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INTRODUÇÃO A PRÁTICA CLÍNICA “A TERAPIA NÃO É DEFINIDA PELAS TÉCNICAS QUE SÃO EMPREGADAS, MAS PELA ÊNFASE QUE O TERAPEUTA DÁ AO PAPEL DOS PENSAMENTOS NA CAUSA E NA MANUTENÇÃO DOS TRANSTORNOS” (BECK, 1976) Crença Central “eu sou incompetente” Crença Intermediária “se eu não entendo algo, eu sou burro” Pensamento Automático Situação Aula Reações Emocional Tristeza Fisiológica Desconforto Comportamental Sai da Sala “isso é difícil demais... Eu jamais vou aprender” MODELO SIMPLIFICADO DA TCC Sintomas Fisiológicos Respostas Comportamentais Experiência Subjetiva MODELO COGNITIVO Identificar, examinar e modificar as cognições distorcidas ou disfuncionais em três níveis: Pensamentos Automáticos (PA) Crenças Intermediárias (Pressupostos Subjacentes e Regras) Crenças Nucleares (Esquemas) A abordagem cognitiva salienta a importância de testar a construção que o paciente faz da realidade na comparação com os fatos à medida que estes se tornam disponíveis Mudança na cognição Mudança no comportamento PRINCIPAIS TÉCNICAS Principais Técnicas Técnicas Cognitivas Pensamentos Automáticos Crenças Intermediárias Crenças Nucleares Técnicas Comportamentais TÉCNICAS COGNITIVAS MODIFICANDO PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS Brotam em nossas mentes sem que haja nenhuma reflexão ou deliberação. Costumam ser considerados como verdades incontestáveis para quem os têm, mesmo antes de qualquer avaliação. Não se limitam a pessoas ansiosas, deprimidas ou com qualquer forma de adoecimento emocional ou psicológico, na verdade todos nós somos tomados por eles Nem todos os pensamentos automáticos são ruins, alguns podem ser positivos como: "sei que posso fazer isso" ou "no final tudo dá certo Os pensamentos automáticos responsáveis por adoecimentos e sofrimentos são chamados Pensamentos Automáticos Disfuncionais ou erros cognitivos COMO IDENTIFICAR PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS? Pensamentos automáticos são repetitivos: Alguém que apresenta o pensamento automático “Nada do que eu faço dá certo” vai apresentar o mesmo pensamento diversas vezes. Pensamentos automáticos são previsíveis: Apesar de surgirem de forma espontânea, eles são previsíveis, por exemplo, alguém que tem o pensamento “Ninguém se importa comigo” vai tê-lo sempre que isso for propicio: se esquecerem do seu aniversário, se não o cumprimentarem, se atrasarem para buscá-lo, etc. ESTRATÉGIAS DE MODIFICAÇÃO DOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS Questionamento socrático RPD Geração de Alternativas Racionais Identificação de Erros Cognitivos Exame das Evidências Descatastrofização Reatribuição Ensaio Cognitivo Cartões de Enfrentamento QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO 1. Faça perguntas que revelem oportunidades de mudança. O quanto o pensamento influencia emoções e comportamentos. 2. Faça perguntas que tragam resultados. 3. Faça perguntas que envolvam o paciente no processo de aprendizagem. 4. Elabore perguntas de forma que seja produtivo para o paciente. 5. Evite fazer perguntas de comando EXEMPLO Em uma sessão de terapia, a paciente diz “sinto que não sou uma boa mãe, pois gritei com meu filho quando ele não estava se comportando bem”. Para questionar a paciente socraticamente, o terapeuta pode escolher uma ou mais das formulações seguintes, a fim de guiá-la na descoberta de evidências que comprovem se esta afirmação é verdadeira ou não: 1. “O que é mesmo ser uma boa mãe? Dessas características, enumeradas por você, do que é ser uma boa mãe, quais você possui? ” 2. “Quem você considera uma boa mãe? Por que [essa pessoa] é considerada uma boa mãe? ” 3. “O que uma boa mãe faz após ter gritado com o filho e se sentido mal com isso? ” 4. “O que você acha que estava sentindo antes de gritar com seu filho o que você acha que estava pensando antes de gritar com seu filho? ” 5. “As habilidades que uma pessoa necessita para ser uma boa mãe já nascem com ela, ou a pessoa pode aprender a ser uma boa mãe? ””. REGISTRO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RPD) Reconhecer pensamentos automáticos Identificar erros cognitivos, examinar as evidências, gerar alternativas racionais Observar resultados positivos para modificar seus pensamentos O Registro de Pensamentos ajuda a desenvolver