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1 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 carcinoma de endométrio Também chamado de câncer do corpo. 11% dos tumores malignos (6º mais incidente no Brasil) O câncer de mama é o mais comum na mulher, em segundo lugar o câncer do colo do útero. Apesar de ter métodos de prevenção primária e de rastreamento. Idade média: 61 anos (50 a 60 anos) – portanto, 75% dos casos ocorrem em mulheres já menopausadas 3/4 > 50 anos 20% 40 – 50 anos 5% < 40 anos Portanto, tomar cuidado com o sangramento uterino anormal, porque pode ser um carcinoma de endométrio, nem sempre é um leiomioma. • Prognóstico: ✓ Estágios iniciais 80% ✓ Estágios avançados 20% • MACROSCOPIA: Forma difusa do tumor → invade o miométrio, o canal cervical Forma circunscrita • MICROSCOPIA: I – endometrioides II – não endometrioides Há dificuldade diagnóstica na forma circunscrita, porque a biópsia pode dar um falso negativo. Enquanto na forma difusa, em qualquer parte que biopsiar, encontra-se o tumor. • QUANTO AO TIPO: ✓ Endometrioide (75 – 80%) ✓ Não endometriode: • Seroso (10%) • Mucinoso (1%) • Células claras (4%) • Escamoso (1%) • QUANTO AO GRAU DE DIFERENCIAÇÃO: Grau 1 – bem diferenciado Grau 2 – moderadamente diferenciado Grau 3 – indiferenciado • TIPO 1 – ENDOMETRIOIDE: ✓ Relação hormonal ✓ Mulher na perimenopausa ou alguns anos após a menopausa (5 – 10 anos após) ✓ Relacionado com a ação estrogênica no endométrio sem a ação conjunta com a progesterona (por isso que SOP é um fator de risco para câncer de endométrio, porque é uma situação de ação apenas do estrogênio) 2 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 ✓ Hiperplasia atípica: o estímulo estrogênico leva a um crescimento endometrial exagerado com atipia das células endometriais ✓ Relação com obesidade (porque no tecido adiposo tem aromatase, que leva a conversão dos androgênios em estrogênios) ✓ Nuliparidade: mulher com muitos filhos e amamenta entra em amenorreia, tem menos ciclos menstruais, fica menos exposta ao estrogênio ✓ Comportamento indolente (evolução mais lenta) ✓ Mutação do gene PTEN • TIPO 2 – NÃO ENDOMETRIOIDE: ✓ Não tem relação com hormônios. ✓ Mais tardio (em mulheres mais velhas) ✓ Paciente com mais idade ✓ Aparece sob um endométrio atrófico ✓ São pacientes magras ✓ Não tem relação com paridade ✓ São tumores mais agressivos, com alto grau histológico ✓ Subtipo seroso-papilífero ou células claras ✓ Relação com mutação do gene p53 O tipo mais frequente é o endometrioide (que representa 80% dos casos). Portanto, quando fala em fator de risco, está se referindo ao tipo endometrioide, porque é o mais frequente. ✓ Nível socioeconômico elevado ✓ Caucasianas ✓ Exposição a estrogênios sem progestágenos ✓ Obesidade ✓ Menarca precoce e menopausa tardia (via menstrual longa, longa exposição ao estrogênio) ✓ Hipertensão arterial ✓ Diabetes Mellitus ✓ Nuliparidade (maior exposição ao estrogênio) ✓ Infertilidade – anovulação crônica (SOP) ✓ Uso de tamoxifeno (é um medicamento utilizado no tratamento adjuvante em pacientes com câncer de mama, porque boa parte dos canceres de mama estão relacionados ao estrogênio, e essa droga bloqueia o receptor de estrogênio na mama, porém, no endométrio, tem ação agonista – são drogas chamadas de cernes, porque na mama agem como antagonista e no endométrio tem ação agonista) ✓ Hiperplasias ou pólipos endometriais com atipias (é a lesão percussora) ✓ Síndrome de Lynch (síndrome genética que associa o câncer endometrial a outros tipos, mas principalmente ao colorretal) ✓ Histórico familiar (12 a 28%) – nesse caso fica-se preocupada em ter câncer colorretal (se tiver câncer de endométrio tem que fazer colonoscopia, porque essa associação é muito frequente) ✓ Tumor ovarianos produtores de estrogênio (há tumores da granulosa que produzem estrogênio, que leva a uma proliferação endometrial, com hiperplasia atípica que pode levar ao desenvolvimento de câncer) Tríade clínica: obesidade + HA + DM • Diabética • Hipertensa • Obesa • Principal queixa é de sangramento pós-menopausa Simples ou complexa: se refere à arquitetura endometrial Os casos com atipia tem maior progressão para o câncer de endométrio. 3 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 • CIRÚRGICO: O câncer de endometriose ocorre, em 75% dos casos, após os 55 anos. Portanto, a maioria é em pacientes já no climatério, que não possuem mais desejo gestacional. Atipias sem desejo de gravidez → retirada do útero • HORMONIOTERAPIA (conservador): • Acetato de medroxiprogesterona (injetável, trimestral) • Acetado de megestrol • Acetato de ciproterona • Acetato de noretisterona • DIU com levonorgestrel Uso de altas doses de progestagênios como tratamento para pacientes jovens que ainda possuem desejo reprodutivo. • SINTOMA INICIAL: 95% sangramento genital pós menopausa ou corrimento purulento SUA na pré menopausa (paciente 40 – 50 anos de idade com metrorragia → a primeira coisa a se pensar é em mioma, porque é muito comum) O sangramento é o primeiro sinal de alerta. • OUTROS: ✓ Piometra/hidrorreia (carcinoma escamoso) – sinais de irritação peritoneal. Pode levar a obstrução do canal cervical, o tumor começa a necrosar e sangrar dentro da cavidade, porém o sangue não sai, porque a cavidade está obstruída, a paciente começa a apresentar piometra (pus dentro da cavidade) ✓ Dor pélvica → câncer com dor é câncer avançado Uma paciente na pós menopausa tem um endométrio com uma espessura em torno de 5 mm, portanto, uma solicitação periódica do ultrassom pode detectar um espessamento. Porém, não é recomendado que o US seja solicitado como rastreamento, porque detectar o câncer de endométrio precocemente por meio do ultrassom ou diagnóstico já na fase clínica (com o SUA) tem o mesmo prognóstico. O câncer de endométrio se manifesta com sangramento, se fizer diagnóstico já no primeiro sangramento terá o mesmo prognóstico de detectar pelo ultrassom em uma fase assintomática da doença. ULTRASSOM não serve para rastreamento nem para câncer de endométrio, nem para câncer de ovário. A maioria dos casos é por atrofia endometrial e em menor prevalência, câncer, mas é uma causa que deve ser excluída. Quanto mais idade tem a paciente, maior a chance de ter câncer. Portanto, um SUA em paciente com 80 anos, tem menor chance de ser por atrofia e maior chance de ser câncer. • ULTRASOM TRANSVAGINAL: Normal até 5 mm – mulheres menopausadas sem uso de terapia hormonal ou tamoxifeno Até 8 mm – para mulheres em terapia hormonal MULHER JOVEM (que menstrua): Até 7 mm na fase secretora Até 12 – 14 mm na fase proliferativa 4 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Quanto maior o eco endometrial, maior a chance de suspeita de câncer de endométrio. < 5 mm sugestivo de endométrio atrófico > 6 – 10 suspeito/hiperplasia endometrial > 10 mm sugestivo de câncer de endométrio A idade e a espessura endometrial dão um direcionamento. Diante de uma paciente com SUA, na pós-menopausa com eco endometrial espesso, pode iniciar a investigação. • CITOLOGIA ONCÓTICA: É um exame que rastreia câncer de colo, mas pode pegar células endometriais na citologia, se pegar células endometriais (glandulares) deve-se suspeitar. Presença de células endometriais na citologia → valor preditivo alto na pós menopausa. Mas não é para fazer diagnóstico para câncer de endométrio. • CURETAGEM • BIÓPSIA ENDOMETRIAL: Pinça de Novak (se for lesão focal, pode ter um falso negativo) • HISTERCOSCOPIA COM BIÓPSIA • AMIU: Biopsia aspirativa a vácuo assistida• RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: Serve para ver invasão miometrial ou invasão do canal cervical. • CA-125: Marcador tumoral que pode ajudar a determinar a extensão da doença. Se utiliza mais após tratar para ver se a paciente está tendo uma recidiva. • ESTADIO I: tumor restrito ao corpo do útero IA: invasão miometrial é pequena (menos de 50% da espessura miometrial) IB: invasão maior que 50% da espessura miometrial • ESTADIO II: Sai do corpo do útero e vai para o colo, ou seja, tem comprometimento cervical. • ESTADIO III: IIIA: invade órgãos pélvicos (por exemplo, a serosa do corpo do útero ou comprometimento de ovário, tuba) IIIB: invade a vagina ou os paramétrios IIIC: comprometimento linfonodal (infonodos pélvicos ou paraorticos) • ESTADIO IV: IVA: invade bexiga ou reto IVB: metástases a distâncias G1, G2 OU G3 → grau de diferenciação • CONTINUIDADE: propaga-se pela superfície (colo do útero, vagina, paramétrio) • CONTIGUIDADE: infiltra miométrio, bexiga, cavidade • ATRAVÉS DAS TUBAS: até o peritônio • LINFÁTICA Azul: IA Amarelo: IB (invade mais da metade do miométrio) Vermelho: IIIC (comprometimento linfonodal) Verde: IVA (invade bexiga) Turquesa: IVA (invade reto) 5 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Antigamente o grupo I era subdividido em 3 (A, B, C), hoje são só 2 grupos (invasão de menos de 50% ou mais de 50%). O grupo 2 também era subdividido em 2, hoje é um único grupo. 