divididos em despesas, custos, investimentos e perdas. a. Despesas As despesas são bens ou serviços consumidos para a geração de receitas. Podemos citar como exemplos despesas administrativas�com�pró-labore�dos�sócios,�matérias�de�limpeza,�gastos�com�telefone�e�internet. b. Custos De�ne-se�como�custo�o�gasto�relativo�ao�bem�ou�serviço�utilizado�na�produção�de�outros�bens�e�serviços.� 8 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo c. Investimentos Podemos� classi�car� como� investimentos� àqueles� gastos� realizados� em�função�da�vida� útil� de� um� bem� ou� de� benefícios�futuros�gerados�por�esse�gasto,�por�exemplo:�a�aquisição�de�imóveis,�veículos,�máquinas�e�equipa- mentos, etc. d. Perdas São consideradas perdas gastos atípicos ou involuntários, decorrentes de fatores externos, como incêndios e inundações, gastos com mão de obra durante um período de greve. Desembolso� Consiste� no�pagamento� resultante�da�obtenção� de�bens�e� serviços�podem�ocorrer�de� maneira�simultânea�ou� posterior ao gasto. Ganho� Trata-se�de�um�resultado�líquido�positivo�obtido�por�meio�de�eventos�e�transações�que�não�envolvem�operações� normais da empresa. Lucro e prejuízo Refere-se à� diferença� entre� receitas,� despesas,� custos,� ganhos� e� perdas,� quando� positiva� é� lucro� e� quando� negativaprejuízo. Custeio Método�de�apropriação�dos�custos.� Desperdício�x�esforços�� Os�esforços�nas�organizações�podem�apresentar�duas�classi�cações,�trabalho�ou�desperdício.� 1.3 Trabalho O�trabalho�pode�ser�dividido�em�trabalho�que�agrega�valor�e�trabalho�que�não�agrega�valor.�O�trabalho�que�agrega� valor�é�aquele�composto�por�atividades�que�geram�valorização�dos�produtos�e�serviços�mediante�o�ponto�de�vista� do�consumidor.�Geralmente�referem-se�à�atividade�de�transformação�que�modi�ca��sicamente�o�produto.�Já�o� trabalho� que�não�agrega�valor,� compreende�aquelas�atividades�que�não�valorizam�o�produto,�mas�que�propi- ciam�suporte�para�o�trabalho�efetivo.�Podemos�citar�como�exemplo,�as�atividades�de�manutenção�de�máquinas�e� equipamentos.�Sendo�assim,�Clemente�(2007)�conceitua�desperdício�como�o�esforço�econômico�que�não�agrega� valor�ao�produto�ou�serviço�da�empresa�e�também�não�possui�a��nalidade�de�apoio�do�trabalho�efetivo. 9 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Figura�1.4:�Trabalho�que�não�agrega�valor:�manutenção�de�máquinas. Legenda:�Manutenção�de�máquinas.� Fonte:�<https://pixabay.com/pt/moagem-manuten�C3�A7�C3�A3o-trabalhista-2019392/>. Podemos�exempli�car�a�seguinte�situação.�Observe.� A�empresa�ABC�Brasil,�normalmente�trabalha�com�um�percentual�de�peças�defeituosas�de�2�.�Em�um�determi- nado�período,�6��dos�itens�produzidos�foram�classi�cados�como�defeituosos.�Neste�caso,�as�perdas�anormais� ocorridas�equivalem�a�4��e�os�desperdícios�totalizam�6�.� A�identi�cação�dos�desperdícios�normais�e�anormais�é�de�suma�importância,�uma�vez�que�os� desperdícios anormais podem sem reduzidos ou eliminados em um curto espaço de tempo. Já�os�desperdícios�normais�demandam�um�prazo�maior�assim�como�a�melhoria�contínua�do� processo produtivo. 