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Dalila Fassarella Corrêa Transtornos psicóticos 1. Introdução. ✓ Psicose. • Ruptura com a realidade – indivíduo não sabe diferenciar o que real/irreal, interno/externo e acaba misturando tais condições. • Manifestação/sintomas. - Delírios. - Alucinações. - Desorganização/desagregação do pensamento e comportamento. - Prejuízo sócio-ocupacional. • Evolução aguda ou crônica. - Quadros relacionados a causas externas (drogas, medicações, doenças médicas) são mais agudos; duração depende do tto adequado e da retirada da causa de base. - Quadros relacionados a transtornos psiquiátricos costumam ser mais crônicos. 2. Transtornos psicóticos existentes (DSM-5). ✓ Esquizofrenia. ✓ Transt. Psicótico breve. ✓ Transt. Esquizofreniforme. ✓ Transt. Delirante persistente. ✓ Transt. Esquizoafetivo. ✓ Transt. Psicótico induzido por substâncias. ✓ Transt. psicótico devido a outra condição médica. Obs.: transt. esquizotípicos na CID-10 é classificado dentro de transt. psicóticos, porém no DSM-5 é classificado dentro de transt. de personalidade. 3. Esquizofrenia. ✓ Grave, heterogêneo, causa desconhecida. ✓ Evolução crônica, persiste por toda vida. ✓ Distúrbios das funções psíquicas: pensamento, sensopercepção e afeto. ✓ Inicialmente, consciência clara e capacidade intelectual mantida, embora possa ocorrer déficit cognitivo com a evolução. ✓ Antigamente chamado de “demência precoce”. ✓ Epidemiologia. • Transt. psicótico mais comum – 1% da pop. • Prevalência igual entre homens e mulheres. - Homem: início mais precoce (10-25a); maior probabilidade de sintomas negativos. - Mulher: início entre 25-35a; segundo pico na meia-idade. • Mto raro: início antes do 10a ou após os 60a. - Quando ocorre > 60a, pesquisar causa orgânica! • EQZ de início tardio: > 45a. ✓ Etiologia. • Modelo de estresse-diátese. - Vulnerabilidade biológica específica (diátese), que, ativada pelo estresse, permitiria o aparecimento dos sintomas. - Fatores estressores podem ser genéticos1, neurobiológicos2, psicossociais3 e ambientais. 1) Estudos com gêmeos, filhos adotivos e incidência familiar sugerem influência genética. 2) Atividade dopaminérgica exacerbada; interação de sistemas múltiplos de NTs. 3) Diversas teorias (duplo vínculo, cisões e famílias assimétricas etc); significado simbólico dos sintomas*; traumas emocionais, drogas e separações. *Delírios e alucinações não são iguais – o conteúdo da psicose manifestada é relacionada a história do pct, o que ele vive, seus traumas. • Manifestações clínicas – sinais e sintomas. - Pré-mórbidos (podem estar presentes ou não). ▪ Personalidade esquizoide ou esquizotípica – quietos, passivos e introvertidos. ▪ Infância: poucos amigos. ▪ Adolescência: sem amigos próximos, sem interesses românticos e evitação de esportes de equipe. - Prodrômicos. ▪ Sintomas somáticos, interesse por ideias abstratas, filosofia, questões ocultas ou religiosas, comportamento acentuadamente excêntrico, afeto anormal, discurso incomum, ideias bizarras e experiências perceptuais estranhas, ansiedade, angústia. ▪ Essa fase prodrômica (tb chamada de “trema”) pode durar anos; mtos pacientes pensam ser depressão. - Sintomas positivos (produção de sintomas). ▪ Delírios. ▪ Alucinações. ▪ Distorções ou exageros da linguagem e da comunicação. ▪ Discurso desorganizado. ▪ Comportamento catatônico. Dalila Fassarella Corrêa ▪ Agitação. - Sintomas negativos (perda das funções psíquicas). ▪ Embotamento afetivo. ▪ Retraimento emocional. ▪ Passividade. ▪ Retraimento social apático. ▪ Dificuldade no pensamento abstrato. ▪ Falta de espontaneidade. ▪ Pensamento estereotipado. ▪ Alogia: restrições na fluência e na produtividade do pensamento e da fala. ▪ Avolição: restrições na iniciação de comportamento dirigido para metas. ▪ Anedonia. ▪ Déficit de atenção. ▪ Lentificação psicomotora. ▪ Apragmatismo. ✓ Os diferentes domínios de sintomas da EQZ são hipoteticamente regulados por regiões cerebrais específicas. ✓ Diagnóstico. • Clínico – fenomenológico. • Alucinações/delírios não são necessários. • Sintomas positivos e negativos podem estar presentes em outros transtornos. • Não há exame complementar para confirmar o diagnóstico de EQZ, e sim para excluir causas orgânicas/outras condições médicas. • Bleuler: sintomas fundamentais (os 4 As) e acessórios (delírios, alucinações e outros). - Associação (prejuízo). - Afeto (alteração). - Autismo (retraimento social). - Ambivalência (afetiva). • Kurt Schneider: hierarquia dos sintomas. De primeira ordem: - Percepção delirante. - Vozes que dialogam entre si. - Vozes que comentam as atividades do pct. - Alteração da consciência do eu (roubo do pensamento, publicação do pensamento, vivências de influência). De segunda ordem: - Os outros (sintomas negativos). • DSM-5. - Pelo menos 1 desses, por no mín. 1 mês: ▪ Delírio. ▪ Alucinação. ▪ Discurso desorganizado. (+) - Pelo menos 1 desses, por no mín. 6 meses, trazendo prejuízo funcional: ▪ Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. ▪ Sintomas negativos e de expressão emocional diminuída. • CID-10. 