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HISTÓRIA DA ARQUITETURA MATERIAL AVA UNI 03

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Prévia do material em texto

- -1
HISTÓRIA DA ARQUITETURA E 
URBANISMO II
BRASIL COLONIAL: DAS TRADICIONAIS 
CIDADES E SUAS ARQUITETURAS ÀS 
IGREJAS BARROCAS
Elis Monteiro dos Santos Pacheco
- -2
Olá!
Você está na unidade. Conheça aqui um pouco do processo de ocupação do território brasileiro, a partir das
estruturas urbanas definidas em meados do século XVII, correspondente ao Período Colonial, os parâmetros que
nortearam a configuração urbana, suas causas e características. Entenda a conformação primária dos lotes, as
configurações arquitetônicas, de que forma esses elementos que compõem o núcleo urbano interagem e se
influenciam, e qual o resultado disso na paisagem urbana. Além disso, veremos também, de forma introdutória,
os parâmetros que configuraram a arte e arquitetura barroca no Brasil. Principalmente na Arquitetura religiosa,
onde esse estilo foi mais retratado.
Bons estudos!
- -3
1. Evolução das estruturas urbanas e de urbanização a 
partir da metade do século XVII
Durante o Período Colonial no Brasil, o processo de ocupação e urbanização das cidades era motivado pela 
. Normalmente, esses núcleos eram implantados em terrenos elevados,organização de um sistema defensivo
com traçado regular das vias e lotes com dimensões padrões – testada estreita e compridos, configurando
uniformidade e rigidez à estrutura urbana.
Em algumas cidades, como São Luís do Maranhão, além da estruturação do território em função da proteção, as 
 desempenharam papel decisivo na ocupação e delimitação do território. É possívelmissões religiosas
depreender que a cidade estava sendo organizada pela implantação das edificações religiosas, que funcionavam
como polos de atração, provocando a ocupação e o adensamento da área. Algumas dessas edificações podem ser
definidas como marcos e limites da cidade como, por exemplo, o Convento de Nossa Senhora do Carmo, que pode
ser considerado como o marco na paisagem e limite da cidade no século XVII (SENADO FEDERAL, IPHAN, 2007).
Para compreender a evolução das estruturas urbanas, é importante analisar a configuração do lote urbano; a
relação da arquitetura produzida a partir desse lote; e o resultado dessa interação nas características
arquitetônicas e seus respectivos usos. Ademais, o contexto histórico das motivações e necessidades de
ocupação de dado território, assim como os usos e setorização espacial da cidade definiam a forma e modelo de
ocupação das cidades.
Figura 1 - Convento Nossa Senhora do Carmo na paisagem urbana de São Luís (MA)
Fonte: Stefano Ember, Shuttersock, 2020
#PraCegoVer: A imagem é uma foto da fachada e do entorno do Convento Nossa Senhora do Carmo, em São Luis
(MA).
- -4
1.1 Características do lote urbeno e sua relação com a Arquitetura
Durante o período colonial os lotes tinham configurações claramente definidas. Segundo Reis Filho (1983, p. 22):
“Aproveitando antigas tradições urbanísticas de Portugal, nossas vilas e cidades apresentavam ruas de aspectos
uniformes, com residências construídas sobre o alinhamento das vias públicas e paredes laterais sobre os limites
dos terrenos”.
Figura 2 - Cidade de Paraty (RJ)
Fonte: Wtondossantos, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: A imagem é uma foto de uma das ruas de Parati (RJ), na qual nodemos ver a representação da
implantação da edificação junto à rua, delimitando o traçado urbano.
Dessas ocupações, resultaram configurações espaciais de ruas, quadras, implantação das edificações nos lotes e
atribuição de usos que se alteraram com o tempo, com os interesses econômicos, com os modos de ocupação da
região e de apropriação das edificações resultando na conformação e aparência urbanas atuais.