1B: invasão de menos de 50% (IA) 1C: invasão de mais de 50% (IB) ESTADIO 2: invasão estromal 3A: serosa 3B: invadiu vagina ou paramétrio 3C: invadiu linfonodos 4A: invadiu bexiga e reto É importante também, durante a cirurgia, colher células do líquido peritoneal. Se tem ascite faz um lavado peritoneal, caso não, jogar soro fisiológico e realizar uma citologia. Para ver se tem células neoplásicas. ✓ Cirúrgico ✓ Radioterapia (braqui/externa) → apenas em pacientes que não tem condições cirúrgicas, mas também pode ser utilizada para prevenir uma recidiva ✓ Quimioterapia → se tem linfonodos positivos, por doença sistêmica ✓ Hormonioterapia → em duas situações, mulher muito jovem como caso inicial ou em casos avançados (não há o que fazer) CIRURGIA DE ESTADIAMENTO: é um conjunto de procedimentos ✓ Histerectomia ✓ Salpingectomia ✓ Ooforectomia ✓ Colpectomia (1/3 superior da vagina) ✓ Citologia peritoneal ✓ Linfadenectomia pélvica e paraortica Mesmo se o tumor estiver restrito ao corpo do útero é feito todos esses procedimentos porque é preciso fazer o estadiamento cirúrgico. Precisa mandar todos esses dados para a patologia, para conseguir estadiar. Se a patologia confirmar ser um estádio I (restrito ao corpo do útero), é preciso saber se é G1, G2 ou G3, para analisar a chance de recidiva, e decidir se vai precisar complementar a terapia cirúrgica com outro método para prevenir essa recidiva. Se for G3, é indiferenciado, portanto, tem maior probabilidade de recidiva, nesse caso, é feito uma radioterapia do fundo vaginal. Se houver comprometimento dos linfonodos, faz uma radioterapia externa. I – Lavado peritoneal para citologia oncótica II – Exploração de toda a cavidade abdominal III – Histerectomia total com salpingo- ooforectomia bilateral e colpectomia parcial IV – Omentectomia infra-mesocólica V – Linfadenectomia pélvica e retroperitoneal sistemáticas no caso de histologia tumoral desfavorável (seroso- papilífero, escamoso, células claras e endometrioide grau 3), invasão superior a metade do miométrio, extensão istmocervical do tumor e presença de doença extra-uterina. 6 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Quando é um tumor restrito ao endométrio e bem diferenciado não precisa fazer linfadenectomia, mas na maioria das vezes precisa fazer. Para saber a indicação para fazer a linfadenectomia. • INDICAÇÕES DE LINFADENECTOMIA: ✓ Invasão miometrial (mais de 50%) ✓ G3 (grau de diferenciação) ✓ Invasão de canal cervical ✓ Tumores volumosos (mais de 2 cm) ✓ Comprometimento extra-uterino ✓ Tipo histológico (se for não endometrioide é obrigatório) No estádio I pode ser tratado com radioterapia, com 50% de cura (em casos que não se pode operar, como obesas e pacientes com comorbidades) 20% de resultados inferiores em relação à cirurgia no estádio I (restrito ao corpo) Pode ser utilizada também nos casos em que se tem possibilidade de recorrência, como G3, estágios diferenciados (reduz a recidiva vaginal) Aumenta a sobrevida no caso de comprometimento linfonodal. Faz imunoistoquímica para ver se o câncer tem receptores para progesterona. Se for positiva, pode utilizar hormonioterapia. Pacientes jovens com desejo reprodutivo pode realizar hormonioterapia em altas doses, ou então para pacientes mais velhas com comorbidades. Apenas em pacientes jovens sem comorbidades. ✓ Adriamicina ✓ Ciclofosfamida ✓ Cisplatina Como o tumor causa sangramento, o diagnóstico é precoce, com uma boa sobrevida. 7 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 neoplasias intraepiteliais cervicais O colo do útero sofre transformações conforme a idade da mulher. Essas células de coloração azul e avermelhada (coloração HE), com núcleo picnótico é o normal da colpocitologia oncótica. O HPV não gosta desse núcleo picnótico. Os núcleos da NIC, ou seja, infectados pelo HPV, são grandes e possuem rebordo citoplasma. Esses núcleos grandes são chamados pelos patologistas de “núcleos sal com pimenta”. Já é a célula atípica de uma NIC. O HPV penetra no epitélio glandular ou escamoso, não penetra mais do que isso (até 5 mm). Não invade mais do que isso, se invadir, já é câncer. • COLO DO ÚTERO: É uma porção fibromuscular na parte inferior do útero que mede de 3 a 4 cm de comprimento por 2,5 de diâmetro. Portanto, um câncer de 2 cm é um câncer grande, pois já tomou conta de grande parte do colo. • ENDOCÉRVICE: é a parte interna do colo do útero. A endocérvice, epitélio colunar avermelhado com uma única camada de células corresponde ao canal cervical em grande parte é invisível e reside proximal ao orifício cervical externo. • ECTOCÉRVICE: parte externa do colo do útero A ectocérvice é a porção mais facilmente visível do colo uterino, recoberta por um epitélio escamoso estratificado, consistindo de 15 a 20 camadas de células sendo que as camadas de células intermediárias do epitélio escamoso contêm glicogênio. • JUNÇÃO ESCAMO COLUNAR (JEC): é a junção dessas duas camadas. A localização da junção escamocolunar com relação ao orifício cervical externo varia dependendo da idade, estado menstrual e outros fatores como gravidez e uso de métodos ACO. Se estiver na fase menstrual, estrogênica, estará mais aberto. É a eversão do epitélio colunar sobre a ectocérvice, quando o colo uterino cresce rapidamente e este aumenta sob a influencia do estrogênio, depois da menarca e durante a gravidez. Útero infantil: corpo pequeno e colo grande (porque está sob a ação dos hormônios maternos). Adolescência (ação dos hormônios estrogênicos): o corpo cresce e o colo se abre mais, existe uma descida do tecido que estava dentro do canal para fora, fazendo um ectrópio. NIC 8 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 É a substituição fisiológica do epitélio colunar evertido na ectocérvice por um epitélio escamoso recém-formado de células subcolunares de reserva, essa região é chamada de zona de transformação. Porque esse epitélio colunar não pode estar presente na acidez da vagina, porisso sofre uma metaplasia, tornando-se um epitélio metaplásico. Zona de transformação: É importante porque é exatamente aqui que ocorre a manifestação da carcinogênese, porque são células jovens. É nesse local que o HPV se instala. É a única doença maligna que tem como prevenir, detectar e tratar antes de ser invasiva. INCA – BRASIL: 6 mil mulheres morrem por ano. Podem ser evitadas, desde detectadas na fase pré-câncer. Uma alteração no epitélio de cobertura, escamoso ou glandular, sem invadir o estroma. A NIC é uma neoplasia intra-epitelial do colo do útero, lesão pré-câncer. É uma alteração • COMO PENETRA NO EPITÉLIO: Por microtraumas do epitélio de cobertura. • TIPOS: existem 2 tipos ✓ Neoplasia escamosa (ectocérvice) ✓ Neoplasia glandular É o mais frequente em relação a todo trato genital inferior. A infecção pelo HPV é muito comum na população sexualmente ativa. • LESÃO PRECURSORA: É estabelecida pelo papiloma vírus humano HPV, de preferência na zona de transformação normal. • EPIDEMIOLOGIA: Por agressão, transformação atípica das células. ✓ Infecção pelo HPV ✓ Coitarca precoce ✓ Múltiplos parceiros ✓ Parceiro sexual de risco ✓ IST: Chlamydia, vagina bacteriana, HIV → levam a um processo inflamatório que facilita a penetração do HPV ✓ Tabagismo → ↓ imunidade ✓ Baixo nível socio-econômico → ↓ imunidade ✓ Imunidade (imunossupressão) ✓ Multiparidade (na prática não tem muita relação, é mais pela promiscuidade sexual) NIC 1: displasia leve – lesão de baixo grau (LIBG) NIC 2: displasia moderada – lesão de alto grau (LIAG) NIC 3: displasia grave – lesão de alto grau (LIAG) • HISTÓRIA NATURAL: 10 – 15 anos. Um epitélio metaplásico, maduro, entra em contato com o HPV. Após isso, forma o NIC 1, que fica na base, pega 1/3 do epitélio. Conforme vai subindo, tem 90% de voltar, porque é uma menina jovem, tem uma imunidade boa, então é uma infecção transitória. Ou pode evoluir para NIC 2, que já acomete 2/3 no epitélio. Quando evolui para NIC 3 é muito difícil regredir, já está evoluindo para câncer. O câncer invasor é quando já rompeu membrana basal. O controle e o tratamento podem evitar o câncer cervical, pois as evoluções são lentas. 9 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Dupla cadeia de DNA. Baixo risco: 6, 11, 42, 43, 44 (6 e 11 causam o condiloma) Alto risco: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68 (16 câncer epidermoide, 18 câncer glandular) Metaplasia imatura + HPV → NIC → câncer invasor NIC CONDILOMA • LATENTE: Pegou o HPV, mas tem o colo normal, porque tem uma boa imunidade. Portanto, é preciso fazer um exame específico para detectar se há o DNA do HPV, o que é feito por captura híbrida II. Passa a escova no colo do útero e capta as células. • SUBCLÍNICA (NIC OU CIN): HPV invade células basais. Coilocitose = condiloma. HPV incorporados no genoma da célula causam imortalização da célula → porque o E6 e E7 do genoma viral degradam a proteína supressora de tumor p53 e pRb. • CLÍNICA ✓ Colpocitologia oncótica → coleta do material ✓ Colposcopia → que vai indicar onde realizar a biópsia ✓ Anátomo-patológico ✓ Teste de DNA de HPV → captura hibrida II (inespecífico) ESPECÍFICOS: ✓ HPV por PCR genotipagem 16 e 18 ✓ Detecção de oncoproteinas E6/E7 ✓ Biomarcadores p16 e Ki67 É assintomático, descobre-se apenas pelos testes diagnósticos, pelo Papanicolau. I – negativo para células neoplásicas II – negativo para células neoplásicas com alterações inflamatórias III – suspeito para células neoplásicas IV – fortemente suspeito para células neoplásicas V – positivo para células neoplásicas Como era muito