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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEE-BA 
Coordenador Pedagógico 
 
O Projeto Político Pedagógico: o marco para a autonomia da unidade escolar, sua construção coletiva 
e sua implementação na escola. O Projeto Político Pedagógico como diretriz para o planejamento da 
organização e do desenvolvimento do currículo escolar: planos de ensino, aulas, reconfigurações das 
ações e avaliação cíclica do executado. O Projeto Político Pedagógico como guia para a participação, 
gestão colegiada e ambiente das representações da democracia escolar. O Projeto Político Pedagógico 
como dispositivo institucional a favor interação, integração e (re)invenção das práticas pedagógicas. O 
Projeto Político Pedagógico à luz da LDB vigente: estratégia convergente para a cultura organizacional 
de uma escola que se preocupa com a finalidade dos saberes no cotidiano da vida dos estudantes e nos 
seus grupos de interação social.. ............................................................................................................. 1 
Implicações da interdisciplinaridade no processo de ensino e aprendizagem e na formação dos 
profissionais: dilemas, desafios e perspectivas. A interdisciplinaridade e a perspectiva de um novo 
paradigma para o trabalho docente em sala de aula. A interdisciplinaridade e seu foco para a organização 
de conteúdos em áreas de conhecimento. A interdisciplinaridade e a interação entre conhecimentos: a 
comunicação entre saberes escolares. A interdisciplinaridade como estratégia pedagógica para a 
renovação da didática. ......................................................................................................................... 76 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
Projeto Político-Pedagógico 
 
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola 
precisa ter um projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Projeto Pedagógico). 
 
No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, 
que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória 
de lei. Plano geral de edificação. 
 
Segundo Veiga1, ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção de 
fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um 
futuro diferente do presente. 
 
Nas palavras de Gadotti2: 
 
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar 
quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma 
nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. 
Um projeto educativo pode ser tomado com a promessa frente a determinadas rupturas. As promessas 
tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. 
 
Nessa perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos 
de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou 
encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é 
construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da 
escola. 
 
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um 
compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto 
político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos 
da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo 
de sociedade. 
 
“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente 
pedagógica”. 
 
 
1 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14ª edição Papirus, 2002. 
2 GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994. 
O Projeto Político Pedagógico: o marco para a autonomia da unidade escolar, 
sua construção coletiva e sua implementação na escola. O Projeto Político 
Pedagógico como diretriz para o planejamento da organização e do 
desenvolvimento do currículo escolar: planos de ensino, aulas, reconfigurações 
das ações e avaliação cíclica do executado. O Projeto Político Pedagógico como 
guia para a participação, gestão colegiada e ambiente das representações da 
democracia escolar. O Projeto Político Pedagógico como dispositivo 
institucional a favor interação, integração e (re)invenção das práticas 
pedagógicas. O Projeto Político Pedagógico à luz da LDB vigente: estratégia 
convergente para a cultura organizacional de uma escola que se preocupa com a 
finalidade dos saberes no cotidiano da vida dos estudantes e nos seus grupos 
de interação social. 
 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
. 2 
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é 
a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no 
sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus 
propósitos e sua intencionalidade. 
 
 Político e pedagógico têm assim uma significação indissociável. Neste sentido é que se deve 
considerar o projeto político-pedagógico como um processo permanente de reflexão e discussão dos 
problemas da escola, na busca de alternativas viáveis a efetivação de sua intencionalidade, que “não é 
descritiva ou constatativa, mas é constitutiva”. 
 
Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária para a participação de todos os membros 
da comunidade escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complicado, mas trata-se de uma relação 
recíproca entre a dimensão política e a dimensão pedagógica da escola. 
 
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-
se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, 
buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina 
do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, 
diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza 
os poderes de decisão. 
 
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em 
dois níveis: como organização da escola num todo e como organização da sala de aula,incluindo sua 
relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. 
 
Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto político-pedagógico busca a organização do 
trabalho pedagógico da escola na sua globalidade. 
 
A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico passa pela relativa autonomia 
da escola, de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola como 
espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. 
 
Portanto, é preciso entender que o projeto político-pedagógico da escola dará indicações necessárias 
à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de 
aula. 
 
Buscar uma nova organização para a escola constitui uma ousadia para os educadores, pais, alunos 
e funcionários. E para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial que fundamente a 
construção do projeto político-pedagógico. 
 
A questão é, pois, saber a qual referencial temos que recorrer para a compreensão de nossa prática 
pedagógica. Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de uma teoria pedagógica crítica 
viável, que parta da prática social e esteja compromissada em solucionar os problemas da educação e 
do ensino de nossa escola. 
 
Uma teoria que subsidie o projeto político-pedagógico e, por sua vez, a prática pedagógica que ali se 
processa deve estar ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se necessário, também, o 
domínio das bases teórico-metodológicas indispensáveis à concretização das concepções assumidas 
coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas3 que: 
 
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de correlações de força – às vezes 
favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”, com apoio dos 
professores e pesquisadores. Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escola e da luta da 
escola. 
 
Se a escola nutre-se da vivência cotidiana de cada um de seus membros, coparticipantes de sua 
organização do trabalho pedagógico à administração central, seja o Ministério da Educação, a Secretaria 
 
3 FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra proferida no 11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo Hamburgo, 
agosto de 1991. 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
. 3 
de Educação Estadual ou Municipal, não compete a eles definir um modelo pronto e acabado, mas sim 
estimular inovações e coordenar as ações pedagógicas planejadas e organizadas pela própria escola. 
 
Em outras palavras, as escolas necessitam receber assistência técnica e financeira decidida em 
conjunto com as instâncias superiores do sistema de ensino. 
 
Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de organização das instâncias superiores, 
implicando uma mudança substancial na sua prática. Para que a construção do projeto político-
pedagógico seja possível não é necessário convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários 
a trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar situações que lhes permitam 
aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente. 
 
A escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na ótica do poder centralizador 
que dita as normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da escola é para a descentralização 
em busca de sua autonomia e qualidade. 
 
O projeto político-pedagógico não visa simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a uma 
qualidade em todo o processo vivido. Vale acrescentar, ainda, que a organização do trabalho pedagógico 
da escola tem a ver com a organização da sociedade. A escola nessa perspectiva é vista como uma 
instituição social, inserida na sociedade capitalista, que reflete no seu interior as determinações e 
contradições dessa sociedade. 
 
Está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de um processo 
de desenvolvimento de suas próprias contradições. Não existem duas escolas iguais. Diante disso, 
desaparece aquela arrogante pretensão de saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A 
arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos 
faz parte da história da educação da nossa época. Por isso, não deve existir um padrão único que oriente 
a escolha do projeto das escolas. 
 
Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia para estabelecer o seu projeto e autonomia 
para executá-lo e avaliá-lo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte da própria 
natureza do ato pedagógico. A gestão democrática da escola é, portanto uma exigência de seu projeto 
político-pedagógico. 
 
Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade 
escolar. Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de que a escola pública é apenas um 
aparelho burocrático do Estado e não uma conquista da comunidade. 
 
A gestão democrática da escola implica que a comunidade, os usuários da escola, sejam os seus 
dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços 
educacionais. Os pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte na responsabilidade pelo 
projeto da escola. 
 
Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação de um processo de gestão democrática na 
escola pública: 
 
1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar o exemplo. 
2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola, isto é, o seu ensino. 
 
A participação na gestão da escola proporcionará um melhor conhecimento do funcionamento da 
escola e de todos os seus atores. Proporcionará um contato permanente entre professores e alunos, o 
que leva ao conhecimento mútuo e, em consequência, aproximará também as necessidades dos alunos 
dos conteúdos ensinados pelos professores. 
 
O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua própria aprendizagem. E para ele tornar-
se sujeito da sua aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem respeito ao projeto da 
escola que faz parte também do projeto de sua vida. 
 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
. 4 
A autonomia e a participação - pressupostos do projeto político-pedagógico da escola, não se limitam 
à mera declaração de princípios consignados em alguns documentos. Sua presença precisa ser sentida 
no conselho de escola ou colegiado, mas também na escolha do livro didático, no planejamento do ensino, 
na organização de eventos culturais, de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas 
assistir reuniões. 
 
A gestão democrática deve estar impregnada por certa atmosfera que se respira na escola, na 
circulação das informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do calendário escolar, na 
distribuição das aulas, no processo de elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas disciplinas, 
na formação de grupos de trabalho, na capacitação dos recursos humanos, etc. 
 
Então não se esqueça: 
 
1- O projeto político pedagógico da escola pode ser entendido como um processo de mudança e 
definição de um rumo, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação para melhor organizar, 
sistematizar e significar as atividades desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão política 
pedagógica pressupõe uma construção participativa que envolve ativamente os diversos segmentos 
escolares e a própria comunidade onde a escola se insere. 
 
2- Quando a atuação ocorre em um planejamento participativo, as pessoas ressignificam suas 
experiências, refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam valores. Explicitam seus sonhos e 
utopias, demonstram seus saberes, suas visões de mundo, de educação e o conhecimento, dão sentidoaos seus projetos individuais e coletivos, reafirmam suas identidades estabelecem novas relações de 
convivência e indicam um horizonte de novos caminhos, possibilidades e propostas de ação. Este 
movimento visa promover a transformação necessária e desejada pelo coletivo escolar e comunitário e a 
assunção de uma intencionalidade política na organização do trabalho pedagógico escolar. 
 
3- Para que o projeto seja impregnado por uma intencionalidade significadora, é necessário que as 
partes envolvidas na prática educativa de uma escola estejam profundamente integradas na constituição 
e que haja vivencia dessa intencionalidade. A comunidade escolar então tem que estar envolvida na 
construção e explicitação dessa mesma intencionalidade. 
 
Processos e Princípios de Construção 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no artigo 12, define claramente a incumbência 
da escola de elaborar o seu projeto pedagógico. 
 
Além disso, explicita uma compreensão de escola para além da sala de aula e dos muros da escola, 
no sentido desta estar inserida em um contexto social e que procure atender às exigências não só dos 
alunos, mas de toda a sociedade. 
 
Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de professores, supervisores e orientadores a 
responsabilidade de participar da elaboração desse projeto. 
 
A construção do projeto político-pedagógico numa perspectiva emancipatória se constitui num 
processo de vivência democrática à medida que todos os segmentos que compõem a comunidade escolar 
e acadêmica dele devam participar, comprometidos com a integridade do seu planejamento, de modo 
que todos assumem o compromisso com a totalidade do trabalho educativo. 
 
Segundo Veiga4, a abordagem do projeto político-pedagógico, como organização do trabalho da escola 
como um todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola democrática, pública e gratuita: 
 
Igualdade: de condições para acesso e permanência na escola. Saviani5 alerta-nos para o fato de que 
há uma desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto de chegada deve ser garantida pela 
mediação da escola. O autor destaca: Portanto, só é possível considerar o processo educativo em seu 
conjunto sob a condição de se distinguir a democracia com a possibilidade no ponto de partida e 
democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de oportunidades requer, portanto, mais que 
 
4 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002. 
5 SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da 'vara". In: Revista Ande no 3. São Paulo, 1982. 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
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a expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com simultânea manutenção de 
qualidade. 
 
Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao 
projeto político-pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade para todos. A qualidade que se 
busca implica duas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está 
subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas próprias. 
 
Formal ou Técnica - enfatiza os instrumentos e os métodos, a técnica. A qualidade formal não está 
afeita, necessariamente, a conteúdos determinados. Demo6 afirma que a qualidade formal: “(...) significa 
a habilidade de manejar meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos desafios do 
desenvolvimento”. 
 
Política - a qualidade política é condição imprescindível da participação. Está voltada para os fins, 
valores e conteúdos. Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de fazer 
história, diante dos fins históricos da sociedade humana”. 
 
Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de que a qualidade centra-se no desafio de 
manejar os instrumentos adequados para fazer a história humana. A qualidade formal está relacionada 
com a qualidade política e esta depende da competência dos meios. 
 
A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as maneiras possíveis a repetência e a evasão. 
Tem que garantir a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos. Qualidade para todos, portanto, 
vai além da meta quantitativa de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade escolar, entrem 
na escola. É preciso garantir a permanência dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica 
consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar”. 
 
O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que exige dos educadores, funcionários, alunos e 
pais a definição clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins. Assim, todos deverão 
definir o tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a 
obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins e meios é essencial para a construção do 
projeto político-pedagógico. 
 
Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela Constituição vigente e abrange as dimensões 
pedagógica, administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica na prática administrativa da 
escola, com o enfrentamento das questões de exclusão e reprovação e da não permanência do aluno na 
sala de aula, o que vem provocando a marginalização das classes populares. Esse compromisso implica 
a construção coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação das classes populares. 
 
A gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática 
pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, 
entre teoria e prática. Busca resgatar o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores. 
 
Implica principalmente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua socialização. A 
socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo; da 
reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que 
anula a dependência de órgãos intermediários que elaboram políticas educacionais das quais a escola é 
mera executora. 
 
A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a ampla participação dos representantes dos 
diferentes segmentos da escola nas decisões/ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas. Nas 
palavras de Marques7: A participação ampla assegura a transparência das decisões, fortalece as 
pressões para que sejam elas legítimas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo, 
contribui para que sejam contempladas questões que de outra forma não entrariam em cogitação. 
 
 
6 DEMO Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus,1994. 
7 MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In: Revista Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí, 
Unijuí, abr./jun. 1990. 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
. 6 
Neste sentido, fica claro entender que a gestão democrática, no interior da escola, não é um princípio 
fácil de ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na construção do projeto político-pedagógico 
e na sua gestão. 
 
Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado à ideia de autonomia. O que é necessário, 
portanto, como ponto de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia e liberdade. A 
autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia 
remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios sujeitos da ação educativa, sem imposições 
externas. 
 
Para Rios8, a escola tem uma autonomia relativa e a liberdade é algo que se experimenta em 
situação e esta é uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora, a liberdade é uma experiência 
de educadores e constrói-se navivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os outros, 
não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na escola, devemos pensá-la na relação entre 
administradores, professores, funcionários e alunos que aí assumem sua parte de responsabilidade na 
construção do projeto político-pedagógico e na relação destes com o contexto social mais amplo. 
 
A liberdade deve ser considerada, também, como liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e 
divulgar a arte e o saber direcionados para uma intencionalidade definida coletivamente. 
 
