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• INTRODUÇÃO - Eliminação dos resíduos metabólitos é feita pelo rim (ex. derivados da amônia), fígado (neutraliza e elimina toxinas) e pulmão (gases tóxicos). - A urina é produzida nos rins, vai para os ureteres, depois para a bexiga, e então para a uretra. - Rins e ureteres: trato urinário superior (trato = sistema oco de comunicação). - Bexiga e uretra: trato urinário inferior. - Funções do sistema urinário: filtração do sangue e formação da urina (equilíbrio hidroeletrolítico); controle do equilíbrio ácido- base; controle do volume sanguíneo; regulação da pressão arterial (ação do SRAA); secreção de hormônios; produção de eritropoietina na medula renal. - A eritropoietina atua na medula óssea, fazendo com que o progenitor das células que formarão a linhagem sanguínea seja ativado. RIM ⇨ ANATOMIA TOPOGRÁFICA - O rim está situado na parte dorsal do tronco (tórax + abdome), lateral à coluna vertebral. - A porção posterior do abdome recebe o nome de dorso. - Os ramos lombares, que vão desde o final do tórax até a região do sacro, irrigam o dorso do abdome. - O rim vai da vértebra T12 até a L3. - O rim direito é ligeiramente mais caudal que o esquerdo, devido à presença do fígado no lado direito. - Os rins têm uma situação retroperitoneal. - Alguns órgãos no abdome estão dentro do peritônio, que é uma bolsa semelhante a presente nos pulmões (pleura). - O peritônio envolve o estômago, uma parte do duodeno (porção superior), o baço, o fígado, o cólon e parte superior do reto. - O peritônio se prende na raiz do peritônio, na região lombar da coluna vertebral. - No retroperitônio, estão os rins, os grandes vasos (veia sempre a direita e mais à frente em relação à aorta), os ramos principais dos principais vasos, e toda musculatura que forma a parede lombar posterior. - O músculo transverso do abdome e o ileolombar revestem a parede posterior do abdome. - O duodeno possui uma porção retraperitoneal e uma porção intraperitoneal. - A segunda porção do duodeno (circular) mantém intima relação com o pâncreas, o qual é retraperitoneal; portanto, o duodeno possui uma porção que também é retraperitoneal. - Existe um “acolchoamento” dos órgãos feito pela gordura, a qual protege os órgãos e deixa “tudo no seu lugar”. - Músculos do dorso: latíssimo do dorso (maior musculo do corpo), serrátil, levantador da espinha, oblíquo interno e oblíquo externo. - O peritônio é formado por mesotélio, o qual consiste em uma serosa, portanto, tecido conjuntivo sob tecido epitelial. - O rim tem uma estrutura morfofuncional, o néfron, o qual é formado pela cápsula de Bowman (tecido com permeabilidade), pelo glomérulo, e pelos túbulos. - O rim direito relaciona-se anteriormente com a glândula suprarrenal direita (no polo superior), com o estômago, com o baço, com o pâncreas, com a flexura cólica esquerda, com o cólon descendente e com o jejuno. - O rim esquerdo relaciona-se anteriormente com a glândula suprarrenal esquerda (no polo superior), com o fígado, com a parte descendente do duodeno, com a flexura cólica direita e com o intestino delgado. - O intestino delgado fica entre os cólons, no “miolo” deles. - Posteriormente, os rins relacionam-se com a parede dorsal: 11ª e 12ª costela (na altura da 11ª costela já existe o rim esquerdo, e o rim direito na altura da 12ª); músculo diafragma (verde), psoas maior (lilás), quadrado lombar (azul) e transverso do abdome (vermelho). - “A pessoa está em casa (psoas maior) pula para o quadrado (musculo quadrado lombar) para atravessar a rua (transverso do abdome)”. ⇨ ANATOMIA DESCRITIVA - O rim possui uma face anterior e uma face posterior; uma extremidade/polo superior e uma extremidade inferior; uma margem lateral (convexa) e uma margem medial (onde estão as estruturas que formam o hilo renal). - Hilo = conjunto de estruturas que adentram num local; união de estruturas. - Hilo renal: VAP (veia renal, artéria renal, pelve renal) -> “VA P fora” - A pelve renal é uma continuação, uma dilatação do ureter, o qual é um tubo que conecta o rim à bexiga. - O rim é uma estrutura maciça; é revestido por uma cápsula; toda capsula é um tecido conjuntivo. - Esse