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APOSTILA 1 Conceito e história Para Valed Perry, o Direito Desportivo é o “complexo de normas e regras que regem o desporto no mundo inteiro e cuja inobservância pode acarretar a marginalização total de uma associação nacional do concerto mundial esportivo", enquanto que para Eduardo Viana, "O Direito Desportivo é constituído pelo conjunto de normas, escritas ou consuetudinárias, que regulam a organização e a prática do desporto e, em geral, de quantas questões jurídicas situam a existência do desporto como fenômeno da vida social". Direito Desportivo "é a parte ou ramo do Direito Positivo que regula as relações desportivas, assim entendidas aquelas formadas pelas regras e normas internacionais e nacionais estabelecidas para cada modalidade, bem como as disposições relativas ao regulamento e à disciplina das competições". Dessa forma, podemos conceituar Direito Desportivo como sendo o ramo do Direito que busca relacionar, regular, disciplinar, estudar e resolver os conflitos decorrentes de todas as formas e modalidades desportivas, sistematizando regras disciplinares e comportamentos esperados dos desportistas, com base em regras nacionais e internacionais e instituindo mecanismos coercitivos capazes de garantir a harmonia e uniformidade necessárias à prática desportiva. A primeira legislação específica sobre o desporto foi o Decreto-lei nº 3.199/41, que buscava estabelecer as bases para organização do desporto no país, cujo principal objetivo era manter o controle das atividades esportivas pelo Estado, procurando tratá- lo como manifestação de exaltação patriótica, carregado de conceitos xenófobos. Por meio dele, foi criado o Conselho Nacional de Desportos (CND), responsável por zelar pelo desenvolvimento do desporto no Brasil, autorizando cada federação desportiva a se organizar, desde que respeitasse as regras internacionais específicas de sua modalidade. Durante sua existência, o CND produziu mais de quatrocentas e trinta deliberações e resoluções até sua extinção, em 1993, com a entrada em vigor da Lei Zico. Um marco importante foi, em 1962, a aprovação, pelo CND, do Código Brasileiro Disciplinar do Futebol (CBDF), subdividido em duas partes (processual e penal), e aplicável ao futebol, e do Código Brasileiro de Justiça e Disciplina Desportiva (CBJDD), com aplicação aos demais esportes. Tais documentos foram os responsáveis pelo desenvolvimento do sistema judicial desportivo e, em certo ponto, do Judiciário Desportivo. A Lei nº 6251/75, responsável por instituir a política nacional do desporto, ainda mantinha o poder do Estado sobre a organização do esporte, mas, ao mesmo tempo, começava a abrandar a sua forma de atuação, já que liberava a participação da iniciativa privada na promoção do desporto, reconhecia as formas comunitárias, estudantil, militar e classista de organização desportiva, instituiu, efetivamente, a Justiça Desportiva. Porém, previu que o CND exerceria, simultaneamente, as funções legislativa, executiva e judicante, relativas ao desporto. Lei Zico A Lei Zico é merecedora de destaque, por ter sido a primeira grande lei sobre desporto, aprovada após a Constituição Federal de 1988, a lei é chamada dessa forma por ter sido editada com o auxílio do então secretário do esporte, o ex-jogador de futebol conhecido como "Zico". A lei era moderna, balizada em doutrinas desportivas atualizadas, liberal, descentralizadora, não restritiva e, principalmente, democrática, ao reduzir, drasticamente, a interferência do Estado e fortalecer a iniciativa privada, nos assuntos do desporto, criando condições para a profissionalização da prática das diferentes modalidades desportivas e propiciando o desenvolvimento da autonomia de organização e funcionamento dos segmentos desportivos e das entidades federais de administração do desporto. O seu principal destaque foi, possibilitar que clubes, associações e entidades desportivas se transformassem, constituíssem ou contratassem sociedade comercial, com fins lucrativos, para gestão de suas atividades, estabelecendo o processo de filiação das entidades, a tipologia de voto e o mandato dos dirigentes, permitindo a remuneração de seus diretores. Outra inovação foi a capacidade de criação, pelos próprios atletas ou entidades de prática esportiva, de ligas regionais e nacionais, além da previsão dos direitos de arena e de imagem, dando às entidades esportivas a possibilidade de autorizar a transmissão, pelos meios de comunicação, de seus jogos e eventos, mediante remuneração. A Lei Zico ainda foi responsável por regular a Justiça Desportiva, dispondo sobre procedimentos processuais (de primeira e segunda instância), garantindo o contraditório e a ampla defesa e disciplinando a organização dos tribunais. Ela vigorou até ser revogada pela Lei Pelé, em 1998, que esta em vigor até os dias atuais. CF A Constituição de 1988 trouxe, pela primeira vez, o esporte como uma das bases que constituem o Estado brasileiro. Uma das principais inovações é o amplo sentido dado à prática desportiva, não se limitando apenas à convencional, mas agregando a recreativa, a de lazer e a de divertimento, colocando o desporto no rol dos direitos sociais (artigo 6º), com o objetivo de promover o bem-estar e a justiça social. O desporto educacional pode ser considerado como aquele praticado nos sistemas de ensino ou em outras formas de educação. É caracterizado por se evitar, em sua prática, a seletividade e a hipercompetitividade de seus participantes, tendo como objetivo primordial alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer. A modalidade profissional é descrita no artigo 3º, parágrafo único, I da Lei 9.615/98, possuindo, como característica principal, o contrato formal de trabalho, remunerado, entre o atleta e a entidade de prática desportiva ou, em outras palavras, a lei classifica o atleta profissional como "funcionário" do clube ou entidade esportiva. Assim, eventuais outros contratos do atleta, com outras pessoas jurídicas, devem ser de caráter de patrocínio. Já o atleta não profissional é identificado no artigo 3º, parágrafo único, II da Lei 9.615/98, tanto pela liberdade de prática, como pela inexistência de contrato de trabalho. Importante mencionar que é permitido, para os atletas não profissionais, o recebimento de incentivos, tanto materiais, como de patrocínio. Princípios Quanto aos princípios constitucionais propriamente ditos, o principal, dentre os desportivos, é o princípio do direito social, previsto no artigo 6º da CF/88, derivando deste todos os demais. Temos ainda o princípio da autonomia na administração das entidades desportivas, dentre tantos outros. No prisma infraconstitucional, o Direito Desportivo também possui seus princípios específicos, devidamente previstos no artigo 2º da Lei n º. 9.615/98 (Lei Pelé) tais como: • da soberania - supremacia nacional na organização da prática desportiva; • da autonomia - liberdade das pessoas organizarem-se para a prática desportiva; • da democratização - não discriminação nas condições de acesso às atividades desportivas; • da liberdade - para a prática do desporto, associando-se ou não a entidade do setor: o desporto é um direito individual social e não um dever social; • do direito social - dever do Estado em fomentar as práticas desportivas; • da diferenciação - entre o tratamento dado ao desporto profissional e não profissional: visa