A rua era definida a partir da sequência das edificações construídas alinhadas umas às outras estabelecendo
espacialmente os limites dos passeios. Essa uniformidade e rigidez nas linhas urbanas é característica do período
em que Portugal estava sob , o qual repercutiu, entre outras coisas, nadomínio espanhol (1580 – 1640)
aplicação do diferente dos projetos empregados pela Coroa Portuguesa, que procuravamtraçado ortogonal
respeitar as linhas de terreno e outros elementos naturais para compor seu traçado urbano gerando estruturas
mais orgânicas.
Segundo Bury (2006, p. 170), essas plantas ortogonais são resultantes da cultura da Europa Ocidental,
originárias da Antiguidade Clássica. No entanto, como já afirmado, esse traçado não é comum em Portugal e
- -5
também são raros nas cidades mais antigas fundadas pelos portugueses: “Parece que a intenção básica no Brasil
era similar à da América espanhola, no sentido de dar plantas ortogonais aos centros administrativos”.
Para aplicação desse traçado ortogonal, eram utilizados instrumentos rudimentares, como cordas e estacas. No
entanto, a garantia desse traçado regular somente era obtida com a construção dos edifícios, erguidos nos
limites das vias públicas e laterais configurando uma paisagem urbana densa, ainda que o núcleo ocupado fosse
reduzido (REIS FILHO, 1983, p. 24).
Em São Luís do Maranhão, por exemplo, até aproximadamente 1700, a cidade ficou estabelecida no traçado
ortogonal desenhado por Frias de Mesquita, respeitando a divisão de lotes e a implantação das edificações.
Porém, a partir de 1750, é iniciado o processo de consolidação da ocupação da cidade, primeiramente motivado
pelo controle de acesso à região – sendo, por isso, transformada em acampamento militar -, se tornando, então,
entreposto comercial. Esta mudança suscitou duas grandes consequências na urbanização: elevou o número de
habitantes – provocado pela migração das famílias vindas do arquipélago dos Açores e, sobretudo, pelos
escravos africanos -, e diversificou as funções ali realizadas, concentrando atividades e provocando a valorização
do solo urbano nas áreas ligadas ao porto. Possibilitou, ainda, a ampliação das dimensões dos lotes na cidade
para abrigar edificações de maior porte para atender às novas atividades e aos ricos proprietários que ansiavam
por ostentar sua riqueza através das exuberantes edificações.
Figura 3 - Vista aérea do Centro Histórico de São Luís (MA)
Fonte: Josereisjr, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: A imagem é uma vista área do Centro Histórico de São Luís (MA), no qual podemos ver algumas
características próprias de cidades brasileiras coloniais.
Além de garantir o traçado e dimensões das vias, a implantação da edificação no lote é feita de forma a preservar
uma área do terreno livre para a criação de jardim ou horta, consequentemente apta para captação das águas
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pluviais, uma vez que as coberturas tinhas suas águas dos telhados direcionadas para a fachada frontal e para os
fundos do terreno, evitando que a água invadisse o terreno vizinho (SILVA, 1998, p. 52).
Figura 4 - Ouro Preto (MG)
Fonte: Felipequeiroz, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem das fachadas de algumas edificações históricas de Ouro Preto (MG) representando a
simetria da fachada através da volumetria, coberturas em telha de barro e a disposição ritmada dos vãos.
Tal uniformidade conferida aos lotes resultava da empregados nasregularidade dos partidos arquitetônicos
edificações, caracterizadas por sólidas volumetrias com padrões de aberturas e coberturas previamente
definidos por Cartas Régias ou em normas de posturas municipais.
Em São Luís, as mudanças na forma de ocupação se concretizam com a elaboração de leis e decretos pelo
governo, a fim de normatizar a expansão da cidade, passando, o Estado, a orientar, por meio desses códigos, a
ocupação e a organização do espaço urbano. Essas normas deram continuidade ao padrão de ocupação
/expansão desenhado por Frias de Mesquita, assim como os códigos de 1842, 1866 e 1893 e, posteriormente, o
Código de Posturas, de 1932, que passou a regular o modelo de expansão urbanístico pela malha ortogonal.