básico e antigo, não é mais utilizado, criaram o diagnóstico de Bethesda. I – ANORMALIDADE CÉLULAS EPITELIAIS: 1.1 ASC-US ASCH 1.2 NIC I, displasia leve, HPV 1.3 NIC II, NIC III, CA in situ 1.4 Carcinoma escamoso II – CÉLULAS GLANDULARES: 2.1 Atípicas: • Endocervical • Endometriais • Glandulares 2.2 Atípicas: • células endometriais (a favor de neoplasia) • células glandulares (a favor da neoplasia) 2.3 Adenocarcinoma in situ 2.4 Adenocarcinoma extra-uterino (não especificado) 10 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 1. Colpocitologia oncótica 2. Colposcopia (vê a lesão e faz uma biópsia dirigida pela colposcopia) 3. Biópsia dirigida 4. Conização Paciente de 24 anos, vai ao consultório para o primeiro exame ginecológico de rotina. Refere ter primeira relação sexual aos 15 anos, sem preservativos, usa ACO de baixa dose, fuma 4 cigarros por dia. O número de cigarros fumados por dia, influencia no risco de prejuízo na imunidade. Até 7 cigarros por dia, de acordo com os estudos, não interfere tanto na imunidade do colo do útero. Conduta com essa paciente: especular, olhar o colo, o conteúdo da vagina e realizar o exame Papanicolau. Se baseia em estudos que demostraram as taxas de regressão, persistência e progressão. REGRESSÃO: as lesões NIC 1 regridem 90% em 1 ano (ou vai embora, ou fica latente). NICS 2 e 3 são lesões pré-malignas. ALTO GRAU: conização, laser, procedimentos ablativos Aumento a incidência. Diminuiu a média etária (35 anos). Fatores de risco: todos do escamoso (múltiplos parceiros, coitarca precoce) Mais diabetes, obesidade → pode aumentar a possibilidade Diagnóstico: 95% na forma invasora. 2006: quadrivalente (HPV 6, 11, 16 e 18) 2009: bivalente (HPV 16 e 18) 2014 nos EUA: nonavalente (HPV 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52, 58) 11 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 câncer de ovário ✓ 8ª neoplasia entre as mulheres brasileiras (1,8% dos casos de câncer na mulher) ✓ 5ª causa de morte por câncer em países desenvolvidos ✓ 1 em 78 mulheres nos EUA (1,3%) → menos frequente do que o câncer de mama, porém, é muito mais agressivo (considerado um assassino silencioso) ✓ 4ª neoplasia entre as mamárias e ginecológicas ✓ Mais mortes que todas as neoplasias ginecológicas juntas ✓ Diagnóstico tardio (70% no EIII) ✓ Sobrevida global de 25% Pela localização intrapélvica, o câncer de ovário cresce de forma silenciosa, não apresenta muitos sintomas. Por isso que é considerado um “assassino silencioso”, é muito letal. TUMOR: qualquer aumento localizado ou local de um órgão ou estrutura. PELVIC MASS (massa pélvica): termo utilizado muito nos EUA para designar tumor. Dos tumores pélvicos, 90% é de causa ginecológica, apenas 10% é por causa não ginecológica → Regra de Alba Se essa massa pélvica é ginecológica, é de origem uterina ou anexial? Apesar da preocupação com a neoplasia de ovário, os aumentos de volume ovariano não é, na maioria das vezes, por câncer, os cistos funcionais de ovário são, a maior parte das causas de tumor ovariano (aumento de volume). CISTOS FUNCIONAIS DE OVÁRIO: Durante o ciclo menstrual tem o desenvolvimento folicular, atingindo sua maturidade no meio do ciclo. O folículo maduro tem em torno de 2 cm, e quando chega nessa fase, o LH atua sobre ele, e ela sob sua ruptura folicular. Após isso, forma o corpo lúteo, que durante a gravidez, caso a mulher engravide, forma o corpo lúteo gravídico, responsável pela manutenção do endométrio. Se houver uma assincronia entre o desenvolvimento folicular e o pico de LH, o folículo não se rompe. Esse folículo aumenta seu tamanho e pode chegar a 6 cm. Posteriormente, volta a regredir. Condições em que o aumento do volume ovariano não se deve a neoplasias, mas são situaçõesque parecem neoplasias. ✓ Cisto folicular (3 a 8 cm) ✓ Cisto lúteo (3 a 11 cm) ✓ Cisto tecaluteínico (até 30 cm) → associado à mola hidatiforme (causas de sangramento na primeira metade da gravidez). Aparece em pacientes submetidas à indução da ovulação na ginecologia (citrato de clomifeno ou gonadotrofinas), essas drogas FSH e LH produzidas por genética molecular são perigosas ✓ Luteoma de gravidez (5 a 20 cm) → natureza funcional, aparece durante a gravidez. Tem a característica de produzir androgênios, portanto, se o bebê for do sexo feminino, exposta ao ambiente androgênico, apresentará genitália ambígua. ✓ Cistos de paraovário: são restos do ducto mesonefro ✓ Endometrioma → forma tumoral da endometriose. Consistência cística e espessa ✓ Hipertecose → condição rara, associada a uma hiperplasia do estroma ovariana ✓ Abscesso tubo-ovariano → diante do processo inflamatório na DIP ✓ Ovário policístico → pode aumentar 2x o volume ovariano ✓ Edema maciço do ovário → dificuldade de retorno venoso, fica edematoso e forma um cisto grande 12 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 ✓ Pseudocisto peritoneal → não é caso cirúrgico, basta fazer diagnostico diferencial com cistos verdadeiros A neoplasia do ovário é uma neoplasia derivada de estruturas do ovário adulto ou de natureza embrionária com formas diferentes de apresentação, tratamento e prognóstico. O ovário adulto possui um epitélio de revestimento (epitélio germinativo), na parte cortical do ovário existem os oócitos, as células germinativas, e ao redor dessas células, há células da granulosa e da teca, que formam o folículo. • TIPOS: Tumores epiteliais do ovário: derivado do epitélio de revestimento Tumores germinativos: derivado dos oócitos Tumores dos cordões sexuais e do estroma: derivado da granulosa e da teca Tumores metastáticos Alguns tumores podem ser produtores de hormônios androgênicos, tumor de células de Sertolli-Leydig, mas normalmente, no ovário adulto, não se encontra essas células, portanto, também podem dar origem a tumores de estruturas de natureza embrionária. Tumores de ovário são muito variados, por isso que variam muito no prognóstico e no tratamento. ✓ 70 – 75% dos casos de câncer de ovário tem diagnóstico tardio. ✓ 6 – 7% mulheres são portadoras de massas anexiais assintomáticas. ✓ 80 – 85% das massas anexiais são benignas: Idade > 65 anos → mais de 1/3 dos casos de câncer de ovário Idade < 45 anos (pré-menopausa) → 1/15 casos de massa anexial é câncer Portanto, a idade interfere, se é uma neoplasia benigna ou maligna ✓ Paciente com parente de primeiro grau com câncer de ovário tem risco 3x maior que a população geral: BRCA 1 e 2, quando mutado, causa uma síndrome câncer de mama e de ovário (pacientes com câncer de mama têm risco de câncer de ovário e vice-versa). Se o parente teve o câncer de mama na pré-menopausa, tem maior risco de o defeito ser genético. Em geral, são pacientes jovens (35 – 40 anos de idade) que tem o câncer de mama com essa história na família. ✓ Características da massa anexial tumores benignos: massas unilaterais, císticas, móveis e lisas ✓ Tumores malignos: Massas bilaterais (risco 2,6x), sólidas, massas fixas, contornos irregulares, associado à ascite, nódulos em fundo de saco, crescimento rápido. O diagnóstico definitivo é sempre pelo anátomo-patológico. ✓ Cisto simples > 7 cm sem regressão após 6 – 7 semanas (com ou sem contraceptivo oral) ✓ Lesão ovariana sólida ✓ Lesão cística com vegetação ou tumoração em parede (componente cístico + sólido) ✓ Ascite ✓ Massa anexial palpável ou sintomática ✓ Suspeita de torção ou ruptura Quando suspeita de uma lesão, em uma paciente com mais de 50 anos e a Diante de uma massa pélvica: 1ª pergunta: se é ginecológica ou não. 2ª pergunta: se é anexial ou uterina. 3ª pergunta: se é uma situação que se assemelha a uma neoplasia ou se é uma neoplasia de fato. 4ª pergunta: qual a causa? 13 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 possibilidade de malignidade é grande, mas não se faz biópsia com agulha, porque poderia romper o tumor e disseminar a doença dentro da cavidade, vai fazer uma abordagem direta, por laparotomia ou laparoscopia. ✓ Ruptura ✓ Torção ✓ Hemorragia ✓ Infecção o Epiteliais (90%) o Estroma gonadal e cordões sexuais (5 a 8%) o Células lipídicas o Gonadoblastomas o Germinativos (2 a 5%) o Partes moles não específicos o Não classificados o Metastáticos o Condições tumor-like Faixa etária reprodutiva Geralmente assintomáticos. Regressão espontânea é a regra em 4 a 6 semanas. • CISTOS FOLICULARES: Originados de folículos ovarianos que não se romperam durante o ciclo menstrual. Podem ser bilaterais e múltiplos. Raramente são maiores que 7 cm. • CISTOS DO CORPO LUTEO: Geralmente unilaterais (porque o corpo lúteo não é bilateral). Podem romper ocasionalmente levar ao quadro de hemoperitôneo. • CISTOS TECA –LUTEINICOS: Menos comuns → relacionadas com as gonadotrofinas. Geralmente bilaterais, múltiplos. Podem atingir grandes proporções. Regressão espontânea. Relacionado com doença trofoblásticae gravidez. Derivados do epitélio celômico. Benignos 65% (adenoma) Malignos 85% (adenocarcinoma) Forma cística: cistoadenoma ou cistoadeno- carcinoma • SUBTIPOS: ✓ Seroso (75 a 80%) ✓ Mucinoso (10%) ✓ Endometrioide (10%) ✓ Mesonefroide (células claras) ✓ Brenner (urótelio/célula de transição) ✓ Indiferenciado ✓ Carcinossarcoma e tumor mesodérmico misto No ovário, os tumores epiteliais podem estar entre a malignidade e a benignidade, são os chamados