resguardar direitos e impor deveres àqueles que elejam uma modalidade desportiva como profissão; • da identidade nacional - proteção e incentivo às manifestações desportivas de criação nacional; • da educação - voltado para o desenvolvimento integral do homem e fomentado pela prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional; • da qualidade - valorização dos resultados desportivos, educativos, dosrelacionados à cidadania e ao desenvolvimento físico e moral: velha máxima de "mens sana in corpore sano"; • da descentralização - organização e funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos; • da segurança - relativo à integridade física, mental ou sensorial do praticante de qualquer modalidade desportiva; • da eficiência - tem a ver com a busca do resultado positivo, desportivo e administrativo: competência e eficiência, tanto na prática da modalidade desportiva, como na administração do desporto. O parágrafo único do mencionado artigo prevê que, no tocante à exploração e gestão do desporto profissional, devem ser observados, ainda, os princípios da “transparência financeira e administrativa; da moralidade na gestão desportiva; da responsabilidade social de seus dirigentes; do tratamento diferenciado em relação ao desporto não profissional; e da participação na organização desportiva do País”. Finalizando, conforme mencionado, o artigo 2º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva também traz um rol de princípios, de natureza processual, de aplicação imediata ao Direito Desportivo, tais como: ampla defesa; celeridade; contraditório; economia processual; impessoalidade; independência; legalidade; moralidade; motivação; oficialidade; oralidade; proporcionalidade; publicidade; e razoabilidade. APOSTILA 2 Espécies contratuais Existe divergência na doutrina acerca da natureza do contrato estabelecido entre o atleta profissional e a entidade desportiva: trata-se de um contrato de prestação de serviço (relação de trabalho de natureza civil) ou de um contrato de emprego (de natureza laboral). Essa falta de consenso é evidenciada, inclusive, quando se verifica um erro corriqueiro empregado pela doutrina especializada desportiva, ao tratar como sinônimas as expressões "relação de trabalho" e "relação de emprego". Primeiramente, cumpre conceituar os contratos de prestação de serviços e de trabalho, para que possamos saber que tipo de contrato é o que celebram os atletas com a entidade desportiva para que sejam incorporados aos planteis destas associações. Segundo Wellington Pacheco Barros, o contrato de prestação de serviços é aquele pelo qual alguém presta serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, a outrem, por prazo certo ou não, mediante retribuição. Já para o professor César Fiúza, trata-se do contrato em que uma das partes se obriga, para com a outra, a fornecer-lhe a prestação de sua atividade, sem vínculo empregatício, mediante remuneração. O Novo Código Civil, caracteriza a prestação de serviço como toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, podendo ou não ser contratada mediante retribuição. Outra característica do Contrato de Prestação de Serviços, talvez uma das mais importantes, seja a ausência de subordinação, caracterizada pela independência hierárquica entre as partes contratantes, principalmente, no tocante ao modo de execução do serviço. No que concerne à duração do contrato de prestação de serviços, este não poderá ultrapassar o período de quatro anos, ainda que a tarefa não esteja cumprida. Nesse contexto, várias são as formas de sua extinção, tais como: morte de uma das partes; o término do prazo determinado; a conclusão da obra; rescisão do contrato mediante aviso prévio; inadimplemento de qualquer das partes; e impossibilidade da continuação do contrato, por força maior. Nos dizeres de Délio Maranhão, contrato de emprego é: "o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito de outra pessoa, física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinado”. A relação de emprego é representada pelo próprio contrato de emprego, conforme previsto no artigo 442 da CLT, configurando-se como uma relação formal, de mútuo consentimento, subordinada, não eventual e pessoal de trabalho, definindo obrigações entre empregado e empregador, mediante uma remuneração ao trabalhador. O contrato de emprego é uma espécie sui generis de contrato, com peculiaridades exclusivas, dentre elas a possibilidade de sua estipulação ser expressa, tácito, verbal ou escrita, além de se tratar de um contrato sinalagmático, sucessivo e oneroso. Já que ambas as espécies contratuais são próximas, com muitos pontos em comum, impende destacar as características que diferenciam o contrato de prestação de serviços e o contrato de emprego, notadamente quanto à onerosidade, à forma de execução, duração e subordinação, pois é através delas que se pode fazer o devido enquadramento do contrato do atleta. Na primeira espécie, não existe a necessidade da onerosidade do pacto, nem de pessoalidade, podendo até ser pactuado apenas entre pessoas jurídicas, enquanto que na segunda, a onerosidade (salário) e a pessoalidade, através da pessoa física do empregado, são imprescindíveis para sua configuração. O contrato de prestação de serviços pode ser de execução diferida (findando o vínculo ao término da empreitada) e, conforme previsão legal, sua duração não pode exceder o período de quatro anos, enquanto que na relação de emprego, a regra geral é a prestação sucessiva (por tempo indeterminado) e, sempre, de forma contínua, vedando-se o trabalho eventual. Por fim, a relação de prestação de serviços (latu senso) é caracterizada pela ausência de subordinação entre as partes contratantes (independência hierárquica) na forma de execução do serviço enquanto que a relação de emprego é, essencialmente, configurada pela subordinação do empregado ao poder diretivo do empregador. Dessa forma, pode-se entender que a relação formada entre o atleta profissional e a entidade desportiva (clube), apesar de diferenciada, trata-se de uma relação de emprego, devendo ser regida não apenas pela legislação desportiva específica, como também pela laboral, no que couber. O fato de o atleta estrangeiro necessitar de visto temporário de trabalho, para atuar em equipes de clubes brasileiros, faz com que reforce ainda mais o entendimento de que se trata de uma relação de emprego. Embora a maior parte da doutrina e jurisprudência entenda se tratar este contrato de uma relação de emprego especial, regido por lei específica e, na lacuna da aludida especificidade, pela legislação trabalhista vigente, deve-se mencionar que há quem sustente sua natureza de prestação de serviço22, na sua maior parte autores civilistas. Contrato do Atleta Profissional Geraldo Magela Alves conceitua o contrato do atleta profissional como o "ajuste de vontades, no qual uma das partes (o atleta) se obriga, sob subordinação e mediante remuneração para com outra pessoa (a entidade desportiva), ao exercício temporário de atividade ligada ao desporto. Os sujeitos do contrato são o empregado (pessoa natural do atleta) e o empregador (entidade desportiva). Por isso merece ser destacado que atletas e entidades de prática desportiva são livres para organizar a atividade profissional, qualquer que seja sua modalidade, sendo considerada como competição profissional para os efeitos da legislação acima mencionada, aquela promovida