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Jornal SBDOF XIII (2) (1)

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Volume III | Edição XIII Setembro | Outubro | Novembro | Dezembro de 2020
JORNAL DA
ISSN 2596-0768
ORGULHO DE SER
SBDOF
Paulo Cunali, nosso atual presidente, nos 
fala sobre as ações que a Diretoria vêm 
tomando nesse período de Pandemia, com 
destaque para a preparação do nosso V Congresso 
bianual em 2021.
A Comissão de Saúde Pública traz a notícia da posse 
da nova Coordenadoria de Saúde Bucal do Ministério 
da Saúde e as tratativas para marcar um encontro 
o�cial e expor nossas demandas como representan-
tes da especialidade odontológica de DTM e Dor
Orofacial.
E no “fala sócio”... alguns colegas nos dizem o motivo
e a importância de associar-se a nossa SBDOF... e
você? Já pensou sobre isso? Olha o novo mantra aí,
geeeente... “Juntos cresceremos e seremos mais
fortes e representativos da DTM e Dor Orofacial no
Brasil”!
Em tempos de COVID 19, dois colegas nos falam
sobre suas “paixões etílicas”... o Jorge “italiano” Hipóli-
to nos fala sobre o vinho e o Sérgio Moura Guimarães
sobre cervejas... mas, lembrem-se... bebam com
moderação!
O Alexandre Rezende Vieira foi colega de graduação
do nosso ex-presidente Reynaldo na UFRJ e teve a
oportunidade de se estabelecer com atividade exclu-
siva de pesquisa nos EUA. Lá ele conduz pesquisas
sobre genética em deformidades craniofaciais e sua
interface com as DTM! Mais legal ainda é saber que
ele tem parcerias com colegas brasileiros (por ex, o
Ricardo Tesch, de Petrópolis – RJ) e mostra-se recepti-
vo ao desenvolvimento de novas pesquisas com cole-
gas brasileiros. Que oportunidade, não?
O entrevistado dessa edição é o Rafael Benoliel, da
Rutgers University (antiga Universidade de Medicina
e Odontologia da Nova Jersey – UMDNJ), expoente
pro�ssional com sólida carreira reconhecida em
nosso meio, entrevistado pela colega Julyana Zaguri
(sua ex-aluna) em nome da Comissão de Ensino e
Pesquisa. Ah, e dois dos artigos comentados são do 
grupo dele, um comparando as DOF Neurovasculares 
e as NTPT, e outro de pesquisa básica sobre alterações 
no gânglio trigeminal após trauma. O terceiro artigo 
será sobre abordagens terapêuticas em dores neuro-
páticas periféricas e centrais.
No “sócio pergunta, o sócio responde”, Adriana Lira 
nos fala sobre a maior percepção por parte dos pais e 
pro�ssionais da ocorrência de Bruxismo em crianças: 
fato ou fake? E o Reynaldo L Martins Jr, dublê de espe-
cialista em DTM / DOF e Advogado (além de fotógrafo 
com “foco” na natureza), fala sobre como um Dentista 
pode participar de perícias judiciais; muito interes-
sante e importante nesse momento em que vemos 
tantas e tão diferentes abordagens de tratamento em 
nossa especialidade prestadas por pro�ssionais (apa-
rentemente) sem o devido conhecimento ou com 
(forte) viés de formação pro�ssional.
Esta edição traz a indicação de três sites com informa-
ções ineressantes para nossa especialidade: um sobre 
a Síndrome de Sjogren, outro sobre a Paralisia de Bell, 
e o terceiro sobre Dor Crônica. E você, teria alguma 
sugestão para uma futura edição?
Fechando esta edição de nossa newsletter eletrônica 
teremos o Roberto “OCLUPRO” Garanhani falando 
sobre sua expectativa como presidente do nosso V 
CBDOR ano que vêm, o Fred Motta sobre sua próxima 
investida pro�ssional participando em um programa 
televisivo falando sobre Odontologia e que nos 
primeiros episódios focará exatamente em DTM e 
DOF. Sucesso para eles! Ah, e de última hora uma 
reportagem recém publicada no Jornal da ABO 
nacional sobre DTM e DOF em tempos de COVID 
escrita pelo nosso “connoisseur” cervejeiro Sergio 
Moura Guimarães.
Boa leitura!
José Luiz Peixoto filho
São Paulo, SP / Niterói, RJ
NESTA EDIÇÃO...
O
1
DIRETORIA BIÊNIO 2019 – 2021
PRESIDENTE: 
PAULO AFONSO CUNALI – CURITIBA – PR
VICE-PRESIDENTE: 
RODRIGO TEIXEIRA – BELO HORIZONTE – BH
SECRETÁRIO GERAL: 
LEONARDO BONJARDIM – BAURU - SP
DIRETOR FINANCEIRO: 
DANIEL BONOTTO – CURITIBA – PR
CONSELHO FISCAL:
BRUNO FURQUIM – MARINGÁ – PR 
FABRÍCIO FINAMOR – PORTO ALEGRE - RS
RODRIGO WENDEL – BRASÍLIA – DF
COMISSÕES:
COMUNICAÇÃO:
ADRIANA LIRA – SÃO PAULO - SP
ENSINO E PESQUISA:
FRANCO ARSATI - BA
FREDERICO M G LEITE - MG
JULYANA GOMES ZAGURY - RJ
LEONARDO R BONJARDIM - SP
PAULA CRISTINA JORDANI ONGARO - SP
REYNALDO LEITE MARTINS JUNIOR - MT
YURI MARTINS COSTA - SP
SAÚDE PÚBLICA:
ROBERTO PEDRAS – BELO HORIZONTE – BH
COMITÊS: 
EX-PRESIDENTES:
PAULO CONTI – BAURU – SP
JOÃO HENRIQUE PADULA – BRASÍLIA – DF
REYNALDO L. MARTINS JR – CUIABÁ – MT
RELAÇÕES INSTITUCIONAIS:
PAULO CONTI – BAURU – SP
PAULO CUNALI – CURITIBA - PR
JORNAL SBDOF:
JOSÉ LUIZ PEIXOTO FILHO – NITERÓI – RJ, SÃO PAULO – SP 
FABIO RENATO PEREIRA ROBLES – NOVA FRIBURGO - RJ
EDITOR DO JORNAL DA SBDOF: 
JOSÉ LUIZ PEIXOTO FILHO
DIAGRAMAÇÃO: TIME COMUNICAÇÃO - SÃO PAULO - SP
/sbdof @sbdof @sbdof sbdof.com
2
irijo-me aqui a todos os 
nossos associados cujo 
apoio necessitamos sempre. 
Tê-los no nosso indicador pro�ssio-
nal, assistindo as lives que a SBDOF 
vem fazendo com muita dedicação e 
seriedade, trazendo conteúdo e 
descontração para algumas manhãs 
de sábado, e nos surpreendendo 
muito positivamente com o número 
de inscritos nesse nosso V Evento 
Satélite de BH, num modelo inédito 
para nós pois totalmente online, é 
prova de que a SBDOF segue no 
rumo certo. E esse foi o principal 
motivo para lançarmos o nosso 
Jornal - sob a batuta do colega José 
Luiz Peixoto, durante esse Evento.
Muito nos empenhamos para a 
realização do V Evento Satélite de 
BH que acontece agora dias 25 e 
26/09/2020, com a Doutora Ambra 
Michelotti como palestrante inter-
nacional, e tendo na grade nacio-
nais de destaques na área das DTM 
e DOF, já tinha antes do fechamen-
to desse jornal cerca de 300 partici-
pantes, e espero que esse número 
seja superado no 1º dia de pales-
tras. O sucesso antecipado e bem 
visto pelos nossos associados e 
patrocinadores – a quem aqui agra-
decemos, nos encoraja a termos no 
radar a possibilidade de outros 
eventos online, e aqui já passo a 
data do I Encontro dos Associados 
da SBDOF, também online, que será 
realizado em novembro próximo 
com a presença já con�rmada da 
Doutora Tara Renton e convidados. 
Salvem essa data e aguardem o 
convite o�cial.
Nossas comissões estão trabalhan-
do e se movimentando muito. São 
vários projetos e trabalhos sendo 
executados, tais como: 
A Comissão de Ensino e Pesquisa, 
comandada pela colega Camila 
Megale de Almeida Leite, tem se 
empenhado em trazer assuntos de 
extrema importância nas publica-
ções dos “Cadernos SBDOF”, que 
podem ser encontrados dentro do 
nosso site, e já trabalhando na 
programação cientí�ca do V 
Congresso Brasileiro de Dor Orofa-
cial - que tem como presidente 
nosso colega Roberto Garanhani, 
programado para os dias de 28, 29 
e 30 de abril de 2021 no auditório 
da CDI/ USP (em breve vocês rece-
berão mais informações);
Roberto Pedras, nosso coordena-
dor da Comissão de Saúde Pública, 
segue com os trabalhos na prepara-
ção do Livro - Disfunções Temporo-
mandibulares: uma abordagem 
dentro do contexto de Saúde Públi-
ca, obra que está sendo produzida 
por diversos pro�ssionais extrema-
mente quali�cados com a coorde-
nação da nossa Comissão de Saúde 
Pública. Nosso coordenador rece-
beu convite para ministrar a capaci-
tação “DTM/Dor Orofacial e 
trans/pós pandemia COVID-19: um 
desa�o para saúde pública” desti-
nada aos cirurgiões-dentistas e 
coordenadores de saúde bucal da 
rede pública que atendem na aten-
ção básica/especializada dos 24 
municípios pertencentes a jurisdi-
ção da Superintendência Regional 
de Saúde de Alfenas. Nesta oportu-
nidade, foi aberto um espaço para 
que ele apresentasse a SBDOF e os 
trabalhos da Comissão de Saúde 
Pública;
A Comissão de Comunicação, com 
Adriana Lira à frente, vem trazendo 
um grande aumento da visibilida-
de da SBDOF nas redes, através dos 
posts semanais separados por
editorias que conversam tanto com 
leigos quanto com pro�ssionais da 
área – mantendo uma boa intera-
ção com todos, e merecerá nesse 
jornal um espaço especial para 
explanar as suas ações*.
Sabemos que as mudanças em 
todos os setores mundiais foram 
assustadoras, mas também de 
extrema importância. Frente a esse 
desa�o, a SBDOF se reestruturou 
para continuar sendo a maior 
Sociedade de especialistas do 
mundo.
Entendendo as di�culdades �nan-
ceiras que todos passamos a 
Diretoria manteve nossa anuidade 
nos valores do ano passado 
(R$370,00), e com desconto 
(R$350,00) para aqueles que paga-
ram até dia 11/09/20.
FALA PRESIDENTE
D
3
Veja lá: os nossos canais no YouTu-
be e Spotify já estão criados e sendo 
alimentados com os conteúdos das 
Lives oferecidas dentro do nosso 
canal do Instagram, um projeto 
chamado SBDOF Online. Nosso site 
foi atualizado, mas estamos sempre 
estamos com as demandas para o 
site estar casa vez mais próximo dos 
nossos associados. 