Valorização do magistério: é um princípio central na discussão do projeto político-pedagógico. A 
qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos capazes de 
participar da vida socioeconômica, política e cultural do país relacionam-se estreitamente a formação 
(inicial e continuada), condições de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação 
integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula etc.), remuneração, elementos esses 
indispensáveis à profissionalização do magistério. 
 
O reforço à valorização dos profissionais da educação, garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento 
profissional permanente, significa “valorizar a experiência e o conhecimento que os professores têm a 
partir de sua prática pedagógica”. 
 
A formação continuada é um direito de todos os profissionais que trabalham na escola, uma vez que 
não só ela possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na qualificação e na competência dos 
profissionais, mas também propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional dos professores 
articulado com as escolas e seus projetos. 
 
A formação continuada deve estar centrada na escola e fazer parte do projeto político-pedagógico. 
Assim, compete à escola: 
- proceder ao levantamento de necessidades de formação continuada de seus profissionais; 
- elaborar seu programa de formação, contando com a participação e o apoio dos órgãos centrais, no 
sentido de fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação do referido programa. 
 
Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação continuada, questões como cidadania, gestão 
democrática, avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas tecnologias de ensino, entre outras. 
 
Inicialmente, convém alertar para o fato de que essa tomada de consciência, dos princípios do projeto 
político-pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar os braços diante da atual 
organização da escola, que inibe a participação de educadores, funcionários e alunos no processo de 
gestão. 
 
É preciso ter consciência de que a dominação no interior da escola efetiva-se por meio das relações 
de poder que se expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos diferentes profissionais, 
distribuídos hierarquicamente, bem como por meio das formas de controle existentes no interior da 
organização escolar. Por outro lado, a escola é local de desenvolvimento da consciência crítica da 
realidade. 
 
 
 
8 RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto pedagógico". In: Série Ideias. São Paulo, FDE,1982. 
1379231 E-book gerado especialmente para PATRICIA MOREIRA FERNANDES
 
. 7 
Estratégia de Planejamento 
 
Definição de marco/referência: é necessário definir o conjunto de ideias, de opções e teorias que 
orientará a prática da escola. Para tanto, é preciso analisar em que contexto a escola está inserida. Para 
assim definir e explicitar com que tipo de sociedade a escola se compromete, que tipo de pessoas ela 
buscará formar e qual a sua intencionalidade político, social, cultural e educativa. Esta assunção permite 
clarear os critérios de ação para planejar como se deseja a escola no que se refere à dimensão 
pedagógica, comunitária e administrativa. 
 
É um momento que requer estudos, reflexões teóricas, análise do contexto, trabalho individual, em 
grupo, debates, elaboração escrita. Devem ser criadas estratégias para que todos os segmentos 
envolvidos com a construção do projeto político-pedagógico possam refletir, se posicionar acerca do 
contexto em que a escola se insere. É necessário partir da realidade local, para compreendê-la numa 
dimensão mais ampla. Então se deve analisar e discutir como vivem as pessoas da comunidade, de onde 
vieram quais grupos étnicos a compõem, qual o trabalho que realizam como são as relações deste 
trabalho, como é a vida no período da infância, juventude, idade adulta e a melhor idade (idoso) nesta 
comunidade, quais são as formas de organização desta comunidade, etc. 
 
A partir da reflexão sobre estes elementos pode-se discutir a relação que eles têm no tempo histórico, 
no sentido de perceber mudanças ocorridas na forma de vida das pessoas e da comunidade. Analisar o 
que tem de comum e tentar fazer relação com outros espaços, com a sociedade como um todo. Discutir 
como se vê a sociedade brasileira, quais são os valores que estão presentes, como estes são 
manifestados, se as pessoas estão satisfeitas com esta sociedade e o seu modo de organização. 
 
Para delimitar o marco doutrinal do projeto político-pedagógico propõe-se discutir: que tipo de 
sociedade nós queremos construir, com que valores, o que significa ser sujeito nesta sociedade, 
como a escola pode colaborar com a formação deste sujeito durante a sua vida. 
 
Para definirmos o marco operativo sugere-se que analisemos a concepção e os princípios para 
o papel que a escola pode desempenhar na sociedade. 
 
Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de cada um, discutir com todos os segmentos 
como queremos que seja nossa escola, que tipo de educação precisamos desenvolver para ajudar a 
construir a sociedade que idealizamos como entendemos que ser a proposta pedagógica da escola, como 
devem ser as relações entre direção, equipe pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como 
a escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela, analisando qual a importância desta 
relação para os sujeitos que dela participam. 
 
Diagnóstico: é o segundo passo da construção do projeto e se constitui num momento importante 
que permite uma radiografia da situação em que a escola se encontra na organização e desenvolvimento 
do seu trabalho pedagógico acima de tudo, tendo por base, o marco referencial, fazer comparações e 
estabelecer necessidades para se chegar à intencionalidade do projeto. 
 
O documento produzido sobre o marco referencial deve ser lido por todos. Com base neste documento 
deve-se elaborar um roteiro de discussão para comparar todos os elementos que aparecem no 
documento com a prática social vivida, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre escola e a 
comunidade, como ela trabalha com os conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social, como 
os conteúdos são escolhidos, como os professores planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como 
e quando se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da escola, quem participa desta 
avaliação, como a escola tem definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se dão as 
relações e a participação de alunos, professores, coordenadores, diretores, pais, funcionários e 
comunidade na organização do trabalho pedagógico escolar. 
 
Estes dados precisam ser sistematizados e discutidos por todos da equipe que elabora o projeto. Com 
a finalização do diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade pode-se definir um plano de 
ação e as grandes estratégias que devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade assumida no 
marco referencial. 
 
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. 8 
Propostas de Ação: este é o momento em que se procura pensar estratégias, linhas de ação, normas, 
ações concretas permanentes e temporárias para responder às necessidades apontadas a partir do 
diagnóstico tendo por referência sempre à intencionalidadeassumida. Assim, cada problema constatado, 
cada necessidade apontada é preciso definir uma proposta de ação. 
 
Esta proposta de ação pode ser pensada a partir de grandes metas. Para cada meta pode-se definir 
ações permanentes, ações de curto, médio e longo prazo, normas e estratégias para atingir a meta 
definida. Além disso, é preciso justificar cada meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos 
necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e como será feita a avaliação. 
 
Com base nesses três momentos que devem estar dialeticamente articulados elabora-se o projeto 
político-pedagógico, o qual precisa também de forma coletiva ser executado, avaliado e (re)planejado. 
 
Etapas 
 
Devemos analisar e compreender a organização do trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma 
nova organização que reduza os efeitos de sua divisão do trabalho, de sua fragmentação e do controle 
hierárquico. 
 
Nessa perspectiva, a construção do projeto político-pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma 
de contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua rotinização, à dependência e aos efeitos 
negativos do poder autoritário e centralizador dos órgãos da administração central. 
 
As etapas de elaboração de um projeto pedagógico podem assim ser definidas: 
 
Cronograma de trabalho e definição da divisão de tarefas: definição da periodicidade e das tarefas 
para a elaboração do projeto pedagógico. Definir um prazo faz com que haja organização e compromisso 
com o trabalho de elaboração. 
 
