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FARMACOLOGIA DAS DISLIPIDEMIAS METABOLISMO DE LIPOPROTEÍNAS As lipoproteínas recebem esse nome porque possuem tanto um componente lipídico (triacilglicerois + fosfolipídios + colesterol livre e esterificado) quanto um proteico (apolipoproteínas ou apoproteínas). As apoproteínas têm funções importantes como dar estabilidade estrutural, ligação lipoproteínas + receptor e cofator em processos enzimáticos que regulam o metabolismo das lipoproteínas. Existe uma relação muito íntima entre a hiperlipidemia e a aterosclerose, pois níveis muito elevados de lipídeos relacionam-se às células espumosas. CLASSES DE FÁRMACOS ESTATINAS – INIBIDORES DA HMG-CoA REDUTASE As estatinas são importantes na melhora das dislipidemias e na redução da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares. O que difere uma estatina da outra são questões farmacocinéticas e a própria potência delas (5 mg sinvastatina = 15 mg lovastatina = 15 mg pravastatina = 40 mg fluvastatina). “Regra de seis”: em média, a cada duplicação da dose há redução de 6% nos níveis basais de LDL-c. Seu mecanismo básico é a inibição (hepática) da biossíntese de colesterol, por meio da inibição competitiva da enzima HMG-CoA redutase. No fígado, há uma etapa da biossíntese chamada de “taxa limitante”, em que há participação da enzima para conversão do HMG-Coa em mevalonato (posteriormente formará colesterol). As estatinas irão inibir competitivamente a HMG-CoA redutase, o que resulta em uma redução da biossíntese do colesterol hepático e numa expressão aumentada de receptores de LDL. A redução no colesterol ativa uma proteína chama SREBP (proteína ligante dos elementos de resposta dos esteróis), que é a responsável por aumentar a expressão dos receptores de LDL, o que faz com que haja maior entrada de LDL na célula, fazendo com que reduza o nível de LDL na circulação. Além da redução de LDL-c, as estatinas também são capazes de reduzir os níveis de triacilglicerois (TAG). Uma das explicações é que a diminuição da síntese hepática de colesterol diminui, também, a síntese hepática de VLDL. Algumas estatinas são recomendadas para administração noturna, isso porque a síntese máxima de colesterol é entre meia noite e 2h da manhã. Outras, com tempo de meia vida maior, não têm essa necessidade. Efeitos adversos Um dos efeitos adversos principais é a miopatia (lesão muscular), que envolve a mialgia e, em situação mais crítica pode envolver rabdomiólise (destruição das células musculares esqueléticas). Além disso, há possível lesão hepática (hepatotoxicidade). Pensando na miopatia, que é dependente da dose, fatores que alterem o metabolismo das estatinas, aumentando seus níveis plasmáticos podem levar a essa condição, como idade avançada, doenças mutissistêmicas, disfunção hepática/renal, hipotireoidismo não tratado e interações medicamentosas. RESINAS DE LIGAÇÃO AOS ÁCIDOS BILIARES São os sequestradores de ácidos biliares. São moléculas de grande tamanho (não são absorvidas e, portanto, excretados nas fezes) e carregadas positivamente, fato que leva à ligação com os ácidos biliares de carga negativa. Como são excretados nas fezes, há uma depleção de ácidos biliares e, quando isso acontece, o fígado passa a produzir mais deles para tentar repor por meio do colesterol convertido pela enzima 7alfa-hidroxilase. Dessa maneira, há a diminuição do colesterol e, consequentemente, aumento de LDLr. No entanto, apesar de reduzirem o LDL-c, essas resinas aumentam os níveis de TAG em pacientes com hipertriacilgliceridemia, por isso devem ser usadas com cautela nesses pacientes. São administrados antes do desjejum e antes do jantar e podem causar distensão abdominal, constipação e dispepsia, mas com a completa dissolução do fármaco em líquidos horas antes da administração há uma melhora desses sintomas. NIACINA (ÁCIDO NICOTÍNICO) Os TAG nos adipócitos serão clivados por uma enzima HSL (lipase hormônio sensível) originando ácido graxo livre (AGL). Esse AGL vai para o fígado e é utilizado para sintetizar triacilglicerois e, consequentemente, VLDL. Na superfície do adipócito existe um receptor que se liga à niacina e, quando isso acontece há inibição da HSL. Se ela é inibida, não há clivagem do TAG em AGL e, portanto, menos VLDL é sintetizado. Além disso, sabe-se que a niacina diminui o catabolismo da apoA-I (aumenta a meia vida da apoA-I), que é importante na estrutura do HDL (aumenta o HDL). Efeitos adversos Os principais efeitos colaterais da niacina estão relacionados a rubor e prurido (face e parte superior do tronco), provavelmente relacionado à produção aumentada de prostaglandinas. Para esses casos, recomenda-se o uso de hidratantes para o ressecamento, cremes de ácido salicílico e ácido acetilsalicílico para o rubor. Há também outros efeitos, tais como a dispepsia, com náuseas, vômitos e diarreia, hepatotoxicidade, hiperglicemia e aumento de ácido úrico (história clínica de gota → contraindicação relativa). Obs.: Associação com as estatinas aumenta o risco das miopatias. DERIVADOS DO ÁCIDO FÍBRICO O fibrato é um ligante do PPARalfa. Ao se ligar a ele, ativa-o, levando a uma série de reações. Uma delas é o aumento da expressão de enzimas de ácidos graxos, o que causa um aumento da oxidação de ácidos graxos e, consequentemente, diminuição da síntese de triglicerídeos. Outro efeito é a redução da síntese de apoC- III (inibidor da LPL) e, portanto, aumento da LPL, mas ao mesmo tempo aumenta a expressão da LPL nos leitos vasculares dos músculos. Isso causa um aumento na captação de ácidos graxos nas células musculares e na oxidação dos ácidos graxos nessas mesmas células. Por fim, há aumento da síntese de apoA-I e apoA-II nos hepatócitos, levando ao aumento do HDL plasmático. EZETIMIBA – INIBIDOR DA ABSORÇÃO DE COLESTEROL O colesterol chega ao intestino e entra na célula para ser absorvido pelo NPC1L1. A ezetimiba, no entanto, é responsável por inibir esse transportador, reduzindo o colesterol dos quilomícrons e, consequentemente, há redução do VLDL no fígado (reduz, também, o LDL). Isso tudo vem acompanhado pelo aumento do LDLr.
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