Não vencemos a pandemia, mas 
estamos superando juntos com 
vocês, com a nossa diretoria - a 
quem devo sempre o meu muito 
obrigado (Rodrigo Teixeira / Daniel 
Bonotto / Leonardo Bonjardim), e 
contando sempre com o apoio das 
nossas comissões e do corpo edito-
rial do jornal da SBDOF. Agradeço 
aqui também em nome de todos 
as equipes da TIME e da GAO pelo 
sempre pronto apoio.
Nos mantermos “juntos” fazendo 
com que a distância possa ser 
também nossa parceira segue 
como nosso desa�o. Seguiremos 
trabalhando para que a SBDOF 
continue cada vez mais admirável, 
representativa e forte.
Vamos em frente! 
irijo-me aqui a todos os 
nossos associados cujo 
apoio necessitamos sempre. 
Tê-los no nosso indicador pro�ssio-
nal, assistindo as lives que a SBDOF 
vem fazendo com muita dedicação e 
seriedade, trazendo conteúdo e 
descontração para algumas manhãs 
de sábado, e nos surpreendendo 
muito positivamente com o número 
de inscritos nesse nosso V Evento 
Satélite de BH, num modelo inédito 
para nós pois totalmente online, é 
prova de que a SBDOF segue no 
rumo certo. E esse foi o principal 
motivo para lançarmos o nosso 
Jornal - sob a batuta do colega José 
Luiz Peixoto, durante esse Evento.
Muito nos empenhamos para a 
realização do V Evento Satélite de 
BH que acontece agora dias 25 e 
26/09/2020, com a Doutora Ambra 
Michelotti como palestrante inter-
nacional, e tendo na grade nacio-
nais de destaques na área das DTM 
e DOF, já tinha antes do fechamen-
to desse jornal cerca de 300 partici-
pantes, e espero que esse número 
seja superado no 1º dia de pales-
tras. O sucesso antecipado e bem 
visto pelos nossos associados e 
patrocinadores – a quem aqui agra-
decemos, nos encoraja a termos no 
radar a possibilidade de outros 
eventos online, e aqui já passo a 
data do I Encontro dos Associados 
da SBDOF, também online, que será 
realizado em novembro próximo 
com a presença já con�rmada da 
Doutora Tara Renton e convidados. 
Salvem essa data e aguardem o 
convite o�cial.
Nossas comissões estão trabalhan-
do e se movimentando muito. São 
vários projetos e trabalhos sendo 
executados, tais como: 
A Comissão de Ensino e Pesquisa, 
comandada pela colega Camila 
Megale de Almeida Leite, tem se 
empenhado em trazer assuntos de 
extrema importância nas publica-
ções dos “Cadernos SBDOF”, que 
podem ser encontrados dentro do 
nosso site, e já trabalhando na 
programação cientí�ca do V 
Congresso Brasileiro de Dor Orofa-
cial - que tem como presidente 
nosso colega Roberto Garanhani, 
programado para os dias de 28, 29 
e 30 de abril de 2021 no auditório 
da CDI/ USP (em breve vocês rece-
berão mais informações);
Roberto Pedras, nosso coordena-
dor da Comissão de Saúde Pública, 
segue com os trabalhos na prepara-
ção do Livro - Disfunções Temporo-
mandibulares: uma abordagem 
dentro do contexto de Saúde Públi-
ca, obra que está sendo produzida 
por diversos pro�ssionais extrema-
mente quali�cados com a coorde-
nação da nossa Comissão de Saúde 
Pública. Nosso coordenador rece-
beu convite para ministrar a capaci-
tação “DTM/Dor Orofacial e 
trans/pós pandemia COVID-19: um 
desa�o para saúde pública” desti-
nada aos cirurgiões-dentistas e 
coordenadores de saúde bucal da 
rede pública que atendem na aten-
ção básica/especializada dos 24 
municípios pertencentes a jurisdi-
ção da Superintendência Regional 
de Saúde de Alfenas. Nesta oportu-
nidade, foi aberto um espaço para 
que ele apresentasse a SBDOF e os 
trabalhos da Comissão de Saúde 
Pública;
A Comissão de Comunicação, com 
Adriana Lira à frente, vem trazendo 
um grande aumento da visibilida-
de da SBDOF nas redes, através dos 
posts semanais separados por 
editorias que conversam tanto com 
leigos quanto com pro�ssionais da 
área – mantendo uma boa intera-
ção com todos, e merecerá nesse 
jornal um espaço especial para 
explanar as suas ações*.
Sabemos que as mudanças em 
todos os setores mundiais foram 
assustadoras, mas também de 
extrema importância. Frente a esse 
desa�o, a SBDOF se reestruturou 
para continuar sendo a maior 
Sociedade de especialistas do 
mundo.
Entendendo as di�culdades �nan-
ceiras que todos passamos a 
Diretoria manteve nossa anuidade 
nos valores do ano passado 
(R$370,00), e com desconto 
(R$350,00) para aqueles que paga-
ram até dia 11/09/20.
4
Veja lá: os nossos canais no YouTu-
be e Spotify já estão criados e sendo 
alimentados com os conteúdos das 
Lives oferecidas dentro do nosso 
canal do Instagram, um projeto 
chamado SBDOF Online. Nosso site 
foi atualizado, mas estamos sempre 
estamos com as demandas para o 
site estar casa vez mais próximo dos 
nossos associados. 
Não vencemos a pandemia, mas 
estamos superando juntos com 
vocês, com a nossa diretoria - a 
quem devo sempre o meu muito 
obrigado (Rodrigo Teixeira / Daniel 
Bonotto / Leonardo Bonjardim), e 
contando sempre com o apoio das 
nossas comissões e do corpo edito-
rial do jornal da SBDOF. Agradeço 
aqui também em nome de todos 
as equipes da TIME e da GAO pelo 
sempre pronto apoio.
Nos mantermos “juntos” fazendo 
com que a distância possa ser 
também nossa parceira segue 
como nosso desa�o. Seguiremos 
trabalhando para que a SBDOF 
continue cada vez mais admirável, 
Paulo Cunali
Curitiba – PR
Presidente da SBDOF 2019/2021
representativa e forte.
Vamos em frente! 
Sociedade Brasileira de 
Disfunção Temporoman-
dibular e Dor Orofacial 
(SBDOF) foi criada com objetivo de 
sistematizar e divulgar a prática, o 
ensino e a pesquisa da especialidade 
em Disfunção Temporomandibular e 
Dor Orofacial. A SBDOF atua colabo-
rando com atualizações constantes 
de seus membros através de eventos, 
além de promover o intercâmbio com 
as entidades congêneres nacionais e 
estrangeiras. Visando a qualidade de 
conteúdo e informações para os 
associados SBDOF, a Sociedade tem o 
compromisso de atuar e garantir 
melhorias para os associados. 
Neste cenário, a SBDOF apresenta um 
novo sistema exclusivo para seus 
sócios, onde dentro de seu novo 
portal, os associados encontram uma 
área exclusiva com conteúdo inédito 
de pro�ssionais extremamente 
competentes e que têm como objeti-
vo, a valorização da especialidade 
DTM/Dor Orofacial e a divulgação da 
ciência nessa área.
Caso você seja cirurgião dentista ou 
outro pro�ssional de saúde que 
trabalha na área de DTM e Dor Orofa-
cial, venha fazer parte do nosso time! 
Os associados da SBDOF podem 
contar com descontos exclusivos, 
aumento de visibilidade, indicador 
pro�ssional no site com informações 
pro�ssionais, além do plano de �deli-
zação, um projeto que entrará em 
aprovação na Assembleia de 2021, 
onde os associados serão contempla-
dos com certi�cação e/ou benefícios 
especiais nas seguintes categorias:
§ 1º. Sócio Fundador – certi�cação;
§ 2º. Sócio Bronze: mínimo de 03 
(três) anos de anuidades pagas
consecutivamente – certi�cação;
§ 3º. Sócio Prata: mínimo de 05 
(cinco) anos de anuidades pagas 
consecutivamente – certi�cação e 
direito a desconto de 3% (três por 
cento) nos eventos o�ciais da SBDOF;
§ 4º. Sócio Ouro: mínimo de 07 (sete) 
anos de anuidades pagas consecuti-
vamente – certi�cação e direito a 
desconto de 5% (cinco por cento) nos 
eventos o�ciais da SBDOF;
§ 5º. Sócio Platina: mínimo de 10 
(dez) anos de anuidades pagas conse-
cutivamente – certi�cação e direito a 
desconto de 10% (dez por cento) nos 
eventos o�ciais da SBDOF;
§ 6º. Sócio Remido: acima de 70 
anos de idade e, simultaneamente, o 
mínimo de 10 (dez) anuidades pagas 
consecutivamente (sócio platina) – 
certi�cação e direito 50% (cinquenta 
por cento) nos eventos o�ciais da 
SBDOF.
Vale ressaltar que, o sócio inadim-
plente por dois anos consecutivos 
será considerado não associado. Na 
hipótese de requerimento para nova 
associação, deverá adimplir o débito 
correspondente às anuidades 
anteriores não pagas, com possibili-
dade de parcelamento, mediante 
acordo entre as partes. O sócio em 
questão perderá os benefícios do 
programa de �delização, voltando ao 
início do programa.
Aproveite os novos planos de �deli-
zação e todos os benefícios de fazer 
parte da grande família que somos 
na Sociedade Brasileira de Disfunção 
Temporomandibular e Dor Orofacial. 
A Sociedade está de portas abertas 
para receber todos vocês. 
CONHEÇA AS VANTAGENS DE SER UM ASSOCIADO SBDOF
A
5
Um novo plano de fidelização, com diferenciais nas anuidades junto com um novo sistema exclusivo
isando sempre oferecer 
mais conhecimento para 
os pro�ssionais da área de 
Disfunção Temporomandibular e Dor 
Orofacial, a SBDOF está constante-
mente buscando se reinventar e se 
adaptar à nova realidade. Para isso, a 
Sociedade criou um evento que acon-
tecerá no próximo dia 28 de novem-
bro, no formato virtual. 
“Desde o último Congresso realizado 
no ano de 2019, a nova diretoria se 
prepara para lançar um evento volta-
do para os sócios, com o intuito de 
privilegiar quem sempre fez parte da 
Sociedade. O evento busca oferecer 
conteúdo de qualidade, de fácil 
acessibilidade e de maneira gratuita 
para os sócios”, conta o Dr. Rodrigo 
Teixeira, membro da diretoria da 
sociedade.
Por conta da pandemia de Covid-19, o 
evento será na modalidade 100% 
online. A temática proposta trará 
palestrantes nacionais e internacio-
nais, abordando temas relevantes e 
atuais sobre a atuação dos sócios. A 
programação do evento, entre outros 
detalhes, está disponível no site 
(sbdof.com.br).