É importante reiterar que, quando se busca uma nova organização do trabalho pedagógico, está se 
considerando que as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar calçadas nas atitudes de 
solidariedade, de reciprocidade e de participação coletiva, em contraposição à organização regida pelos 
princípios da divisão do trabalho da fragmentação e do controle hierárquico. 
 
É nesse movimento que se verifica o confronto de interesses no interior da escola. Por isso todo esforço 
de se gestar uma nova organização deve levar em conta as condições concretas presentes na escola. 
Há uma correlação de forças e é nesse embate que se originam os conflitos, as tensões, as rupturas, 
propiciando a construção de novas formas de relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão 
coletiva que favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal entre os diferentes segmentos envolvidos 
com o processo educativo, a descentralização do poder. 
 
Histórico da instituição: sua criação, ato normativo, origem de seu nome, etc. 
 
Abrangência da ação educativa referente: 
- Nível de ensino e suas etapas; 
- Modalidades de educação que irá atender; 
- Aos profissionais, considerando: à área, o trabalho da equipe pedagógica e administrativa; 
- À comunidade externa: entorno social. 
 
Objetivos: gerais, observando os objetivos definidos pela instituição. 
 
Princípios legais e norteadores da ação: a instituição deve observar ainda os planos e Políticas 
(federal, estadual ou municipal) de Educação. A partir da identificação dos princípios registrados nas 
legislações em vigor, deve explicitar o sentido que os mesmos adquirem em seu contexto de ação. 
 
Currículo: identificar o paradigma curricular em concordância com sua opção do método, da teoria 
que orienta sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo 
e a opção por um referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é preciso considerar alguns 
pontos básicos: 
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. 9 
1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O currículo passa ideologia, e a escola precisa 
identificar e desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar que a classe dominante utiliza 
para a manutenção de privilégios. A determinação do conhecimento escolar, portanto, implica uma análise 
interpretativa e crítica, tanto da cultura dominante, quanto da cultura popular. O currículo expressa uma 
cultura. 
2º - é o de que o currículo não pode ser separado do contexto social, uma vez que ele é historicamente 
situado e culturalmente determinado. 
3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a escola deve adotar. Em geral, nossas 
instituições têm sido orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do conhecimento escolar. 
4º - refere-se a questão do controle social, já que o currículo formal (conteúdos curriculares, 
metodologia e recursos de ensino, avaliação e relação pedagógica) implica controle. Por outro lado, o 
controle social é instrumentalizado pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens transmitidas 
pela sala de aula e pelo ambiente escolar”. 
 
Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os valores dominantes são passados aos alunos 
no ambiente escolar, no material didático e mais especificamente por intermédio dos livros didáticos, na 
relação pedagógica, nas rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto “estimulam a conformidade 
a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades socioeconômicas 
e culturais”. 
 
Orientar a organização curricular para fins emancipatórios implica, inicialmente desvelar as visões 
simplificadas de sociedade, concebida como um todo homogêneo, e de ser humano como alguém que 
tende a aceitar papéis necessários à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na visão 
crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a contestação e a resistência à ideologia veiculada por 
intermédio dos currículos escolares. 
 
Ensino, aprendizagem e avaliação: orientações didáticas e metodológicas quanto à educação 
infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação especial, educação de jovens e adultos, educação 
profissional. Mecanismos de acompanhamento pedagógico, de recuperação paralela, de avaliação: 
indicadores de aprendizagem, diretrizes, procedimentos e instrumentos de recuperação e avaliação. 
 
Programa de formação continuada: concepção, objetivos, eixos, política e estratégia. 
 
Formas de relacionamento com a comunidade: concepção de educação comunitária, princípios, 
objetivos e estratégias. 
 
Organização do tempo e do espaço escolar: cronograma de atividades. 
- diárias, semanais, bimestrais, semestrais, anuais. 
- estudo, planejamento, enriquecimento curricular, ação comunitária. 
- normas de utilização de espaços comuns da instituição. 
 
O tempo é um dos elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico. O calendário 
escolar ordena o tempo: determina o início e o fim do ano, prevendo os dias letivos, as férias, os períodos 
escolares em que o ano se divide, os feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os 
períodos para reuniões técnicas, cursos etc. 
 
O horário escolar, que fixa o número de horas por semana e que varia em razão das disciplinas 
constantes na grade curricular, estipula também o número de aulas por professor. Tal como afirma 
Enguita9. 
 
(...) As matérias tornam-se equivalentes porque ocupam o mesmo número de horas por semana e, são 
vistas como tendo menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais. 
 
A organização do tempo do conhecimento escolar é marcada pela segmentação do dia letivo, e o 
currículo é, consequentemente, organizado em períodos fixos de tempo para disciplinas supostamente 
separadas. O controle hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e controlado pela 
administração e pelo professor. 
 
9 ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989. 
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. 10 
Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo, mais hierarquizadas e ritualizadas serão as 
relações sociais, reduzindo, também, as possibilidades de se institucionalizar o currículo integração que 
conduz a um ensino emextensão. 
 
Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se necessário que a escola reformule seu 
tempo, estabelecendo períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores fortalecendo a escola 
como instância de educação continuada. 
 
É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu conhecimento sobre os alunos e sobre o 
que estão aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em 
ação. É preciso tempo para os estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além da sala de 
aula. 
 
Acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico: parâmetros, mecanismos de avaliação 
interna e externa, responsáveis, cronograma. 
 
Esses são alguns elementos que devem ser abordados no projeto pedagógico. 
 
Geralmente encontram-se documentos com a seguinte organização: apresentação, dados de 
identificação, organograma, histórico, filosofia, pressupostos teóricos e metodológicos, objetivos, 
organização curricular, processo de avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, processo de 
formação continuada, organização e utilização do espaço físico, projetos/programas, referências, anexos, 
apêndices, dentre outros: 
 
Finalidades 
 
Segundo Veiga10, a escola persegue finalidades. É importante ressaltar que os educadores precisam 
ter clareza das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se refletir sobre a ação educativa 
que a escola desenvolve com base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As finalidades da escola 
referem-se aos efeitos intencionalmente pretendidos e almejados. 
 
Alves11 afirma que há necessidade de saber se a escola dispõe de alguma autonomia na determinação 
das finalidades e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos específicos. O autor enfatiza que: 
interessará reter se as finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são definidas no interior 
do território social e se são definidas por consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua, imprecisa 
ou marginal. 
 
Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola deve assumir, como uma de suas principais 
tarefas, o trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse sentido, ela procura alicerçar o 
conceito de autonomia, enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado os outros níveis da 
esfera administrativa educacional. 
 
A ideia de autonomia está ligada à concepção emancipadora da educação. Para ser autônoma, a 
escola não pode depender dos órgãos centrais e intermediários que definem a política da qual ela não 
passa de executora. Ela concebe seu projeto político-pedagógico e tem autonomia para executá-lo e 
avaliá-lo ao assumir uma nova atitude de liderança, no sentido de refletir sobre as finalidades 
sociopolíticas e culturais da escola. 
 
Estrutura Organizacional 
 
A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de estruturas: administrativas e pedagógicas. 
 
Administrativas - asseguram praticamente, a locação e a gestão de recursos humanos, físicos e 
financeiros. Fazem parte, ainda, das estruturas administrativas todos os elementos que têm uma forma 
material como, por exemplo, a arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se apresenta do ponto 
de vista de sua imagem: equipamentos e materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependências 
escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica). 
 