Assista aí
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/d6ff83d8d53c91443cd6d713f52f45ec
- -7
1.2 Características da arquitetura colonialDas tipologias arquitetônicas desenvolvidas durante esse período podemos destacar a militar, a religiosa, a civil
e residencial. Sobre a colonial no Brasil podemos observar que estão geograficamentearquitetura religiosa
concentradas ao longo do litoral brasileiro, em uma faixa que vai desde Belém do Pará até Santos. Outras se
localizam na província mineradora de Minas Gerais e Goiás. Desses exemplares remanescentes destacamos a
mais importante estrutura seiscentista que ainda subsiste no Brasil: a antiga igreja do colégio da Companhia de
Jesus, hoje catedral de Salvador, caracterizado por William Beckford (2006, p. 175) como “o estilo majestoso que
prevaleceu durante o domínio espanhol em Portugal”: “A fachada, sóbria e digna, construída com um arenito
local, áspero, cinzento e emassado, surge com grande destaque no fundo de uma praça longa e estreita, que como
um adro, tem no centro uma cruz monumental”.
- -8
Figura 5 - Fachada da Igreja de São Francisco, em Salvador (BA)
Fonte: Helissa Grundemann, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem da fachada da Igreja de São Francisco, no Centro Histórico de Salvador (BA).
Importante elemento empregado na sua fachada dá suporte para o desenvolvimento da arquitetura religiosa no
Brasil: série de livremente entrelaçadas que circundam a parte central do frontão. Esses traços indicamvolutas
o ponto de partida do processo da arte e arquitetura barroca, a partir do rompimento dos rigorosos padrões da
arquitetura do fim da Renascença. De acordo com Bury (2006, p. 177): “A partir desse início, à medida que
avança o século, a progressiva emancipação quanto às regras restritivas da composição clássica se evidencia na
substituição das formas ortogonais tradicionais pelas novas formas curvas e móveis, e pelos perfis em forma de
“S””.
- -9
Figura 6 - Casa de Câmara em Ouro Preto (MG)
Fonte: EAFO, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Na imagem há a Casa de Câmera em Ouro Preto (MG).
É preciso lembrar que, sendo a arquitetura uma arte social, o projeto das residências particulares merece
também atenção especial. A categoria é vasta, abrangendo desde cabanas de pau-a-pique de um ou dois cômodos
até residências urbanas de pedra, grandes até mesmo para padrões europeus, tais como a Casa de Contos em
Ouro Preto.
Da arquitetura civil, podemos mencionar como as obras mais representativa dessa tipologia as
Casas de Câmara, as residências dos governadores e bispos, as casas rurais ou solares das
famílias patrícias e as casas-grandes de engenhos e fazendas. Das casas de câmara um bom
exemplo é o edifício de Ouro Preto.
Fique de olho
- -10
Figura 7 - Casa de Contos em Ouro Preto (MG)
Fonte: Vanessa Volk, Shutterstock, 2020
A ou fazendeiro também seguia o padrão mais ou menos constante,casa-grande do senhor do engenho
derivado das práticas costumeiras em Portugal. Característica tradicional são os telhados de quatro águas, a
escadaria externa e a varanda, cujo telhado inclinado com vigas aparentes era sustentado por uma fileira de
grossas colunas ou pilares de pedra. Um belo exemplo é a casa-grande da fazenda Colubandé, Rio de Janeiro, de
meados do século XVIII (BURY, 2006, p.194).
Das edificações residenciais urbanas podemos acrescentar que estas estão associadas diretamente ao traçado da
cidade e às dimensões do lote em que serão construídas. Segundo o professor e arquiteto Nestor Goulart Reis
Filho (REIS FILHO, 2000, p. 16), uma característica dessa arquitetura é a relação a prende ao tipo de lote em que
está implantada: “Assim, as casas de frente de rua, (...), são conjuntos tão coerentes, que não é possível descrevê-
los completamente sem fazer referência à forma de sua implantação”.
Em São Luís é possível verificar esse vínculo direto entre a edificação e sua implantação no lote, de forma que as
edificações erguidas durante os séculos XVIII e XIX apresentam a implantação sobre a testada e limites laterais
do lote, ou seja, resultam em plantas que não incluem corredores para acesso lateral.