Ainda focada na estratégia de criar 
eventos relevantes, a SBDOF está 
caminhando rumo a 5ª edição do 
Congresso Brasileiro de Dor Orofacial 
e Disfunção Temporomandibular, 
previsto para acontecer no primeiro 
semestre de 2021. O evento é destina-
do para especialistas e estudiosos do 
assunto, da especialização em DTM e 
dor. O Congresso acontece a cada dois 
anos, na cidade de São Paulo e reúne 
grandes nomes da área. Apesar das 
dúvidas referentes ao futuro por 
conta da pandemia, a SBDOF ainda 
está avaliando qual será o melhor 
formato para a realização do V 
Congresso Brasileiro de Dor. “Estamos 
analisando todos os aspectos para 
decidir qual a melhor forma de 
realizar este evento visando o 
bem-estar de todos e, também, 
mantendo a qualidade já conhecida 
dos nossos eventos. Por ser um dos 
maiores eventos da Sociedade, e com 
o aumento de inscritos que tivemos 
nos últimos anos, a organização deste 
congresso está sendo planejada de 
forma cuidadosa”, a�rma o presidente 
da SBDOF, Prof. Dr. Paulo Cunali. 
A Sociedade rea�rma o seu compro-
misso com os associados em buscar 
sempre o melhor. As expectativas 
seguem grandes para a realização do 
evento e a SBDOF está preparada 
para ambas estruturas, com entusias-
mo de lhe encontrar em breve.
NOVOS EVENTOS SBDOF
OPORTUNIDADE IDEAL PARA ADQUIRIR MAIS CONHECIMENTO 
V
Entre tantas novidades e o já famoso Congresso SBDOF, haverá também um evento
totalmente online e exclusivo para os sócios no mês de novembro
6
7
aros colegas, �camos 
sabendo através de 
notícia publicada em 
https://website.cfo.org.br/cirurgia-
- d e n t i s t a - r e f e r e n d a d a - p e l o -
-cfo-assume-a-coordenacao-geral-d
e-saude-bucal-do-ministerio-da-sau
de/ que a colega CD Caroline Martins 
assumiu no dia 21 de agosto a Coor-
denadoria da Saúde Bucal do Minis-
tério da Saúde. Ela vem preencher a 
lacuna deixada após a exoneração da 
Dra. Rogéria Cristina Calastro com 
quem vinhamos mantendo entendi-
mentos.
Nós da Comissão de Saúde Pública já 
estamos trabalhando para conseguir 
uma reunião presencial ou por video-
conferência com ela, através de 
solicitação o�cial de agenda, para 
darmos continuidade ao diálogo que 
já havíamos iniciado com a coorde-
nação anterior, visando apresentar a 
nossa SBDOF e mostrar a importân-
cia da inserção da especialidade de 
DTM e Dor Orofacial nos diversos 
níveis de atendimento na área da 
Saúde Pública. Buscaremos nova-
mente com a�nco esse importante 
canal de comunicação institucional.
Dedos cruzados, aguardem mais 
notícias!
COMISSÃO DE SAÚDE PÚBLICA
C
João Henrique Padula
Brasília, DF
COMISSÃO DE MARKETING E DIVULGAÇÃO
 Comissão de Comunica-
ção vem trabalhando 
com uma média de cinco 
posts semanais, variando entre as 
editorias: Espaço do Paciente, Espaço 
do Pro�ssional, Espaço do Sócio, 
Vitrine Cientí�ca e Sbdof Responde. 
Nos últimos dois meses tivemos o 
aumento de 16% do número de 
seguidores no Instagram, além do 
aumento de interações no facebook 
com uma média de 582,88 reações 
por postagens.
O novo projeto da comissão é a 
SBDOF Online, uma série de lives que 
acontece quinzenalmente no per�l 
da associação aos sábados, onde os 
sócios e excelente pro�ssionais 
trazem assuntos relevantes para a 
nossa área de especialização, com a 
criação deste novo projeto tivemos 
um aumento de visibilidade dentro 
do nosso IGTV, onde os vídeos das 
lives e também os vídeos dos pales-
trantes do V Evento Satélite, alcança-
ram mais de 5 mil visualizações e 
interações. Além disso, criamos a 
campanha de anuidade para chamar 
atenção dos pro�ssionais da saúde 
para a nossa sociedade, com três 
posts em redes sociais e um vídeo 
institucional.
Caminhando junto com as publica-
ções previstas pelas editorias veio 
também os projetos de divulgação 
do V Evento Satélite SBDOF, com 
produção de vídeos institucionais, 
convites realizados pelos palestran-
tes, post sobre o evento. Tivemos um 
total de 81 posts nas redes sociais 
nos últimos dois meses, com um 
aumento signi�cativo de visualiza-
ções e interações, 18 stories com 
mais de 3 mil interações, 10 publica-
ções no IGTV com lives e vídeos 
institucionais atingindo a marca de 
mais de 5 mil interações.
A
Adriana Lira
São Paulo – SP
Roberto Pedras
Belo Horizonte, MG
Nossa história acadêmica na área 
de DTM/DOF vem de longa data, 
em 1982, quando fomos fazer um 
curso de Dor / Oclusão em George-
town – Washington, DC, com o 
renomado Prof. Peter Ne�. Apren-
demos bem mais sobre Oclusão 
Dentária, embora atualmente 
muitos conceitos e paradigmas da 
época já estejam superados, mas 
foi uma experiência importante 
porque acendeu em nós a vontade 
de irmos muito mais longe e 
buscar respostas que não existiam.
Percorremos um longo caminho, 
muitas pedras para chegar onde 
estamos hoje. Uma busca incansá-
vel de recursos cientí�cos e cursos 
de pós-graduações para aplicar na 
Odontologia da PUC Minas onde 
dedicamos nossa vida acadêmica. 
A criação da SBDOF proporcionou 
o merecido e necessário respaldo 
que a nossa especialidade de fé e 
coração tanto precisava e merecia. 
Seus objetivos são excepcionais, 
merecedores da con�ança de 
todos os pro�ssionais que buscam 
credibilidade nesta área tão fasci-
nante!
Participar
desse grupo nos traz 
orgulho de sermos especialistas 
em DTM e Dor Orofacial.
8
FALA SÓCIO
Por que sou sócio da SBDOF...
Candido Teles
Aracaju - SE
Sempre fui interessado por DTM, 
desde que fui aluno do Leonardo 
Bonjardim em Aracaju. Depois que 
me formei fui fazer a especialização 
em Ortodontia porque era a "forma 
de tratar" esses problemas que eu 
havia aprendido até então. Depois 
que vi que essa abordagem não 
funcionava achei que o problema 
fosse o meu diagnóstico dos casos. 
Aí, então, �z especialização em 
Radiologia... Só então entendi que 
eu teria que investir em uma forma-
ção especí�ca na especialidade de 
DTM e DOF. Hoje atuo tanto em 
consultório particular em Aracaju e 
adjacências quanto em docência em 
cursos de especialização.
Ser associado da SBDOF é a garantia 
de saber que a nossa especialidade 
têm uma instituição séria e compro-
metida com o avanço acadêmico e a 
qualidade pro�ssional, prezando 
pelo conhecimento cientí�co aplica-
do a clínica do dia a dia dos nossos 
pacientes e trabalhando para o seu 
reconhecimento frente ao público 
leigo que tanto necessita desse trata-
mento e também junto aos colegas 
de nossa Odontologia e das demais 
pro�ssões da área da Saúde. 
Fernanda Neves Briquet Bighetti
Santos - SP
Sou Cirurgiã-Dentista e especialista 
em DTM e Dor Orofacial desde 
2012. Em 2019 tive a oportunidade 
de acompanhar o IV Congresso 
Brasileiro de Dor Orofacial e cons-
tatar a seriedade do conjunto de 
colegas que levam em frente a 
nossa especialidade através da 
participação na SBDOF. Isso foi 
determinante para que eu me 
associa-se a SBDOF. Entendo que 
juntos somos e seremos cada vez 
mais fortes e o direcionamento do 
conhecimento cientí�co proposto 
pela sociedade permitirá que nós 
possamos oferecer o melhor aten-
dimento a nossos pacientes. 
Fazer parte da SBDOF me dá mais 
segurança para atuar e também 
em buscar recursos para me atuali-
zar na especialidade. Gostaria, 
então, de expressar a minha grati-
dão a todos os envolvidos na 
SBDOF! 
Nossa história acadêmica na área 
de DTM/DOF vem de longa data, 
em 1982, quando fomos fazer um 
curso de Dor / Oclusão em George-
town – Washington, DC, com o 
renomado Prof. Peter Ne�. Apren-
demos bem mais sobre Oclusão 
Dentária, embora atualmente 
muitos conceitos e paradigmas da 
época já estejam superados, mas 
foi uma experiência importante 
porque acendeu em nós a vontade 
de irmos muito mais longe e 
buscar respostas que não existiam.
Percorremos um longo caminho, 
muitas pedras para chegar onde 
estamos hoje. Uma busca incansá-
vel de recursos cientí�cos e cursos 
de pós-graduações para aplicar na 
Odontologia da PUC Minas onde 
dedicamos nossa vida acadêmica. 
A criação da SBDOF proporcionou 
o merecido e necessário respaldo 
que a nossa especialidade de fé e 
coração tanto precisava e merecia. 
Seus objetivos são excepcionais, 
merecedores da con�ança de 
todos os pro�ssionais que buscam 
credibilidade nesta área tão fasci-
nante!
Participar desse grupo nos traz 
orgulho de sermos especialistas 
em DTM e Dor Orofacial.
9
Madalena Caporali Pena Rabelo e Márcio José Martins Rabelo
Belo Horizonte – MG
Nossa história acadêmica na área 
de DTM/DOF vem de longa data, 
em 1982, quando fomos fazer um 
curso de Dor / Oclusão em George-
town – Washington, DC, com o 
renomado Prof. Peter Ne�. Apren-
demos bem mais sobre Oclusão 
Dentária, embora atualmente 
muitos conceitos e paradigmas da 
época já estejam superados, mas 
foi uma experiência importante 
porque acendeu em nós a vontade 
de irmos muito mais longe e 
buscar respostas que não existiam.
Percorremos um longo caminho, 
muitas pedras para chegar onde 
estamos hoje. Uma busca incansá-
vel de recursos cientí�cos e cursos 
de pós-graduações para aplicar na 
Odontologia da PUC Minas onde 
dedicamos nossa vida acadêmica. 
A criação da SBDOF proporcionou 
o merecido e necessário respaldo 
que a nossa especialidade de fé e 
coração tanto precisava e merecia. 
Seus objetivos são excepcionais, 
merecedores da con�ança de 
todos os pro�ssionais que buscam 
credibilidade nesta área tão fasci-
nante!
Participar desse grupo nos traz 
orgulho de sermos especialistas 
em DTM e Dor Orofacial.
Renata Nogueira Barbosa Marchon
Nova Friburgo - RJ
Tenho orgulho de fazer parte de 
uma sociedade pro�ssional que 
trabalha incansavelmente para o 
avanço de nossa especialidade. Ela 
leva postagens sobre a DTM e DOF 
ao Dentista Clínico Geral (e demais 
especialistas também) e ao público 
em geral, além de disponibilizar em 
seu site a relação dos sócios que 
estão espalhados por todos os 
cantos do Brasil. Neste momento de 
pandemia mundial, várias ativida-
des foram realizadas via LIVES nas 
redes sociais com conteúdos extre-
mamente relevantes. Isso, sem 
dúvida, ajuda muito a divulgar a 
nossa especialidade e também 
facilita a chegada de ajuda especia-
lizada a quem precisa de nossos 
cuidados. 