tecido conjuntivo (gorduroso, ósseo, cartilaginoso) vai ser classificado conforme o tipo e quantidade de células e o material que existe entre elas (colágeno, etc). - A capsula que envolve o rim é fibrosa (tecido conjuntivo denso). - O rim por si só não é inervado; a dor no rim é por conta da distensão da capsula renal. - A capsula gordurosa que envolve o rim é separada em duas camadas: peri-renal e para-renal. - A gordura peri-renal ou cápsula adiposa é intimamente relacionada ao rim, penetrando em seu interior; a gordura para-renal ou corpo adiposo está do lado de fora. - Entre as duas camadas de gordura, há a fáscia de Gerota (fáscia = membrana de tecido conjuntivo). - Esquema: rim -> cápsula intrínseca do rim -> gordura peri- renal -> fáscia de Gerota -> gordura para-renal. - A gordura é afetada pelos processos inflamatórios e infecciosos que acometem o rim, podendo formar um abcesso. - Regiões internas do rim: córtex renal, medula renal e seio renal. - O córtex é a região mais externa e mais clara; caracteriza- se presença da capsula, dos glomérulos e da porção inicial dos túbulos. - O túbulo coletor e células intersticiais conferem uma coloração mais escura à medula. - Entre uma pirâmide e outra, há a coluna real ou de Bertin, a qual é uma proeminência do córtex renal entre as pirâmides renais, as quais variam entre 8 e 18. - As pirâmides renais são uma conjuntura de ductos coletores e possuem um ápice e uma base. - As pirâmides confluem para as papilas renais, que são as terminações de todo o sistema coletor, as quais desaguam nos cálices menores (2 a 3). - Os cálices menores se juntam e formam os cálices maiores (2-3), os quais formam a pelve renal. - A pelve renal adentra o rim por meio do hilo renal; essa região é chamada de seio renal. • Vascularização - A artéria renal adentra o rim e sofre um processo de segmentação, o qual é vital para o rim. - A artéria renal dá basicamente as artérias segmentares, as quais dão ramos que irrigam os pontos principais do órgão. - Artérias segmentares: ramo apical, ramo inferior, ramo anterior (superior e inferior) e ramo posterior. - Essas artérias dão ramos que irrigam a massa renal, isto é, o local onde estão as células (córtex e medula). - Entre uma pirâmide e outra (na coluna) são emitidas as artérias interlobares. Quando essas artérias curvam a base da pirâmide, a artéria arqueada é formada e, após, emite as interlobulares. - As artérias interlobulares emitem as arteríolas aferentes. - A arteríola eferente sai do glomérulo e forma uma rede de capilares (capilares peritubulares). - Da mesma forma, existe uma rede de capilares venulares, a veia interlobular, a veia arqueada, a veia interlobar, as veias segmentares e a veia renal. - A drenagem linfática do rim é dada pelos linfonodos aórticos. -A inervação do rim tem uma característica própria; - Toda inervação é composta por um conjunto de terminações nervosas a nível renal que vêm do plexo (conjunto de nervos) sacral. - Plexo renal: conjunto de todas as inervações nervosas que inervam o rim -> participação do nervo vago. - A cápsula renal tem uma inervação sensitiva, o que causa dor quando ela se distende. - Como a mensagem sensitiva vai pelo nervo vago, e esse também controla o centro do vômito, patologias como a litíase renal cursam com náuseas e vômitos. - A massa renal em si não tem uma inervação especifica; ela sofre hormonal ação do SRAA. URETER ⇨ ANATOMIA TOPOGRÁFICA - O ureter é a continuação da pelve renal; começa ao nível de L1 e tem trajetória descendente ao longo do retroperitônio, sobre o músculo psoas maior. - O ureter penetra na cavidade pélvica após cruzar aartéria ilíaca comum e, então, chega na bexiga. - Todo o trato urinário é formado por um tecido único, chamado de urotélio, o qual é um epitélio transicional, polimorfo, não tem um padrão específico de células (cubicas, cilíndricas, etc). - O urotélio está presente desde a pelve renal até a uretra, e é característico do sistema urinário. - O ureter é colabado; é formado internamente por epitélio de transição sobre tecido conjuntivo. - Possui também uma camada de músculo liso, a qual é inervada pelo sistema nervoso autônomo -> contração