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Distribuição de Cargas Discretas. Lei de Coulomb Carga elétrica A carga elétrica é uma propriedade física fundamental que determina as interacções electromagnéticas. Encontra-se nas partículas elementares que compõem o átomo. O átomo é formado por protões, neutrões e electrões, sendo que: Protões: Localizam-se no núcleo do átomo e possuem carga elétrica positiva; Electrões: Ficam na electrosfera, região ao redor do núcleo atômico, e têm carga elétrica negativa; Neutrão: Também localizado no núcleo atômico, não possui carga elétrica. As cargas são normalmente equivalentes a um número muito elevado de cargas elementares. Por isso é uma boa aproximação admitir que a carga varia continuamente e não de forma discreta. A unidade de grandeza da carga elétrica no Sistema Internacional de Unidades é o Coulomb, representado pela letra C, em homenagem a Charles Augustin Coulomb. Todos os corpos são formados por cargas elétricas, porém, não é fácil perceber suas propriedades, pois a maioria dos corpos, estão electricamente neutros e possuem, portanto, a mesma quantidade de protões e electrões. Um corpo pode ser eletrizado de duas formas: positivamente: se possui mais protões que electrões ou negativamente: se possui mais electrões do que protões. carga elementar A carga elétrica elementar é a menor quantidade de carga que pode ser encontrada na natureza. Seu valor é igual a 1,6 . 10 -19 C e é atribuído à carga do electrtão (com sinal negativo) e à do protão (com sinal positivo). A partir desse valor, podemos perceber que 1 C é uma unidade muito grande para a carga elétrica, por isso, é comum a utilização de seus submúltiplos. Os principais são: mC (milicoulomb) 10 -3 C; μC (microcoulomb) 10 -6 C; nC (nanocoulomb) = 10 -9 C Princípios da eletrostática A eletrostática é a parte da Física que estuda fenômenos associados às cargas elétricas em repouso. Ela é regida pelos seguintes princípios: (a) Princípio da conservação da carga elétrica: a somatória da carga elétrica de um sistema eletricamente isolado é constante; (b) Quantificação da carga elétrica: de acordo com esse princípio, a carga elétrica é quantificada, ou seja, sempre um múltiplo do valor da carga elétrica elementar. A carga de um corpo é dada pela equação: Q = n . e, sendo Q - a carga elétrica total de um corpo; n - o número de electrões perdidos ou recebidos; e - a carga elementar (1,6 . 10 -19 C). (c) Princípio da atração e repulsão das cargas elétricas: cargas elétricas de mesmo sinal repelem-se, e cargas de sinais contrários atraem-se. Eletrização Para que um corpo, inicialmente neutro, fique eletricamente carregado, ele precisa passar por um processo de eletrização, que pode ocorrer de três formas: (a) por atrito: quando dois corpos neutros e feitos de diferentes materiais são atritados entre si, um deles ganha electrões (adquire carga negativa) e o outro perde electrões (adquire carga positiva). Nesse tipo de eletrização, os dois corpos ficam com carga de módulo igual, mas de sinais opostos. (b) por contato: ocorre quando dois corpos condutores, estando um deles eletrizado, são colocados em contato e a carga elétrica é redistribuída entre os dois, estabelecendo equilíbrio eletrostático. Ao fim desse processo, os dois corpos ficam com a mesma carga. (c) por indução: esse processo de eletrização ocorre em três etapas: I. inicialmente se aproxima um corpo eletrizado de um corpo neutro, fazendo com que neste haja a separação de cargas (indução electroestática); II. em seguida, conecta-se um condutor ao corpo neutro, ligando-o a terra, fazendo com que uma parte do condutor seja neutralizada; III. por fim, desconecta-se o corpo da terra e ele fica eletrizado com mesma carga, porém com sinal oposto às cargas do corpo usado para induzir a separação de cargas. Entre partículas elétricas existem forças gravitacionais de atração devido às suas massa e forças eléctricas devidas às suas cargas elétricas. Nesse caso, as forças gravitacionais podem ser desprezadas, visto que a massa de uma partícula é ínfima. A força gravitacional só é perceptível quando há a interação entre corpo de massas de grandes proporções, como a Terra e a Lua, por