Então, novamente, tenho orgulho 
de fazer parte da SBDOF!
Rosan Abrantes
Joinvile – SC
Meu nome é Rosan Abrantes, sou 
mineiro de Diamantina e Joinvilense 
de coração. Apesar de atuar em 
clínica geral odontológica, a especia-
lidade de DTM e Dor Orofacial foi e 
continua sendo determinante na 
minha projeção pro�ssional, pelo 
que sou muito grato. Por acreditar na 
importância da especialidade no 
SUS, mineiramente atuei nos basti-
dores visando a inserção da especiali-
dade na Secretaria da Saúde de 
Joinville, conseguindo êxito com a 
sua inclusão no concurso público de 
2004 quando fui aprovado em 
primeiro lugar. Com muita luta e 
ajuda de pessoas com ideal e enten-
dimento comuns fui contratado em 
2008 e, entre altos e baixos, venho 
atuando desde então na área dentro 
do CEO Joinvile.
Tenho orgulho de ser sócio fundador 
da SBDOF, pois acredito no poder de 
uma associação forte que representa 
uma área tão complexa e polêmica 
de conhecimento e atuação pro�s-
sional. Como sócio, num país tão 
cheio de falcatruas, tenho tremenda 
sensação de segurança em relação 
aos ideais, objetivos e correção de 
todos os colegas que participam da 
SBDOF. Espero que essa chama 
nunca se apague.
Como temos muitos colegas pesqui-
sadores e acadêmicos entre os sócios 
nós usufruímos muito de todo o 
conhecimento destes colegas que 
norteiam em muito as nossas condu-
tas clínicas do dia a dia.
Sou SBDOF com muita honra e faço 
questão de divulgá-la em aulas e 
palestras.
Concluindo, acredito que uma 
associação pro�ssional forte resultará 
em uma especialidade poderosa e 
representativa.
10
Nossa história acadêmica na área 
de DTM/DOF vem de longa data, 
em 1982, quando fomos fazer um 
curso de Dor / Oclusão em George-
town – Washington, DC, com o 
renomado Prof. Peter Ne�. Apren-
demos bem mais sobre Oclusão 
Dentária, embora atualmente 
muitos conceitos e paradigmas da 
época já estejam superados, mas 
foi uma experiência importante 
porque acendeu em nós a vontade 
de irmos muito mais longe e 
buscar respostas que não existiam.
Percorremos um longo caminho, 
muitas pedras para chegar onde 
estamos hoje. Uma busca incansá-
vel de recursos cientí�cos e cursos 
de pós-graduações para aplicar na 
Odontologia da PUC Minas onde 
dedicamos nossa vida acadêmica. 
A criação da SBDOF proporcionou 
o merecido e necessário respaldo 
que a nossa especialidade de fé e 
coração tanto precisava e merecia. 
Seus objetivos são excepcionais, 
merecedores da con�ança de 
todos os pro�ssionais que buscam 
credibilidade nesta área tão fasci-
nante!
Participar desse grupo nos traz 
orgulho de sermos especialistas 
em DTM e Dor Orofacial.
 uva é uma das únicas 
frutas que possuem 
VIDA, sobrevivendo a 
diversos tipos de terrenos, desde o 
mais nutritivo até o mais rochoso e 
com muito cascalho, como no caso 
do solo português. Quando você 
observa que de um simples
grão 
nasce uma obra de arte da natureza 
que é a videira... isto por si só já é 
apaixonante e foi daí que começou 
minha verdadeira paixão.
Vejo desde o desenvolvimento à 
sobrevivência da parreira até uma 
imagem maravilhosa quando �ores-
ce a uva. Cada uva tem sua particula-
ridade, força, pureza, complexidade, 
aroma, cor e doçura natural. O 
simples fato de macerar a uva a 
transforma num néctar de aromas e 
sabores como uma diversidade de 
colorações, branca, rósea, tinta clara, 
tinta escura, cada uma com sua 
complexidade e particularidade 
próprias. Bem, como sou ítalo-brasi-
leiro confesso que não sei se isto 
está no meu sangue, na minha 
origem, mas a cada dia que passa eu 
quero conhecer mais, entender, 
saborear e sentir cada aroma e sabor 
deste fruto que se transforma em 
vinho. Hoje represento, sou sócio 
como diz meu �lho Gaúcho, de uma 
vinícola em Nova Pádua - Rio Grande 
do Sul, produzindo vinhos dos altos 
montes, a qual desde que conheci 
posso lhes dizer que foi paixão a 
primeira vista e desde então a cada 
dia quero aprender mais e mais a 
cada gole. 
En�m, cada nova degustação me faz 
crer que esta paixão se tornou um 
amor eterno. 
A
MUITO ALÉM DA DOR
Jorge Hypólito, São Paulo – SP
PAIXÃO PELO VINHO 
11
uando um dia fui solicita-
do a escrever um breve 
texto sobre minha paixão 
pelas cervejas eu disse 
que seria fácil e aceitei na hora. Mas 
era um “blefe”! Não é nada fácil falar 
sobre “cervejas” ou sobre essa “paixão”. 
Assim como sobre os vinhos (que não 
entendo nada) existe uma pluralidade 
incrível de estilos de cervejas. Baixa e 
alta fermentação, claras ou escuras, 
Pale Ale, Larger, Weiss, Dubbel, Porter 
etc. Muitos gostam de algumas 
poucas “vertentes” ou mesmo conti-
nuam com o paladar voltado para as 
tradicionais produzidas aqui no Brasil 
desde o século XX, variações do tipo 
Larger que formaram uma legião de 
“admiradores”, mas que agora 
parecem estar bem mais exigente. 
Minha preferência é pelo estilo Indian 
Pale Ale (IPA), mas todos têm o direito 
de apreciar vários estilos (insiro-me 
aqui) ou até todos eles. Estima-se que 
as cervejas tenham nascido em 
algum lugar na Mesopotâmia ou 
China, há uns nove ou 10 milênios. Já 
passou por fases de marginalização e 
adoração e podemos a�rmar que “da 
África do Sul à Austrália, do Japão a 
Argentina, um �uxo considerável de 
�loso�as e opiniões explora o modo 
ideal de criar cervejas memoráveis” 
(extraído de “O Grande Livro da 
Cerveja – Publifolha).
Minha história com o universo das 
cervejas “especiais” não sei ao certo 
como ou quando começou (ou 
esqueci!); foi se desenvolvendo ao 
longo dos últimos 20 / 30 anos. Mas, 
principalmente, sei que hoje se 
tornou uma paixão sem a menor 
chance de divórcio. Considero-me um 
“conhecedor” de cervejas e provavel-
mente já degustei algumas das 
melhores do mundo. Mas, graças a 
Deus (seria blasfêmia incluí-lo?), esse 
universo mostra-se in�nito. Dedico 
um espaço na minha casa para 
colecionar (minha esposa entende 
como “acumular”) garrafas e latas 
(vazias, claro!) das muitas e diferentes 
cervejas que pude consumir ao longo 
dessa saborosa jornada. 
“Tours” cervejeiros espalham-se pelo 
mundo e são sempre excelentes 
“desculpas” para viajar. Todos os conti-
nentes e inúmeros países estão repre-
sentados nas minhas prateleiras. 
Beber uma boa cerveja alemã em 
algum “Biergarten”, sentar no Delirium 
Café em Bruxelas (mais de 4000 
rótulos de cervejas no cardápio!), 
tomar uma Birra del Borgo na Itália, ou 
simplesmente chegar em qualquer 
lugar e pedir a cerveja local são praze-
res que nós, apaixonados por elas, 
consideramos indescritíveis. Degustar 
uma boa cerveja é sempre uma expe-
riência relaxante e fascinante; melhor 
ainda se for cercada de boas compa-
nhias, boas conversas (que nem 
sempre nos lembraremos dos 
detalhes, isto é fato...) e outros 
apreciadores. 
Neste momento de pandemia as 
mesas estão afastadas e os papos são 
virtuais, mas que tal abrir alguma (s) 
cerveja (s) da sua preferência (ou até 
alguma nunca degustada), viajar nos 
aromas e sabores e simplesmente 
aproveitar o momento? 
Então...
EIN PROSIT! Um brinde!
Q
MUITO ALÉM DA DOR
Sergio Moura Guimarães, Campinas – SP
PAIXÃO PELAS CERVEJAS 
Cirurgião-Dentista formado na 
UFRJ em 1991, Doutor em Genéti-
ca Humana com Pós Doutorado na 
University of Iowa (USA), Professor 
Titular e Diretor de Pesquisa Clínica 
na School of Dental Medicine, 
University of Pittsburgh. Coordena 
e desenvolve pesquisas com 
parcerias em cinco continentes, 
tendo criado o inovador projeto de 
Registro Dental e Repositório de 
DNA (DRDR), com mais de 6700 
participantes que é reconhecido 
mundialmente. Publicou mais de 
350 artigos em revistas de elevado 
impacto cientí�co, tendo como 
linhas de pesquisa �ssuras labiopa-
latinas, susceptibilidade individual 
às doenças orais e o impacto da 
saúde geral na saúde oral. Pelo 
conjunto desse trabalho já recebeu 
várias premiações internacionais.
Depois de me formar em Odonto-
logia eu me especializei em Odon-
tologia para Pacientes com Neces-
sidades Especiais e Odontopedia-
tria. Fiz o doutorado em genética 
com ênfase em genética humana e 
em meu pós-doutorado trabalhei 
com genética humana molecular; 
nesse ponto eu já não atendia 
pacientes e assim me tornei um 
cientista em tempo integral. 
Consegui me estabelecer na 
Universidade de Pittsburgh onde a 
minha função principal era iniciar 
um programa de pesquisa inde-
pendente e visível, estabelecendo 
três linhas de trabalho: (i) entender 
a etiologia de �ssura labiopalatina 
através da avaliação de variações 
na dentição e tentar desvendar a 
razão pela qual familias que tem 
alguém que nasceu com �ssura 
relatam a ocorrência de mais casos 
de câncer; (ii) entender porque 
certas pessoas são mais suscetíveis 
à doenças e/ou defeitos dentários, 
orais e/ou craniofaciais; e (iii) 
entender porque determinados 
tratamentos odontológicos não 
funcionam para determinadas 
pessoas. Um dos projetos, que se 
iniciou pela avaliação de indivídu-
os com deformidades craniofaciais 
que requeriam desde apenas trata-
mento ortodôntico até tratamento 
ortodôntico associado à cirurgia 
ortognática (em colaboração com 
um amigo ortodontista na Filadel-
�a e seus colegas cirurgiões buco-
maxilofaciais de Lille (França), nos 
mostrou que indivíduos com 
disfunção da articulação temporo-
mandibular (DTM) associada a 
essas deformidades craniofaciais 
mais frequentemente apresentam 
determinadas variantes genéticas.