tumores de Borderline. TUMORES DE BORDERLINE: 10 a 15% 40 a 50 anos Características biológicas e histológicas intermediarias Diagnóstico difícil na congelação (difícil definir o comportamento no intra-operatório) A conduta é diferente, pode tirar apenas a tuba e o ovário (salpingooforectomia). MESÊNQUIMA ATIVO • TUMORES DA TECA-GRANULOSA: • Tecoma-fibroma • Tumor da granulosa (70%) • TUMORES DE SERTOLI-LEYDIG: • Tumor de Sertoli • Arrenoblastoma • GINANDROBLASTOMA • TUMOR DE CÉLULAS LIPÍDICA 14 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 MESÊNQUIMA INATIVO • Fibroma (tem ascite), hemangioma, leiomioma, lipoma • Linfoma • Sarcoma Tumor da granulosa pode causar puberdade precoce. • TERATOMA: • Teratoma maduro • Teratoma imaturo • Especializado: Struma ovarii → produz hormônio da tireoide e causa hipertireoidismo Tumor carcinóide → por liberação de substancias como bradicinina, histamina, causam quadros de broncoespasmo Tumor neuroectodérmico • DIGERMINOMA (30 a 40%) • CARCINOMA EMBRIONÁRIO • TUMOR DO SEIO ENDODÉRMICO • CORIOCARCINOMA • GONADOBLASTOMA • POLIEMBRIOMA • Trato gastrointestinal (Krukemberg) • Mama • Endométrio • Linfoma ✓ Em 80 % dos casos ocorre em pacientes na pós-menopausa. A incidência é crescente com a idade → idade é um fator essencial para diferenciar malignidade e benignidade ✓ Há relação com nuliparidade → quanto maior o número de ovulações, maior o risco de câncer de ovário (por isso que o uso de ACO diminui o risco de câncer de ovário). ✓ Uso de contraceptivos orais: fator protetor estabelecido. 5 anos de uso reduz risco em nulíparas: risco semelhante a mulheres com paridade e sem uso de contraceptivo. 10 anos de uso em pacientes com história familiar: risco menor que mulheres sem história familiar e sem uso de contraceptivo. ✓ Gravidez e maior paridade reduz o risco. Risco da nulípara 2,45 vezes maior. ✓ Relação com infertilidade: uso de indutores da ovulação como citratode clomifeno não têm correlação pelos dados atuais. É a maior causa de aumento de volume ovariano. • CISTOS SIMPLES: Malignos em 0,3 a 6% dos casos (possibilidade de malignidade é pequena). Sempre pensar nas possibilidades: ✓ Cisto folicular ✓ Endometrioma de ovário ✓ Cisto de paraovário ✓ Neoplasia epitelial benigna e maligna (maligna é bem raro) O primeiro indicativo do risco é a idade, e o segundo é o achado ao US. • CISTO COMPLEXO: ✓ Cisto hemorrágico ✓ Endometrioma ✓ Complexos tubovarianos ✓ Teratomas ✓ Neoplasias malignas • CISTO SÓLIDO: ✓ Neoplasia epitelial benigno (tumor de Brenner) ✓ Neoplasia estromal benigna (Fibroma) ✓ Neoplasia maligna: Germinativos, Estromais, Metastáticos 15 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 ✓ Idade 60 anos → aumento com a idade ✓ Raça branca ✓ Estado menopausal ✓ Fatores genéticos → BRCA1 e 2 (Síndrome do Câncer de mama/câncer de ovário), câncer de mama/endométrio/cólon (Síndrome de Lynch), Peutz-Jeghers ✓ Ambientais → exposição a elementos químicos (asbestos/silicatos), uso de talco, laqueadura/histerectomia, radioterapia A origem do câncer epitelial de ovário, em alguns casos, pode ser secundária a um tumor da tuba uterina. Portanto, se fizer uma salpingectomia, protege essas mulheres contra câncer de ovário. ✓ Reprodutivos → nuliparidade/infertilidade (quem ovula mais, tem mais chance de ter câncer de ovário – Teoria de Fatala), amamentação ✓ Sintomas vagos e mal definido nos estádios iniciais ✓ Dor, distensão abdominal, saciedade precoce e/ou urgência ou polaciuria (parece um quadro do TGI) ✓ A maioria das mulheres em estádio tardio ✓ Massa anexial complexa ao USG ✓ 40 a 65 anos (50 anos) ✓ Causa hereditária diagnóstico mais precoce (10 anos) ✓ Tumores não epiteliais são mais comuns em meninas e jovens → na maioria das vezes são tumores germinativos ✓ Assassino silencioso ✓ Aumento do volume abdominal ✓ Tumor/ascite ✓ Síndrome de Meigs → tumor de ovário, associado à ascite e hidrotórax ✓ Síndromes gastrointestinais (dispepsia, distensão abdominal, constipação) ✓ Dor pélvica ✓ Anorexia ✓ Fadiga ✓ SUA → por exemplo, uma puberdade precoce ou tumor pós-menopausa ✓ Virilização ✓ Puberdade precoce ✓ Polaciuria → quando tem compressão da bexiga ✓ Edema de membros inferiores → quando tem compressão de linfonodos ✓ Quadro obstrutivo → a pessoa começa a apresentar vômitos fecaloides e não evacuar ✓ Manifestações paraneoplásicas (hipercalcemia, trmboflebite arterial e venosa, degeneração cerebelar) DOR + AUMENTO DO VOLUME ABDOMINAL → são as queixas mais comuns. POR QUE ACONTECE A ASCITE? Quanto um tumor acomete o ovário, invade a capsula ovariana, forma papilas na superfície ovariana. Essas papilas podem se implantar no peritônio, e causam a ascite. ✓ Idade (extremos reprodutivos → infância e pós-menopausa) ✓ Dor insidiosa ✓ Crescimento rápido ✓ Consistência do tumor (sólio) ✓ Bilateralidade ✓ Aderência ✓ Ascite ✓ Edema vulvar dos membros inferiores • Hemograma (trombocitose → presença de plaquetas) • Hiponatremia • USG • Doppler colorido → para ver a impedância dos vasos, se tem baixa ou alta resistência (tumores malignos possuem baixa resistência) • Marcadores tumorais → CA125, CEA, CA 19.9, HE4 (todos para tumor epitelial) • alfa feto proteína e βHCG → para tumor germinativo • TC/RNM • Raio-X de tórax • Colonoscopia 16 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Associa USG, marcadores tumorais, estado menopausal para criar um escore. RMI = U X M X CA125 U = ultrassom 1 ponto cada → cisto multilocular, áreas solidas, presença de metástase, presença de ascite, lesão bilateral M = menopausa 1 = pré-menopausa 3 = pós menopausa CA125: O normal é até 35 U/mL RMI > 200 → sugere malignidade RMI < 200 → sugere benignidade O primeiro exame a ser feito é o US e CA125. Mas acaba sempre fazendo uma RNM. Também pode estar alterado em outras doenças. ✓ Endometriose → geralmente na endometriose, o CA125 não é muito alto. Se estiver muito alto, indica endometrioma ✓ Adenomiose ✓ Leiomioma do útero ✓ Doença inflamatória pélvica ✓ Gravidez ✓ Neoplasias das tubas, endométrio e endocérvix Sempre que o CA125 estiver muito alterado, acima de 200 U/ml, por exemplo, pensar em malignidade. Idade < 50 anos: CA-125 associado com tumores malignos < 25% casos. Idade > 50 anos: CA-125 associado com tumores malignos 80% casos. CA-125 > 300 u/ml: associado a câncer mesmo em pacientes jovens CA-125 = elevado de acordo com o estádio clínico do carcinoma ovariano (tumores epiteliais). EC I = 50 % / EC II = 90 % / EC III = 92 % / EC IV = 94 %. • CISTOS SIMPLES: Associar idade, tamanho e características ultrassonográficas para analisar o risco de malignidade. Se houver duvidas, solicitar CA125. Mesmo na menopausa, se for um cisto menor do que 4 cm, não precisa operar. • CARACTERÍSTICAS ULTRASSONOGRÁFICAS: ✓ Quanto maior o tamanho, maior risco de malignidade ✓ Multilocularidade ✓ Irregularidade e espessamento da parede ✓ Partes solidas ✓ Excrecências papilares ✓ Septos grosseiros ✓ Ecogenicidade ✓ Bilateralidade ✓ Ascite ✓ Metástases abdominais • DOPPLER: Mede a velocidade do sangue no vaso sanguíneo. A completa diferenciação entre massa benigna ou maligna não pode ser obtida somente pela imagem ultra-sonográfica. 17 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 ✓ Conservador estádio Ia ✓ Cirurgia de estadiamento com citohistoredução ✓ Quimioterapia • CIRURGIA DE ESTADIAMENTO: • Citologiaperitoneal • HTA com salpingectomia bilateral • Omentectomia • Biópsias múltiplas peritoneais • Linfadenectomia pélvica e paraaórtica • Apendicectomia ✓ Citoredução primária ✓ Second look (Cirurgia de revisão) ✓ Cirurgia de intervalo ✓ Citoredução secundária Cirurgia conservadora: paciente jovem em estádio Ia ✓ Feita quando há síndromes genéticas ✓ HTA em HNPCC (quando a mulher tem esse diagnóstico, precisa retirar o ovário) ✓ Disgenesias gonádicas ✓ Tumores do cólon ✓ Radioterapia ✓ Histerectomia → vai retirar o útero por uma doença benigna, como um mioma, deve-se retirar as tubas profilaticamente também, por causa da teoria que fala que o câncer de ovário é originado das fimbrias. Quando é uma paciente jovem, deixa o ovário. Quando já tem alguns anos de menopausa, pode-se retirar os ovários, mesmo normais. Porque esse ovário não é mais funcionante, não produz mais hormônios, e o risco de desenvolver câncer de ovário é grande. < 2 cm 18 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 câncer de colo INCA (2020): O câncer de colo do útero é o terceiro mais incidente, tirando o câncer de pele não melanoma. Retira-se o câncer de pele não melanoma porque é sempre o primeiro da lista disparado. O câncer de colo do útero acomete mulheres mais jovens, comparado ao câncer de mama. ✓ HPV de alto risco (16, 18, 31, 33) → o HPV é sempre o primeiro fator. E quando associado aos outros fatores abaixo, aumenta ainda mais o risco. ✓ Tabagismo ✓ Atividade sexual e paridade precoces (<20 anos) → coitarca precoce, maior tempo te exposição ao DNA do HPV ✓ Multiparidade → relacionado com o número de parceiros sexuais e promiscuidade ✓ Múltiplos parceiros ✓ DST (chlamydia) → tanto a Chlamydia quanto o Herpes podem aumentar o risco, mas não tem relação com a oncogênese. Muitas vezes, outras DSTs vêm associadas ao HPV, por causa da promiscuidade. ✓ ACHO → relacionado ao baixo uso de