- -11
Figura 8 - Edificação junto à testada do lote, em São Luís (MA)
Fonte: Stefano Ember, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem de uma rua no Centro Histórico de São Luís (MA), na qual podemos ver a implantação da
edificação junto à testada do lote.
Em relação à , verifica-se que não há associação entre as suas variações e as dos partidos das plantas.volumetria
No entanto, é possível perceber a direta ligação das plantas e a distribuição das águas da cobertura. Além disso,
para cada programa é possível identificar uma , vinculada à melhor distribuição dastipologia arquitetônica
funções e dos cômodos. Além disso, a nos quais as edificações são implantadas (plano outopografia dos lotes
inclinado), também influenciam as características arquitetônicas da edificação.
As normas que regulavam as linhas arquitetônicas, o número de aberturas, alturas dos pavimentos e
alinhamentos eram determinadas em função da necessidade de garantir que as cidades brasileiras exprimissem
aparência portuguesa. A paisagem urbana passa a ser definida por fachadas: “simetricamente riscadas e com
ligeira supremacia de cheios sobre os vazios, sem reentrâncias ou saliências, exceto as resultantes dos beirais,
das sacadas, das portas e das guarnições dos vãos e das quinas” (SILVA, 1998, p. 51). Além disso, observa-se o
alinhamento dos vãos e o nivelamento das vergas, que reforçam a simetria e ritmo nas fachadas.
A monotonia volumétrica dessas edificações era quebrada quando introduzido elementos na cobertura, como a
água furtada ou camarinha, que além de servir para ventilação e iluminação natural daquele pavimento superior,
enriquecia o skyline da rua permitindo perspectivas diferentes daquele núcleo urbano.
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Figura 9 - Centro Histórico de Salvador (BA)
Fonte: Cassiohabib, Shutterstock, 2020
#PraCego Ver: Representação do ritmo volumétrico das edificações interrompido pela presença da água
furtada, em Salvador (BA).
A rigidez expressa nas fachadas também era aplicada nas plantas, pois, conforme descrito por Reis Filho, cada
ambiente era pensado de acordo com a sua função doméstica e com o perfil do seu ocupante (REIS FILHO, 1983,
p. 24). Dentro desse contexto podemos distinguir, basicamente, duas tipologias arquitetônicas das habitações: o 
 e a . Essas tipologias diferenciavam, além do número de pavimentos, pelo acabamento desobrado casa térrea
piso utilizado. A primeira com uso predominante de assoalho e a primeira de chão batido. Essa característica
definia não só o tipo de habitação, mas significava a camada social a qual cada uma abrigava: no sobrado a classe
mais rica, ao contrário da casa térrea, que abrigava a população mais pobre. Essa divisão não restringia às
edificações de forma individual, mas, especificamente, no sobrado quando analisamos seus pavimentos
individualmente – “os pavimentos térreos dos sobrados, quando não eram utilizados como lojas, deixavam-se
para acomodação dos escravos e animais ou ficavam quase sempre vazios” (REIS FILHO, 1983, p. 28).
A simplicidade das técnicas construtivas adotadas denunciava o restrito desenvolvimento tecnológico da nossa
sociedade colonial: abundância de mão de obra determinada pela existência do trabalho escravo, mas ausência
de aperfeiçoamentos. Como vimos, a abundância dessa mão de obra determinava as formas de uso das
edificações, a distribuição dos cômodos e a dinâmica diária da casa (REIS FILHO, 1983, p. 26).
- -13
2. 2. Introdução ao estilo Barroco no Brasil
Segundo as autoras ALBERNAZ; LIMA (1997), o estilo arquitetônico reune grande parte dasBarroco 
manifestações artísticas surgidas na Europa de meados do século XVII à meados do século seguinte. Baseia-se
em expressões dinâmicas, percepção ilusória, profundidade, claro-escuro e elementos decorativos. Predomina
nesse estilo o movimento e não linearidade das massas construídas, assim como a unidade do conjunto.