Nós fomos os primeiros a mostrar 
que prognatismo mandibular se 
associa a um gene de miosina (do 
tipo 1H) e esses nossos resultados 
foram independentemente repli-
cados em várias populações huma-
nas e até no peixe zebra. Nossos 
estudos continuaram a evoluir 
nessa área e também mostraram 
que outras variantes genéticas em 
outros genes se associam com 
casos de assimetria da face e/ou 
DTM. Diferentes associações gené-
ticas podem ser encontradas 
dependendo se a pessoa apresen-
ta uma assimetria no corpo da 
mandíbula, se a assimetria está 
associada a diferentes formas 
geométricas do côndilo da mandí-
bula, se a face assimétrica tem a 
forma de “C” ou se o paciente apre-
sentar outras assimetrias atípicas. 
Indivíduos com um per�l de face 
convexo e uma maloclusão do tipo 
classe II parecem apresentar mais 
comumente os alelos menos 
comuns de uma mutação comum 
na população da actina 3. O 
mesmo se vê para pessoas com 
uma maior quantidade de �bras do 
tipo II no músculo masseter. O 
oposto se viu em indivíduos com 
mordida profunda, que tinham 
uma menor chance de ter essa 
mesma mutação. O interessante é 
que pessoas que tem essa mesma 
mutação na actina 3 tem uma 
maior facilidade de correr longas 
distâncias. Maratonistas olímpicos 
tem uma maior chance de ter duas
cópias dessa mutação da actina 3.
Talvez um dos resultados mais 
interessantes até agora tenha sido 
a demonstração de que certos 
genes se associam com o fato de 
uma DTM surgir ou piorar após 
tratamento envolvendo uma cirur-
gia ortognática. Um desses genes é 
um receptor de estrogênio, que é 
um dos hormônios sexuais femini-
nos. Indivíduos com variantes em 
marcadores desse receptor de 
estrogênio sentiram sua DTM 
piorar após tratamento por cirur-
gia ortognática. Parece não ser 
coincidência que são as mulheres 
as que mais buscam ajuda pro�s-
sional para tratar DTM. Outro caso 
se relaciona a indivíduos com 
variação recessiva em um gene de 
formação de cartilagem, que se 
mostraram “protegidos” contra o 
surgimento da DTM após trata-
mento por cirurgia ortognática. Eu 
tive a chance de expandir esses 
estudos com colegas aí do Brasil e 
várias dessas associações foram 
replicadas para de�nições clínicas 
de DTM e atralgia.
Um resumo desses estudos foi 
incluído em um capítulo do livro 
“Genetic Basis of Oral Health 
Conditions” (lançado no início 
desse ano) onde escrevi sobre a 
in�uência genética em doenças 
orais. 
Com os anos, a oportunidade 
também surgiu de criar uma estru-
tura para estudar casos de neural-
gia do trigêmeo clássica. Já temos 
amostras biológicas de mais de 
500 casos e os primeiros resultados 
desse estudo coorte, ainda não 
publicado, mostram que mutações 
em um gene de canal de sódio 
(que foi relatado como explicando 
os casos de neuralgia do trigêmeo) 
têm uma frequência baixa na 
população geral, menor que 1%.
Outra área do meu interesse é usar 
o per�l de doença das pessoas, 
incluindo de�nições de DTM, para 
identi�car genes que se associam a 
doença humana, em especial 
genes relacionados à resposta 
in�amatória. 
Atualmente estamos desenhando 
projetos para avaliar respostas aos 
tratamentos que existem para DOF 
e as DTM. Esses esforços incluem o 
fortalecimento de nossas colabo-
rações institucionais, como a que 
temos com o Dr. Ricardo Tesch de 
Petrópolis, RJ. Existe uma lacuna 
importante no conhecimento de 
quais indicadores podem ser 
usados para antecipar resultados 
satisfatórios versus resultados 
indesejáveis para os pacientes 
sofrendo de DTM. Nosso objetivo 
em um futuro próximo é ajudar a 
determinar quais biomarcadores 
permitem determinar quais são os 
indivíduos com mais chances de 
responder melhor a determinadas 
terapias para as DTM e Dor Orofa-
cial. Até lá, espero ter a chance de 
interagir com os colegas do Brasil 
interessados em pesquisas nessa 
área.
12
O QUE ESTOU ESTUDANDO
Cirurgião-Dentista formado na 
UFRJ em 1991, Doutor em Genéti-
ca Humana com Pós Doutorado na 
University of Iowa (USA), Professor 
Titular e Diretor de Pesquisa Clínica 
na School of Dental Medicine, 
University of Pittsburgh. Coordena 
e desenvolve pesquisas com 
parcerias em cinco continentes, 
tendo criado o inovador projeto de 
Registro Dental e Repositório de 
DNA (DRDR), com mais de 6700 
participantes que é reconhecido 
mundialmente. Publicou mais de 
350 artigos em revistas de elevado 
impacto cientí�co, tendo como 
linhas de pesquisa �ssuras labiopa-
latinas, susceptibilidade individual 
às doenças orais e o impacto da 
saúde geral na saúde oral. Pelo 
conjunto desse trabalho já recebeu 
várias premiações internacionais.
Depois de me formar em Odonto-
logia eu me especializei em Odon-
tologia para Pacientes com Neces-
sidades Especiais e Odontopedia-
tria. Fiz o doutorado em genética 
com ênfase em genética humana e 
em meu pós-doutorado trabalhei 
com genética humana molecular; 
nesse ponto eu já não atendia 
pacientes e assim me tornei um 
cientista em tempo integral. 
Consegui me estabelecer na 
Universidade de Pittsburgh onde a 
minha função principal era iniciar 
um programa de pesquisa inde-
pendente e visível, estabelecendo 
três linhas de trabalho: (i) entender 
a etiologia de �ssura labiopalatina 
através da avaliação de variações 
na dentição e tentar desvendar a 
razão pela qual familias que tem 
alguém que nasceu com �ssura 
relatam a ocorrência de mais casos 
de câncer; (ii) entender porque 
certas pessoas são mais suscetíveis 
à doenças e/ou defeitos dentários, 
orais e/ou craniofaciais; e (iii) 
entender porque determinados 
tratamentos odontológicos não 
funcionam para determinadas 
pessoas. Um dos projetos, que se 
iniciou pela avaliação de indivídu-
os com deformidades craniofaciais 
que requeriam desde apenas trata-
mento ortodôntico até tratamento 
ortodôntico associado à cirurgia 
ortognática (em colaboração com 
um amigo ortodontista na Filadel-
�a e seus colegas cirurgiões buco-
maxilofaciais de Lille (França), nos 
mostrou que indivíduos com 
disfunção da articulação temporo-
mandibular (DTM) associada a 
essas deformidades craniofaciais 
mais frequentemente apresentam 
determinadas variantes genéticas.
Nós fomos os primeiros a mostrar 
que prognatismo mandibular se 
associa a um gene de miosina (do 
tipo 1H) e esses nossos resultados 
foram independentemente repli-
cados em várias populações huma-
nas e até no peixe zebra. Nossos 
estudos continuaram a evoluir 
nessa área e também mostraram 
que outras variantes genéticas em 
outros genes se associam com 
casos de assimetria da face e/ou 
DTM. Diferentes associações gené-
ticas podem ser encontradas 
dependendo se a pessoa apresen-
ta uma assimetria no corpo da 
mandíbula, se a assimetria está 
associada a diferentes formas 
geométricas do côndilo da mandí-
bula, se a face assimétrica tem a 
forma de “C” ou se o paciente apre-
sentar outras assimetrias atípicas. 
Indivíduos com um per�l de face 
convexo e uma maloclusão do tipo 
classe II parecem apresentar mais 
comumente os alelos menos 
comuns de uma mutação comum 
na população da actina 3. O 
mesmo se vê para pessoas com 
uma maior quantidade de �bras do 
tipo II no músculo masseter. O 
oposto se viu em indivíduos com 
mordida profunda, que tinham 
uma menor chance de ter essa 
mesma mutação. O interessante é 
que pessoas que tem essa mesma 
mutação na actina 3 tem uma 
maior facilidade de correr longas 
distâncias. Maratonistas olímpicos 
tem uma maior chance de ter duas 
cópias dessa mutação da actina 3.
Talvez um dos resultados mais 
interessantes até agora tenha sido 
a demonstração de que certos 
genes se associam com o fato de 
uma DTM surgir ou piorar após 
tratamento envolvendo uma cirur-
gia ortognática. Um desses genes é 
um receptor de estrogênio, que é 
um dos hormônios sexuais femini-
nos. Indivíduos com variantes em 
marcadores desse receptor de 
estrogênio sentiram sua DTM 
piorar após tratamento por cirur-
gia ortognática. Parece não ser 
coincidência que são as mulheres 
as que mais buscam ajuda pro�s-
sional para tratar DTM. Outro caso 
se relaciona a indivíduos com 
variação recessiva em um gene de 
formação de cartilagem, que se 
mostraram “protegidos” contra o 
surgimento da DTM após trata-
mento por cirurgia ortognática. Eu 
tive a chance de expandir esses 
estudos com colegas aí do Brasil e 
várias dessas associações foram 
replicadas para de�nições clínicas 
de DTM e atralgia.
Um resumo desses estudos foi 
incluído em um capítulo do livro 
“Genetic Basis of Oral Health 
Conditions” (lançado no início 
desse ano) onde escrevi sobre a 
in�uência genética em doenças 
orais. 
Com os anos, a oportunidade 
também surgiu de criar uma estru-
tura para estudar casos de neural-
gia do trigêmeo clássica. Já temos 
amostras biológicas de mais de 
500 casos e os primeiros resultados 
desse estudo coorte, ainda não 
publicado, mostram que mutações 
em um gene de canal de sódio 
(que foi relatado como explicando 
os casos de neuralgia do trigêmeo) 
têm uma frequência baixa na 
população geral, menor que 1%.
Outra área do meu interesse é usar 
o per�l de doença das pessoas,
incluindo de�nições de DTM, para 
identi�car genes que se associam a 
doença humana, em especial 
genes relacionados à resposta 
in�amatória. 
Atualmente estamos desenhando 
projetos para avaliar respostas aos 
tratamentos que existem para DOF 
e as DTM. Esses esforços incluem o 
fortalecimento de nossas colabo-
rações institucionais, como a que 
temos com o Dr. Ricardo Tesch de 
Petrópolis, RJ. Existe uma lacuna 
importante no conhecimento de 
quais indicadores podem ser 
usados para antecipar resultados 
satisfatórios versus resultados 
indesejáveis para os pacientes 
sofrendo de DTM. Nosso objetivo 
em um futuro próximo é ajudar a 
determinar quais biomarcadores 
permitem determinar quais são os 
indivíduos com mais chances de 
responder melhor a determinadas 
terapias para as DTM e Dor Orofa-
cial. Até lá, espero ter a chance de 
interagir com os colegas do Brasil 
interessados em pesquisas nessa 
área.