preservativos. Muitas mulheres têm medo de engravidar, mas não têm a mesmapreocupação com DSTs, por isso que as DSTs estão aumentando muito em todas as idades. ✓ HIV → baixa na resistência Pelo Ministério da saúde, a primeira citologia é feita aos 25 anos, faz por 2 anos. Se as duas vierem negativas, faz de 2 em 2 anos. o HPV oncogênico de alto risco (16, 18, 31, 33) – existem mais de 100 subtipos de HPV, e mais de 70 podem acometer o trato genital A vacina protege contra o 16 e 18 que são os oncogênicos. E contra o 6 e o 11, que causam o condiloma. O ideal são 3 doses. No Brasil, o Ministério da Saúde fornece 2 doses. Quando o organismo entra em contato com o vírus, consegue produzir anticorpos, e na maioria das vezes, consegue promover o “clareamento” e negativar para a infecção. o O HPV de baixo risco está ligado aos condilomas o Encontrado em 99,5% dos carcinomas invasores o É adquirido em idade jovem, declinando com os anos → pela história natural, cerca de 90% das mulheres que entram em contato com o HPV, acabam negativando após 2 anos. As mulheres com mais idade, são as que apresentam maior risco. o A infecção pelo HPV oncogênico e sua persistência são fatores para desenvolvimento de lesões de alto grau e câncer invasor o História natural: 70% das infecções pelo HPV resolvem-se espontaneamente em 1 ano e 90% em 2 anos. Cerca de 10% das infecções persistem após 2 anos. 19 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 1 – Epitélio pavimentoso estratificado 2 - Junção escamocolunar (onde inicia a infecção pelo HPV) 3 – Epitélio glandular Na pesquisa para células atípicas, a classificação de Papanicolau não é mais utilizada como conduta. Hoje, se utiliza a classificação de Bethesda. Possibilidades de resultado: normal, inflamatório ou atípico. A tabela mostra a classificação das atipias. A conduta mostrada na tabela é de acordo com o Ministério da Saúde, que é o que cai nas provas. No consultório é feito anualmente. • LESÕES ESCAMOSAS: ASC-US → repete a citologia de acordo com a idade ASC- H → encaminha direto para a colposcopia • LESÕES GLANDULARES: sempre encaminhar para colposcopia Encaminhar para avaliar endométrio e endocérvice. • LESÕES DE BAIXO GRAU (LSIL): É um pouco mais atípico do que a ASC-US. É menos grave do que o ASC-H. Repetir a citologia em 6 meses. Se não tiver 25 anos, aguardar para repetir o exame. Engloba o NIC 1. • LESÃO DE ALTO GRAU (HSIL): Essa é considerada a lesão precursora para o câncer de colo do útero. A partir desse momento, não existe mais a possibilidade de ocorrer o fenômeno do clareamento, não tem mais como ter regressão espontânea. Encaminha para colposcopia. Engloba o NIC 2 e 3. As alterações suspeitas são: • Epitélio branco • Leucoplasia • Mosaico • Pontilhados • Vasos atípicos As alterações mais grosseiras, são as mais importantes. Realizar a biopsia onde a lesão é mais suspeita. ✓ Assintomático nas lesões de alto grau e estádios iniciais → se tem sintoma não é referente à lesão. Só manifesta sintomas nos estágios mais avançados ✓ Sangramento vaginal anormal → sinusiorragia (sangramento pós relação sexual), metrorragia (sangramentos fora do ciclo – spottings) 20 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Sempre que estiver diante de uma sinusiorragia, descartar câncer de colo. ✓ Nos estádios mais avançados há saída de secreção sanguinolenta fétida (corrimento “água de carne”) → água sanguinolenta é a secreção típica no câncer de colo em estágio mais avançado ✓ Infecção secundária por anaeróbios ✓ Propaga-se para vagina e paramétrios → propagação local. ✓ Dor lombar (obstrução do ureter) → quando invade o paramétrio, pode obstruir o ureter, causar hidronefrose e causar dor lombar. As duas maiores causas pela morte de câncer de colo de útero é a uremia (insuficiência renal pós-renal) ou por sangramento. ✓ Linfedema (disseminação linfática) → os carcinomas têm disseminação linfática, podendo evoluir para edema ✓ Fístulas retais e urinárias → câncer pode invadir a vagina até perfurar o reto, pode perder fezes pela vagina. Pode até mesmo perfurar a bexiga. São quadros muito graves. ✓ Anamnese → perguntar se tem sangramento durante a relação menstrual (sinusiorragia). ✓ Colpocitologia oncótica, colposcopia e biópsia dirigida Quando a colpocitologia estiver alterada, encaminhar para a colposcopia para realizar uma biópsia dirigida. ✓ Toque vaginal – colo endurecido (“em barril”) ✓ Toque retal – avaliar paramétrios ✓ Estadiamento clínico (exames físicos e subsidiários) O estadiamento é basicamente clínico, utilizando-se alguns exames complementares para auxiliar. • FIGO: ➢ Colposcopia – curetagem endocervical ➢ US pélvica (pelo custo-benefício, sempre é feito) ➢ US abdominal → para verificar vias urinárias ➢ RNM pélvica e abdominal → abordar os linfonodos pélvicos (para verificar se há comprometimento) ➢ Urografia excretora ➢ Cistoscopia e retossigmoidoscopia→ suspeita de acometimento de trato urinário e reto ➢ RX tórax → muito raro, mas para pesquisar pulmão (metástase à distância) Concordância Discordância – avaliar conização A colpocitologia tem que estar em concordância com a colposcopia, que deve estar em concordância com o anátomo-patológico. Se os 3 não estiverem em concordância, é preciso fazer uma conização, a mais utilizada atualmente é a cirurgia de alta frequência. A conização é tanto um tratamento (se for uma lesão restrita), quanto um estadiamento. • Epidermoide – 85 a 90% • Adenocarcinoma • Sarcomas/outros (raros) É importante conhecer o estadiamento, porque é de acordo com o estádio que se escolhe o melhor tratamento. I – RESTRITO AO COLO: IA – Invasivo até 5 mm profundidade (lesões microscópicas) • IA1 – Invasão até 3 mm • IA2 – Invasão entre 3 a 5 mm IB – Lesão invasiva maior que 5 mm • IB1 – Lesão até 2 cm • IB2 – Lesão de 2 a 4 cm • IB3 – Lesão maior de 4 cm 21 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 IA1 - Quando é microscópico e tem uma invasão superficial (até 3mm), são chamados de microinvasores, não precisam fazer o esvaziamento pélvico. Basta fazer uma conização. IA2 – Já precisa abordar os linfonodos pélvicos, mesmo que vá fazer uma cirurgia conservadora. Cirurgias maiores, conforme o maior comprometimento. II – INVASÃO DE VAGINA E/OU PARAMÉTRIOS IIA – Invasão do terço proximal da vagina • IIA1 – Até 4 cm • IIA2 – Maior de 4 cm IIB – Invasão de paramétrio sem atingir parede pélvica A cirurgia só é indicada até IIA1. A partir desse momento, essas pacientes não podem mais ser submetidas à cirurgia, porque não existe mais benefícios. A partir do IIB, as pacientes são indicadas diretamente para radio e quimioterapia. III – INVASÃO ATÉ TERÇO INFERIOR DA VAGINA OU PAREDE PÉLVICA IIIA – Até terço inferior da vagina IIIB – Até parede pélvica ou hidronefrose IIIC – Envolvimento de linfonodos • IIIC1 – Linfonodos pélvicos comprometidos • IIIC2 – Linfonodos para aórticos comprometidos IV – METÁTASES IVA – Bexiga ou reto (metástases regionais) IVB – Metástases à distância ✓ Tratamento cirúrgico conservador ✓ Tratamento cirúrgico radical ✓ Radioterapia ✓ Quimioterapia • Conização por cirurgia de alta frequência (CAF) - diagnóstica/ terapêutica Conização: retirada da junção escamocolunar. Pela conização que a paciente é estadiada. A vantagem é que não clampeia a artéria cervical, portanto, pode repetir várias vezes esse procedimento. • Conização clássica - diagnóstica/ terapêutica Como clampeia a artéria cervical, não pode mais repetir uma conização clássica. • Traquelectomia radical com linfadenectomia: Se fez a conizaçãoé tem um câncer invasor ainda restrito ao colo do útero, mas ainda quer ter filhos, faz a traquelectomia. Na traquelectomia retira-se o colo do útero, retira os paramétrios e o terço superior da vagina. Só para o caso de pacientes jovens que querem ter filhos, são cirurgias de extrema dificuldade técnica. 50% das mulheres que foram submetidas à essa cirurgia, apresentam parto prematuros posteriormente. São cirurgias de muita morbidade, pouco descrita. • Histerectomia total abdominal: Se a paciente já tem prole constituída. 22 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 • Histerectomia radical (Wertheim-Meigs): Retirada de todo o útero, do paramétrio, ligamentos útero-sacros e terço superior da vagina. Além dos linfonodos pélvicos. • Histerectomia radical modificada • Remoção parcial dos ligamentos e seletiva dos linfonodos: Quando quer melhorar a qualidade de vida da paciente. Em casos muito avançados de câncer de colo (que não tem mais como tratar, apenas melhorar a qualidade de vida). • Exenteração pélvica (anterior, posterior ou total) São os tipos de histerectomia. A Piver III é de Wertheim-Meigs, que é a cirurgia clássica para o câncer de colo de útero. Retira o útero, as trompas, disseca o paramétrio, disseca a vagina até seu terço medial, disseca o ligamento útero-sacro, faz também o esvaziamento dos linfonodos pélvicos. (Wertheim-Weigs): PIVER III • DOIS TIPOS: externa (feita por fora) e braquiterapia (local) • A partir do estádio IIB ou tumores grandes (maiores do que 4 cm) → já são encaminhadas diretamente para radioterapia, não fazem cirurgia • Linfonodos comprometidos • Invasão de paramétrios BRAQUITERAPIA • Cisplatina • Tumor localmente avançado Peculiaridade da quimioterapia para câncer de colo de útero, diferentemente das outras: no câncer de colo de útero, tem uma ação de sensibilizar as células à radioterapia. Ou seja, deixa o tumor mais sensível à ação da radioterapia, portanto, a quimio e a radioterapia são feitas concomitantemente. Estádio I = 85 a 90% Estádio II = 58 a 85% Estádio III = 36 a 45% Estádio IV = 2,5 a 14% Mulher que está com câncer de colo de útero avançado indica que foi negligência por parte da própria paciente ou por conta de má assistência médica (exames mal colhidos). A coleta do exame deve ser adequada para que o tumor não passe despercebida. As lesões de alto grau e a ASC-H devem ir diretamente para colposcopia. Lesões iniciais podem ser 100% curadas. 