10 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo 1.4�Classi�cação�dos�custos� Os� custos� podem� ser� classi�cados� conforme� sua� relação� aos� produtos� e� ao� volume� produzido� conforme� demonstra�a��gura�abaixo:� Figura�1.5�–�Custos�em�relação�aos�produtos�e�ao�volume.� Legenda: Custos em relação aos produtos e ao volume. Fonte:�Adaptado�de�Martins,�2010.� a. Custos Diretos Para�Martins�(2010),�são�considerados�custos�diretos�aqueles�que�estão�associados�diretamente,�de�forma�clara�e� objetiva,�ao�produto�atividade�ou�departamento.�Por�sua�vez,�Clemente�(2007)�ressalta�que�os�custos�diretos�são� facilmente�mensuráveis�por�unidade�de�produto�e�também�não�demandam�critério�de�rateio.� b. Custos Indiretos São�aqueles� gastos�que�não�apresentam� facilidade�na�contagem� e� con�abilidade� de� resultado� por� unidade� de� produto�(CLEMENTE,�2007).�Ou�seja,�são�aqueles�que�não�podem�ser�associados�diretamente�ao�produto�atividade� ou�departamento.�Podemos�citar�como�exemplo,�gastos�com�depreciação,�materiais�indiretos,�energia�elétrica.� Depreciação:�é�a�alocação�sistemática�do�valor�depreciável�de�um�ativo�ao�longo�da�sua�vida� útil�(NBC�T�19.1�-�Ativo�Imobilizado),�ou�seja,�o�registro�da�redução�do�valor�dos�bens�pelo� desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Rateio:�é�a�divisão�e�alocação�dos�custos�indiretos�às�unidades�produzidas�baseados�na�capa- cidade normal de produção (CPC 16 R1). ��������� 11 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Figura�1.6�Custos�Indiretos�e�formas�de�rateio. Legenda:�Custos�Indiretos�e�formas�de�rateio Fonte:�Adaptado�de�Clemente,�2007.� a. Custos Fixos Os�Custos�Fixos�são�aqueles�que�não�variam�conforme�a�produção�ou�prestação�de�serviço.�O�aluguel�de�uma� unidade�produtiva�é�um�bom�exemplo�de�Custo�Fixo�Total.� » Custos Variáveis São�aqueles�que�estão�diretamente�ligados�com�a�quantidade�produzida,�ou�seja,�variam�à�medida�que� aumenta�ou�reduz�a�atividade�da�empresa,�como,�por�exemplo,�matéria�prima�e�embalagens.� » Custos desembolsáveis São�pagamentos�dos�gastos�classi�cáveis�como�custo.� » Custos não desembolsáveis São�custos�onde�não�há�o�desembolso�em�dinheiro.�São exemplos destes custos depreciação, exaustão e amortização. Amortização:�Amortização�é�a�alocação�sistemática�do�valor�amortizável�de�ativo�intangível� ao�longo�da�sua�vida�útil�(CPC�-�Comitê�de�Pronunciamentos�Contábeis�-�04�R1).� Exaustão:� A� exaustão� é� um� processo� semelhante� à� depreciação� e� à� amortização,� porém� aplicado�sobre�as�contas�que�registram�recursos�naturais�minerais�ou�vegetais,�(CPC�04�R1).� ��������� 12 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo 1.5 Materiais Diretos Os� materiais� diretos� são�aqueles�que� integram�o� produto� durante� o�processo�de� fabricação,�como� a�matéria� prima e material de embalagens. 1.5.1�Composição�de�custo�dos�materiais� Em�conformidade�com�o�CPC�nº�1�de�2010,�o�custo�de�aquisição�dos�estoques�é�composto�pelo�preço�de�compra,� impostos não recuperáveis, gastos com frete, e outros itens relacionados à�aquisição� de�materiais,� serviços�e� produtos. Para a correta apuração dos custos, descontos obtidos e abatimentos devem ser deduzidos. As� empresas� normalmente� adquirem� seus� estoques� através� do� pagamento� a� prazo.