Alexandre 
Vieira Resende
13
Dr. Benoliel, é uma grande honra 
entrevistá-lo, em nome da Socieda-
de Brasileira de Dor Orofacial 
(SBDOF), visto que você é um 
conceituado pesquisador e especia-
lista em Dor Orofacial de renome 
mundial, que trouxe inúmeras 
contribuições valiosas para o nosso 
campo. Somos gratos por tudo que 
você fez ao longo dos anos em 
busca de aprimorar o conhecimen-
to no campo da Dor Orofacial e 
agradecemos o tempo que você 
está reservando para compartilhar 
um pouco de sua experiência 
conosco.
1- O que fez você querer seguir o 
campo da Dor Orofacial?
As múltiplas comorbidades em pacien-
tes com dor tornavam difícil e comple-
xo o tratamento de forma abrangente e 
vi muitos pacientes diagnosticados 
erroneamente em tremendo sofrimen-
to. Eu esperava que, com o treinamento 
certo, pudesse ajudar esse grupo de 
pessoas. Foi uma ideia realmente 
desa�adora e, à medida que me desen-
volvi pro�ssionalmente, estabeleci um 
ótimo relacionamento com os pacien-
tes que me ensinaram ainda mais.
Claro que existem outras razões menos 
cientí�cas, como as oportunidades 
pro�ssionais, mas acho que uma razão 
importante foi a orientação que recebi 
do Dr. Yair Sharav, que continua sendo 
meu amigo e mentor até hoje. Pessoa 
inteligente e criativa, Yair realmente 
apresentou o campo da dor para mim 
de uma forma que o tornou muito 
atraente.
2 - Educação em Dor Orofacial: o 
treinamento em DTM/DOF pode 
variar signi�cativamente em todo o 
mundo. Nos EUA, a DTM/DOF foi 
reconhecida como especialidade no 
início de 2020, enquanto, em muitos 
países, a área ainda não tem esse 
reconhecimento. Em Israel, entretan-
to, é um programa de especialidade 
combinado: Estomatologia / Dor 
Orofacial.
a. Você acredita que existe um 
modelo ideal para um programa em 
DTM / DOF?
Esta não é uma questão fácil. O 
tratamento da DOF requer conheci-
mento sobre dores odontogênicas, 
dores de origem otorrinolaringológica 
e outras dores regionais, medicina 
interna (comorbidades dsistêmicas), 
farmacologia clínica (ações e interações 
de medicamentos), neurologia / 
cefaleia, imunologia, imagenologia, 
anatomia, �siologia e habilidades 
práticas como bloqueios de músculos e 
nervos, só para citar apenas algumas 
habilidades essenciais. Cada vez mais a 
medicina do sono e nosso papel no 
tratamento desses distúrbios estão 
sendo ensinados em programas de 
DTM/DOF. Isso adiciona um novo 
caminho, mas exige conhecimentos e 
habilidades extras. Para ser capaz de 
englobar todas essas habilidades sinto 
que os cursos precisam ter de 3 a 4 anos 
de duração (dependendo se um grau 
acadêmico é desejado) para que se 
atinja um nível razoável de quali�cação.
b. O que você considera essencial para 
ser incluído no currículo de DTM/DOF 
tanto em programas de graduação 
quanto de pós-graduação? 
O conteúdo do programa de pós-gra-
duação é uma longa lista e delineei 
alguns dos principais fatores acima. Na 
graduação, meu primeiro desejo é que 
haja realmente uma disciplina de 
DTM/DOF em todas as Faculdades de 
Odontologia! A base para uma gradua-
ção em Odontologia bem-sucedida é o 
conhecimento profundo e a capacida-
de de diagnosticar com precisão a dor 
oral e dentoalveolar aguda. Isso deve 
ser um pilar, possivelmente multidisci-
plinar, na graduação. Nesse nível, o 
objetivo é familiarizar o aluno com as 
DOF crônicas mais comuns, dentre elas 
as dores neuropáticas, musculoesque-
léticas, neurovasculares e idiopáticas, 
abordando como elas podem mimeti-
zar dores orais e dentais. Isso dará a 
capacidade de identi�car, abster-se de 
tentar um tratamento invasivo e enca-
minhar adequadamente o paciente. 
3 - ICOP: o campo da DTM/DOF tem 
se fortalecido signi�cativamente ao 
longo dos anos através da pesquisa 
cientí�ca, o que nos permitiu 
entender melhor os diferentes 
mecanismos e condições de dor. No 
entanto, ainda há um longo cami-
nho a percorrer. Um passo muito 
importante para as futuras pesqui-
sas foi a publicação da Classi�cação 
Internacional de Dor Orofacial 
(ICOP). Parabéns pela conquista! 
Agradecemos por tornar realidade 
este projeto, que é um marco para a 
área DTM/DOF. 
a. O que espera alcançar com o ICOP?
Uma especialidade como a nossa deve 
ter uma classi�cação. Caso contrário, 
estaremos trabalhando 'no escuro'. As 
classi�cações são uma linguagem 
comum com critérios universalmente 
aceitos. Conseguimos isso com o ICOP, 
que permitirá a interação clínica e, de 
forma muito relevante, pesquisas 
consistentes internacionalmente. O 
ICOP lida com entidades bem conheci-
das, mas as organiza e de�ne: dor 
dentoalveolar (inacreditável que não 
tenhamos uma classi�cação abrangen-
te para isso!), artralgias, mialgias, dores 
neuropáticas e dores idiopáticas. Além 
disso, demos o ousado passo de classi-
�car as "cefaleias primárias" que apare-
cem apenas na região orofacial. Este é 
um assunto muito importante que tem 
causado muitos diagnósticos errôneos 
e tratamentos inadequados. Espera-
mos que o ICOP se torne o padrão para 
o diagnóstico. A DTM/DOF careceu 
desse "padrão ouro" por muitos anos e 
o ICOP agora abre a porta para pesqui-
sas clínicas com maior rigor metodoló-
gico. Os melhores exemplos são como 
a International Classi�cation of Heada-
che Disorders (ICHD) in�uenciou a 
pesquisa em cefaleia e o RDC/TMD que 
revolucionou o tratamento de artral-
gias, mialgias, desarranjos internos da 
ATM e outros distúrbios relacionados.
É importante que o ICOP preencha a 
lacuna com as cefaleias. É tolice tentar 
compreender a DTM/DOF separada-
mente das cefaleias: a DOF crônica 
mais comum é a mialgia que, por 
de�nição, inclui o músculo temporal. 
Portanto, é tanto uma DOF quanto uma 
dor de cabeça! O ICOP está totalmente 
integrado com a ICHD e levará a uma 
maior colaboração com os cefaliatras. 
b. Como a comunidade de DTM/-
DOF em todo o mundo recebeu a 1ª 
edição do ICOP?
É um processo lento, mas está ganhan-
do impulso. Vários grupos estão tradu-
zindo e alguns artigos foram publica-
dos com base no ICOP. Devemos ser 
pacientes e perseverar. Os periódicos 
relevantes devem insistir que os artigos 
de pesquisa clínica utilizem o ICOP. 
Assim como insistimos no uso de 
Diagnostic Criteria for Temporomandi-
bular Disorders (DC/TMD) e da ICHD. O 
JOFPH mudou recentemente suas 
diretrizes aos autores para re�etir isso.
4 – Dor Neuropática Trigeminal 
Cirurgião-Dentista formado na 
UFRJ em 1991, Doutor em Genéti-
ca Humana com Pós Doutorado na 
University of Iowa (USA), Professor 
Titular e Diretor de Pesquisa Clínica 
na School of Dental Medicine, 
University of Pittsburgh. Coordena 
e desenvolve pesquisas com 
parcerias em cinco continentes, 
tendo criado o inovador projeto de 
Registro Dental e Repositório de 
DNA (DRDR), com mais de 6700 
participantes que é reconhecido 
mundialmente. Publicou mais de 
350 artigos em revistas de elevado 
impacto cientí�co, tendo como 
linhas de pesquisa �ssuras labiopa-
latinas, susceptibilidade individual 
às doenças orais e o impacto da 
saúde geral na saúde oral. Pelo 
conjunto desse trabalho
já recebeu 
várias premiações internacionais.
Depois de me formar em Odonto-
logia eu me especializei em Odon-
tologia para Pacientes com Neces-
sidades Especiais e Odontopedia-
tria. Fiz o doutorado em genética 
com ênfase em genética humana e 
em meu pós-doutorado trabalhei 
com genética humana molecular; 
nesse ponto eu já não atendia 
pacientes e assim me tornei um 
cientista em tempo integral. 
Consegui me estabelecer na 
Universidade de Pittsburgh onde a 
minha função principal era iniciar 
um programa de pesquisa inde-
pendente e visível, estabelecendo 
três linhas de trabalho: (i) entender 
a etiologia de �ssura labiopalatina 
através da avaliação de variações 
na dentição e tentar desvendar a 
razão pela qual familias que tem 
alguém que nasceu com �ssura 
relatam a ocorrência de mais casos 
de câncer; (ii) entender porque 
certas pessoas são mais suscetíveis 
à doenças e/ou defeitos dentários, 
orais e/ou craniofaciais; e (iii) 
entender porque determinados 
tratamentos odontológicos não 
funcionam para determinadas 
pessoas. Um dos projetos, que se 
iniciou pela avaliação de indivídu-
os com deformidades craniofaciais 
que requeriam desde apenas trata-
mento ortodôntico até tratamento 
ortodôntico associado à cirurgia 
ortognática (em colaboração com 
um amigo ortodontista na Filadel-
�a e seus colegas cirurgiões buco-
maxilofaciais de Lille (França), nos 
mostrou que indivíduos com 
disfunção da articulação temporo-
mandibular (DTM) associada a 
essas deformidades craniofaciais 
mais frequentemente apresentam 
determinadas variantes genéticas.
Nós fomos os primeiros a mostrar 
que prognatismo mandibular se 
associa a um gene de miosina (do 
tipo 1H) e esses nossos resultados 
foram independentemente repli-
cados em várias populações huma-
nas e até no peixe zebra. Nossos 
estudos continuaram a evoluir 
nessa área e também mostraram 
que outras variantes genéticas em 
outros genes se associam com 
casos de assimetria da face e/ou 
DTM. Diferentes associações gené-
ticas podem ser encontradas 
dependendo se a pessoa apresen-
ta uma assimetria no corpo da 
mandíbula, se a assimetria está 
associada a diferentes formas 
geométricas do côndilo da mandí-
bula, se a face assimétrica tem a 
forma de “C” ou se o paciente apre-
sentar outras assimetrias atípicas. 
Indivíduos com um per�l de face 
convexo e uma maloclusão do tipo 
classe II parecem apresentar mais 
comumente os alelos menos 
comuns de uma mutação comum 
na população da actina 3. O 
mesmo se vê para pessoas com 
uma maior quantidade de �bras do 
tipo II no músculo masseter. O 
oposto se viu em indivíduos com 
mordida profunda, que tinham 
uma menor chance de ter essa 
mesma mutação. O interessante é 
que pessoas que tem essa mesma 
mutação na actina 3 tem uma 
maior facilidade de correr longas 
distâncias. Maratonistas olímpicos 
tem uma maior chance de ter duas 
cópias dessa mutação da actina 3.