um conjunto de habilidades que melhoram seus estados de humor e suas relações, levando a mudanças positivas em sua vida. As três primeiras colunas de um Registro de Pensamentos distinguem determinada situação de estado de humor, reações físicas e pensamentos que você teve na situação. O Registro de Pensamentos é uma ferramenta que o ajuda a desenvolver novos modos de pensar para que possa se sentir melhor. Como ocorre sempre no desenvolvimento de uma nova habilidade, você precisa praticar o uso do Registro de Pensamentos até que ele se torne uma ferramenta confiável para ajudá-lo a se sentir melhor. EXEMPLO RPD DEBATE SOCRÁTICO Quais são as evidências que apóiam essa idéia? Quais são as evidências contra essa idéia? Existe uma explicação alternativa? Qual é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso? DEBATE SOCRÁTICO O que é o melhor que poderia acontecer? Qual é o resultado mais realista? Qual é o efeito da minha crença no pensamento automático? O que eu deveria fazer em relação a isso? O que eu diria (a um amigo) se ele ou ela estivesse na mesma situação? GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS RACIONAIS ≠ de Pensamento Positivo, tentando mascarar o problema, ignorando possíveis dificuldades pessoais ou minimizando riscos genuínos Enxergar circunstâncias da forma mais racional possível e trabalhar maneiras mais adaptativas de lidar com os problemas DESENVOLVIMENTO DE PENSAMENTOS LÓGICOS Abra sua mente para as possibilidades: cientista ou detetive (evitando a precipitação, buscando evidências) Pense como pensava antes de estar deprimido ou ansioso. Em algum momento da vida obteve sucesso Faça e explique um brainstorm Considerar uma lista de todas as idéias possíveis, factíveis ou não e depois ver quais podem ser mais lógicas Aprenda com os outros IDENTIFICAÇÃO DE ERROS COGNITIVOS Explicar erros cognitivos em terapia, usando exemplo do próprio discurso do paciente EXAME DAS EVIDÊNCIAS Pensamento Automático: “vou perder meu emprego” Evidências a favor do PA • A minha produtividade caiu • Recebi uma advertência • Minha equipe não atingiu a meta Evidências contra o PA • A empresa está com poucos funcionários • Estou nesta empresa há 10 anos • A empresa não tem histórico de demissão irracional • Não fui comunicada sobre perder meu emprego ERRO COGNITIVO: IGNORANDO AS EVIDÊNCIAS “Em 10 anos na mesma empresa, tive somente uma reclamação” É improvável que eu perca meu emprego Eles não vão me demitir Eles estão tentando me auxiliar na melhora da produtividade FATOS VERSUS INTERPRETAÇÕES Fatos São geralmente aspectos com que todos concordariam em uma situação, como “Era terça-feira à noite” ou “A expressão no rosto de Júlia mudou” Interpretações São aspectos a respeito dos quais pessoas olhando para uma mesma situação podem discordar DESCATASTROFIZANDO Faça uma estimativa da probabilidade de ocorrer um resultado catastrófico, pedindo ao paciente para classificar sua crença em uma escala de 0 a 100%. Anote as respostas: Avalie as evidências contra e a favor de ocorrência do evento. Monitore a ocorrência de erros cognitivos e utilize o questionamento socrático para ajudá-lo a discriminar entre temores e fatos Revise a lista de evidências e peça ao paciente para refazer as estimativas da probabilidade de ocorrer uma catástrofe Avalie a percepção do controle, pedindo ao paciente para classificar até que ponto acredita ter controle sobre a ocorrência ou o resultado do evento. DESCATASTROFIZANDO Crie um plano de ação, fazendo um brainstorm das estratégias para redução da probabilidade de que a catástrofe ocorra. Desenvolvaum plano para enfrentar a catástrofe, caso ocorra Reavalie a percepção da probabilidade do resultado catastrófico, bem como o grau de percepção do controle sobre o resultado. Compare-os com os originais e discuta as diferenças Faça uma análise, perguntando ao paciente como foi falar sobre seus pensamentos catastróficos dessa maneira. Reforce esse processo. REATRIBUIÇÃO ATRIBUIÇÕES SÃO OS SIGNIFICADOS QUE AS PESSOAS DÃO A EVENTOS DE SUA VIDA Dimensões de atribuições distorcidas Interno X Externo Pessoas deprimidas tendem a internalizar a culpa e a responsabilidade por resultados negativos Geral X Específico Na depressão, as atribuições serão mais provavelmente devastadoras e globais do que específicas a um