10 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002. 
11 ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas. Porto Edições Asa, 1992. 
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. 11 
Pedagógicas - que, teoricamente, determinam a ação das administrativas, “organizam as funções 
educativas para que a escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalidades”. As estruturas 
pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às interações políticas, às questões de ensino e de 
aprendizagem e às de currículo. Nas estruturas pedagógicas incluem-se todos os setores necessários ao 
desenvolvimento do trabalho pedagógico. 
 
A análise da estrutura organizacional da escola visa identificar quais estruturas são valorizadas e por 
quem, verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar claro que a escola é uma organização 
orientada por finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder. A análise e a compreensão 
da estrutura organizacional da escola significam indagar sobre suas características, seus polos de poder, 
seus conflitos. 
 
Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os pressupostos que embasam a estrutura 
burocrática da escola que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a modificar a realidade 
social. Para realizar um ensino de qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que romper com 
a atual forma de organização burocrática que regula o trabalho pedagógico – pela conformidade às regras 
fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder central e pela cisão entre os que pensam 
e executam, que conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico que enfatiza três 
aspectos inter-relacionados: o tempo, a ordem e a disciplina. 
 
Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao avaliar os pressupostos teóricos, ao situar 
os obstáculos e vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a realidade escolar, 
estabelecendo relações, definindo finalidades comuns e configurando novas formas de organizar as 
estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria do trabalho de toda a escola na direção do que 
se pretende. 
 
Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos disponíveis (humanos, materiais e financeiros) 
e a realidade escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo, no coletivo, seu projeto 
político-pedagógico, propiciando consequentemente a construção de uma nova forma de organização. 
 
Processo de Decisão 
 
Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas das ações e principalmente das decisões 
é orientado por procedimentos formalizados, prevalecendo as relações hierárquicas de mando e 
submissão, de poder autoritário e centralizador. 
 
Uma estrutura administrativa da escola adequada à realização de objetivos educacionais, de acordo 
com os interesses da população, deve prever mecanismos que estimulem a participação de todos no 
processo de decisão. 
 
Isto requer uma revisão das atribuições especificas e gerais, bem como da distribuição do poder e da 
descentralização do processo de decisão. Para que isso seja possível há necessidade de se instalarem 
mecanismos institucionais visando à participação política de todos os envolvidos com o processo 
educativo da escola. 
 
Contudo, a participação da coordenação pedagógica nesse processo é fundamental, pois o 
trabalho é garantir a satisfação do bom atendimento em prol de toda a instituição. 
 
Avaliação 
 
Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a reflexão com base em dados concretos sobre 
como a escola organiza-se para colocar em ação seu projeto político-pedagógico. A avaliação do projeto 
político-pedagógico, numa visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar, busca 
explicar e compreender ceticamente as causas da existência de problemas bem como suas relações, 
suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletiva). Esse caráter criador é 
conferido pela autocrítica. 
 
Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global, analisam o projeto político-pedagógico, não 
como algo estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não rejeitam as contradições e os 
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. 12 
conflitos. A avaliação tem um compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia das propostasconservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da 
própria organização do trabalho pedagógico. 
 
Considerando a avaliação dessa forma é possível salientar dois pontos importantes. Primeiro, a 
avaliação é um ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político-pedagógico. Segundo, 
ela imprime uma direção às ações dos educadores e dos educandos. 
 
O processo de avaliação envolve três momentos: a descrição e a problematização da realidade 
escolar, a compreensão crítica da realidade descrita e problematizada e a proposição de alternativas de 
ação, momento de criação coletiva. 
 
A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes 
das classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer o desenvolvimento da 
capacidade do aluno de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos 
historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo de avaliação diagnóstica. 
 
Questões 
 
01. (SEDUC-RO - Professor – História – FUNCAB) Quanto ao Projeto Político-Pedagógico, é 
INCORRETO afirmar que ele: 
(A) deve ser democrático. 
(B) precisa ser construído coletivamente. 
(C) confere identidade à escola. 
(D) explicita a intencionalidade da escola. 
(E) mostra-se abrangente e imutável. 
 
02. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – Área de Pedagogia CESPE) Julgue o item a seguir, 
relativo a projeto político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser considerado processo de 
permanente reflexão e discussão a respeito dos problemas da organização, com o propósito de propor 
soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos almejados. 
Os pressupostos que norteiam o projeto político-pedagógico estão desvinculados da proposta de 
gestão democrática. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
03. (Prefeitura de Palmas/TO - Professor - Língua Espanhola – FDC) “O projeto político-
pedagógico antecipa um futuro diferente do presente. Não é algo que é construído e arquivado como 
prova do cumprimento de tarefas burocráticas.” 
(Ilma Passos) 
 
Segundo a autora, o projeto político-pedagógico, comprometido com uma educação democrática e de 
qualidade, caracteriza- se fundamentalmente como: 
(A) atividades articuladas, com temas selecionados semestralmente. 
(B) planejamento global, com conteúdos selecionados por série. 
(C) ação intencional, com compromisso definido coletivamente. 
(D) plano anual, com objetivos definidos pelos professores. 
(E) instrumento técnico, com definição metodológica. 
 
04. (IFRN - Professor - Didática) A construção do projeto político-pedagógico da escola exige a 
definição de princípios, objetivos, estratégias e, acima de tudo, um trabalho coletivo para a sua 
operacionalização. Numa perspectiva crítica e democrática, o projeto político-pedagógico da escola 
proporciona: 
I - melhoria da organização pedagógica, administrativa e financeira da escola, bem como o 
estabelecimento de novas relações pessoais e interpessoais na instituição; 
II - redimensionamento da prática pedagógica dos professores e formação continuada do quadro 
docente. 
III - planejamento a curto prazo para definir aplicação de medidas emergenciais na escola, de modo a 
superar certas dificuldades, detectar outras e propor novas ações. 
IV - a superação de práticas pedagógicas fragmentadas e a garantia total de um ensino de qualidade. 
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Assinale a opção em que todas as afirmativas estão corretas: 
(A) I, II e III. 
(B) I e IV. 
(C) I, II e IV. 
(D) I e II 
 
05. (Pref. Maceió/AL - Professor - Área 1º ao 5º ano - COPEVE/UFAL/2017) Não se constrói um 
Projeto Político Pedagógico sem norte, sem rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também 
político (GADOTTI e ROMÃO, 1997). Dadas as afirmativas, 
 
I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco fundamental a participação democrática, o ser 
multicultural, mantendo o convívio com base em hierarquias fixas. 
II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar, estabelecer ações, metas e estratégias que 
tenham como objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes. 
III. O Projeto Político Pedagógico de uma escola é fruto de uma ação cotidiana e que precisa tomar 
decisões para o bem de toda comunidade escolar. 
 
Verifica-se que está(ão) correta(s) 
(A) I, apenas. 
(B) III, apenas. 
(C) I e II, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
(E) I, II e III. 
 
06. (Pref. São Luís/MA - Professor de Nível Superior – CESPE/2017) A partir da participação da 
comunidade escolar e da reflexão a respeito da composição escolar, a organização da escola, desde os 
tempos e espaços do currículo até o relacionamento com a comunidade, é estabelecida 
(A) no plano de aula anual. 
(B) no plano de curso. 
(C) no conselho de classe. 
(D) na reunião de pais. 
(E) no projeto político-pedagógico. 
 