Talvez um dos resultados mais 
interessantes até agora tenha sido 
a demonstração de que certos 
genes se associam com o fato de 
uma DTM surgir ou piorar após 
tratamento envolvendo uma cirur-
gia ortognática. Um desses genes é 
um receptor de estrogênio, que é 
um dos hormônios sexuais femini-
nos. Indivíduos com variantes em 
marcadores desse receptor de 
estrogênio sentiram sua DTM 
piorar após tratamento por cirur-
gia ortognática. Parece não ser 
coincidência que são as mulheres 
as que mais buscam ajuda pro�s-
sional para tratar DTM. Outro caso 
se relaciona a indivíduos com 
variação recessiva em um gene de 
formação de cartilagem, que se 
mostraram “protegidos” contra o 
surgimento da DTM após trata-
mento por cirurgia ortognática. Eu 
tive a chance de expandir esses 
estudos com colegas aí do Brasil e 
várias dessas associações foram 
replicadas para de�nições clínicas 
de DTM e atralgia.
Um resumo desses estudos foi 
incluído em um capítulo do livro 
“Genetic Basis of Oral Health 
Conditions” (lançado no início 
desse ano) onde escrevi sobre a 
in�uência genética em doenças 
orais. 
Com os anos, a oportunidade 
também surgiu de criar uma estru-
tura para estudar casos de neural-
gia do trigêmeo clássica. Já temos 
amostras biológicas de mais de 
500 casos e os primeiros resultados 
desse estudo coorte, ainda não 
publicado, mostram que mutações 
em um gene de canal de sódio 
(que foi relatado como explicando 
os casos de neuralgia do trigêmeo) 
têm uma frequência baixa na 
população geral, menor que 1%.
Outra área do meu interesse é usar 
o per�l de doença das pessoas, 
incluindo de�nições de DTM, para 
identi�car genes que se associam a 
doença humana, em especial 
genes relacionados à resposta 
in�amatória. 
Atualmente estamos desenhando 
projetos para avaliar respostas aos 
tratamentos que existem para DOF 
e as DTM. Esses esforços incluem o 
fortalecimento de nossas colabo-
rações institucionais, como a que 
temos com o Dr. Ricardo Tesch de 
Petrópolis, RJ. Existe uma lacuna 
importante no conhecimento de 
quais indicadores podem ser 
usados para antecipar resultados 
satisfatórios versus resultados 
indesejáveis para os pacientes 
sofrendo de DTM. Nosso objetivo 
em um futuro próximo é ajudar a 
determinar quais biomarcadores 
permitem determinar quais são os 
indivíduos com mais chances de 
responder melhor a determinadas 
terapias para as DTM e Dor Orofa-
cial. Até lá, espero ter a chance de 
interagir com os colegas do Brasil 
interessados em pesquisas nessa 
área.
Pós-traumática (DNPT): nos últimos 
anos, você publicou uma série de 
artigos sobre o que é a DNPT, cuja 
denominação foi estabelecida agora 
pelo ICOP. Essa condição é um exem-
plo da importância da padronização 
de termos, de�nições e critérios 
diagnósticos, para que clínicos e 
pesquisadores possam falar a 
mesma língua.
a. Você poderia nos contar um pouco 
sobre as diferenças entre DNPT, 
provável DNPT e outros termos 
como Dor Dentoalveolar Persistente, 
Odontalgia Atípica, etc?
Seria necessário um artigo de revisão 
para explicar tudo isso! Em geral, 
alguns sistemas de classi�cação permi-
tem o uso de "provável" ou "possível" 
quando nem todos os critérios são 
atendidos. A classi�cação de dor 
neuropática publicada por Finnerup et 
al. (Pain 157: 1599-1606, 2016) usa 
possível, provável ou de�nitivo, 
dependendo do número de critérios 
atendidos.
b. O que recomendaria para os 
métodos de avaliação neurosenso-
rial no ambiente clínico?
O teste sensorial quantitativo consome 
tempo e requer equipamentos caros 
que nem todas as clínicas podem 
pagar. Em centros de referência isso 
pode ser possível.
Em geral, as clínicas de DTM/DOF 
podem usar instrumentos simples de 
maneira muito e�caz para testar a 
hipersensibilidade (sonda dentária), 
alodinia (cotonete), alodinia ao frio 
(gelo, etc.). Nos casos em que há 
suspeita de lesão nervosa, recomendo 
os testes sensorias quantitativos. Ele 
mapeia a área afetada e fornece 
evidências sobre a disfunção do nervo 
sensitivo envolvido. É extremamente 
útil para acompanhamento também. 
No entanto, o diagnóstico é limitado e 
reconhecemos isso.
5 - Quais são seus principais objetivos 
como editor-chefe do Journa of 
Orofacial pain and Headache - JOFPH?
Eu gostaria que o periódico fosse “O” 
periódico para pesquisas sobre DTM/-
DOF e transtornos de dor de cabeça 
relacionados. Esse reconhecimento é 
medido de várias maneiras: fator de 
impacto e índices relacionados, 
número de assinantes, etc. Como é 
uma revista que representa grupos de 
DOF internacionalmente eu faço o meu 
melhor para incluir submissões 
internacionais, sem sacri�car o rigor 
cientí�co. Isso também se re�ete no 
aumento do número de editores 
internacionais associados. Trabalha-
mos muito este ano para melhorar 
nossos processos internos, com 
revisões e decisões mais rápidas, 
seleção cuidadosa, diretrizes aprimora-
das e detalhadas ao autor com base no 
International
Committee of Medical 
Journal Editors (ICMJE) para a conduta, 
relatório, edição e publicação de traba-
lho acadêmico em revistas médicas.
6 - Embora cada região tenha suas 
particularidades na sua opinião 
quais são os desa�os predominan-
tes na prática e na pesquisa em 
DTM/DOF? Para onde está seguindo 
o futuro da área? 
Espero que o estabelecimento da 
DTM/DOF como especialidade nos EUA 
seja um gatilho para uma mudança 
internacional. O status de especialida-
de remove os pro�ssionais mal treina-
dos que tentam fornecer cuidados em 
DTM/DOF. Tenho certeza de que a área 
e a "odontologia do sono" irão se fundir 
cada vez mais. Para �orescer, precisare-
mos adotar o ICOP e isso mudará à 
medida que coletarmos dados de 
pesquisa. O ICOP nos fornece distúr-
bios de�nidos para os quais reivindica-
mos propriedade. Para realmente 
ocupar o nosso lugar entre as outras 
especialidades, teremos de colaborar 
estreitamente com os neurologistas e 
cefaliatras. Adivinhar o futuro geral-
mente é desastroso, mas estou con�an-
te de que os principais líderes em todo 
o mundo estão indo na direção certa. O 
futuro da nossa pro�ssão depende 
muito da formação de grupos-chave 
em todo o mundo e do aumento do 
número de membros. Precisamos de 
médicos, pesquisadores e acadêmicos 
nesses grupos, além de membros 
su�cientes para constituirmos uma 
“massa crítica”. Isso torna a DTM/DOF 
uma opção atraente para estudantes e 
empresas farmacêuticas investirem em 
pesquisa. 
7 - O que vem a seguir para você? 
Você está trabalhando em algum 
projeto interessante? 
Ainda estou intimamente envolvido 
com a Rutgers, tanto na pesquisa 
clínica quanto na básica. As linhas de 
pesquisa continuarão e estou anima-
do com a descoberta com minha 
colega Dr. Korczeniewska (Eur J Pain 
22: 875-888, 2018) sobre as diferenças 
na expressão genética no trigêmeo 
versus gânglio da raiz dorsal. As possí-
veis diferenças entre os sistemas 
trigeminal e espinhal em resposta a 
lesões e doenças, assim como outras 
características, são fascinantes. 
Espero continuar meu trabalho no 
JOFPH e alcançar, junto com meus 
colegas e toda a comunidade de 
DTM/DOF, o reconhecimento que 
merecemos. 
14
Dr. Benoliel, é uma grande honra 
entrevistá-lo, em nome da Socieda-
de Brasileira de Dor Orofacial 
(SBDOF), visto que você é um 
conceituado pesquisador e especia-
lista em Dor Orofacial de renome 
mundial, que trouxe inúmeras 
contribuições valiosas para o nosso 
campo. Somos gratos por tudo que 
você fez ao longo dos anos em 
busca de aprimorar o conhecimen-
to no campo da Dor Orofacial e 
agradecemos o tempo que você 
está reservando para compartilhar 
um pouco de sua experiência 
conosco.
1- O que fez você querer seguir o 
campo da Dor Orofacial?
As múltiplas comorbidades em pacien-
tes com dor tornavam difícil e comple-
xo o tratamento de forma abrangente e 
vi muitos pacientes diagnosticados 
erroneamente em tremendo sofrimen-
to. Eu esperava que, com o treinamento 
certo, pudesse ajudar esse grupo de 
pessoas. Foi uma ideia realmente 
desa�adora e, à medida que me desen-
volvi pro�ssionalmente, estabeleci um 
ótimo relacionamento com os pacien-
tes que me ensinaram ainda mais.
Claro que existem outras razões menos 
cientí�cas, como as oportunidades 
pro�ssionais, mas acho que uma razão 
importante foi a orientação que recebi 
do Dr. Yair Sharav, que continua sendo 
meu amigo e mentor até hoje. Pessoa 
inteligente e criativa, Yair realmente 
apresentou o campo da dor para mim 
de uma forma que o tornou muito 
atraente.
2 - Educação em Dor Orofacial: o 
treinamento em DTM/DOF pode 
variar signi�cativamente em todo o 
mundo. Nos EUA, a DTM/DOF foi 
reconhecida como especialidade no 
início de 2020, enquanto, em muitos 
países, a área ainda não tem esse 
ENTREVISTA
Dr Rafael Benoliel
reconhecimento. Em Israel, entretan-
to, é um programa de especialidade 
combinado: Estomatologia / Dor 
Orofacial.
a. Você acredita que existe um 
modelo ideal para um programa em 
DTM / DOF?
Esta não é uma questão fácil. O 
tratamento da DOF requer conheci-
mento sobre dores odontogênicas, 
dores de origem otorrinolaringológica 
e outras dores regionais, medicina 
interna (comorbidades dsistêmicas), 
farmacologia clínica (ações e interações 
de medicamentos), neurologia / 
cefaleia, imunologia, imagenologia, 
anatomia, �siologia e habilidades 
práticas como bloqueios de músculos e 
nervos, só para citar apenas algumas 
habilidades essenciais. Cada vez mais a 
medicina do sono e nosso papel no 
tratamento desses distúrbios estão 
sendo ensinados em programas de 
DTM/DOF. Isso adiciona um novo 
caminho, mas exige conhecimentos e 
habilidades extras. Para ser capaz de 
englobar todas essas habilidades sinto 
que os cursos precisam ter de 3 a 4 anos 
de duração (dependendo se um grau 
acadêmico é desejado) para que se 
atinja um nível razoável de quali�cação.
b. O que você considera essencial para 
ser incluído no currículo de DTM/DOF 
tanto em programas de graduação 
quanto de pós-graduação? 