por movimentos peristálticos, desencadeados por mecanismos próprios. - Na parte proximal do ureter há duas camadas de músculo liso, a longitudinal interna e a circular - Na parte mais distal, há três camadas, a longitudinal interna, a circular e a longitudinal externa. - Externamente, o ureter é revestido por uma adventícia, a qual possui vasos, nervos e serosa. - Na mulher, o ureter acompanha a artéria uterina por 4 cm. - No homem, o ureter está posterior à vesícula seminal e ducto deferente. - A luz do ureter tem um diâmetro, em média, de 6mm; contudo, nas constrições fisiológicas , esse diâmetro diminui. - O ureter apresenta três estreitamentos de sua luz ao longo de seu trajeto: na junção entre a pelve e o ureter (JUP); na bifurcação das ilíacas; ao penetrar a parede vesical (junção ureterovesical). - Nessas regiões há maior probabilidade da obstrução por cálculos renais. - Não há uma vascularização específica; os vasos que existem próximos ao ureter que irrigam ele: ramos das artérias renais, das ilíacas internas, da vesical inferior. - A drenagem linfática do ureter se dá pelos linfonodos aórtico e ilíacos. - A inervação do ureter é dada pelo plexo renal (fibras eferentes simpáticas na medula espinhal de T11 a L2) e pelas fibras aferentes parassimpáticas vagais. • PELVE E PERÍNEO - A pelve consiste no espaço delimitado pelos ossos da bacia (íleo, ísquio e púbis); contém os órgãos terminais do TGI, do trato urinário e os órgãos reprodutores. - O períneo consiste na porção externa do tronco (do cóccix ao púbis) que compreende à genitália e ao ânus. - A pelve maior ou falsa aloja os órgão do abdômen inferior, enquanto a pelve menor ou verdadeira aloja os órgãos pélvicos propriamente ditos; aloja os órgãos intra-abdominais terminais (ceco, uma parte do intestino delgado.). - A pelve menor é chamada de verdadeira pois ela é uma cavidade propriamente dita, isto é, há ossos anterior e posteriormente. - A pelve maior é chamada de falsa pois há ossos apenas na porção posterior. - A pelve e períneo (contém pele, músculos) são separados pelo diafragma urogenital, que é um músculo de movimento (estriado, ou seja, voluntário). - O diafragma urogenital forma o esfíncter externo; é formado pelos músculos levantadores do ânus. - As estruturas terminais dos tratos geniturinários e do TGI penetram nesse diafragma urogenital, o qual participa da continência urinária e fecal. - As estruturas intrapélvicas prolapsam (saem do seu lugar) quando o diafragma urogenital está fraco (por idade e várias gravidezes). - Relações anatômicas: • Posteriormente: sacro e cóccix; • Lateralmente: ossos do quadril e músculo obturador; • Anteriormente: púbis e sínfise púbica. • Superiormente (assoalho da cavidade pélvica): diafragma urogenital. • Inferiormente (teto da cavidade pélvica): reflexão do peritônio e músculo piriforme. - A próstata tem uma relação ínfero-posterior com a bexiga. - Os órgãos pélvicos não são cobertos pelo peritônio, esse apenas se reflete sobre os órgãos pélvicos. - A reflexão do peritônio parietal sobre o teto da bexiga urinária e origina um espaço chamado de escavação retovesical. - Na pelve feminina, a reflexão ocorre após o útero e origina um espaço chamado escavação retouterina. - A fáscia visceral, a fáscia endopélvica e a fáscia parietal revestem os órgãos pélvicos e funcionam como pontos de fixação, que prendem os órgãos na parede pélvica. -> Vascularização, drenagem e inervação - A ilíaca interna adentra a cavidade pélvica para vascularizar os órgãos pélvicos, sendo o principal vaso responsável pela vascularização de todos eles - A artéria ilíaca interna emite dois troncos, um anterior e um posterior. - Os ramos da ilíaca interna começam no umbigo (na altura aproximada da púbis); - Vascularização na ordem das vísceras: aa umbilical -> aa obturatória -> aa vesical inferior (no caso das mulheres, artéria vaginal) -> aa uterina (só na mulher) -> aa retal média -> aa pudenda interna -> glútea inferior -> glútea superior -> aa sacrais laterais -> aa ileolombar. - A pudenda interna vasculariza as genitálias. - A pudenda externa é ramo da femoral comum e a artéria pudenda interna da ilíaca interna. -Além dos