exemplo. Lei de Coulomb Todas as forças em Física são derivadas a partir de quatro interações fundamentais: gravitacional, eletromagnética, nuclear forte e interação fraca. As forças nuclear e de interação forte são importantes apenas nas dimensões nucleares, em algumas colisões entre núcleos e no decaimento de partículas elementares instáveis. A força gravitacional, que nos é bastante familiar, é importante somente quando a massa de um dos dois objetos interagentes é comparável com a massa de um planeta qualquer. As forças do tipo eletromagnéticas dominam todos as interações entre sistemas desde os átomos aos planetas.Usamos a palavra electromagnetismo para enfatizar que os fenômenos elétricos e magnéticos não são separáveis e estão diretamente correlacionados. Os efeitos elétricos e magnéticos são conseqüências de uma propriedade da matéria denominada "carga elétrica". No século XVIII Benjamim Franklin descobriu que as cargas elétricas colocadas na superfície de um objeto metálico podem produzir forças elétricas elevadas nos corpos no exterior do objeto, mas não produzem nenhuma força nos corpos colocados no interior. No século anterior Isaac Newton já tinha demonstrado de forma analítica que a força gravítica produzida por uma casca oca é nula no seu interior. Esse resultado é consequência da forma como a força gravítica entre partículas diminui em função do quadrado da distância. Concluiu então Franklin que a força elétrica entre partículas com carga deveria ser também proporcional ao inverso do quadrado da distância entre as partículas. No entanto, uma diferença importante entre as forças elétrica e gravítica é que a força gravítica é sempre atrativa, enquanto que a força elétrica pode ser atrativa ou repulsiva. Vários anos após o trabalho de Franklin, Charles Coulomb (1736-1806) investigou, por volta de 1780, as forças elétricas usando uma balança de torção. Embora, não havia instrumentos precisos para fazer medidas elétricas, Coulomb conseguiu determinar relações matemáticas importantes na descrição das interações eletrostáticas. Ele observou que força atractiva ou repulsiva era proporcional ao produto das duas cargas em interacção (q1e q2) e inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre elas, que matematicamente pode ser expresso por ⃗ . Esta equação ficou conhecida como lei de Coulomb. A constante k é denominada permissividade do vácuo e algumas vezes é escrita em termos de uma outra constante Estas duas constantes estão relacionadas por; A lei de Coulomb pode ser verificada usando o equipamento denominado de balança de torsão, representado na figura abaixo. Pela lei de Coulomb, duas cargas elétricas pontuais de 1 coulomb separadas de um metro exercem uma sobre a outra uma força de 9 × 10 99 N, isto é, aproximadamente o peso de 900 000 toneladas. O coulomb é, portanto, uma unidade de ordem de grandeza elevada para exprimir quantidades de cargas estáticas e utilizam-se geralmente seus sub-múltiplos microcoulomb (μC) ou nanocoulomb (nC). Outras unidades de medida de carga elétrica, usadas em situações especiais, são: carga eléctrica (e); Ampére-hora (Ah); Abcoulomb (AbC) e; Statcoulomb (StC). Campo elétrico Uma forma diferente de explicar a força eletrostática entre duas partículas com carga consiste em admitir que cada carga elétrica cria à sua volta um campo que atua sobre outras partículas com carga. Se colocarmos uma partícula com carga q num ponto onde existe um campo elétrico, o resultado será uma força elétrica F; o campo elétrico E define-se como a força por unidade de carga: ⃗⃗ ⃗ Consequentemente, o campo elétriconum ponto é um vetor que indica a direção e o sentido da força elétrica que sentiria uma carga unitária positiva colocada nesse ponto.No sistema SI, o campo elétrico tem unidades de newton sobre coulomb (N/C). O campo elétrico produzido por uma carga pontual positiva Q são vetores com direção e sentido a afastar-se da carga, como se mostra no lado esquerdo da figura ao lado. Uma forma mais conveniente de representar esse campo vetorial consiste em desenhar algumas linhas de campo, como foi feito no lado direito da figura anterior. Em cada ponto, a linha de campo que passa por esse ponto aponta na direção