problema Invariável X Variável Os deprimidos fazem atribuições que são invariáveis e preveem pouca ou nenhuma mudança ATRIBUIÇÕES SAUDÁVEIS • Questionamento Socrático • RPD • Exame das Evidências • Gráfico com as dimensões das atribuições BRAINSTORM: PERGUNTAS PARA SE OBTER OUTRAS PERSPECTIVAS DO PROBLEMA E quanto a outras pessoas que poderiam influenciar a situação? Parentes? Amigos? E o papel da sorte ou do destino? Pode ser genético? E o chefe no trabalho? E o casamento como vai? GRÁFICO COM AS DIMENSÕES DAS ATRIBUIÇÕES ENSAIO COGNITIVO PENSE SOBRE A SITUAÇÃO COM ANTECEDÊNCIA Identifique possíveis PANs e comportamentos Modifique os PANs fazendo RPD ou outra técnica da TCC Ensaie o modo mais adaptativo de pensar e se comportar em sua mente Implemente a nova estratégia Ensaiar o novo plano na sessão CARTÕES DE ENFRENTAMENTO Escolha uma situação que seja importante para o paciente Planeje intervenções na terapia com o objetivo de produzir um cartão de enfrentamento Avalie se o paciente está pronto para implementar estratégias com um cartão de enfrentamento. Não tente fazer muita coisa rápido demais. Comece com uma tarefa administrável Seja específico na definição da situação e dos passos a serem seguidos para lidar com o problema Filtre as instruções até a sua essência. Instruções facilmente memorizadas tem maior probabilidade de se solidificar Seja prático. Sugira estratégias que tenham alta probabilidade de sucesso Defenda o uso frequente do cartão em situações da vida real EXEMPLO DE CARTÃO DE ENFRENTAMENTO • Situação: Executivos da empresa estão chegando para fazer um levantamento de nossos problemas de produção Lembrar a mim mesmo: Estamos muito próximos de atingir nossa meta de produção Outros grupos de trabalho em minha fábrica estão piores do que nós Eles não estão preocupados comigo. A pressão cairá sobre meus chefes Eles só vão fazer uma ou duas perguntas. Eles não vão me interrogar IDENTIFICANDO E MODIFICANDO CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS IDEIAS OU ENTENDIMENTOS MAIS PROFUNDOS GERALMENTE NÃO ARTICULADOS QUE OS PACIENTES TÊM A RESPEITO DE SI, DOS OUTROS E DO SEU MUNDO PESSOAL, QUE SUSCITAM PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS ESPECÍFICOS TIPOS DE CRENÇA Crenças intermediárias Compostas por regras, atitudes e pressupostos Crenças Nucleares Ideias globais rígidas a respeito de si, dos outros e do mundo DEFINIÇÃO • As crenças são ideias ou entendimento mais profundos frequentemente desarticulados que os pacientes têm sobre si mesmos, os outros e seus mundos pessoais que dão lugar apensamentos automáticos específicos. • Essas ideias não são, em geral, expressadas antes da terapia, mas podem facilmente ser extraídas do paciente e testadas. CONCEITUAÇÃO COGNITIVA • Orientar o paciente a trabalhar nos pensamentos automáticos antes de modificar diretamente as suas crenças • O terapeuta deve começar preenchendo o diagrama de conceituação cognitiva assim que tiver reunido dados sobre os pensamentos automáticos, emoções, comportamentos e/ou crenças típicas do paciente. • Este diagrama retrata o relacionamento entre as crenças centrais, intermediárias e os pensamentos automáticos atuais. CONCEITUAÇÃO COGNITIVA Elaboração de Hipóteses Diagnóstico Problemas atuais Como esses problemas se desenvolveram? Que pensamentos e crenças disfuncionais estão associados Reações fisiológicas e comportamentais Aprendizagens e experiencias antigas Crenças subjacentes e pensamentos Mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais Estressores TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS AUMENTAR O COMPORTAMENTO POSITIVO ENQUANTO DIMINUI O NEGATIVO PRINCIPAIS TÉCNICAS Automonitoramento Programação de Atividades Atividades com Previsão de Prazer e Habilidade Tarefas Graduais Solução de Problemas Treino de Assertividade Treino de Comunicação Escuta Ativa TÉCNICAS COMPLEMENTARES Alvos Comportamentais Modelagem Ensaio Comportamental Exposição com Prevenção da Resposta Hierarquia de respostas/estímulos Auto-Recompensa ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL • Descreve um procedimento simples que envolve o paciente em um processo de mudança e estimula o movimento positivo e a esperança. • Utilizada na primeira sessão e em outras sessões iniciais antes de se realizar análises ou intervenções