4) Curso e prognóstico da EQZ. ✓ Crônico com exacerbações e remissões. • Geralmente, sintomas de base são negativos e sintomas positivos vêm nas exacerbações. ✓ Ao longo do quadro, sintomas positivos tendem a e os negativos podem se tornar mais graves. ✓ A cada recaída, segue-se uma deterioração adicional ao funcionamento básico. • Esse fracasso em retornar ao nível anterior de funcionamento é a principal distinção entre a EQZ e os transt. do humor. ✓ Vulnerabilidade ao estresse costuma se manter por toda vida. ✓ A maioria dos pcts tem vidas caracterizadas por falta de objetivos, inatividade, hospitalizações freq., e falta de moradia/pobreza (não possuem suporte social). 5) Tto da EQZ: APs + estratégias psicossociais. ✓ Antipsicóticos. • APs típicos e atípicos. • Podem demorar de 3-8 semanas para produzir algum efeito. • Mais comuns / doses usuais: Dalila Fassarella Corrêa • APs de depósito (ex.: 1x/mês) aumentam a adesão ao tto. • Ep. psicótico agudo: IM até que a medicação VO faça efeito. ✓ Estratégias psicossociais. • Psicoterapia. • Treinamento de habilidades sociais. • Terapia ocupacional. • Comunicação interpessoal. • Objetivo: capacitar pct com dça grave a desenvolver habilidades sociais e vocacionais para vida independente. • CAPS, hospital-dia, residência terapêutica*, ambulatório. *Moradia, na maioria das vezes, definitiva, para pct cujo sofrimento mental é mto grande e o abandono é praticamente total; pessoas que não necessariamente precisam ficar em sistemas fechados com ttos pesados. ✓ Internação: quando houver indicação. • Curta duração (suficiente pra tirar da crise e prosseguir com o tto em casa). • Objetivo: proteção (e não exclusão) do pct. 6) Subtipos da EQZ. ✓ DSM-5: abandonou a classificação em subtipos (pouca importância na prática clínica). ✓ CID-10 {sintomas mais importantes}. • EQZ Paranoide (+comum) – delírio, alucinações. • EQZ Hebefrênica – desorganização, embotamento afetivo, comportamento infantil. • EQZ Catatônica – paralização, rigidez, não responde a estímulos motores. • EQZ Indiferenciada – não é possível notar um sintoma mais característico. • EQZ Residual – sintomas mais crônicos, pobreza cognitiva. • EQZ Simples – sintomas mais leves, pct consegue ser funcional. • Depressão pós-esquizofrênica – quadro depressivo pós transt. psicótico. 7) Diag. diferencial da EQZ. ✓ Outros transt. psicóticos. ✓ Transt. de personalidade (esquizoide, esquizotípico, paranoide, borderline). ✓ Transt. do humor (mania ou depressão compsicose). ✓ Retardo mental. ✓ Quadros orgânicos: sífilis, tumores SNC, epilepsia do lobo temporal, LES, intoxicações exógenas, corticoides (doses), delirium. ✓ Principalmente quando for o 1º surto psicótico. • Pedir todos os exames, incluindo TC de crânio e, se possível, RM de crânio. 8) Transt. Psicótico breve. ✓ Psicose que dura no mín. 1 dia e no máx. 1 mês. ✓ Frequentemente sintomas se resolvem de forma rápida e espontânea. ✓ Descartar causas orgânicas. 9) Transt. Esquizofreniforme. ✓ Sintomas idênticos ao da EQZ, mas com duração mín. de 1 mês e máx. de 6 meses, com retorno ao funcionamento normal. • Sintomas persistindo > 6 meses = EQZ. ✓ Resposta rápida aos APs. 10) Transt. Delirante persistente. ✓ Delírio; no mín. 1 mês. ✓ Difere da EQZ pela ausência de alucinações proeminentes e ausência de embotamento afetivo. ✓ Personalidade intacta ou com comprometimento mínimo. ✓ Desconfiados e hipervigilantes. ✓ Idade média de início: 40a. ✓ Crônico e sem remissões. ✓ Difícil tto – ap mais indicado: Pimozida. 11) Transt. Esquizoafetivo. ✓ Sintomas afetivos e esquizofrênicos igualmente proeminentes – critérios para ep. maníaco ou depressivo e critérios para EQZ. ✓ Tto: adp, estab. humor e ap. 12) Transt. Psicótico induzido por substância. ✓ Delírio ou alucinação se desenvolvem durante ou logo após intoxicação por subst., sendo esta, capaz de produzir tais efeitos. • Ex.: cocaína, maconha, corticoide. ✓ Perturbação: • Não é mais bem explicada por um transt. psicótico não induzido por subst./medicamento. • Não ocorre exclusivamente durante curso de delirium. • Causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social. ✓ Tto: suspenção da subst. em questão; ap é uma alternativa para conter sintomas. 13) Transt. Psicótico devido a outra condição médica. ✓ Alucinações ou delírios proeminentes (mais sintomas +). ✓ Há evidências da história, do EF ou de achados lab. de que a perturbação é a conseq. fisiopatológica direta de outra condição médica. ✓ Perturbação: • Não é mais bem explicada por outro transt. mental. Dalila Fassarella Corrêa • Não ocorre exclusivamente durante curso de delirium. • Causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do pct. ✓ Ex.: transt. psicótico devido a: neoplasia pulmonar maligna / dça de Alzheimer. 14) Conclusão. ✓ Diversos tipos de transt. psicóticos. ✓ Delírio/alucinação não é EQZ. Assim como EQZ não é delírio/alucinação. ✓ Diagnóstico é fenomenológico e, na maioria das vezes, são feitos de maneira retrógrada. ✓ Tto com APs.
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