ramos da artéria ilíaca interna, há ramos da aorta abdominal (aa ovárica e aa sacral mediana) e ramos da mesentérica inferior (aa retal superior). - As veias normalmente são homônimas às artérias, fazendo fluxo oposto, com algumas exceções: • A veia sacral mediana e a veia ovárica drenam para veia cava inferior. • A veia retal superior drena para a mesentérica inferior (drena para a veia esplênica). - Todas as demais drenam para as veias ilíacas. - A drenagem linfática se dá por linfonodos ilíacos e sacrais, os quais drenam para a cisterna do quilo. - Na pelve, terminações nervosas que vão partir da coluna sacral formam o plexo que inerva os órgãos pélvicos, cujas fibras são majoritariamente parassimpáticas, havendo apenas poucas fibras simpáticas (da região tóraco-lombar). - A inervação da bexiga se dá prioritariamente pelo SNA parassimpático. ANATOMIA DA BEXIGA - Toda a via urinária (desde os cálices menores até a uretra) é formada por uma estrutura semelhante, a qual possui um epitélio de transição e uma estrutura muscular sobre uma adventícia. - O tecido da bexiga possui uma grande concentração de músculo liso, porém não organizado como é no ureter. - O músculo da bexiga tem uma forma anárquica de organização e recebe o nome de detrusor. - Nas mulheres, anteriormente à bexiga está a sínfise púbica, e posteriormente está o útero e a parte anterior da vagina - A bexiga é um órgão intrapélvico, mas quando distendido pode se estender até o abdome. - Nos homens, anteriormente à bexiga está a sínfise púbica, e posteriormente está o reto, a ampola retal e uma parte da próstata. - A bexiga possui um ápice, o qual fica voltado anteriormente em contato com a sínfise púbica; dele parte o ligamento umbilical, que é um vestígio do úraco. - Estrutura externa da bexiga: ápice, base (fica oposta ao ápice); superfícies inferolaterais; corpo da bexiga e colo da bexiga. - O colo da bexiga é onde o tecido da bexiga se concentra, “aponta”. - A região infero-lateral da bexiga está “amassada”, mas à medida que a bexiga vai se enchendo, essa região vai se tornando superior, fazendo com que a bexiga possa chegar até a região intra-abdominal. - A bexiga recebe os dois ureteres em suas porções póstero- superiores. - Nas mulheres, o ureter possui uma relação intima com a artéria uterina antes de chegar na bexiga. - Nos homens, o ureter possui uma relação intima com a vesícula seminal antes de chegar na bexiga. - A bexiga prende-se na frente pelo ligamento umbilical mediano e inferiormente, nas mulheres, pelo ligamento pubovesical, o qual vai do púbis à bexiga. - Nos homens, a bexiga prende-se inferiormente pelo ligamento pubrostático (mesmo ligamento, nome diferente). - As superfícies inferolaterais estão relativamente livres, a fim de possibilitar a distensão e elevação da bexiga quando está cheia. - Estrutura interna da bexiga: óstio dos ureteres; trígono vesical (delineado a partir das duas aberturas dos ureteres e do óstio interno da uretra); prega interuretética (entre os dois ureteres); pregas vesicais; óstio interno da uretra. - Nocolo da bexiga do homem, o tecido de concentra e se organiza, formando o esfíncter interno da uretra. Na mulher não há essa organização e, portanto, o esfíncter interno não é identificável. - Vascularização: aa vesical superior (ramo da aa umbilical); aa vesical inferior/vaginal (ramo da aa ilíaca interna); aa glútea inferior; aa obturatória. - A drenagem se dá por veias homônimas que tributam para as veias ilíacas internas. - Plexo sacral (fibras parassimpáticas): promove contração da musculatura lisa da bexiga e o relaxamento do músculo liso do esfíncter. - Inervação simpática (pouco): teto da bexiga; relaxa p músculo liso e contrai o músculo do esfíncter interno. ANATOMIA DA URETRA • Uretra Masculina - Vai do óstio interno da uretra na bexiga até o óstio externo da uretra na glande do pênis (18-22cm) - Segmentos da uretra masculina: intramural, prostática, membranácea, esponjosa. - A parte membranácea da uretra penetra no diafragma urogenital. - A uretra esponjosa termina na fossa navicular e se abre no óstio da uretra externa. - O extenso comprimento da uretra masculina dificulta a comunicação