para obter renda e disputada por atletas profissionais cuja remuneração decorra de contrato de trabalho desportivo. As características básicas desta modalidade contratual são a bilateralidade, a onerosidade, a temporariedade e a formalidade. Pela CLT os contratos fundados na transitoriedade, foi fixado o prazo máximo de dois anos para sua duração, permitido apenas uma renovação, enquanto que para os contratos de experiência, o prazo máximo é de 90 dias, novamente, permitida apenas uma renovação. No contrato do atleta profissional, a transitoriedade é sua marca fundamental, não havendo limitação legal à quantidade de renovações, vigorando por prazo determinado, nunca inferior a três mesesnem superior a cinco anos. Quanto à formalidade, é regra geral a informalidade dos contratos trabalhistas, enquanto que no contrato do atleta profissional, é exigida a forma escrita. O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática desportiva contratante constitui-se com o registro do contrato especial de trabalho desportivo na entidade de administração do desporto, tendo natureza acessória ao respectivo vínculo empregatício. Por se tratar de relação de emprego, são de obrigação do empregador o recolhimento do INSS, a efetivação dos depósitos fundiários, o pagamento das férias, do labor extraordinário, do décimo terceiro salário, além de assegurar ao atleta um seguro contra acidentes de trabalho. São, ainda, assegurados ao atleta profissional, o repouso semanal remunerado de 24 horas ininterruptas, preferentemente em dia subsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana e férias anuais remuneradas de 30 dias, acrescidas do abono de férias, coincidentes com o recesso das atividades desportivas. Um dos deveres advindos do contrato é a permanência (ou não eventualidade), derivado do princípio da continuidade da relação laboral, aplicável aos assuntos desportivos. Dessa forma, a princípio, não importa a quantidade de partidas ou eventos que o atleta atue por uma entidade desportiva para a presença do elemento da não eventualidade na relação. O que importa é que fique caracterizada a disponibilidade do atleta, por tempo razoável, para o exercício de atividade laboral em agremiação esportiva. Os principais deveres da entidade de prática desportiva empregadora são: registrar o contrato especial de trabalho desportivo do atleta profissional na entidade de administração da respectiva modalidade desportiva; proporcionar aos atletas profissionais as condições necessárias à participação nas competições desportivas, treinos e outras atividades preparatórias ou instrumentais e submeter os atletas profissionais aos exames médicos e clínicos necessários à prática desportiva. Os principais deveres do atleta profissional são: participar dos jogos, treinos, estágios e outras sessões preparatórias de competições com a aplicação e dedicação correspondentes às suas condições psicofísicas e técnicas; preservar as condições físicas que lhes permitam participar das competições desportivas, submetendo-se aos exames médicos e tratamentos clínicos necessários à prática desportiva e exercitar a atividade desportiva profissional de acordo com as regras da respectiva modalidade desportiva e as normas que regem a disciplina e a ética desportivas. Jornada de trabalho A Lei 9.615/98, com redação dada pela Lei 12.395/11, estabelece que a jornada de trabalho desportiva normal é de 44 horas, bem como, que o repouso semanal remunerado do atleta será de 24 horas ininterruptas, preferencialmente em dia subseqüente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana. Em virtude das peculiaridades da profissão do atleta, tem-se entendido ser possível a extrapolação desse limite através do instituto da compensação na jornada de trabalho, ou seja, permite-se a extensão da jornada, desde que devidamente compensada por redução em outros dias da semana. Remuneração Conforme preleciona José Martins Catharino: A remuneração do atletaempregado é, quase sempre, em dinheiro e complexa, composta pelo ordenado mensal, mais gratificações e prêmios. O autor ainda complementa, mencionando que a parte variável dessa remuneração assume formas específicas, de caráter aleatório, muitas vezes, importando na mudança da residência do atleta, sendo comum a estipulação de salário habitação. Sobre a remuneração, convém mencionar uma forma recente de gratificação paga ao atleta por sua agremiação, denominada de “contrato de imagem”, através do qual a entidade remunera seus atletas mais famosos e importantes, com quantias que chegam, até mesmo, a suplantar, mais de dez vezes, as estipuladas nos contratos de emprego. Tal procedimento vem sendo entendido pela jurisprudência como uma clara forma de burlar a legislação trabalhista, subtraindo direitos laborais de seus empregados. Vale destacar que o direito ao uso da imagem do atleta pode ser por ele cedido ou explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos, deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo. Mensalmente, o empregador é obrigado a depositar a quantia equivalente à 8% da remuneração paga ao empregado nessa conta vinculada sendo esse recolhimento compulsório devido, inclusive, durante as interrupções do contrato de trabalho e, por se tratar de uma relação de emprego, o atleta profissional é credor do FGTS, como qualquer outro trabalhador, incidindo tal percentual sobre todos os itens que compõem sua remuneração, tais como “bichos”, “luvas” e quaisquer outros pagamentos. Extinção do contrato A cláusula compensatória desportiva é a verba devida pela entidade de prática desportiva, cujo valor será livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato e será devida nas seguintes hipóteses: a) rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora; b) rescisão indireta, nas hipóteses previstas na legislação trabalhista; e c) dispensa imotivada do atleta. Por outro lado, a entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de salário de atleta profissional em atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a 3 meses, terá o contrato especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para se transferir para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos. Será considerada mora contumaz também pelo não recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias. APOSTILA 3 Sobre os Princípios da Justiça Desportiva, merece destaque o texto doutrinário de Paulo Marcos Schmitt, “princípios são proposições diretoras de uma ciência. Como bem observa José Afonso da Silva, “princípios são ordenações que irradiam e imantam o sistema de normas”. Na perspectiva de um sistema desportivo, são os seus sustentáculos, alicerces, bases e fundamentos. (...) Os princípios têm a função de auxiliar no processo interpretativo das normas aplicáveis ao desporto, permitindo o adequado preenchimento de lacunas aparentes”. O direito ao desporto é público e subjetivo, ou seja, é conferido pela Constituição aos indivíduos contra o Estado, que tem o dever de promover, incentivar e proteger tal direito. A Constituição, além de reconhecer a Justiça Desportiva, lhe deu completa autonomia, ao dispor que só serão admitidas, pelo Poder Judiciário, as ações relativas à disciplina e competições esportivas, após esgotarem-se todas as instâncias da Justiça Desportiva. Porém, a própria Lei Maior lhe impôs limites, estabelecendo o prazo máximo de 60 dias para proferir