23 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Sempre realizar a citologia, mesmo em gestantes! ✓ A gestação não altera a evolução ✓ Estádios avançadas até a 20ª semana sem tratar como não gestante ✓ Biópsias são indicadas em suspeita de invasão ✓ Após 20ª semana sem aguardar termo e cirurgia de Wertheim na cesárea Quando faz um diagnóstico de câncer já invasor, em paciente com mais de 20 semanas, a conduta é feita como se ela não estivesse gestante. Ou seja, faz radioterapia, e se for preciso, induz um abortamento. Se colhe uma citologia no início da gravidez, precisa biopsiar se for suspeito de invasão. Se a lesões forem superficiais, pode-se esperar o fim da gravidez para biopsiar. Se for diagnosticado após as 20 semanas de gestação (meio da gravidez), aguardar até o mais próximo do termo possível (acaba induzindo o termo, e antecipando o parto). Paciente de 37 anos procurou ambulatório de ginecologia com queixa de corrimento Com característica de “água de carne” há 2 meses com piora do odor há 1 semana e sinusiorragia. Antecedentes ginecológicos: Menarca aos 13 anos, início de atividade sexual aos 15 anos, VIG VPN IA, refere vários parceiros. Última colpocitologia oncótica há 10 anos durante pré natal. MAC: laqueadura no último parto Tratou sífilis aos 20 anos Ao exame: BEG, hidratada, decorada +/4+, afebril PA120 x 80 mmHg, P 92 bpm, ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. Especular: lesão vegetante em lábio posterior medindo 2 cm, conteúdo vaginal purulento. Toque vaginal: colo endurecido, útero de tamanho normal Toque retal: paramétrios livres Paciente com sinusiorragia e corrimento muito fétido → grande suspeita de câncer de colo. Só pela história já tem vários fatores de risco: multiparidade, múltiplos parceiros, coitarca precoce, DST prévia, última colopocitologia há 10 anos. Diante de uma suspeita de câncer de colo já se pode fazer um toque retal. O colo está com lesões esbranquiçadas e vegetantes (crescendo para fora). São lesões mais típicas de carcinoma. 1. Qual a provável hipótese diagnóstica? Câncer de colo de útero. 2. Quais os fatores de risco para sua hipótese? Promiscuidade, coitarca precoce, multiparidade, partos normais (o colo fica mais exposto). 3. Quais os exames necessários para confirmar esse diagnóstico? Colpocitologia oncótica, toque vaginal, toque retal, colposcopia e biópsia dirigida. RESULTADOS DOS EXAMES: 1. Colpocitologia oncótica: carcinoma epidermóide invasor 2. Colposcopia: lesão vegetante, 2 cm em lábio posterior, áreas de epitélio branco denso e vasos atípicos em lábio anterior, vagina sem lesões 3. Biópsia: carcinoma epidermóide invasor. 24 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 Paramétrio e vagina livres → estádio I. Se a lesão é muito pequena, não se sabe o quanto está invadindo, é feita a conização, para ver o quanto está invadindo a membrana basal, quanto para o tratamento. Nesse caso, a lesão é macroscópica, portanto, não precisa fazer conização para estadiar. Como não tem metástases, não tem invasão de paramétrio, não tem invasão de vagina, não pode ser II, III e IV. A lesão também não é microscópica (IA), portanto, é estádio IB. No caso é estádio IB1, lesões invasivas de até 2 cm. TRATAMENTO Cirúrgico. No estádio inicial é só conização. Posteriormente, até o estádio IIA, o tratamento é cirúrgico. O tratamento clássico é a cirurgia Wertheim- Weigs com linfadenectomia pélvica. A radioterapia e quimioterapia depende do resultado. 25 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 câncer de mama o Doença heterogênea o Quando local, é passível de cura o Doença metastática incurável o Tratamento local e sistêmico Com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais comum nas mulheres. Por isso que é fundamental rastrear câncer de mama nas mulheres, a fim de se obter um diagnóstico precoce. Dos canceres ginecológicos, o de mama é mais comum, seguido pelo câncer de colo do útero. A pirâmide etária do Brasil está alterando, apresentando maior idosos, por isso que se está tendo maior prevalência de algumas doenças, como doenças cardiovasculares, osteoporose, câncer de mama. A mamografia é útil para a prevenção secundária de câncer de mama. • PREVENÇÃO PRIMÁRIA: por exemplo, não fumar para prevenir câncer de pulmão (evitar fatores de risco). • PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: é o diagnóstico precoce. 75 a 80% não apresentam história familiar de câncer de mama 10% são considerados hereditários 10 a 15% câncer familial ✓ Sexo feminino ✓ Idade → quanto mais idade, maior a chance ✓ Histórico reprodutivo → nulíparas ou primeira gestação tardiamente (após os 30 anos) ✓ Antecedentes familiares e genéticos ✓ Uso de terapia hormonal na pós menopausa → deve ser feita apenas em pacientes sintomáticas, desde que não tenha contraindicação (no menor tempo possível, como duranteuns 5 anos) Baixo risco (RR 1,5) Risco moderado (RR 1,6 a 2,5) Alto risco (RR > 2,5) • ALTO RISCO: ✓ Câncer de ovário parente de 1º grau ✓ Câncer de mama em um parente de 1º grau < 50 anos ✓ Câncer de mama dois parentes de 1º grau > 50 anos ✓ Câncer de mama bilateral ✓ Câncer de mama masculino ✓ Câncer de mama ou ovário ✓ Mutação genética conhecida 26 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 ✓ GAIL ✓ CLAUS ✓ BRCAPRO ✓ Tyrer-Cuzick São modelos que calculam o risco de o paciente ter câncer de mama nos próximos 5 anos, em relação à população geral. Serve para que faça intervenções, como propor uma mastectomia para redução do risco. • INTERVENÇÕES: • Mastectomia redutora de risco • Quimioprevenção (tamoxifeno) • Ooforectomia • Testes genéticos • NCC: Ferramenta de recomendações e alternativas para cada estágio do câncer de mama. O BRCA1 está mais relacionado ao câncer de ovário do que o 2. 5 a 10% das neoplasias de mama. A síndrome hereditária mais comum é HBOC: BRCA1 (55%) e BRCA2 (47%). • CIRURGIA: Antes de um diagnóstico → profilática Após o diagnóstico → terapêutica • MASTECTOMIA BILATERAL PROFILÁTICA: Pode reduzir o risco em até 90% Modifica a auto imagem → nem sempre o resultado estético é adequado Função sexual pode ser interferida • MASTECTOMIA COM RECONSTRUÇÃO • MASTECTOMIA SUBCUTÂNEA: Adenomastectomia • OOFORECTOMIA BILATERAL: Reduz risco de câncer de mama 50% Reduz risco de câncer de ovário (praticamente 100%) Menopausa precoce • QUIMIOPREVENÇÃO: Uso de tamoxifeno por 5 anos. Diminui 43% a incidência. Diminui câncer contralateral. Pode ser analisado por meio da anamnese ou por meio do modelo matemático Tyrer- Cuzick. • BAIXOR ISCO: • Rastreamento aos 40 anos. • RISCO MODERADO: • Rastreamento aos 35 anos • Avaliar risco-benefício • RNM de mamas • Quimioprevenção • ALTO RISCO: • MMG e RNM aos 25 – 30 anos • Geneticista • Explicar medidas de redução de risco • Quimioprevenção • Cirurgia Diferentes instituições preconizam diferentes métodos de rastreamento mamográfico (diferentes frequências). Mamografia de rastreio reduz a mortalidade da população geral. US é um exame complementar da mamografia, não serve para rastreamento. No caso da RNM, pode ser solicitada em alguns casos específicos. 27 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 • RECOMENDAÇÕES PARA RNM: • Portadoras de mutação do BRCA • Parente de 1º grau com mutação • Risco de desenvolver câncer maior que 20% • RECOMENDAÇÃO CONTRA DE RNM: • Risco de desenvolver câncer entre 15 a 20% • Neoplasia lobular in situ • Hiperplasia lobular atípica • Hiperplasia ductal atípica • Mamas densas • História pregressa de câncer de mama Para que serve estadiamento do tumor? Serve para definir a conduta e possível tratamento. Doença de Paget: é uma forma de carcinoma in situ (da aureola) Tumor até 2 cm → T1 Tumor 2- 5 cm → T2 Tumor com mais de 5 cm → T3 N0 → axila negativa N2 → bloco linfonodal na axila N3 → comprometimento linfonodo supra- clavicular M → metástase Esse estadiamento determina o prognóstico. O prognóstico não depende só do estadiamento, dependem também de fatores biológicos. Marcadores biomoleculares também determinam no prognostico da paciente. Por exemplo, pacientes diferentes no mesmo estádio, podem ter prognóstico diferente, isso por causa dos fatores biológicos. • IMUNOISTOQUÍMICA: • Expressão de HER2 → é um fator de crescimento • Receptores para estrógeno e progesterona → se tiver receptor de estrógeno e de progesterona é mais parecida com a célula normal (mais diferenciado, melhor) – é preciso saber se 28 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 tem receptores e em qual proporção esses receptores