do meio interno com o meio externo, e portanto, as infecções são menos recorrentes (mais prevalentes nas mulheres, devido à curta uretra). - À medida que hormônios androgênicos estimulam a próstata, ela aumenta de volume, de tamanho, ou seja, ela hiperplasia. - A hiperplasia da próstata (é fisiológico) pode ocasionar obstrução da uretra. - Crista uretral: dilatação na qual há um fundo cego, que é o óstio do utrículo prostático, um análogo embriológico do que seria o útero na mulher. - Não existe uma vascularização específica para a uretra masculina; ela é vascularizada pela aa retal média e pela aa vesical inferior; - Sua drenagem se dá pelas veias homônimas e, nos homens, se dá também pelo plexo prostático. • Uretra Feminina - Tem em torno de 4cm; parte do óstio interno da uretra na bexiga até o óstio externo. - Corre paralela à vagina (genitália interna). - Abre-se externamente no vestíbulo da vagina (vulva), delimitado pelos pequenos lábios. - Cruza o assoalho pélvico e o músculo esfíncter externo da uretra. - Não há um esfíncter interno organizado, como ocorre nos homens. - A estrutura histológica da uretra feminina é praticamente a mesma desde o ureter (epitélio, músculo liso). - Não existe uma vascularização específica para a uretra feminina; ela é vascularizada pela aa retal média e pela aa vesical vaginal; sua drenagem se dá pelas veias homônimas. LITÍASE URINÁRIA - Litíase: pedra ao longo da via urinária (desde os cálices renais até a uretra). - Cálculos são formados pela agregação de sais minerais presentes na urina localizados na pelve ou em algum cálice renal. - Incidência de 120-140 casos para cada grupo de 100000; atinge mais frequentemente adultos na faixa de 30 a 40 anos; predomínio em homens. - Fisiopatologia: a supersaturação de uma subtância (ou por muita substância ou pouco solvente) causa uma cristalúria, formando as placas de Randall (quando os cristais precipitam a nível da papila renal). - Fatores de risco: sexo masculino, histórico familiar, dietas ricas em sódio (muito sódio -> sobra cálcio na urina livre para precipitar), excesso de alimentos ricos em cálcio e proteínas, pouco liquido na dieta, altas temperaturas (perda de líquido pela transpiração), obesidade, HAS, predisposição genética. - Os tipos de cálculo são: oxalato de cálcio, hidroxipatita de cálcio, ácido úrico, estruvita, cistina. - O cálculo começa a ser formado na papila renal; a urina vai empurrar o cálculo. - Se o cálculo permanecer parado na pelve, o indivíduo fica assintomático (exceto quando esse cálculo permanece muito tempo, pois ele cresce e favorece a formação de saco de cálculo -> a passagem da urina torna-se comprometida; deve- se realizar nefrectomia total). - O ureter apresenta estreitamentos de sua luz ao longo de seu trajeto: junção ureteropélvica, cruzamento com os vasos ilíacos, junção ureterovesical nos quais os cálculos podem se alojar. - Cálculos de 5 a 7mm (diâmetro do ureter) podem ser expelidos espontaneamente; porém, nas junções fisiológicas esses mesmos cálculos podem estacionar e não seguir -> o ureter distende e sua inervação leva a informação de dor ao SNC -> cólica nefrética, náusea, vômito (nervo vago), dor na face interna da coxa e na região genital (dor referida). - Se o cálculo não for retirado, ele pode desencadear hidronefrose, a qual, por sua vez, pode culminar em insuficiência renal. - Quadro clínico: os cálculos renais geralmente são assintomáticos, mas quando impactados na pelve ou no ureter causam sintomas - Obstrução e dilatação da via urinária causam cólica nefrética: • Dor lombar intensa (T12 a L3; não há posição de melhora, pois o dermátomo é grande, isto é, a extensão da área inervada pelo nervo) em cólica, irradiada para flanco, abdome inferior e região genital (até vulva ou testículo); • Náuseas e vômitos reflexo vagal; sem fatores de melhora à dor durando horas; sintomas de cistite ou hematúria. -Cistite: inflamação da mucosa não gera dor, pois não é inervada; ela causa irritação (urência, urgência miccional, polaciúria). - Dor renal: cólica nefrética; obstrução pielocaliceal; distenção da cápsula renal; sinal de Giordano positivo. - Dor ureteral: • Cólica nefrética; • JUP: dor lombar e flanco; • Cruzamento das ilíacas: dor lombar e fossa ilíaca; • JUV: dor em fossa ilíaca e sintomas de cistite; • Dor referida – SNP aferente. - O diagnóstico é predominantemente clínico, mas exames complementares podem ser realizados: • Hemograma; Uréia/Creatinina; Na/K; Sumário de urina; • Radiografia de abdômen; Ultrassonografia de vias urinárias; Tomografia computadorizada sem contraste (padrão ouro). - Tratamento da crise: 1) Hidratação: formação de mais urina na tentativa de expelir o cálculo. 