� Este� processo�de��nanciamento�pode� acarretar�em�juros,� os� quais não irão compor o custo do material,�pois�a�correta�classificação�é�como�despesa�com�juros,�conforme�determina�o�CPC nº�1�de�2010.� 1.5.2�Impostos�sobre�a�aquisição�de�Materiais� a. Impostos sobre produtos Industrializados (IPI) No�momento�da�compra�de�materiais�e�produtos,�normalmente�as� indústrias�pagam�o�IPI.�Neste�momento,�a� empresa�assume�o�papel�de�intermediária�entre�o��sco�e�o�pagador��nal�do�imposto,�uma�vez�que�não�possui� nenhuma�receita�quando�cobra�o�imposto�sobre�o�produto�que�está�fornecendo.� As�alíquotas�aplicáveis�para�cálculo�do�IPI�são�várias�e�estão�presentes�na�Tabela�de�Incidência�do�Imposto�sobre� Produtos�Industrializados�(TIPI). b. Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) O� ICMS� como� o� IPI,� quando� pago� na� compra,� representa� um� adiantamento� feito� pela� empresa� ao� governo� estadual.�Este�imposto�incidente�sobre�a�circulação�de�mercadorias�e�serviços�é�de�natureza�estadual�e�apresenta� variação�de�alíquotas�de�acordo�com�cada�Estado.� 13 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo 1.6�Mão�de�obra�direta� A�mão�de�obra�direta�é�aquela�aplicada�diretamente�no�processo�de�transformação�dos�produtos.�Martins�(2010)� observa�que�não�devemos�confundir�mão�de�obra�direta�com�o�valor�total�gasto�ou�consumido�para�a�produção,� mesmo aos operários diretos. Só se deve caracterizar como tal a mão de obra aplicada diretamente sobre o produto.�Assim,�o�custo�da�mão�de�obra�direta�varia�de�acordo�com�a�produção,�enquanto�que�a�folha�relativa�aos� funcionários�de�produção�pode�ser��xa.�Tal�distinção�torna-se�relevante�no�processo�de�identi�cação�dos�custos.� O�autor�salienta�que�pode�haver�uma�exceção�onde�podemos� ter�a�mão� de�obra�direta��xa.�Esse�caso,�ocorre� quando�há�um�maquinário�ou�equipamento�que�apresenta�seu�volume�de�produção�ditado�por�regulagem,�ou� seja,�aumenta�ou�reduz�o�volume�de�produção,�mas�em�contrapartida�mantém�o�mesmo� número�de�homens� trabalhando.�Neste�caso,�a�mão�de�obra�direta�apresenta�características�de�custo��xo.� No� Brasil,� integra� o� custo� da� mão� de� obra� direta� todos� os� encargos� trabalhistas� e� sociais,� assim� como� os� seguintes eventos: • Repouso�semanal�remunerado; • Férias; • 13º�salário; • Atrasos�e�ausências�abonados; • Outros direitos garantidos por convenção coletiva. 1.7�Custos�de�Fabricação�(CF)� Os� custos�de� fabricação�são�obtidos�através�da�soma�dos�Custos�da�Matéria�Prima� (MP),�Mão� de�Obra�Direta� (MOD)�e�Custos�Indiretos�de�Produção�(CIP).�Assim,�temos: CF = MP + MOD + CIP 1.8 Estoques Podemos�de�nir�como�estoque�os�ativos�mantidos�para�venda�nas�operações�normais�do�negócio,�em�processo�de� produção�para�a�venda�ou�aqueles�materiais�que�serão�consumidos�ou�transformados�no�processo�de�produção�ou prestação de serviços (CPC 16 R1). Custos dos Estoques O�custo�dos�estoques�deve�ser�composto�por�todos�os�custos�de�aquisição�ou�transformação,�assim�como�outros� custos�incorridos�para�a�formação�deste�estoque�(CPC�16�R1).