Assista aí
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/b4804b5043a063d0faa982eee8503139
Esse estilo foi muito bem desenvolvido nas igrejas franciscanas no nordeste do Brasil, a partir de substituição de
formas tradicionais de ortogonalidade e rigidez pelas formas curvas e móveis. A igreja de Marechal Deodoro, de
1793, é um modelo representativo dessa transformação, por apresentar uma fachada com detalhes curvilíneos,
ausência de entablamento inferior e uma sequência de curvas dinâmicas.
Fique de olho
Na Arquitetura Brasileira o Barroco é predominantemente utilizado em construções religiosas,
mais frequente durante o século XVIII e em Minas Gerais. A Matriz de N.Sª. do Bom Sucesso,
Caeté, MG; Capela de N.Sª. Ó. Sabará, G é um claro exemplar desse estilo (ALBERNAZ; LIMA,
1997 – 1998, p. 85).
- -14
Figura 10 - Igreja na cidade de Marechal Deodoro (AL)
Fonte: Lana Endermar, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem da fachada de uma igreja na cidade de Marechal Deodoro (AL), com características
próprias de edificações franciscanas do Nordeste do Brasil.
A incorporação desses elementos dinâmicos não se restringe à fachada dessas edificações religiosas. Bury (2006,
p. 20) acrescenta que as igrejas coloniais brasileiras possuem em seu interior uma rica quedecoração barroca
inclui “pinturas de tetos em perspectivas ilusionista, mobiliário barroco, lavabos de sacristia, púlpitos, tapa-
ventos e, acima de tudo, retábulos de talha dourada, constituindo as “igrejas todas de ouro” e outros interiores
inteiramente revestidos, como, por exemplo, a Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Militares de Recife.
Os efeitos espetaculares produzidos nos interiores das edificações eram buscados também nas vias de acessos
para as construções consideradas mais importantes. Aqui temos como referência o conjunto dos Passos e adro
, em Congonhas (BURY, 2006, p.dos Profetas, do Santuário de peregrinação do Bom Jesus de Matosinhos
222). O santuário fica no alto de uma colina, e o acesso é feito por um caminho em ziguezague, que passa por seis
capelas de Passos, seguido por uma monumental escadaria dupla que leva ao adro da igreja. A localização
retirada e o panorama delimitado por longínquas serras causam extraordinária impressão, e a elegante
escadaria curvilínea do adro, com doze estátuas de profetas no parapeito, esculpidas por Aleijadinho, constitui
imagem inesquecível (BURY, 2006, p.190).
- -15
Figura 11 - Igreja Bom Jesus de Matosinhos e o conjunto de Profetas, em Congonhas (MG)
Fonte: Inspired By Maps, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem da fachada da Igreja Bom Jesus de Matosinhos e o conjunto de Profetas, em Congonhas
(MG).
Em frente à igreja, uma área pavimentada e limitada por um guarda-corpo integra o conjunto. Com função de
acomodar o grande grupo de peregrinos possibilitando que ouvissem dali, através das portas abertas, as missas
realizadas no interior da edificação. Dessa forma, o adro se configura como uma extensão da igreja e as paredes
da escadaria como o avanço da fachada.
Figura 12 - Igreja Bom Jesus de Matosinhos e o conjunto de Profetas, em Congonhas (MG)
Fonte: Luciano Queiroz, Shuttersotck, 2020
#PraCegoVer: Vista da Igreja de Congonhas assentada sobre um calçamento delimitado com guarda-corpo para
receber os fiéis, em Congonhas (MG).
- -16
Nesse caso, as esculturas dos profetas, da forma que estão incorporadas ao contexto, assumem, junto ao valor
escultórico intrínseco, um valor arquitetônico e o efeito produzido é considerado autenticamente barroco, dada
a intensa teatralidade que o conjunto da obra produz (Bury, 2006, p. 191)
- -17
2.1 2.1 Principais características do Barroco
Sobre o Barroco, podemos pontuar algumas características fundamentais que o diferencia de outros estilos
arquitetônicos. Bury (2006) aponta três definições de Anthony Blunt como as características marcantes dessa
arquitetura: (BURY, 2006, p.preferência pela grande escala, por formas complexas e pelos efeitos teatrais
218)
Segundo o autor (Bury, 2006), os arquitetos barrocos tinham tendência a desenvolver volumes altos e
imponentes. Além disso, as plantas e fachadas em contraste côncavo-convexo se destacam, criando efeitos de
movimento, uma das principais características desse estilo. As plantas ogivais também eram muito apreciadas.