comportamentais mais detalhadas (p. ex., programações de atividades, tarefas graduais). • Pacientes com casos mais graves de depressão podem perder a esperança e desistir de tentar mudar. UTILIZAÇÃO DA ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL • Desenvolva um relacionamento colaborativo antes de tentar a ativação comportamental. Não coloque “a carroça na frente dos bois”. Sem uma boa colaboração entre paciente e terapeuta, as tentativas de implementar a ativação comportamental podem fracassar. Parte do motivo de o paciente conseguir realizar a tarefa é que ele quer trabalhar com você e conseguir entender os motivos para a mudança. • Deixe o paciente decidir. Embora você possa ajudar a orientar o paciente para ações que podem ser úteis, sempre que possível peça a ele para fazer a escolha. • Avalie se o paciente está pronto para a mudança. Antes de sugerir a ativação comportamental, avalie a motivação e a abertura do paciente para dar esse passo. Se o paciente não estiver interessado em fazer as coisas de maneira diferente naquele momento ou não estiver pronto para tomar uma atitude, não utilize a intervenção. Por outro lado, se o paciente estiver aberto para começar a fazer um movimento positivo, é sinal de que é o momento para orientá-lo a agir. UTILIZAÇÃO DA ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL • Prepare o paciente para a ativação comportamental. Conduza até a tarefa através de questionamento socrático ou outras intervenções da TCC que abram o caminho para a mudança. Procure fazer perguntas que ensinem o paciente a pensar quanto aos benefícios de agir ou que o motivem a fazer coisas diferentes. Uma das melhores perguntas é: “Como essa mudança faria você se sentir?”. Se a resposta for positiva e a ação tiver uma chance razoável de ser eficaz, é provável que o paciente a faça. • Elabore tarefas que sejam administráveis. Escolha exercícios de ativação comportamental que combinem com o grau de energia do paciente e com sua capacidade para a mudança. Verifique os detalhes do plano comportamental para ter certeza de que ele seja um desafio suficientemente grande, mas que não sobrecarregue o paciente. Se necessário, treine o paciente brevemente em maneiras de fazer o plano funcionar bem. PROGRAMAÇÃO DE ATIVIDADES • Método comportamental sistemático para reativar pessoas e ajudá-las a encontrar maneiras de melhorar seu interesse pela vida. • O foco está na avaliação de ações e no aumento de habilidades e de prazer. AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES AUMENTANDO AS HABILIDADES E O PRAZER PLANEJAMENTO DE TAREFAS GRADUAIS • O planejamento de tarefas graduais (PTG) é um método para fazer com que tarefas muito grandes pareçam mais administráveis mediante a sua divisão em partes menores e, assim, ser mais facilmente realizadas. • O componente comportamental do PTG consiste em fazer uma lista das partes de uma tarefa e depois colocá-lasem uma ordem lógica. ENSAIO COMPORTAMENTAL Verificar a capacidade do paciente de realizar a atividade; Praticar as habilidades comportamentais; Dar feedback ao paciente; Identificar possíveis obstáculos; Treinar o paciente para garantir que o plano terá um resultado positivo. AUTOMONITORAMENTO • Procedimento utilizado para a observação, avaliação e intervenção comportamental • Essa técnica fornece dados para conduzir análises funcionais, delimitar objetivos de intervenção, planejá-la e avaliar os resultados SOLUÇÃO DE PROBLEMAS • Quando as pessoas têm dificuldades em resolver seus problemas, isso pode estar relacionado a um déficit de desempenho ou a um déficit de habilidade. Obstáculos para a efetiva solução de problemas Comprometimento Cognitivo Sobrecarga Emocional Distorções Cognitivas Evitação Fatores Sociais Problemas Práticos Fatores Estratégicos COMO TRABALHAR COM DÉFICITS NAS HABILIDADES DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS Acalme-se e tente discernir Escolha um alvo Defina o problema de modo preciso Gere soluções Selecione a solução mais razoável Implemente o plano Avalie o resultado e respeite as etapas anteriores, se necessário Comprometimento Cognitivo • Organizar o ambiente físico • Uso do controle de estímulos Sobrecarga Emocional • Minimizar a intensidade da emoção Distorções Cognitivas
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