estão presentes • Ki-67 → indica qual o percentual de células que estão em mitose • SUBTIPOS TUMORAIS: ✓ Luminal A ✓ Luminal B ✓ HER 2 positivos ✓ Triplos negativos (não tem receptor de estrógeno, progesterona, e não tem expressão do HER2) → não tumores de evolução muito desfavorável RE: receptor de estrógeno PR: receptor de progesterona Paciente com HER2 positivo podem fazer uso do medicamente Transtuzumabe. • Nódulo endurecido, irregular, indolor. • Pode ter fluxo papilar espontâneo, unilateral. • Retração da pele • Achados mamográficos • Mastalgia raramente como sintomas isolado (dor é sempre em estádios avançados) ✓ Clínico: auto exame, palpação das mamas e linfonodos ✓ Mamografia ✓ Ultrassom ✓ RNM ✓ Biópsias • PAAF • Biópsias percutâneas com agulha grossa: ✓ Core biopsy ✓ Biopsia a vácuo – mamotomia • Biopsias incisionais • Biopsias excisionais: lesões não palpáveis 29 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 úlceras genitais 1. Sífilis 2. Cancro mole 3. Linfogranuloma venéreo 4. Donovanose 5. Herpes genital 6. Hidradenite supurativa 7. Doença de Beçet 8. Doença de Crohn 9. Carcinomas (ligados ao HPV) As DSTs, na maioria das vezes, vêm em combo. Isso porque quando se tem lesões ulceradas, tem-se uma solução de continuidade, o que torna mais fácil de entrar para a corrente sanguínea, outros vírus. Nas DSTs não ulceradas tem um risco menor de contrair outras doenças, mas ainda há um risco. O grande problema das DSTs são as doenças crônicas e assintomáticas, porque os indivíduos transmitem por mais tempo antes de se fazer o diagnóstico, perpetuando as vias de transmissões. DST ULCERADA: risco 18x maior de contrair HIV DST NÃO ULCERADA: risco de 3 a 10x maior de contrair HIV Aumento de 600% nos casos de Sífilis no estado de SP e 135% de sífilis congênita (2007 a 2013) → a infecção/transmissão de sífilis está em uma curva ascendente, pelo baixo uso de preservativos. O grande problema é a sífilis neonatal/congênita. A maioria dos hospitais tem feito teste rápido para sífilis quando a gestante chega. As ulceras nascem como uma bolha e, posteriormente, se diferenciam de acordo com o patógeno. • ETIOLOGIA: Treponema pallidum (microrganismo espiralado, sem membrana) • TRANSMISSÃO: ✓ Contato direto das lesões (contato com as úlceras) ✓ Transfusão de sangue ✓ Transplacentária (as gestantes podem não saber que têm e transmitem ao bebê) • CLASSIFICAÇÃO: ✓ Congênita ✓ Adquirida → até pouco tempo atrás era dividida em primária, terciária e secundária. A partir de 2015 foi dividida em recente ou tardia de acordo com o tratamento. • Recente (primária e secundária / latente): < 1 ano • Tardia (terciária / latente): > 1 ano o Período de incubação: 3 semanas o Pápula inflamatória evolui para exulceração o Lesão ulcerada, única, de fundo limpo, sem fenômenos inflamatórios, indolor, endurecida o Localização genital, anal, retal, oral o Pode passar desapercebida – regressão em 5 semanas (assintomático) o Adenopatia satélite indolor e não supurativa o Queixa que pode passar desapercebida por ser assintomática e regredir espontaneamente em semanas CANCRO DURO 30 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 2 a 6 meses após infecção primária A lesão primária regride, e após meses pode evoluir para as lesões secundárias. ✓ Lesões maculosas: roséola sifilítica Máculas eritematosas em tronco, região palmoplantar. ✓ Lesões papulosas – podem formar condilomas Planos em regiões úmidas ✓ Alopécia em clareira (formam buracos por causa da queda de cabelo) ✓ Micropoliadenopatia (mais em pessoas com resistência mais baixa, que são vários linfonodos espalhados) ROSÉOLA SIFILÍTICA EXANTEMAPAPULAR CONDILOMA PLANO o Período de latência variável – até 20 anos o Lesões cutâneas (gomas) o Cardiovascular (10%) – aneurisma de aorta torácica o Neurosífilis (8%) • DEMONSTRAÇÃO DIRETA: Microscopia de campo escuro – detectado nas úlceras, pápulas e condilomas planos. • PROVAS LABORATORIAIS: ✓ Testes não treponêmicos (VDRL): Veneral disease research laboratory É o teste mais sensível e mais utilizável para fazer rastreio de sífilis. • Exame quantitativo + a partir da 2ª semana • Permite controle de cura • Mais elevado na secundária • Tende a negativar entre 9-12 meses após tratamento • Pode permanecer + por vários anos • Títulos baixos (falso + colagenoses/ hepatopatias) → geralmente são cicatrizes sorológicas já tratadas ou falsos positivios Portanto, após tratar um paciente com sífilis, deve fazer o controle por 1 ano através do VDRL. ✓ Testes treponêmicos (FTA-ABS): Fta-abs (fluorescent treponemal antibody test) É mais sensível, mas mantém-se positivo para sempre após uma infecção, mesmo que tratada. • Solicitar quando VDRL+ • Imunofluorescência indireta • Teste mais sensível • Mantem-se + por toda a vida • Falsos +: malária, hanseníase, colagenoses e mononucleose ✓ ELISA IgG / IgM ✓ Teste rápido treponêmico: Os testes rápidos foram desenvolvidos devido à alta incidência de sífilis. • Teste imunocromático qualitativo • Detecta anticorpos específicos • Triagem sorológica • Laudo: reagente ou não reagente Quando for positivo, realizar uma sorologia posteriormente. 31 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 • SÍFILIS PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E LATENTE RECENTE: Penicilina benzatina 2.4000.000 UI IM Dose única • SÍFILIS TARDIA, LATENTE + DE 1 ANO: Penicilina benzatina 2.400.000 UI IM 1 x por semana por 3 semanas consecutivas Para pessoas alérgicas à Penicilina. Mas não são eficientes para tratarem à sífilis neonatal. As gestantes com alergia à Penicilina precisam passar por uma dessensibilização e tomar posteriormente. ✓ Eritromicina ✓ Ceftriaxona (Ministério da Saúde) – é mais seguro, efeito mais rápido (intramuscular) ✓ Tetraciclina ✓ Doxiciclina ✓ Não há alternativa comprovada para ✓ Gestantes. O ideal é dessensibilização o Controle com VDRL trimestral (1º ano) o Semestral no 2º ano o Títulos devem reduzir em até 12 meses o Aumento sugere reinfecção, neurosífilis ou o Falha no tratamento (10%) Após tratar, os anticorpos produzidos pelo corpo não previnem uma nova infecção. A pessoa pode se curar e, posteriormente, se infectar de novo. o VDRL no primeiro e terceiro trimestre o Tratar no primeiro resultado + → para não causar sífilis congênita o Mensal nas gestantes infectadas e tratadas → se eles voltarem a aumentar, deve-se tratar novamente, porque a gestante pode ter se re-infectado o Hepatomegalia, ascite ou hidropsia fetal sugerem falha no tratamento o Somente a penicilina é eficaz na prevenção da sífilis congênita (gestantes não podem fazer uso de tratamentos alternativos, mesmo se tiver alergia) o Dessensibilização em ambiente hospitalar o Afecção causada pelo Haemophilus ducrey o Bacilo gram negativo o Transmissão exclusivamente sexual o Período de incubação de 2 a 14 dias o Acomete mais os homens, principalmente homossexuais QUADRO CLÍNICO • PÁPULA INFLAMATÓRIA: • Lesão ulcerada, bordas irregulares e amolecidas, dolorosa, purulenta, • Não regridem espontaneamente • Únicas ou múltiplas • LINFADENOPATIA DOLOROSA: • 50% evolui para Bulbão cancróide (linfadenopatia maior) • Liquefação e fistulização DIAGNÓSTICO • EXAME DIRETO (COLORAÇÃO DE GRAM): • Esfregaço da base da úlcera ou PAAF do linfonodo (caso o linfonodo esteja aumentado) • Bacilos gram – intracelular, “paliçada” ou “impressão digital” (como se fosse uma célula com vários grânulos dentro) • PESQUISA DO DNA POR PCR (ALTO CUSTO) • CULTURA (DIFÍCIL CULTIVO) / BIÓPSIA • EXCLUSÃO 32 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 TRATAMENTO ✓ Limpeza das lesões com antisépticos (porque essas lesões podem sofrer infecções secundárias) ✓ Azitromicina 1000 mg – dose única → responde muito bem ao tratamento (fácil de tratar) ✓ Ceftriaxona – dose única ✓ Tianfenicol – dose única ✓ Ciprofloxacin / doxiciclina – tratamento até 10 dias (em casos mais extensos, mas é raro) ✓ Não drenar os linfonodos – puncionar (mesmo que tenha aspecto infeccioso) → para não correr o risco de formar fistulas nos linfonodos. o Transmissão exclusiva por relação sexual o Chlamydia trachomatis sorotipos L1, L2 e L3 → tem vários subtipos (as que causam DIPA são outros subtipos) o Período de incubação de 3 a 30 dias o Sorotipos D e K causam DIP - infertilidade o Úlceras são percebidas em 30% dos pacientes (a maioria dos pacientes não perceberão as úlceras) → por isso é considerada bactéria do silêncio o O grande problema são as complicações tardias CLÍNICA • LINFONODOS ACOMETIDOS • Inguinais superficiais (são detectados mais facilmente, antes de ter complicações mais tardias/graves) • Pélvicos • Ilíacos • Entre reto e artéria Ilíaca • COMPLICAÇÕES TARDIAS • Linfangite progressiva • Edema crônico (elefantíase/testículo aumentado no homem e estiômetro vulvar na mulher) • Fibrose esclerosante • Fístulas • Complicações anorretais (quando acomete os linfonodos próximos ao reto) • ANOS DE EVOLUÇÃO DIAGNÓSTICO • SOROLOGIAS: Fixação de complemento: • Não identifica sorotipo • Títulos de anticorpos altos (1:256) • 80 a 90% + Imunofluorescência direta: • IgG e IgM • DETECÇÃO DO DNA DA CHLAMYDIA: • PCR diretamente da lesão → mais utilizado • Aspirado de linfonodos/ uretra/ endocérvice TRATAMENTO Tratamento também é longo por ser um quadro