2) Analgesia potente à opióide (preferência; pode começar com dipirona, pelo menos de 2g). 3) Anti-inflamatório (pois o cálculo arranha e inflama a parede). 4) Anti-espasmódico (ex. Buscopan composto -> controla a peristalse). 5) Anti-emético (por conta do enjoo). 6) Antibióticos (apenas se sinais infecciosos). 7) Bloqueadores alfa-adrenérgico (se ligam aos receptores alfa-adrenérgicos, bloqueando-os -> impede o “trancamento” da bexiga -> relaxa a musculatura do ureter). - Se a dor for refratária ou se houver sinais de infeção ou se houver hidronefose -> cirurgia. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO - Segunda infecção bacteriana mais comum (perde para a do trato respiratório). - Ocorrem cerca de 150 milhões de ITU sintomáticas/ano no mundo. - É mais comum em crianças (dificuldade de higiene) e em idosos (imunossupressão). - É mais comum em mulheres; 48 % das mulheres apresentam ao menos um episódio ao longo da vida - A mulher possui uretra curta, próxima ao ânus; nela, a ITU é mais frequente em idade pré-escolar (10/20 x mais frequente); na gestação (refluxo vesicoureteral) e na pós- menopausa (atrofia da mucosa = menos tecido linfático = menos defesa). - ITU no homem: primeiro ano de vida; RVU (refluxo vesicoureteral). - Na idade adulta, o homem conta com fatores protetores: prepúcio (sua hipertrofia pode viabilizar uma infecção), jato urinário longo, líquido prostático. - Após 50/60 anos, a chance de hiperplasia benigna aumenta a suscetibilidade à ITU. - Infecções não-complicadas: Escherichia coli (75-85%); demais Gram-negativos: Klebsiella, Proteus mirabilis; Gram- positivo: Staphylococcus saprophyticusum - Infecções complicadas: gram-negativos (Enterobacter, Acinetobacter, Pseudomonas); fungos. - A via da bactéria é ascendente: uretra -> bexiga -> ureter - > rim. - A aderência bacteriana é mediada por fímbrias; há produção de toxinas e invasão tecidual. - Fatores do hospedeiro:mecanismos de defesa (fluxo urinário, lactobacilos, proteína Tamm-H) - Fatores predisponentes: diabetes, relação sexual, espermicida, climatério. - Infecção baixa: bacteriúria assintomática; cistite; uretrite; infecção alta: pielonefrite. - Pessoas com risco de infecções complicadas: portadores de diabetes; grávidas; pacientes com IR; litíase, dispositivos (SVD, duplo J), que passaram por transplante renal, que são imunossupressos, que têm anomalias funcionais e anatômicas. - Quadro clínico: • Cistite: urgência miccional, urência, poliúria, odor fétido. • Pielonefrite: febre, calafrios, dor lombar • Idosos: sintomas ausentes / inespecíficos • Crianças: dor abdominal, irritabilidade - Na história clínica, pesquisar por: número de ITUs por ano / tratamentos anteriores; sintomas ginecológicos; atividade sexual (frequência, parceiro); uso de antibiótico prévio para ITU ou qualquer infecção; hospitalizações prévias; patologia nefro- urológica; uso de diafragma, espermicida (mulheres); métodos de higiene íntima; DM; imunossupressão; instrumentação genito-urinária prévia/cateter vesical. - O cateter duplo J é inserido para dilatar a via urinária; permanece por cerca de três semanas; pode ser um sítio de infecção. - Exame físico: temperatura axilar; exame abdominal minucioso; punho percussão lombar (Sinal de Giordano); exame ginecológico. - O diagnóstico é clínico; o diagnostico clinico da cistite tem acima de 90% de probabilidade de estar certo. - Exames complementares: exame sumário de urina (EAS); urocultura com antibiograma; hemograma; exames de imagem; glicemia, creatinina, uréia; cistoscopia, uretrocistogria e outros conforme cenário clínico.
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