07. (Pref. Lagoa da Prata/MG - Especialista Educacional – FGR) 
 
“A construção do Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um processo dinâmico e permanente, pois 
continuamente novos atores se incorporam ao grupo, trazendo novas experiências, capacidades e 
necessidades, assim como novo interesses e talentos, exigindo que novas frentes de trabalho se abram. 
É um eterno diagnosticar, planejar, repensar, começar e recomeçar, analisar e avaliar.” 
 
(VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Escola: espaço do projeto político pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 1998, pág. 183) 
 
Tendo como referência a construção do PPP, marque V para as alternativas VERDADEIRAS e F para 
as FALSAS. 
( ) Eliminação das relações verticalizadas entre a escola e os dirigentes educacionais. 
( ) Realização de trabalho padronizado, repetitivo e mecânico, desconsiderando as diferenças entre 
os agentes educativos. 
( ) O currículo se restringe ao cumprimento das atividades do livro didático, que passa a ser utilizado 
como um fim e não um meio. 
( ) A elaboração do PPP possibilita aos profissionais da educação e aos alunos a vivência do processo 
democrático. 
 
A sequência CORRETA, de cima para baixo é: 
(A) V, F, F, V. 
(B) F, F, F, V. 
(C) V, F, V, V. 
(D) F, V, V, F. 
 
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08. (IFBA - Professor - FUNRIO) O projeto educacional é, respectivamente, político e pedagógico, 
porque 
(A) perpetua valores da cultura da sociedade a que atende e impõe as opções pedagógicas da unidade 
de ensino 
(B) reproduz os valores sociais e culturais e propõe opções educativas que levam à construção de 
ideais pedagógicos. 
(C) favorece a formação dos sujeitos para um tipo de sociedade que se deseja e define as ações para 
que a escola cumpra suas intenções educativas. 
(D) responde às demandas da sociedade e organiza as estratégias pedagógicas traçadas pela direção 
e coordenação pedagógica da escola. 
(E) repete as estruturas sociais e especifica o trabalho pedagógico em linhas científicas, acadêmicas 
e educativas. 
 
09. (DEPEN – Pedagogo - CESPE) São funções do projeto político-pedagógico: diagnóstico e análise 
da realidade, definição de objetivos e eixos norteadores, determinação de atividades e responsabilidades 
a serem assumidas, além da avaliação dos processos e resultados previstos. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
10. (SEEAL – Pedagogo - CESPE) Para evitar prejuízo à autonomia escolar, não deve haver 
articulação do projeto político pedagógico das escolas com o sistema nacional de avaliação. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Respostas 
 
01. Resposta: E 
O PPP deve ser democrático, construído de forma coletiva, conferindo a identidade da escola junto à 
comunidade, explicitando a intencionalidade da escola, de forma abrangente. 
“O projeto pedagógico da escola é, por isso mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa 
em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola”. (Gadotti12). Por isso, a questão 
com palavra imutável está incorreta.02. Resposta: Errado 
A gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática 
pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, 
entre teoria e prática. Busca resgatar o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores. 
Neste sentido, fica claro entender que a gestão democrática, no interior da escola, não é um princípio 
fácil de ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na construção do projeto político-pedagógico 
e na sua gestão. 
 
03. Resposta: C 
O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de 
atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às 
autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e 
vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. 
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um 
compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto 
político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos 
da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo 
de sociedade. 
 
04. Resposta: C 
Os processos e princípios do PPP são: Igualdade de condições para acesso e permanência na escola; 
Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais; Gestão Democrática: é um 
princípio consagrado pela Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e 
financeira (que valida a alternativa I); Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado à ideia 
de autonomia; Valorização do magistério (que valida a alternativa II). 
Já as alternativas III e IV, tornam-se inválidas devido às palavras grifadas: 
 
12 GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94. 
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III - planejamento a curto prazo para definir aplicação de medidas emergenciais na escola, de modo 
a superar certas dificuldades, detectar outras e propor novas ações. 
IV - a superação de práticas pedagógicas fragmentadas e a garantia total de um ensino de qualidade. 
 
05. Resposta: B 
Grifo nas palavras que deixam as afirmativas I e II incorretas: 
I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco fundamental a participação democrática, o ser 
multicultural, mantendo o convívio com base em hierarquias fixas. 
II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar, estabelecer ações, metas e estratégias que 
tenham como objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes. 
 
06. Resposta: E 
O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de 
atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às 
autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e 
vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. 
 
07. Resposta: A 
Grifo nas palavras que deixam as afirmativas II e III Falsas: 
Realização de trabalho padronizado, repetitivo e mecânico, desconsiderando as diferenças entre 
os agentes educativos. 
O currículo se restringe ao cumprimento das atividades do livro didático, que passa a ser utilizado 
como um fim e não um meio. 
 
08. Resposta: C 
“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente 
pedagógica”. 
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é 
a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no 
sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus 
propósitos e sua intencionalidade. 
 
09. Resposta: Certo 
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se 
em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando 
eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal 
e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos 
fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. 
 
10. Resposta: Errado 
Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global, analisam o projeto político-pedagógico, não 
como algo estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não rejeitam as contradições e os 
conflitos. A avaliação tem um compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia das propostas 
conservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da 
própria organização do trabalho pedagógico. 
 
Gestão democrática e a mobilização da equipe escolar13 
 
E por falar em gestão, como proceder de forma mais democrática nos sistemas de ensino e nas escolas 
públicas? 
 
A participação é educativa tanto para a equipe gestora quanto para os demais membros das 
comunidades escolar e local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de argumentos e de diferentes 
pontos de vista, além de expor novas sugestões e alternativas. Maior participação e envolvimento da 
comunidade nas escolas produzem os seguintes resultados: 
 
 
13 Dourado, L. F.Progestão: como promover, articular e envolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar? Brasília : CONSED – Conselho Nacional 
de Secretários de Educação, 2001. 
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. 16 
- Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e de concepções pedagógicas, mediante um 
diálogo franco, esclarecedor e respeitoso; 
- Formulações de alternativas, após um período de discussões onde as divergências são expostas. 
- Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados por toda a comunidade envolvida 
- Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em um espaço comum de decisões 
educacionais. 
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas públicas requer a participação coletiva 
das comunidades escolar e local na administração dos recursos educacionais financeiros, de pessoal, de 
patrimônio, na construção e na implementação dos projetos educacionais. 
Mas para promover a participação e deste modo implementar a gestão democrática da escola, 
procedimentos prévios podem ser observados: 
- Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu comprometimento com a alternativa de ação 
escolhida; 
- Responsabilizar pessoas pela implementação das alternativas acordadas; 
- Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as decisões serão realizados; 
- Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação de todos os segmentos envolvidos; 
- Articular interesses comuns, ideias e alternativas complementares, de forma a contribuir para 
organizar propostas mais coletivas. 
- Esclarecer como a implementação das ações serão acompanhadas e supervisionadas; 
- Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em debate como também do processo de 
decisão. 
 