mais crônico, arrastado. Deve ser tratado por, no mínimo, 3 semanas, mas em quadros mais graves, tratar por mais tempo. ✓ Doxiciclina 100mg 12/12 h 21 dias (2015 – MS) ✓ Eritromicina ✓ Tianfenicol ✓ Tratar parceiros dos últimos 30 dias → para frear a evolução ✓ Não reverte sequelas ✓ Tratamento longo (21 dias) 33 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 o Granuloma inguinal o Bacilo gram negativo o Klebsiella granulomatis (calymmatobacterium) o Período de incubação longo (até 6 meses) É pouco frequente e não está diretamente relacionado com relações sexuais, até mesmo crianças podem apresentar. É uma ferida que cresce em meses, até formar lesões muito grandes. Mais comum em homens homossexuais. QUADRO CLÍNICO o Pápulas úlceras superficiais o Crescimento lento, pouca dor o Lesões extensas, granulomatosas, região de dobras, odor fétido o Pseudo bulbões (tipicamente não há adenomegalia) → nessa fase pode ser dolorosa o Cicatrizes retráteis levando à destruição linfática o Deformidades e elefantíase DIAGNÓSTICO • HISTOPATOLÓGICO: • Identificar corpúsculos de Donovan • Inclusão dos bacilos nos macrófagos • Descartar carcinomas • SOROLOGIA: Fixação de complemento TRATAMENTO ✓ Mínimo 3 semanas, até a cura (muito demorado/prolongado) ✓ Doxiciclina 100 mg 12/12 h (2015) → quando não regride, tentar os tratamentos alternativos. ✓ Azitromicina ✓ Ciprofloxacin ✓ Tianfenicol ✓ Eritromicina Úlcera genital mais prevalente no mundo (é pequena, forma apenas bolinhas). Quando em grande quantidade podem se unir e parecer ser uma bolha maior. • AGENTE: ✓ DNA vírus dermatoneurotrópico ✓ Herpes vírus 1 (oral) e herpes vírus 2 (genital) – não faz diferença saber qual é o subtipo, porque o tratamento é o mesmo ✓ HSV1 acomete gânglio trigêmeo e o HSV2 gânglio sacral → fica latente no gânglio até a imunidade cair, para que tenharecorrência. o Transmissão através de objetos contaminados, relação sexual e materno fetal o Cesárea eletiva é indicada na presença de lesões ativas (porque as pequenas vesículas/ulceras tem uma grande quantidade do vírus, portanto, caso o bebê passe por essas lesões, seria contaminado) FISIOPATOLOGIA Nos imunodeprimidos pode cair na corrente sanguínea e acometer órgãos distantes, o que é mais grave. 34 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 QUADRO CLÍNICO • PRIMEIRO EPISÓDIO • É o mais severo e acomete 25% (quadro bem exuberante) • Período de incubação 3 a 7 dias • Áreas eritematosas evoluem para múltiplas vesículas • 48h elas rompem-se formando úlceras • Cicatrizam-se em até 3 semanas • Dor intensa em queimação, eritema, disúria, secreção vaginal, mialgia, febre e linfadenopatia Pode ser confundido com infecção urinária (pela disuria) → por isso que se deve caracterizar muito bem o quadro da paciente em uma primeira infecção. • ESPISÓDIOS RECORRENTES: • São mais brandos devido aos anticorpos (herpes não tem cura) • Preferencialmente nos mesmos locais • Ardor e prurido antecedem as vesículas (o tratamento nessa fase reduz a formação) • Ocorrem em 90% (HSV2) e 60% (HSV1) • Anticorpos presentes em pacientes com carcinoma de colo → não têm nenhuma interferência/causa no câncer de colo, mas como já foi dito no começo da aula, as DSTs vêm em combo (criam um ambiente mais propicio para que outros vírus se instalem) FATORES DE RECORRÊNCIA: ✓ Febre ✓ Sol ✓ Traumatismos (na relação sexual) – usar gel ✓ Menstruação ✓ Stress ✓ Antibioticoterapia prolongada (muda flora) ✓ Imunodeprimidos HERPES NEONATAL Paciente com lesão ativa de herpes → cesárea (por isso também não pode beijar recém-nascidos). DIAGNÓSTICO • Clínico (não precisa fazer diagnósticos laboratoriais) → já faz tratamento QUANDO HÁ DÚVIDA DIAGNÓSTICA: • Citodiagnóstico de Tzanck (gram evidencia células gigantes multinucleadas com corpúsculos de inclusão) • PCR (testes sorológicos específicos IgG e IgM) → IgM positivo fecha o diagnóstico • Biópsia (corpúsculos) • Cultura viral → muito caro, não tem necessidade. TRATAMENTO ✓ Iniciar precocemente ✓ Primeiro episódio prolongar mais o tratamento (por 7 a 10 dias) ✓ Recorrências tratar por 5 dias ✓ Aciclovir 400mg 8/8h V.O. (baixo custo e boa eficácia) ✓ Valaciclovir 500mg 12/12h V.O. ✓ Fanciclovir 125mg 12/12h V.O. ✓ Tratamento tópico sem corticóide Deve-se fazer o tratamento de forma correta para evitar uma resistência do vírus ao Aciclovir, o que tornará as recorrências mais frequentes. Caso tenha muitos quadros de recorrência, deve-se trocar a medicação. A candidíase, muitas vezes, precede surtos de herpes. TRATAMENTO SUPRESSIVO Indicado para pessoas com muitas recorrências (mais de 6 x ao ano) Por 6 a 12 meses (tratamento prolongado). ✓ Aciclovir 400mg VO 12/12 h ✓ Fanciclovir 250mg VO 12/12 h ✓ Valaciclovir 500mg VO 1 x ao dia O tratamento não é uma cura, é apenas para reduzir as recorrências. 35 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 • Hidradenite supurativa • Doença de Beçet • Doença de Chron HIDRADENITE SUPURATIVA o Glândulas apócrina podem se inflamar e formar úlceras (não é uma DST) o Tendência familiar (genética) o Hipersensibilidade a androgênios o Formação de abscessos, ulcerações e fístulas o Estafilococos, estreptococos e anaeróbios (bactérias da própria pele) o Vulva, períneo, axila • TRATAMENTO: ✓ Tetraciclinas (antibióticos) ✓ ACHO (Ciproterona) → melhoram a oleosidade da pele, o que ajuda a prevenir (melhora apenas na vigência do uso) ✓ Dexametasona ✓ Isotretinoina (Roacutan) → causa atrofia da glândula apócrina, mas também volta depois do tratamento ✓ Cirurgia ✓ Depilação à laser de CO2 → é o tratamento mais eficiente DOENÇA DE BEÇET o Doença inflamatória de múltiplos órgãos o Hiperatividade s. auto imune o Vasculite o Úlceras genitais, orais e acometimento ocular (uveíte) o SNC e trato gastrointestinal • DIAGNÓSTICO: • Descartar DST • Antígeno HLA-B51 • Biópsia – arterite e trombose venosa • TRATAMENTO: • Higiene e corticoides • Imunossupressores Quem faz o tratamento são os reumatologistas. DOENÇA DE CHRON o Doença granulomatosa que acomete íleo e cólon (concomitância com doença de Chron intestinal) o Pode comprometer períneo o Úlceras perineais profundas e lineares (aspecto em facada) o Diagnóstico por biópsia • TRATAMENTO: ✓ Metronidazol ✓ Azatioprina ✓ Corticóides ✓ Cirurgia Mesmo tratamento de Chron intestinal. Quando faz o tratamento das doenças, as lesões genitais regridem. Alguns tumores podem aparecer em forma de úlcera. Fundamental biopsiar lesões como essa. Pode causar prurido. 36 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 dispositivo intrauterino O DIU é um artefato que tem ação de não permitir que o espermatozoide se capacite para fecundar um óvulo. • TIPOS: ✓ Cobre: T CU 380 – aprovado para 10 anos Formato de ferradura ✓ Levonorgestrel (formato de T): Aprovado para 5 anos. Liberação diária: • 20 mcg de progestagênio (Mirena ®) • 12 mcg de progestagênio (Kyleena ®) → apenas como anticoncepcional, não diminui tanto o fluxo e a cólica (tem a vantagem de ter menor efeito sistêmico) Também é denominado SIU. Pode ser considerado um tratamento hormonal (progesterona local), como para mulheres na perimenopausa, por exemplo. Vem com um guia para inserção (para alcançar o fundo do útero). O Kyleena é um pouco menor e mais estreito, mais fácil de colocar. O que é melhor para nulíparas. Vem com um fio de metal para que seja melhor identificado no US. O objetivo do Mirena é entrar em amenorreia, o que é um bom tratamento para mulheres com endometriose, por exemplo. São raras as mulheres que possuem Mirena e menstruam, porque a progesterona causa atrofia do endométrio, o que diminui os focos de endometriose. Além disso, também reduz os sintomas de cólica. Algumas mulheres, mesmo com o Mirena podem ovular, porque o efeito é mais local (no próprio endométrio). O ideal é que o de Cobre fique bem ao fundo do útero. Enquanto o SIU não precisa ficar tão ao fundo. Além disso, o DIU tem ação espermicida. o Ação espermicida o O espermatozoide perde a sua segunda capacitação o Não tem ação abortiva 37 ANA PAULA – XXII GINECOLOGIA – ATD3 o Reação endometrial de corpo estranho o Quando tem progesterona, também causa atrofia do endométrio, e o muco fica mais hostil (espesso), ação pequena sob trompas e ovário o Já o DIU de cobre tem ação primordial de matar o espermatozoide, é espermicida ✓ Considerado uma esterilização provisória (alta eficácia, a mesma da laqueadura) ✓ Longa duração (T Cu380 10 anos) → para mulheres que realmente não querem engravidar durante os próximos anos ✓ Independe do ato sexual ✓ Fácil remoção e inserção (depende do treinamento de quem está inserindo) ✓ Melhor custo benefício a longo prazo (a curto prazo, os SIUs ainda são um pouco caros, mas os planos de saúde cobrem) – pelo SUS o DIU de Cu é de mais fácil acesso. ✓ Pode ser utilizado mesmo durante a amamentação (não influencia) ✓ Pode ser inserido no parto (aproveitar a anestesia) → desde que a paciente esteja ciente que esse DIU pode deslocar, porque o útero está muito grande, portanto, após sua involução, esse DIU pode ficar baixo. Se ficar baixo, deve ser retirado e inserido novamente. Necessita de profissionais habilitados Efeitos colaterais (como qualquer método concepcional, os primeiros 3
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