do campo. O módulo do campo é maior nas regiões onde as linhas de campo estão mais perto umas das outras. Para calcular o valor do campo elétrico produzido pela carga pontual num ponto, coloca-se uma carga de prova nesse ponto e divide-se a força elétrica pela carga ⃗⃗ ⃗ . Usando a lei de Coulomb, obtemos o módulo do campo elétrico produzido pela carga Q : a: ⃗⃗ ⃗ onde d é a distância desde a carga Q que produz o campo, até o ponto onde se calcula o campo. O sinal da carga Q indica se o campo é repulsivo ou atractivo O campo elétrico criado por uma única carga pontual é muito fraco para ser observado. Os campos que observamos mais facilmente são criados por muitas cargas; seria preciso somar vectorialmente todos os campos de cada carga para obter o campo total. As linhas de campo elétrico produzidas por um sistema de muitas cargas já não serão retas, como na figura anterior, mas poderão ser curvas. Exemplos Exemplo 1 - Calcule o número de electrões existentes em uma pequena bola de carvão com 1,0 g de massa. Resolução - Para resolver esta questão estamos levando em conta que o carvão é formado apenas por átomos de carbono que tem número atômico (Z) igual a 6 e peso atômico 12. Portanto 12g de carvão formam um mol e contém 6,02 x 1023átomos ou seis vezes mais electrões. O número de electrtãos em 1 g de carbono é então ( ) Existe uma grande similaridade entre a lei de Coulomb e a lei universal da gravitação. Ambas são inversamente proporcional ao quadrado distância entre dois objetos. Ambas são proporcionais ao produto de uma propriedade de cada corpo - massa para a gravitação e carga para eletrostática. A maior diferença entre estas duas leis é que a gravitacional é sempre atrativa, enquanto a eletrostática pode ser tanto repulsiva quanto actrativa. Exemplo 2 - Determine a magnitude da força elétrica em um electrtão no átomo de hidrogênio, exercida pelo protão situado no núcleo atômico. Assuma que a órbita eletrônica tem um raio médio de r = 0.53 x 10-10 m. Veja figura ao lado. Solução - De acordo com a lei de Coulomb, força, em módulo, entre as duas cargas é dada por: ( )( ) ( ) . A direção da força no electrtão é a mesma da linha que liga ambas. Como as cargas têm sinais opostos então a força é do tipo atrativa. Exemplo 3 - Calcule a força eletrostática resultante na carga qo devido as cargas q1 e q2, distribuídas na configuração apresentada na figura ao lado Solução - As forças ⃗ e ⃗ têm as suas direcções e sentidos no diagrama vetorial ao lado; q1 exerce uma força atractiva sobre qo e q2 uma força repulsiva. As magnitudes (módulos) de ⃗ e ⃗ são iguais a ( )( ) ( ) =45N e ( )( ) ( ) =360N A força ⃗ pode ser decomposta em componentes nas direções x e y. Assim, = ( ) e = ( ) A força ⃗ tem apenas uma componente y. Assim, as componentes da força resultante em qo são = e = . A força resultante é ⃗ ⃗ ⃗ e cujo módulo é F √ . Princípio da Superposição Até agora, discutimos as forças elétricas devido a interação entre dois corpos carregados. Sabemos também que as cargas elétricas elementares podem se agrupar no sentido de formarem diferentes tipos de distribuição de cargas. Estas distribuições pertencem a dois grupos distintos; a distribuição discreta e a contínua. As distribuições contínuas de cargas se dividem em três classes; as distribuições lineares, as de superfícies e as volumétricas. Vamos supor que uma carga de prova positiva (qo) tenha sido colocada na presença de várias outras cargas.Qual será, então, a força eletrostática resultante sobre qo? Somos tentado a resolver este problema da mesma maneira como é feito com a força gravitacional na mecânica, isto é, adicionar vetorialmente as forças que atuam separadamente entre dois corpos, para obter a força resultante. Este método é conhecido como princípio da superposição. Na figura do exemplo 3, mostramos a representação esquemática das forças actuando em qo, devido a todas as outras forças. Embora este resultado possa parecer óbvio, ele não pode ser derivado de algo mais fundamental. A única forma de verificá-lo é testando-o experimentalmente. No caso de N partículas carregadas, temos que a força resultante sobre qo, é a soma vetorial de todas as forças como a seguir se mostra: ⃗ ⃗ ⃗ ⃗ ⃗ ∑ ⃗ Neste caso, dizemos que a força resultante sobre qo deve-se à uma distribuição de cargas discreta e concluímos que a lei de Coulomb para distribuição discreta de cargas, também satisfaz o princípio da superposição, isto é; a força resultante sobre a carga de prova é a força devido a cada umas das cargas pertencentes à distribuição. Exercícios 1. De acordo com a lei de Coulomb, a força eletrostática entre duas cargas puntiformes em repouso é: a) inversamente proporcional ao produto do módulo das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. b) diretamente proporcional ao produto do módulo das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. c) diretamente proporcional ao produto do módulo das cargas e ao quadrado da distância entre elas. d) uma grandeza escalar, pois é completamente descrita somente por seu módulo. e) uma força de contato e de natureza elétrica. 2. O equilíbrio eletrostático é uma condição atribuída aos materiais condutores. Em relação a esse fenômeno, assinale a alternativa correta: a) Nos condutores em equilíbrio eletrostático, o campo elétrico interno é sempre constante, enquanto seu potencial elétrico interno é nulo. b) Nos condutores em equilíbrio eletrostático, o campo elétrico interno é sempre nulo, enquanto seu potencial elétrico interno é constante. c) Nos condutores em equilíbrio eletrostático, tanto o campo elétrico quanto o potencial elétrico são constantes. d) Nos condutores em equilíbrio eletrostático, tanto o campo elétrico quanto o potencial elétrico são nulos. 3. Um corpo condutor inicialmente neutro perde 5.1013 electrões. Qual será a carga elétrica no corpo após esta perda de electrões? 4. Duas esferas elétricas condutoras e idênticas de cargas elétricas iguais a + 2,0 C e -3,0 C tocam-se, transferindo elétrons entre si. A carga elétrica remanescente em cada esfera após o contato será igual a: a) 5,0 C; b) 0,5 C; c) -0,5 C; d) -1,0 C; e) 0 C 5. Um corpo possui 5.0.1019 electrões. Qual é a carga deste corpo? 6. Em uma actividade no laboratório de física, um estudante, usando uma luva de material isolante, encosta uma esfera metálica A, carregada com carga +8 µC, em outra idêntica B, eletricamente neutra. Em seguida, encosta a esfera B em outra C, também idêntica e eletricamente neutra. Qual a carga de cada uma das esferas? 7. Considere duas partículas carregadas respectivamente com +2,5 µC e -1,5 µC, dispostas conforme mostra a figura ao lado. Qual a intensidade da força que atua sobre a carga 2? (0,375N, horizontal de direita para esquerda) 8. Duas cargas elétricas iguais,de módulo 2.10-6 C, encontram-se separadas a uma distância de 0,5 m. O módulo da força elétrica entre elas é igual a: a) 0,144 N; b) 0,150 N; c) 4,5 N; d) 16,9 N; e) 0,169 N 9. O campo elétrico produzido por uma carga pontual é igual a 50 V/m. Quando uma carga de prova de 2.10 -8 C surge, a força elétrica entre as cargas possui módulo igual a: a) 5.10-6 N; b) 1.10-6 N; c) 2.10-6 N; d) 1.10-3 N; e) 4.10-2 N 10. O potencial elétrico de uma carga pontual é de 100 V/m. Um ponto distante dessa carga em 0,25 m apresenta potencial elétrico igual a: a) 2,5 V b) 10 V c) 100 V d) 400 V e) 25 V 11. Determinado corpo encontra-se com excesso de 2.1017 elétrons. O sinal da carga adquirida por esse corpo e o seu módulo são respectivamente iguais a: a) 1,6.10-2 C; b) 0,8.10-2 C; c) 3,2.10-2 C; d) 2,0.10-3 C; e) 2,0.10-3 C 12. Três cargas puntiformes, de 2,0 mC , 7,0 mC e -4,0 mC estão colocadas nos vértices de um triângulo equilátero, de 0,5 m de lado, conforme mostra Fig. 1.2 ao lado. Calcular a força resultante sobre a carga de 7,0 mC. 13. Duas cargas puntiformes, q1=+q e q2=+4q, estão separadas por uma distância L, como mostra a Fig. 1.3. Uma terceira carga é colocada de forma que o sistema inteiro esteja em equilíbrio. Determinar o sinal, o módulo e a localização da terceira carga. 14. Duas pequenas esferas idênticas, carregadas, cada qual com massa de 3 x 10-2kg, estão penduradas e em equlíbrio, conforme mostra a Fig. 1.4 ao lado. Se o comprimento do fio for 0,15 m e o ângulo q=5°, calcular o módulo da carga sobre cada esfera, supondo que as esferas tenham cargas idênticas.
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