Gestão democrática implica compartilhar o poder, descentralizando-o. Como fazer isso? Incentivando 
a participação e respeitando as pessoas e suas opiniões; desenvolvendo um clima de confiança entre os 
vários segmentos das comunidades escolar e local; ajudando a desenvolver competências básicas 
necessárias à participação (por exemplo, saber ouvir, saber comunicar suas ideias). A participação 
proporciona mudanças significativas na vida das pessoas, na medida em que elas passam a se interessar 
e sesentir responsáveis por tudo que representa interesse comum. 
Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações coletivas faz parte do 
processo de participação e trazem possibilidades de mudanças que atendam a interesses mais coletivos. 
A participação social começa no interior da escola, por meio da criação de espaços nos quais 
professores, funcionários, alunos, pais de alunos etc. possam discutir criticamente o cotidiano escolar. 
Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos críticos, criativos e participativos, com condições 
de participar criticamente do mundo do trabalho e de lutar pela democratização da educação. A escola, 
no desempenho dessa função, precisa ter clareza de que o processo de formação para uma vida cidadã 
e, portanto, de gestão democrática passa pela construção de mecanismos de participação da comunidade 
escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio Estudantil, Conselhos de 
Classes etc. 
Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é necessária a efetivação de vários 
mecanismos de participação, tais como: o aprimoramento dos processos de escolha ao cargo de dirigente 
escolar; a criação e a consolidação de órgãos colegiados na escola (conselhos escolares e conselho de 
classe); o fortalecimento da participação estudantil por meio da criação e da consolidação de grêmios 
estudantis; a construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico da escola; a redefinição das tarefas e 
funções da associação de pais e mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de se partilhar 
o poder e a decisão nas instituições. 
Não existe apenas uma forma ou mecanismo de participação. Entre os mecanismos de participação 
que podem ser criados na escola, destacam-se: o conselho escolar, o conselho de classe, a associação 
de pais e mestres e o grêmio escolar. 
 
Conselho escolar 
 
O conselho escolar é um órgão de representação da comunidade escolar. Trata-se de uma instância 
colegiada que deve ser composta por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar e 
constitui-se num espaço de discussão de caráter consultivo e/ou deliberativo. Ele não deve ser o único 
órgão de representação, mas aquele que congrega as diversas representações para se constituir em 
instrumento que, por sua natureza, criará as condições para a instauração de processos mais 
democráticos dentro da escola. Portanto, o conselho escolar deve ser fruto de um processo coerente e 
efetivo de construção coletiva. A configuração do conselho escolar varia entre os estados, entre os 
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municípios e até mesmo entre as escolas. Assim, a quantidade de representantes eleitos, na maioria das 
vezes, depende do tamanho da escola, do número de classes e de estudantes que ela possui. 
 
Conselho de classe 
 
O conselho de classe é mais um dos mecanismos de participação da comunidade na gestão e no 
processo de ensino-aprendizagem desenvolvido na unidade escolar. Constitui-se numa das instâncias de 
vital importância num processo de gestão democrática, pois "guarda em si a possibilidade de articular os 
diversos segmentos da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo central em 
torno do qual desenvolve-se o processo de trabalho escolar" (DALBEN, 1995). Nesse sentido, 
entendemos que o conselho de classe não deve ser uma instância que tem como função reunir-se ao 
final de cada bimestre ou do ano letivo para definir a aprovação ou reprovação de alunos, mas deve atuar 
em espaço de avaliação permanente, que tenha como objetivo avaliar o trabalho pedagógico e as 
atividades da escola. Nessa ótica, é fundamental que se reveja a atual estrutura dessa instância, 
rediscutindo sua função, sua natureza e seu papel na unidade escolar. 
 
Associação de pais e mestres 
 
A associação de pais e mestres, enquanto instância de participação, constitui-se em mais um dos 
mecanismos de participação da comunidade na escola, tornando-se uma valiosa forma de aproximação 
entre os pais e a instituição, contribuindo para que a educação escolarizada ultrapasse os muros da 
escola e a democratização da gestão seja uma conquista possível. 
 
Grêmio estudantil 
 
Numa escola que tem como objetivo formar indivíduos participativos, críticos e criativos, a organização 
estudantil adquire importância fundamental. 
O grêmio estudantil constitui-se em mecanismo de participação dos estudantes nas discussões do 
cotidiano escolar e em seus processos decisórios, constituindo-se num laboratório de aprendizagem da 
função política da educação e do jogo democrático. Possibilita, ainda, que os estudantes aprendam a se 
organizarem politicamente e a lutar pelos seus direitos. 
Articulado ao processo de constituição de mecanismos de participação colegiada dentro da escola 
destaca-se também a necessidade da participação e acompanhamento da aplicação dos recursos 
financeiros, tanto na escola como nos sistemas de ensino. A responsabilidade de acompanhar e fiscalizar 
a aplicação dos recursos para a educação é de toda a sociedade. Todos os envolvidos direta e 
indiretamente são chamados a se responsabilizar pelo bom uso das verbas destinadas à educação. 
Nesse sentido, pais, alunos, professores, servidores administrativos, associação de bairros, ou seja, as 
comunidades escolar e local têm o direito de participar, por meio dos diferentes conselhos criados para 
essa finalidade. 
 
O processo de participação na escola produz, também, efeitos culturais importantes. Ele ajuda a 
comunidade a reconhecer o patrimônio das instituições educativas – escolas, bibliotecas, equipamentos 
– como um bem público comum, que é a expressão de um valor reconhecido por todos, o qual oferece 
vantagens e benefícios coletivos. Sua utilização por algumas pessoas não exclui o uso pelas demais. É 
um bem de todos; todos podem e devem zelar pelo seu uso e sua adequada conservação. A manutenção 
e o desenvolvimento de um bem público comum requerem algumas condições: 
1. Recursos financeiros adequados, regulares e bem gerenciados, de modo a oferecer as mesmas 
condições de uso, acesso e permanência nas escolas a alunos em condições sociais desiguais; 
2. Transparência administrativa e financeira com o controle público de ações e decisões. Desse modo, 
cabe ao gestor informar com clareza e em tempo hábil a relação dos recursos disponíveis, fazer 
prestações de contas, promover o registro preciso e claro das decisões tomadas em reuniões; 
3. Processo participativo de tomada de decisões, implementação, acompanhamento e avaliação. 
Ressaltamos que o cotidiano de trabalho das escolas deve ter por referência um projeto pedagógico 
construído coletivamente e o apreço às decisões tomadas pelos órgãos colegiados representativos. 
 
Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma maneira de atuar coletivamente, 
oferecendo aos membros das comunidades local e escolar oportunidades para: 
- Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação real (o que é) e o que gostaríamos que 
fosse (o que pode vir a ser). 
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- Identificar possíveis razões para essa discrepância. 
- Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar esses problemas. 
 