decisão final e facultando à parte o ajuizamento de ação, perante o Poder Judiciário, nos casos de desrespeito à esse prazo. Lei Pelé A Lei Pelé recriou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como órgão recursal de demandas que envolvam competições interestaduais ou nacionais e ampliou a participação dos principais segmentos desportivos na composição do Tribunal Superior. Além do mais, determinou que as Comissões Disciplinares (órgãos de Primeira Instância Desportiva) fossem compostas e integradas por membrosdiversos dos participes do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e dos Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), com o intuito de que estes não se tornassem "julgadores de seus próprios julgamentos". Organização e competência O artigo 50 da Lei 9.615/98 dispõe: “a organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça Desportiva serão definidas em códigos desportivos”. Dessa forma, é o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) o atual estatuto que dispõe sobre a organização e a competência da Justiça Desportiva, no âmbito de qualquer modalidade desportiva (profissional ou não profissional) praticada no país. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva, composto pelo Tribunal Pleno e suas Comissões Disciplinares, é o órgão máximo da Justiça Desportiva (artigo 50 da Lei nº 9.615/98) e sua competência é determinada da seguinte forma: I) cabe ao Tribunal Pleno, tendo como integrante nove auditores, processar e julgar, originariamente, seus auditores e os membros da entidade nacional de administração, assim como os litígios entre entidades regionais, e, em grau de recurso, as matérias descritas no artigo 25, II do CBDJ, dentre outras atribuições elencadas no inciso I do mesmo artigo. II)A competência das Comissões Disciplinares, por sua vez, é determinada pelo artigo 26 do CBDJ. Os Tribunais de Justiça Desportiva são os órgãos judicantes das entidades regionais de administração de desporto, sendo igualmente compostos por dois órgãos: o órgão Pleno e as Comissões Disciplinares. A competência e as atribuições das Comissões Disciplinares dos Tribunais são especificadas no artigo 28 do CBDJ, competindo a elas processar e julgar as infrações praticadas por entidades ou agentes desportivos subordinados às entidades regionais de administração do desporto, além de declarar os impedimentos de seus próprios auditores. Já o órgão Pleno, que tem como integrantes nove auditores, tem suas atribuições especificadas no artigo 27 do CBDJ. As Comissões Disciplinares funcionam como órgãos judicantes de primeira instância dos tribunais desportivos, sendo compostas por cinco membros, de livre nomeação, mediante indicação dos respectivos TJD ou STJD. Das decisões proferidas pelas Comissões, cabe recurso para os órgãos Plenos dos Tribunais. O atual Código Brasileiro de Justiça Desportiva trouxe inovações importantes e necessárias, a exemplo da exigência de que todas as decisões da Justiça Desportiva sejam fundamentadas. Outra inovação, com o claro intuito de punir exemplarmente e com maior severidade as infrações desportivas, foi a instituição de penas pesadas para diversas infrações. Os órgãos da Justiça Desportiva têm limites de jurisdição territorial ("ratione loci"), de acordo com a sede da entidade de administração do desporto e da modalidade de prática respectiva. Já os Tribunais desportivos, têm competência em razão da matéria ("ratione materiae"), referente às infrações praticadas pelas entidades compreendidas pelo Sistema Nacional do Desporto e pessoas físicas ou jurídicas que lhes forem direta ou indiretamente filiadas ou vinculadas. A Justiça Desportiva é competente para julgar as infrações às regras ou regulamentos de qualquer das modalidades esportivas, bem como punir qualquer tipo previsto em seus códigos disciplinares. Organização da Justiça Desportiva Quanto à composição dos órgãos, os auditores (STJD, TJD e Comissões Disciplinares) deverão ser bacharéis em Direito, havendo a proibição de que não podem integrar o mesmo órgão judicante, auditores que tenham parentesco na linha ascendente ou descendente, nem auditor que seja cônjuge. Estabelece que as pessoas maiores e capazes podem exercitar seu direito de defesa "em causa própria" ou ser representado por advogado regularmente inscrito na OAB. As Procuradorias da Justiça Desportiva (dirigidas sempre por um procurador-geral), exercidas por, no mínimo, dois procuradores, com mandato idêntico ao estabelecido aos auditores, são responsáveis pelos processos destinados a promover a responsabilização dos agentes e entidades desportivas que violarem as disposições do CBJD. Nesse aspecto, compete aos procuradores: requerer a instauração de inquérito; oferecer denúncia; dar parecer nos processos de competência dos órgãos aos quais seja vinculado; exercer as atribuições conferidas pela legislação desportiva e interpor os recursos previstos em lei ou propor medidas que visem à preservação dos princípios que regem a Justiça Desportiva, dentre outras atribuições. Aos Procuradores, aplicam- se, no que couber, as mesmas incompatibilidades e impedimentos impostos aos auditores. A Secretaria corresponde ao cartório dos Tribunais de Justiça Desportiva, tendo como atribuições: receber, registrar, protocolar e autuar os termos da denúncia e os recursos interpostos, além de outras funções de caráter administrativo. Processo Desportivo Como regra geral, os processos correm publicamente e os atos processuais não dependem de forma determinada (senão quando expressamente exigida), reputando- se válidos os que preencham sua finalidade essencial. Um ponto importante é a obrigatoriedade de que todas as decisões, emanadas de seus órgãos judicantes, deverão ser fundamentadas, mesmo que de maneira sucinta. As decisões, proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva, devem ser publicadas, na forma da lei, inclusive na internet, em atendimento ao princípio da publicidade. Com relação aos prazos processuais, o CBJD estabeleceu que, salvo disposição em contrário, serão de três dias. Importante destacar que, quando não houver previsão legal expressa, cabe ao presidente do órgão judicante fixá-lo, levando em consideração tanto a complexidade da causa, quanto o ato a ser praticado. Já quanto ao transcorrer desses prazos, eles principiam com a intimação ou citação e serão contados excluindo- se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento, considerando-se prorrogados, até o primeiro dia útil subsequente, sempre que o vencimento coincidir com dia em que não houver expediente normal da sede do órgão judicante. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte manifestar-se nos autos e só será declarada se ficar comprovada a inobservância ou violação dos princípios que orientam o processo desportivo. O órgão judicante, ao declarar a nulidade, definirá os atos atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos ou retificados. Vale destacar que a nulidade não será declarada: I - quando se tratar de mera inobservância de formalidade não essencial; II - quando o processo, no mérito, puder ser resolvido a favor da parte a quem a declaração de nulidade aproveitaria; III - em favor de quem lhe houver dado causa. Em relação às provas, no processo desportivo, são hábeis para provar a verdade dos fatos alegados todos os meios legais, e os moralmente legítimos, ainda que não especificados. Os fatos notórios, os alegados por uma parte e confessados pela parte contrária e os que gozem de presunção de veracidade, independem de prova. São meios de prova legalmente previstos: súmula e/ou relatório dos árbitros, depoimento pessoal, prova documental, exibição de documento ou coisa necessária à apuração dos fatos, prova testemunhal, os meios audiovisuais e prova pericial (rol exemplificativo). O processo, no âmbito da Justiça Desportiva, é célere, principalmente em razão do limite Constitucional estabelecido, de 60 dias para sua conclusão. Dessa forma, o CBJD determina que os procedimentos a serem seguidos na Justiça Desportiva são o sumário e o especial. O procedimento sumário é aplicado aos processos disciplinares. Já o procedimento especial é aplicável aos processos expressamente tratados no Código, quais sejam: inquérito; impugnação; mandado de garantia; reabilitação; dopagem; suspensão, desfiliação ou desvinculação, imposta pelas entidadesde administração ou prática desportiva; revisão; medidas inominadas; e transação disciplinar desportiva. O inquérito tem a finalidade de apurar a existência ou não de infração disciplinar e determinar a sua autoria, para a subsequente instauração da ação pertinente. Sua instauração poderá ser determinada ex ofício, pelo presidente do órgão judicante ou a requerimento, tanto da procuradoria como da parte interessada, contendo a indicação dos elementos que evidenciem a suposta prática de infração disciplinar e as provas que se pretende produzir, inclusive, com a indicação das testemunhas a serem ouvidas. Quando caracterizada a existência da infração e determinada sua autoria, os autos do inquérito serão remetidos à Procuradoria para o oferecimento da denúncia. Impugnação de resultado, partida, prova ou equivalente em cada modalidade visa à anulação de partida, prova ou equivalente em cada modalidade ou apenas de seu resultado. São partes legítimas para promover a impugnação, as pessoas naturais ou jurídicas que tenham disputado a partida, prova ou equivalente em cada modalidade e as que tenham imediato e comprovado interesse no seu resultado, desde que participante da mesma competição. Seu pedido deve ser dirigido ao presidente do órgão judicante, em duas vias, no prazo de dois dias após a entrada da súmula na entidade de administração do desporto. A petição inicial poderá ser indeferida quando for manifestamente inepta, houver ilegitimidade da parte, faltar condição exigida pelo Código ou não comprovação do pagamento dos emolumentos, mas, recebida a impugnação, será dada vista à parte contrária, pelo prazo de dois dias e, em seguida, à Procuradoria, por idêntico prazo, para sua manifestação. Mandado de Garantia será concedido sempre que, ilegalmente ou por abuso de poder, alguém sofra violação em seu direito líquido e certo, ou tenha justo receio de sofrê-la, por parte de qualquer autoridade desportiva. Deve ser impetrado no prazo de 20 dias, contados da prática do ato ou decisão que o motivou, sendo incabível contra atos dos quais caibam recurso próprio e lhes tenha sido concedido o efeito suspensivo. É importante salientar que, devido à sua importância (proteção de direito líquido e certo), pode ser concedida liminar ao mesmo, pelo presidente do órgão judicante, assim como tais processos gozam da garantia de prioridade de tramitação sobre os demais. Dopagem: ao se configurar o resultado anormal na análise antidopagem, o presidente da entidade de administração do desporto, em 24 horas, remeterá o laudo da contraprova ao presidente do órgão judicante, que decretará (também em 24 horas) o afastamento preventivo do atleta, pelo prazo máximo de 30 dias. Em sequência, terá a defesa do atleta o prazo de 5 dias para manifestar-se e apresentar as provas que tiver, sendo o processo remetido à Procuradoria para o oferecimento da denúncia, que deve ocorrer no prazo de dois dias. No retorno dos autos, o presidente sorteará (em 24 horas) o Auditor Relator e marcará, desde logo, a Sessão de Julgamento, que deverá acontecer no interregno máximo de 10 dias. Deve-se ressaltar que, uma vez proclamado o resultado, tal decisão produzirá efeitos de imediato, independentemente da presença das partes ou seus procuradores ao julgamento. O CBJD dispôs com rigor acerca das punições referentes à prática de dopagem, estendendo a penalidade de suspensão de 120 a 360 dias. Caberá a Revisão dos processos findos, sempre que a decisão for resultado de manifesto erro de fato ou prova falsa, tiver sido proferida contra literal disposição de lei ou contra evidência da prova ou ainda quando, após a decisão, se descobrirem provas da inocência do punido. Será admitida a Revisão até 3 anos após o trânsito em julgado da decisão condenatória, é incabível a revisão da decisão que importe em exclusão de competição, perda de pontos, de renda ou de mando de campo. A transação disciplinar desportiva poderá ser proposta pela Procuradoria, ao autor que causa atraso do inicio da partida, infrações relativas à disputa das partidas, provas ou equivalentes e infrações relativas à arbitragem. Não se admitirá a proposta de tramitação disciplinar desportiva quando: I - o infrator tiver sido beneficiado, no prazo de trezentos e sessenta dias anteriores à infração, pela transação disciplinar desportiva prevista no artigo 80-A; II - o infrator não possuir antecedentes e conduta desportiva justificadores da adoção da medida; III - os motivos e as circunstâncias da infração indicarem não ser suficiente a adoção da medida. Para a efetiva ocorrência da transação, deve haver a anuência do acusado (aceitação). Tal fato se dá uma vez que este poderá preferir se submeter ao julgamento, buscando a sua completa absolvição. Dessa forma, não pode a Procuradoria impor a formulação de transação desportiva, mas apenas sugeri-la. Medidas Inominadas: o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), perante seu órgão judicante e dentro da respectiva competência, em casos excepcionais e no interesse do desporto, em ato fundamentado, poderá permitir o ajuizamento de qualquer medida não prevista no Código, desde que requerida no prazo de 03 dias, contados da decisão, ato, despacho ou da inequívoca ciência do fato. Em tais medidas pode ser concedido efeito suspensivo ou liminar, quando houver fundado receio de dano irreparável, desde que o Presidente se convença da verossimilhança da alegação. Os réus, a procuradoria e as partes interessadas terão o prazo comum de 02 dias para apresentar suas contrarrazões. Súmula do STJD O CBJD, trata da possibilidade de edição de Súmulas, com efeitos vinculantes para todos os órgãos judicantes da respectiva modalidade, nas esferas regional e nacional. Para sua edição, revisão e/ou cancelamento, deverão se manifestar favoravelmente dois terços dos membros do Tribunal Pleno do STJD e o enunciado da Súmula deve ter por objeto a validade, interpretação e a eficácia de normas determinadas, sobre as quais haja controvérsia que acarrete insegurança jurídica e multiplicação de processos versando sobre questão idêntica. Apesar de a Súmula ter eficácia imediata, o Tribunal Pleno do STJD poderá excluir ou restringir seus efeitos vinculantes, ou mesmo decidir que esta só tenha eficácia a partir de outro momento. Audiência A sessão de instrução e julgamento é uma audiência una e pública (salvo determinação contrária do Presidente) e, para sua realização, deve ser observada a pauta, previamente elaborada de acordo com a ordem numérica dos processos, sendo certo que, tanto os processos especiais, como aqueles dos quais decorram pedidos de preferência pelas partes, terão prioridade. No dia e hora marcados, a sessão será aberta pelo Presidente, desde que exista quorum, que é de maioria simples dos auditores para sua realização. 