� Custo de Transformação Para�apurar� o�custo�de�transformação�do�estoque� se�deve� incluir� os�custos� diretamente� relacionados� com�as� unidades�produzidas�ou�com�as�linhas�de�produção,�como,�por�exemplo,�a�mão�de�obra�direta�aplicada�à�produção.� Também�devem�ser�incluídos�de�forma�sistemática�os�custos�indiretos�de�fabricação��xos�ou�variáveis�que�sejam� necessários�para�transformar�os�materiais�em�produtos�acabados�(CPC�R1�2010).� 14 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo 1.8.1 Métodos de controle de estoque O� controle� de� estoque� é� fundamental� para� evitar� acúmulos,� perdas,� ausência� de� produtos,� assim� como� tem� impacto�direto�nas��nanças�e�na�gestão�do�espaço�físico.� PEPS (Primeiro que Entra Primeiro que Sai) O�PEPS� é�o� método� de�controle� de� estoque�que�a�primeira�mercadoria� ou� produto� a�entrar�no� estoque� será� sempre a primeira a sair. UEPS (Ultimo que Entra Primeiro que Sai) O�UEPS�é�o�método�de�controle�de�estoque�onde�a�última�mercadoria�ou�produto�a�entrar�no�estoque�é�sempre� a�primeira�a�sair.�Baseia-se�na�ideia�que�as�mercadorias�e�os�produtos�mais�novos�na�empresa�são�vendidos�antes� que�os�mais�antigos.� MPM (Média Ponderável Móvel) Consiste� no�método�de� controle�de�estoque�onde�a�cada�nova�aquisição,�devolução�ou�entrada�de�produto�o� cálculo�do�custo�é�refeito�em�função�das�quantidades�existentes.� A�seguir�apresentamos�exemplos�práticos�da�aplicação�dos�três�métodos�de�controle�de�estoque� Tabela�1.1�–�Aplicação�do�método�PEPS. ENTRADAS SAIDAS SALDO DATA QTD VALORES R$ QTD VALORES R$ QTD VALORES R$ UNIT TOTAL UNIT TOTAL UNIT. TOTAL 28/fev 0 0 0 05/mar 30 30,00� 900,00� 30 30,00� 900,00� 11/mar 10 30,00� 300,00� 20 30,00� 600,00� 17/mar 30 35,00� 1.050,00� 20 30,00� 600,00� 30 35,00� 1.050,00� 50 1.650,00 19/mar 5 30,00� 150,00� 15 30,00� 450,00� 30 35,00� 1.050,00� 45 1.500,00 23/mar 15 30,00� 450,00� 25 35,00� 875,00� 5 35,00� 175,00� 24/mar 5 30,00� 150,00� 5 30,00� 150,00� 25 35,00� 875,00� 30 1.025,00 Legenda:�Aplicação�do�Método�PEPS. Fonte: Elaborado pela autora. 15 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Eventos demonstrados na tabela 1: • Em�5/03/xx�–�compra�de�30�unidades�a�R��30,00; • Em�11/03/xx�–�venda�de�10�unidades;� • Em�17/03/xx�–�compra�de�30�unidades�a�R��35,00; • Em�19/03/xx�–�venda�de�5�unidades;� • Em�23/03/xx�–�venda�de�20�unidades; • Em�24/03/xx�–�compra�de�5�unidades�a�R��30,00. • Receita�Bruta�em�31/03/xx�–�R�1500,00 Tabela�1.2�–�Aplicação�do�método�UEPS.� ENTRADAS SAIDAS SALDO DATA QTD VALORES R$ QTD VALORES R$ QTD VALORES R$ UNIT TOTAL UNIT TOTAL UNIT. TOTAL 28/fev 0 0 0 05/mar 30 30,00� 900,00� 30 30,00� 900,00� 11/mar 10 30,00� 300,00� 20 30,00� 600,00� 17/mar 30 35,00� 1.050,00� 20 30,00� 600,00� 30 35,00� 1.050,00� 50 1.650,00 19/mar 5 35,00� 175,00� 20 30,00� 450,00� 25 35,00� 875,00� 45 1.325,00 23/mar 20 35,00 700,00� 20 30,00� 600,00� �5 �35,00 175,00 25 775,00 24/mar 25 30,00� 750,00� 5 30,00� 150,00� 5 35,00� 175,00� 30 925,00 Legenda:�Aplicação�do�Método�UEPS.� Fonte: Elaborado pela autora. 