Envolvendo a comunidade na gestão da escola 
 
A gestão escolar constitui um modo de articular pessoas e experiências educativas, atingir objetivos 
da instituição escolar, administrar recursos materiais, coordenar pessoas, planejar atividades, distribuir 
funções e atribuições. Em síntese, se estabelecem, intencionalmente, contatos entre as pessoas, os 
recursos administrativos, financeiros e jurídicos na construção do projeto pedagógico da escola. A gestão 
democrática, por sua vez, requer, dentre outros, a participação da comunidade nas ações desenvolvidas 
na escola. Envolver a comunidades escolar e local é tarefa complexa, pois articula interesses, 
sentimentose valores diversos. Nem sempre é fácil, mas compete às equipes gestoras pensar e 
desenvolver estratégias para motivar as pessoas a se envolver e participar na vida da escola. As 
possibilidades de motivação são várias, desde a concepção e o uso dos espaços escolares até a 
organização do trabalho pedagógico. A mobilização das pessoas pode começar quando elas se 
defrontam com situações-problema. As dificuldades nos incentivam a criar novas formas de organização, 
de participar das decisões para resolvê-las. Espaços de discussão possibilitam trabalhar ideias 
divergentes na construção do projeto educativo. Como criar, ou então fortalecer, ambientes que 
favoreçam a participação? Na construção de ambientes de participação e mobilização de pessoas, 
algumas estratégias tornam-se fundamentais. Vejamos algumas: 
 
- Estar atento às solicitações da comunidade. 
- Ouvir com atenção o que os membros da comunidade têm a dizer. 
- Delegar responsabilidades ao máximo possível de pessoas. 
- Mostrar a responsabilidade e a importância do papel de cada um para o bom andamento do processo. 
- Garantir a palavra a todos. 
- Respeitar as decisões tomadas em grupo. 
- Criar ambientes físicos confortáveis para assembleias e reuniões. 
- Estimularcadapresentenasreuniõesounasassembléiasaseresponsabilizar por trazer, pelo menos, 
mais uma pessoa para o próximo encontro. 
- Tornar a escola um espaço de sociabilidade. 
- Valorizar o trabalho participativo. 
- Destacar a importância da integração entre as pessoas. 
- Submeter o trabalho desenvolvido na escola às avaliações da comunidade e dos conselhos ou órgãos 
colegiados. 
- Valorizar a presença de cada um e de todos. 
- Desenvolver projetos educativos voltados para a comunidade em geral, não só para os alunos. 
- Ressaltar a importância da comunidade na identidade da unidade escolar. 
- Tornar o espaço escolar disponível para comunidade. 
 
Gestão escolar para o sucesso do ensino e da aprendizagem14 
 
Práticas de organização e gestão e escolas bem sucedidas 
 
Pesquisas acerca dos elementos da organização escolar que interferem no sucesso escolar dos alunos 
mostram que o modo como funciona uma escola faz diferença em relação aos resultados escolares dos 
alunos. Embora as escolas não sejam iguais, essas pesquisas indicam características organizacionais 
úteis para compreensão do funcionamento das escolas, considerados os contextos e as situações 
escolares específicos. Os aspectos a seguir aparecem em várias dessas pesquisas: 
 
 
 a) Em relação aos professores: boa formação profissional, autonomia profissional, capacidade de 
assumir responsabilidade pelo êxito ou fracasso de seus alunos, condições de estabilidade 
profissional, formação profissional em serviço, disposição para aceitar inovações com base nos seus 
conhecimentos e experiências; capacidade de análise crítico-reflexiva. 
b) Quanto à estrutura organizacional: sistema de organização e gestão, plano de trabalho com 
metas bem definidas e expectativas elevadas; competência específica e liderança efetiva e 
 
14 LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática; 6ª edição, São Paulo, Heccus Editora, 2013. 
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reconhecida da direção e coordenação pedagógica; integração dos professores e articulação do 
trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho propício ao ensino e à aprendizagem; práticas de 
gestão participativa; oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências entre os professores; 
c) Autonomia da escola, criação de identidade própria, com possibilidade de projeto próprio e 
tomada de decisões sobre problemas específicos; planejamento compatível com as realidades locais; 
decisão e controle sobre uso de recursos financeiros; planejamento participativo e gestão participativa, 
bom relacionamento entre os professores, responsabilidades assumidas em conjunto; 
d) Prédios adequados e disponibilidade de condições materiais, recursos didáticos, biblioteca e 
outros, que propiciem aos alunos oportunidades concretas para aprender; 
e) Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e organização dos conteúdos; valorização das 
aprendizagens acadêmicas e não apenas das dimensões sociais e relacionais; modalidades de 
avaliação formativa; organização do tempo escolar de forma a garantir o máximo de tempo para as 
aprendizagens e o clima para o estudo; acompanhamento de alunos com dificuldades de 
aprendizagem. 
f) Participação dos pais nas atividades da escola; investimento em formar uma imagem pública 
positiva da escola. 
 
 
Essas características reforçam a ideia de que a qualidade de ensino depende de mudanças no âmbito 
da organização escolar, envolvendo a estrutura física e as condições de funcionamento, a estrutura 
organizacional, a cultura organizacional, as relações entre alunos, professores, funcionários, as práticas 
colaborativas e participativas. É a escola como um todo que deve responsabilizar-se pela 
aprendizagem dos alunos, especialmente em face dos problemas sociais, culturais, econômicos, 
enfrentados atualmente. 
 
Ampliando o conceito de organização e de gestão de escolas 
 
Para a perspectiva que compreende a escola apenas como organização administrativa, também 
conhecida como perspectiva técnico-racional, a organização e gestão da escola diz respeito, comumente, 
à estrutura de funcionamento, às formas de coordenação e gestão do trabalho, ao estabelecimento de 
normas administrativas, ao provimento e utilização dos recursos materiais e financeiros, aos 
procedimentos administrativos, etc., que formam o conjunto de condições e meios de garantir o 
funcionamento da escola. A concepção técnico-racional reduz as formas de organização apenas a esses 
aspectos, prevalecendo uma visão burocrática de organização, decisões centralizadas, baixo grau de 
participação, separação entre o administrativo e o pedagógico. Abdalla indica os inconvenientes dessa 
concepção funcionalista e produtiva: “A organização se fecha, os professores se individualizam, as 
interações se enfraquecem, regras são impostas, potencializa-se o campo do poder com vistas a controlar 
as estruturas administrativas e pedagógicas”. 
Na perspectiva da escola como organização social, para além da visão “administrativa”, as 
organizações escolares são abordadas como unidades sociais formadas de pessoas que atuam em torno 
de objetivos comuns, portanto, como lugares de relações interpessoais. A escola é uma organização em 
sentido amplo, uma “unidade social que reúne pessoas que interagem entre si, intencionalmente, e que 
opera através de estruturas e processos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição”. 
 Destas duas perspectivas ampliou-se a compreensão da escola como lugar de aprendizagem, de 
compartilhamento de saberes e experiências, ou seja, um espaço educativo que gera efeitos nas 
aprendizagens de professores e alunos. As formas de organização e de gestão adquirem dois novos 
sentidos: 
a) o ambiente escolar é considerado em sua dimensão educativa, ou seja, as formas de organização 
e gestão, o estilo das relações interpessoais, as rotinas administrativas, a organização do espaço físico, 
os processos de tomada de decisões, etc., são também práticas educativas; 
b) as escolas são tidas como instituições aprendentes, portanto, espaço de formação e aprendizagem, 
em que as pessoas mudam com as organizações e as organizações mudam com as pessoas. 
 
A organização escolar como lugar de práticas educativas e de aprendizagem 
 
A escola entendida como espaço de compartilhamento de idéias, práticas socioculturais e 
institucionais, valores, atitudes de modos de agir, tem recebido várias denominações, com diferentes 
justificativas: comunidade de aprendizagem, comunidade de práticas, comunidade aprendente, 
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organizações aprendentes, aprendizagem colaborativa,

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