60 minutos após à hora marcada para o início da sessão não tenha quorum suficiente para sua realização, o julgamento será adiado para a sessão seguinte, se a parte requerer. Concluída a fase instrutória, é dado prazo de dez minutos, sucessivamente, à Procuradoria e a cada uma das partes, para sustentação oral, quando duas ou mais partes forem representadas pelo mesmo defensor, o prazo será de 15 minutos. Encerados os debates, o Presidente indagará aos Auditores se pretendem algum esclarecimento ou diligência e, após os esclarecimentos, ou caso estes não existam, passa-se ao julgamento do processo. No julgamento, todos os Auditores, inclusive o Presidente, proferirão seus votos e, no caso de empate na votação, é atribuído ao Presidente o "voto de qualidade", salvo quando se tratar de imposição de pena disciplinar, que prevalecerão os votos mais favoráveis ao denunciado. Proclamado o resultado do julgamento, a decisão produzirá efeitos de imediato, independentemente de publicação ou da presença das partes ou seus procuradores na sessão,desde que regularmente intimados para comparecimento, mas, na hipótese de decisão condenatória, os efeitos produzir-se-ão a partir do dia seguinte à proclamação. Recursos O Autor, o Réu, o Terceiro Interveniente, a Procuradoria e a Entidade de administração do desporto poderão, mediante oferecimento de razões, no prazo de 3 dias, contados da proclamação do julgamento, interpor recurso voluntário, para instância imediatamente superior, acompanhado da respectiva prova do pagamento dos emolumentos devidos, sob pena de deserção. Recebidos os autos, o Presidente da instância superior competente para julgá-lo, fará a análise prévia dos requisitos recursais e, se considerá-los presentes, sorteará o relator, designará Sessão de Julgamento e abrirá vista dos autos para as partes contrárias e interessados impugnarem o recurso, no prazo comum de 03 dias. Os recursos não terão, a princípio, efeito suspensivo, porém, poderá o Relator concedê-lo, desde que se convença da verossimilhança das alegações do recorrente, ou quando a simples devolução da matéria puder causar prejuízo de difícil reparação. O recurso voluntário será automaticamente recebido no efeito suspensivo, quando a penalidade imposta pela decisão recorrida exceder o número de partidas ou o prazo definidos em lei, ou quando houver cominação de pena de multa. No recurso voluntário, não se admite a reformatio in pejus, ou seja, a penalidade não poderá ser agravada, salvo se interposto pela Procuradoria, porém, a penalidade poderá ser reformada em benefício do réu, total ou parcialmente, ainda que o recurso tenha sido exclusivamente interposto pela Procuradoria, por outro Réu ou por Terceiro Interveniente. Embargos de Declaração, nas hipóteses de obscuridade ou contradição na decisão, ou quando essa for omissa sobre ponto do qual deveria pronunciar-se o órgão judicante. Os Embargos de Declaração serão opostos, no prazo de 02 dias, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo. Interrompe o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes ou interessados. APOSTILA 4 Considera-se praticada a infração no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Infração disciplinar para os efeitos do código é toda ação ou omissão antidesportiva, típica e culpável. A omissão será juridicamente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado, incumbindo o dever de agir a quem tiver, por ofício, a obrigação de velar pela disciplina ou coibir violências. Estará a infração consumada quando nela reunirem-se todos os elementos de sua definição. Será tentada, quando iniciada a execução, esta não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Será dolosa a infração sempre que o agente quiser o resultado da infração ou assumir o risco de produzi-la, e culposa, quando o agente der causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. As noções de desistência voluntária, arrependimento eficaz e crime impossível, previstas no Código Penal, também são aplicadas no CBJD. O erro quanto à pessoa contra a qual a infração é praticada não isenta o agente de pena. Se a infração é cometida em obediência à ordem de superior hierárquico, não manifestamente ilegal, ou sob coação irresistível, só é punível o autor da ordem ou da coação. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas naturais, autoras, co- autoras ou partícipes do mesmo fato. A pessoa natural responsável pela infração cometida por pessoa jurídica será considerada co-autora. Os menores de 14 (quatorze) anos são considerados desportivamente irresponsáveis, ficando sujeitos, tão somente, a orientações de caráter pedagógico, devendo na reincidência de prática de ato antidesportivo ser responsabilizado o seu técnico ou representante legal na respectiva competição. Extingue-se a punibilidade: pela morte da pessoa natural infratora; pela extinção da pessoa jurídica infratora; pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como infração; pela prescrição e pela reabilitação. A pretensão punitiva disciplinar da Procuradoria prescreve em sessenta dias, quando o Código não lhe haja fixado outro prazo. Interrompe-se a prescrição pela instauração do inquérito e pelo recebimento da denúncia. A prescrição interrompida recomeça a correr do último ato do processo que a interrompeu. Os prazos de prescrição ou decadência ficarão suspensos durante período de recesso do órgão judicante; suspensa a prescrição, o prazo remanescente será contado a partir do término do período de suspensão. Penalidades I – advertência; II – multa; III – suspensão por partida; IV – suspensão por prazo; V – perda de pontos; VI – interdição de praça de desportos; VII – perda de mando de campo; VIII – indenização; IX – eliminação; X – perda de renda; XI – exclusão de campeonato ou torneio. Convém mencionar que as entidades de prática desportiva são solidariamente responsáveis pelas penas pecuniárias impostas a quaisquer pessoas naturais que lhes sejam direta ou indiretamente vinculadas, sendo certo que tal solidariedade não se afasta no caso de o infrator desligar-se da entidade e não se transmite à nova entidade, à qual o infrator venha a se vincular. O órgão judicante, na fixação das penalidades entre limites mínimos e máximos, levará em conta a gravidade da infração, a sua maior ou menor extensão, os meios empregados, os motivos determinantes, os antecedentes desportivos do infrator e as circunstâncias agravantes e atenuantes. São circunstâncias que agravam: ter sido praticada com o concurso de outrem; ter sido praticada com o uso de instrumento ou objeto lesivo; ter o infrator concorrido para a prática de infração mais grave; ter causado prejuízo patrimonial ou financeiro; ser o infrator membro ou auxiliar da justiça desportiva, membro ou representante da entidade de prática desportiva, ser o infrator reincidente. São atenuantes: ser o infrator menor de dezoito anos, na data da infração; não ter o infrator sofrido qualquer punição nos doze meses anteriores à data do julgamento; ter sido a infração cometida em desafronta a grave ofensa moral; ter o infrator confessado infração atribuída a outrem. As penas serão diminuídas pelas metade quando for cometida por pessoa física praticante de desporto não profissional ou por entidade participe de competição que congregue exclusivamente atletas não profissionais. Quando o agente mediante uma única ação pratica duas ou mais infrações, a pena maior absorve a de pena menor. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica duas ou mais infrações, aplicam-se cumulativamente as penas. A entidade de prática desportiva que der causa a não realização ou ao impedimento do prosseguimento de partida, prova ou equivalente que estiver disputando por simulação de contusão, por insuficiência numérica intencional de seus atletas ou por qualquer forma, terá multa de R$ 100,00 a R$ 100.000,00. A intenção do legislador foi responsabilizar objetivamente, com maior ou menor severidade, a depender da situação fática, as entidades de prática desportiva por atos inconvenientes praticados por seus torcedores. Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes. Caso a desordem, invasão ou lançamento de objeto seja feito pela torcida da entidade adversária, tanto a entidade mandante como a entidade adversária serão puníveis, mas somente quando comprovado que também contribuíram para o fato. Atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente, multa de R$100,00 a R$ 100.000,00, e suspensão de seis a doze partidas,provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, ou pelo prazo de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código; no caso de reincidência, a pena será de eliminação. Infração arbitragem A conduta deixar de observar as regras da modalidade é apenada com suspensão de quinze a cento e vinte dias e, na reincidência, suspensão de sessenta a duzentos e quarenta dias, cumuladas ou não com multa, de R$100,00 a R$ 1.000,00. Neste caso, a partida, prova ou equivalente poderá ser anulada se ocorrer, comprovadamente, erro de direito relevante o suficiente para alterar seu resultado, sendo facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. A conduta omitir-se no dever de prevenir ou de coibir violência ou animosidade entre os atletas, no curso da competição” é apenada com suspensão de trinta a cento e oitenta dias e, na reincidência, suspensão de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias, cumuladas ou não com multa, de R$ 100,00 a R$ 1.000,00. Incumbe aos Tribunais de Justiça Desportiva e ao STJD, no prazo de trezentos e sessenta dias, emitir ato normativo, no âmbito de sua competência, dispondo sobre critérios para conversão de pena, quando assim admitido pelo Código, em medida de interesse social, que, entre outros meios legítimos, poderá se dar mediante a prestação de serviço comunitário nos campos da assistência social, do desporto, da cultura, da educação, da saúde, do voluntariado, além da defesa, preservação e conservação do meio ambiente. APOSTILA 5 Estatuto do Torcedor tem o objetivo de estabelecer normas de proteção e defesa do torcedor, relativas à sua segurança e conforto, à transparência e publicidade na organização das competições desportivas profissionais, à independência e imparcialidade da arbitragem dessas competições, à moralidade, celeridade e independência dos órgãos da Justiça Desportiva e à responsabilização dos dirigentes desportivos pelo descumprimento de suas obrigações legais. Torcedor é toda pessoa que aprecie, apoie ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do país e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva. O Estatuto do Torcedor dispõe acerca de diversas questões específicas do interesse do torcedor, tais como a obrigação de divulgação de tabelas e regulamentos das competições com antecedência mínima de sessenta dias do seu início; a possibilidade de participação dos torcedores, jornalistas e mesmo os atletas na constituição destes regulamentos, através do encaminhamento de sugestões através das ouvidorias obrigatórias com a nova lei; punição para dirigentes desportivos violadores das regras básicas de higiene e segurança, dentre outras. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas, sendo assegurada a acessibilidade ao torcedor portador de deficiência ou com mobilidade reduzida. São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei: I - estar na posse de ingresso válido; II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência; III - consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança; IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo; V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos; VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo; VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos; VIII - não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que seja a sua natureza; IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores e X - não utilizar bandeiras para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável. As entidades de prática desportiva detentoras dos mandos dos jogos, bem como seus dirigentes, passaram a ser responsabilizadas pela segurança do torcedor, tendo o dever de solicitar, ao Poder Público, a presença de agentes públicos de segurança, informando aos órgãos responsáveis pela segurança, transporte e higiene os dados necessários à segurança das partidas, em especial o local do evento, o horário de abertura, a capacidade e a expectativa de público. A entidade responsável pela organização da competição, bem como os seus dirigentes, respondem solidariamente com a entidade de prática desportiva, detentora do mando de campo, independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos causados ao torcedor que decorram de falhas de segurança nos estádios ou da inobservância de quaisquer das regras de segurança dispostas no estatuto. É direito do torcedor partícipe que os ingressos para as partidas integrantes de competições profissionais sejam colocados à venda até setenta e duas horas antes do início da partida correspondente. A entidade de prática desportiva detentora do mando de campo deverá disponibilizar pelo menos cinco postos de venda localizados em distritos diferentes da cidade. É garantido ao torcedor o acesso a transporte seguro e organizado; a ampla divulgação das providências tomadas em relação ao acesso ao local da partida seja em transporte público ou privado e a organização das imediações do estádio em que será disputada a partida, bem como suas entradas e saídas, de modo a viabilizar, sempre que possível, o acesso seguro e rápido ao evento, na entrada, e aos meios de transporte, na saída. É dever do poder público, por meio de seus órgãos de vigilância sanitária, verificar o cumprimento das normas básicas de higiene referentes às instalações físicas do estádio e também dos produtos alimentícios comercializados em seu interior. Os dirigentes da entidade de prática desportiva detentora do mando de campo e da entidade organizadora do evento poderão ser suspensos por seis meses de suas atividades, caso não viabilizem a consecução dos direitos do torcedor. É direito do torcedor partícipe que os estádios possuam sanitários em número compatível com sua capacidade de público, em plenas condições de limpeza e funcionamento. A entidade desportiva detentora do mando de campo de jogo e aos seus dirigentes, caberá, com o auxílio dos agentes públicos de segurança, garantir a integridade física do árbitro e de seus auxiliares. O Estatuto criminaliza a conduta do torcedor que promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos com pena de reclusão de 1 a 2 anos e multa, incorrendo nas mesmas penas aquele que: I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento e II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência. APOSTILA 6 Marca de alto renome é aquela marca que é conhecida por consumidores pertencentes a diversos segmentos de mercados diferentes daquele mercado que corresponde aos produtos ou serviços protegidos por esta marca. Além desta característica, a marca de alto renome possui o goodwill, ou seja, esta marca ganhou um grande reconhecimento e goza de boa reputação perante os consumidores, pois estes reconhecem que os produtos ou serviços identificados pela marca são de excelente qualidade . O INPI adotará regime especial para os procedimentos relativos a pedidos de registrode marca apresentados pela FIFA ou relacionados à FIFA. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que sediarão os Eventos e as demais autoridades competentes deverão colaborar para assegurar à FIFA e às pessoas por ela indicadas a autorização para, com exclusividade, divulgar suas marcas, distribuir, vender, dar publicidade ou realizar propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, nos Locais Oficiais de Competição, nas suas imediações e principais vias de acesso. A ”Lei Geral da Copa” não libera, nem tampouco proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, limitando-se afastar a aplicação supletiva do artigo 13-A, inciso II, do Estatuto do Torcedor durante as Competições, o que provocou muita polêmica, especialmente em relação à eventual violação à soberania nacional. A FIFA é a titular exclusiva de todos os direitos relacionados às imagens, aos sons e às outras formas de expressão dos Eventos, incluindo os de explorar, negociar, autorizar e proibir suas transmissões ou retransmissões. A FIFA é obrigada a disponibilizar flagrantes de imagens dos Eventos aos veículos de comunicação interessados em sua retransmissão, em definição padrão (SDTV) ou em alta definição (HDTV), a critério do veículo interessado. Deverão ser concedidos, sem qualquer restrição quanto à nacionalidade, raça ou credo, vistos de entrada, para todos os membros da delegação da FIFA, todos os espectadores que possuam Ingressos ou confirmação de aquisição de Ingressos válidos para qualquer Evento e todos os indivíduos que demonstrem seu envolvimento oficial com os Eventos, contanto que evidenciem de maneira razoável que sua entrada no País possui alguma relação com qualquer atividade relacionada aos Eventos. Serão emitidas as permissões de trabalho, caso exigíveis, para os membros da delegação da FIFA, desde que comprovado, por documento expedido pela FIFA ou por terceiro por ela indicado, que a entrada no País se destina ao desempenho de atividades relacionadas aos Eventos. Responsabilidade Civil A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos Eventos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano. A União poderá constituir garantias ou contratar seguro privado, ainda que internacional, em uma ou mais apólices, para a cobertura de riscos relacionados aos Eventos. Para cada partida das Competições, a FIFA fixará os preços dos ingressos, que serão personalizados com a identificação do comprador e classificados em 4 categorias, numeradas de 1 a 4, com preços fixados para cada categoria em ordem decrescente, sendo o mais elevado o da categoria 1. Os Ingressos da categoria 4 serão vendidos com desconto de 50% para os residentes no País, que se enquadrem nas seguintes categorias: estudantes, pessoas com idade igual ou superior a 60 anos e participantes de programa federal de transferência de renda. Os entes federados e a FIFA poderão celebrar acordos para viabilizar o acesso e a venda de Ingressos em locais de boa visibilidade para as pessoas com deficiência e seus acompanhantes, sendo assegurado, na forma do regulamento, pelo menos, 1% (um por cento) do número de Ingressos ofertados. São condições para o acesso e permanência de qualquer pessoa nos Locais Oficiais de Competição, entre outras: I. Estar na posse de Ingresso ou documento de credenciamento, devidamente emitido pela FIFA ou pessoa ou entidade por ela indicada; II. não portar objeto que possibilite a prática de atos de violência; III. consentir na revista pessoal de prevenção e segurança; IV. não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista, xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação; V. não entoar xingamentos ou cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos; VI. não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo; VII. não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos, inclusive instrumentos dotados de raios laser ou semelhantes, ou que os possam emitir, exceto equipe autorizada pela FIFA, pessoa ou entidade por ela indicada para fins artísticos; VIII. não incitar e não praticar atos de violência, qualquer que seja a sua natureza; IX. não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores, Representantes de Imprensa, autoridades ou equipes técnicas; e X. não utilizar bandeiras para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável. Penas A conduta Marketing de Emboscada por Associação, consiste em divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem econômica ou publicitária, por meio de associação direta ou indireta com os Eventos ou Símbolos Oficiais, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, induzindo terceiros a acreditar que tais marcas, produtos ou serviços são aprovados, autorizados ou endossados pela FIFA” é apenada com detenção de 3 meses a 1 ano ou multa. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, vincular o uso de Ingressos, convites ou qualquer espécie de autorização de acesso aos Eventos a ações de publicidade ou atividade comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica. O serviço voluntário que vier a ser prestado por pessoa física para auxiliar a FIFA, a Subsidiária FIFA no Brasil ou o COL na organização e realização dos Eventos constituirá atividade não remunerada, nas seguintes condições: I. não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim para o tomador do serviço voluntário, sendo que concessão de meios para a prestação do serviço voluntário, a exemplo de transporte, alimentação e uniformes, não descaracteriza a gratuidade do serviço voluntário; e II. será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade contratante e o voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias, desde que expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. A Lei Geral da Copa seria uma lei especial, direcionada a constituir regras específicas para a realização do evento Copa do Mundo, de titularidade da FIFA, no Brasil, motivo pelo qual não entraria em atrito com a regra geral aplicável às relações de consumo. A Lei Geral da Copa confere uma série de prerrogativas em favor da FIFA como, por exemplo, assegurando a ela proteção especial nos direitos de propriedade industrial relacionados à Copa, a concessão irrestrita de vistos de entrada e permissão de trabalho aos membros da delegação FIFA e a todos os sujeitos de alguma forma vinculados à realização dos eventos, além de instituir três novos tipos penais em nosso ordenamento jurídico.
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