16 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Eventos demonstrados na tabela 2: • Em�5/03/xx�–�compra�de�30�unidades�a�R��30,00; • Em�11/03/xx�–�venda�de�10�unidades;� • Em�17/03/xx�–�compra�de�30�unidades�a�R��35,00; • Em�19/03/xx�–�venda�de�5�unidades;� • Em�23/03/xx�–�venda�de�20�unidades; • Em�24/03/xx�–�compra�de�5�unidades�a�R��30,00. • Receita�Bruta�em�31/03/xx�–�R�1500,00 Tabela�1.3�–�Aplicação�do�Método�MPM.� ENTRADAS SAIDAS SALDO DATA QTD VALORES R$ QTD VALORES R$ QTD VALORES R$ UNIT TOTAL UNIT TOTAL UNIT. TOTAL 28/fev 0 0 0 05/mar 30 30,00� 900,00� 30 30,00� 900,00� 11/mar 10 30,00� 300,00� 20 30,00� 600,00� 17/mar 30 35,00� 1.050,00� 50 33,00 1.650,00 19/mar 5 33,00 165,00 45 33,00 1.485,00 23/mar 20 33,00 660,00� 25 33,00� 825,00� 24/mar 5 30,00� 150,00� 30 32,50 975,00 Legenda:�Aplicação�do�Método�MPM Fonte: Elaborado pela autora. Eventos demonstrados na tabela 3: • Em�5/03/xx�–�compra�de�30�unidades�a�R��30,00; • Em�11/03/xx�–�venda�de�10�unidades;� • Em�17/03/xx�–�compra�de�30�unidades�a�R��35,00; • Em�19/03/xx�–�venda�de�5�unidades;� • Em�23/03/xx�–�venda�de�20�unidades; • Em�24/03/xx�–�compra�de�5�unidades�a�R��30,00. • Receita�Bruta�em�31/03/xx�–�R�1500,00 17 Análise de Custos | Unidade de Estudo 1 – Fundamentos Básicos de Custo Tabela�1.4-�Quadro�comparativo�dos�métodos�de�controle�de�estoque. COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS PEPS UEPS MPM Receita Bruta 1500 1500 1500 (-) Custos das Mercadorias Vendidas (CMV) 1075 1175 1125 Lucro Bruto 425 325 375 Estoque�Final� 1025 925 975 Legenda:�Quadro�comparativo�dos�métodos�de�controle�de�estoque. Fonte: Elaborado pela autora. Receita Bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens por conta própria�RIR/99.� ��������� Entretanto,�é�importante�observar�que�o�custo�dos�estoques,�que�não�for�controlado�através�de�método�de�custo� especí�co,�deve�ser�mensurado�através�da�aplicação�de�critérios�de�custo�do�Médio�Ponderado�ou�através�do� PEPS.�As�organizações�deverão�utilizar�o�mesmo�método�de�custeio�para�todos�os�estoques�de�mesma�natureza.� Para�estoques�que�apresentem�outra�natureza�ou��nalidade,�podemos�utilizar�diferentes�critérios�de�mensuração� (CPC�nº�1�/2010). Referências�bibliográ�cas 18 BRIMSON,� James�A.�Contabilidade por atividades: uma abordagem de custeio baseado em atividade. São Paulo: Atlas, 1996. CLEMENTE,�Ademir;�SOUZA,�Alceu.�Gestão de custos: aplicações opera- cionais�e�estratégicas.�São�Paulo:�Atlas,�2007.� Comitê�de�Pronunciamentos�Contábeis�CPC�16�R1,�2010.� CHRISTOPHER,�Martin.�Logística e gerenciamento da cadeia de supri- mentos:� estratégias� para� a� redução� de� custos� e� melhoria� dos� serviços.� São�Paulo:�Pioneira,�1997. _______. A Logística do marketing. São Paulo: Futura, 1999. CHURCHILL�JR.,�Gilbert�A;�PETER,�J.�Paul.�Marketing: criando valor para o cliente.�São�Paulo:�Saraiva,�2000. HANSEN,�Don�R.;�MOWEN,�Maryanne�M.�Gestão de custos: contabilidade e�controle.�São�Paulo:�Pioneira�Thomson�Learning,�2001. MARTINS.�Eliseu.�Contabilidade de custos.�10.�ed.�São�Paulo:�Atlas,�2010. PORTER, M.E., Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho�superior,�7.�ed.�RJ:Campos,1992. Brasil�–�Regulamento�do�Imposto�de�Renda�RIR�–�1999.�
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