A representa o resultado final e mais avançado de todas asigreja de Nossa Senhora do Rosário de Ouro Preto
experiências já feitas em Portugal e no Brasil com plantas poligonais e curvilíneas. É uma estrutura
autenticamente barroca, não apenas na decoração. Tem a fachada arqueada, torres redondas e a nave e a capela-
mor elípticas, só a sacristia permanecendo retangular. Projetada para ser vista por todos os lados, sua
construção iniciou depois de 1753 e foi terminada provavelmente em 1785, data inscrita acima do frontão
(BURY, 2006. P. 185).
Figura 13 - Igreja Nossa Senhora do Rosário de Ouro Preto (MG)
Fonte: Diego Grandi, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem da fachada da Igreja Nossa Senhora do Rosário de Ouro Preto (MG).
- -18
Segundo Bury (2006), antecederam à igreja de Nossa Senhora do Rosário com a planta em dupla elipse foram
duas singelas igrejas no Rio de Janeiro: Nossa Senhora da Glória do Outeiro e São Pedro dos Clérigos (1733 –
1738, demolida em 1943).
Além da busca por movimento, através do jogo de volumes, as concepções arquitetônicas barrocas faziam uso de 
, como a luz dirigida, que se originavam de locais ocultos, assim como as ilusões óticasreferenciais teatrais
proporcionadas através de pinturas nos tetos com simulações de arquitetura ascendentes e a falsa aparência de
abóboda com um profundo céu. Para a concepção desse ambiente cênico foram empregados alguns materiais,
porém com custo menor dos habitualmente utilizados.
Figura 14 - Forro da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG)
Fonte: T photography, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Imagem do forro da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG).
Externamente, a arquitetura barroca se expressa através do enquadramento dos vãos e arremate das fachadas e
torres. No Brasil é mais frequente encontrarmos este estilo aplicado nos ornamentos, mas, ainda assim, temos
- -19
exemplares significativos do barroco arquitetônico no Rio de Janeiro - igreja São Pedro dos Clérigos (já
demolida) e outras duas em Minas Gerais – São Pedro dos Clérigos, em Mariana e Nossa Senhora do Rosário, em
Ouro Preto.
Assista aí
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2
/f086bf7d7c504cffb5fb23b9b7022338
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender a influência dos elementos urbanísticos e arquitetônicos na composição da paisagem durante o 
período colonial;
• observar que a ocupação do solo ocorreu em função do uso e destinação do território;
• estudar que a representação dos usos das arquiteturas também ocorre através dos materiais 
empregados;
• estudar as características básicas do estilo Barroco e observar o quanto elas contrastam com as regras 
rígidas adotadas pelas arquiteturas coloniais;
• compreender que o estilo Barroco não se restringe à arquitetura, ele está presente nos ornamentos, 
esculturas e técnicas de acabamentos.
Referências
ALBERNAZ, M. P. et. al. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. São Paulo: Pro Editores, 1997-1998. 1 v.
BURY, J. et al. Arquitetura e arte no Brasil colonial. Brasília: Iphan / Monumenta, 2006. 256 p. Disponível em: .
Acesso em: 30 jan. 2020.
PACHECO, E. M. dos S. O papel das normativas na preservação e ocupação do Conjunto Arquitetônico e
Paisagístico de São Luís – MA. Dissertação (Mestrado em Preservação do Patrimônio Cultural) – PEP, Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, 2014.
REIS FILHO, N. G. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1983.
SENADO FEDERAL; IPHAN. Cidades Históricas Inventário e Pesquisa: São Luís. Brasília: Senado Federal/IPHAN,
2007.
SILVA F, O. P. da. Arquitetura Luso-Brasileira no Maranhão. 2. ed. Belo Horizonte:Formato, 1998.
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