O conteúdo do programa de pós-gra-
duação é uma longa lista e delineei 
alguns dos principais fatores acima. Na 
graduação, meu primeiro desejo é que 
haja realmente uma disciplina de 
DTM/DOF em todas as Faculdades de 
Odontologia! A base para uma gradua-
ção em Odontologia bem-sucedida é o 
conhecimento profundo e a capacida-
de de diagnosticar com precisão a dor 
oral e dentoalveolar aguda. Isso deve 
ser um pilar, possivelmente multidisci-
plinar, na graduação. Nesse nível, o 
objetivo é familiarizar o aluno com as 
DOF crônicas mais comuns, dentre elas 
as dores neuropáticas, musculoesque-
léticas, neurovasculares e idiopáticas, 
abordando como elas podem mimeti-
zar dores orais e dentais. Isso dará a 
capacidade de identi�car, abster-se de 
tentar um tratamento invasivo e enca-
minhar adequadamente o paciente. 
3 - ICOP: o campo da DTM/DOF tem 
se fortalecido signi�cativamente ao 
longo dos anos através da pesquisa 
cientí�ca, o que nos permitiu 
entender melhor os diferentes 
mecanismos e condições de dor. No 
entanto, ainda há um longo cami-
nho a percorrer. Um passo muito 
importante para as futuras pesqui-
sas foi a publicação da Classi�cação 
Internacional de Dor Orofacial 
(ICOP). Parabéns pela conquista! 
Agradecemos por tornar realidade 
este projeto, que é um marco para a 
área DTM/DOF. 
a. O que espera alcançar com o ICOP?
Uma especialidade como a nossa deve 
ter uma classi�cação. Caso contrário, 
estaremos trabalhando 'no escuro'. As 
classi�cações são uma linguagem 
comum com critérios universalmente 
aceitos. Conseguimos isso com o ICOP, 
que permitirá a interação clínica e, de 
forma muito relevante, pesquisas 
consistentes internacionalmente. O 
ICOP lida com entidades bem conheci-
das, mas as organiza e de�ne: dor 
dentoalveolar (inacreditável que não 
tenhamos uma classi�cação abrangen-
te para isso!), artralgias, mialgias, dores 
neuropáticas e dores idiopáticas. Além 
disso, demos o ousado passo de classi-
�car as "cefaleias primárias" que apare-
cem apenas na região orofacial. Este é 
um assunto muito importante que tem 
causado muitos diagnósticos errôneos 
e tratamentos inadequados. Espera-
mos que o ICOP se torne o padrão para 
o diagnóstico. A DTM/DOF careceu 
desse "padrão ouro" por muitos anos e 
o ICOP agora abre a porta para pesqui-
sas clínicas com maior rigor metodoló-
gico. Os melhores exemplos são como 
a International Classi�cation of Heada-
che Disorders (ICHD) in�uenciou a 
pesquisa em cefaleia e o RDC/TMD que 
revolucionou o tratamento de artral-
gias, mialgias, desarranjos internos da 
ATM e outros distúrbios relacionados.
É importante que o ICOP preencha a 
lacuna com as cefaleias. É tolice tentar 
compreender a DTM/DOF separada-
mente das cefaleias: a DOF crônica 
mais comum é a mialgia que, por 
de�nição, inclui o músculo temporal. 
Portanto, é tanto uma DOF quanto uma 
dor de cabeça! O ICOP está totalmente 
integrado com a ICHD e levará a uma 
maior colaboração com os cefaliatras. 
b. Como a comunidade de DTM/-
DOF em todo o mundo recebeu a 1ª 
edição do ICOP?
É um processo lento, mas está ganhan-
do impulso. Vários grupos estão tradu-
zindo e alguns artigos foram publica-
dos com base no ICOP. Devemos ser 
pacientes e perseverar. Os periódicos 
relevantes devem insistir que os artigos 
de pesquisa clínica utilizem o ICOP. 
Assim como insistimos no uso de 
Diagnostic Criteria for Temporomandi-
bular Disorders (DC/TMD) e da ICHD. O 
JOFPH mudou recentemente suas 
diretrizes aos autores para re�etir isso.
4 – Dor Neuropática Trigeminal 
Cirurgião-Dentista formado na 
UFRJ em 1991, Doutor em Genéti-
ca Humana com Pós Doutorado na 
University of Iowa (USA), Professor 
Titular e Diretor de Pesquisa Clínica 
na School of Dental Medicine, 
University of Pittsburgh. Coordena 
e desenvolve pesquisas com 
parcerias em cinco continentes, 
tendo criado o inovador projeto de 
Registro Dental e Repositório de 
DNA (DRDR), com mais de 6700 
participantes que é reconhecido 
mundialmente. Publicou mais de 
350 artigos em revistas de elevado 
impacto cientí�co, tendo como 
linhas de pesquisa �ssuras labiopa-
latinas, susceptibilidade individual 
às doenças orais e o impacto da 
saúde geral na saúde oral. Pelo 
conjunto desse trabalho já recebeu 
várias premiações internacionais.
Depois de me formar em Odonto-
logia eu me especializei em Odon-
tologia para Pacientes com Neces-
sidades Especiais e Odontopedia-
tria. Fiz o doutorado em genética 
com ênfase em genética humana e 
em meu pós-doutorado trabalhei 
com genética humana molecular; 
nesse ponto eu já não atendia 
pacientes e assim me tornei um 
cientista em tempo integral. 
Consegui me estabelecer na 
Universidade de Pittsburgh onde a 
minha função principal era iniciar 
um programa de pesquisa inde-
pendente e visível, estabelecendo 
três linhas de trabalho: (i) entender 
a etiologia de �ssura labiopalatina 
através da avaliação de variações 
na dentição e tentar desvendar a 
razão pela qual familias que tem 
alguém que nasceu com �ssura 
relatam a ocorrência de mais casos 
de câncer; (ii) entender porque 
certas pessoas são mais suscetíveis 
à doenças e/ou defeitos dentários, 
orais e/ou craniofaciais; e (iii) 
entender porque determinados 
tratamentos odontológicos não 
funcionam para determinadas 
pessoas. Um dos projetos, que se 
iniciou pela avaliação de indivídu-
os com deformidades craniofaciais 
que requeriam desde apenas trata-
mento ortodôntico até tratamento 
ortodôntico associado à cirurgia 
ortognática (em colaboração com 
um amigo ortodontista na Filadel-
�a e seus colegas cirurgiões buco-
maxilofaciais de Lille (França), nos 
mostrou que indivíduos com 
disfunção da articulação temporo-
mandibular (DTM) associada a 
essas deformidades craniofaciais 
mais frequentemente apresentam 
determinadas variantes genéticas.
Nós fomos os primeiros a mostrar 
que prognatismo mandibular se 
associa a um gene de miosina (do 
tipo 1H) e esses nossos resultados 
foram independentemente repli-
cados em várias populações huma-
nas e até no peixe zebra. Nossos 
estudos continuaram a evoluir 
nessa área e também mostraram 
que outras variantes genéticas em 
outros genes se associam com 
casos de assimetria da face e/ou 
DTM. Diferentes associações gené-
ticas podem ser encontradas 
dependendo se a pessoa apresen-
ta uma assimetria no corpo da 
mandíbula, se a assimetria está 
associada a diferentes formas 
geométricas do côndilo da mandí-
bula, se a face assimétrica tem a 
forma de “C” ou se o paciente apre-
sentar outras assimetrias atípicas. 
Indivíduos com um per�l de face 
convexo e uma maloclusão do tipo 
classe II parecem apresentar mais 
comumente os alelos menos 
comuns de uma mutação comum 
na população da actina 3. O 
mesmo se vê para pessoas com 
uma maior quantidade de �bras do 
tipo II no músculo masseter. O 
oposto se viu em indivíduos com 
mordida profunda, que tinham 
uma menor chance de ter essa 
mesma mutação. O interessante é 
que pessoas que tem essa mesma 
mutação na actina 3 tem uma 
maior facilidade de correr longas 
distâncias. Maratonistas olímpicos 
tem uma maior chance de ter duas 
cópias dessa mutação da actina 3.
Talvez um dos resultados mais 
interessantes até agora tenha sido 
a demonstração de que certos 
genes se associam com o fato de 
uma DTM surgir ou piorar após 
tratamento envolvendo uma cirur-
gia ortognática. Um desses genes é 
um receptor de estrogênio, que é 
um dos hormônios sexuais femini-
nos. Indivíduos com variantes em 
marcadores desse receptor de 
estrogênio sentiram sua DTM 
piorar após tratamento por cirur-
gia ortognática. Parece não ser 
coincidência que são as mulheres 
as que mais buscam ajuda pro�s-
sional para tratar DTM. Outro caso 
se relaciona a indivíduos com 
variação recessiva em um gene de 
formação de cartilagem, que se 
mostraram “protegidos” contra o 
surgimento da DTM após trata-
mento por cirurgia ortognática. Eu 
tive a chance de expandir esses 
estudos com colegas aí do Brasil e 
várias dessas associações foram 
replicadas para de�nições clínicas 
de DTM e atralgia.
Um resumo desses estudos foi 
incluído em um capítulo do livro 
“Genetic Basis of Oral Health 
Conditions” (lançado no início 
desse ano) onde escrevi sobre a 
in�uência genética em doenças 
orais. 
Com os anos, a oportunidade 
também surgiu de criar uma estru-
tura para estudar casos de neural-
gia do trigêmeo clássica. Já temos 
amostras biológicas de mais de 
500 casos e os primeiros resultados 
desse estudo coorte, ainda não 
publicado, mostram que mutações 
em um gene de canal de sódio 
(que foi relatado como explicando 
os casos de neuralgia do trigêmeo) 
têm uma frequência baixa na 
população geral, menor que 1%.
Outra área do meu interesse é usar 
o per�l de doença das pessoas, 
incluindo de�nições de DTM, para 
identi�car genes que se associam a 
doença humana, em especial 
genes relacionados à resposta 
in�amatória. 
Atualmente estamos desenhando 
projetos para avaliar respostas aos 
tratamentos que existem para DOF 
e as DTM. Esses esforços incluem o 
fortalecimento de nossas colabo-
rações institucionais, como a que 
temos com o Dr. Ricardo Tesch de 
Petrópolis, RJ. Existe uma lacuna 
importante no conhecimento de 
quais indicadores podem ser 
usados para antecipar resultados 
satisfatórios versus resultados 
indesejáveis para os pacientes 
sofrendo de DTM. Nosso objetivo 
em um futuro próximo é ajudar a 
determinar quais biomarcadores 
permitem determinar quais são os 
indivíduos com mais chances de 
responder melhor a determinadas 
terapias para as DTM e Dor Orofa-
cial. Até lá, espero ter a chance de 
interagir com os colegas do Brasil 
interessados em pesquisas nessa 
área.
Rafael Benoliel graduou-se em Odontologia com mérito acadêmico na University of London, Reino Unido. Cursou 
pós-graduação em Cirurgia Bucomaxilofacial na University of London e em Estomatologia / Dor Orofacial na 
Universidade de Hadassah, Israel. Por sete anos atuou como chefe do Departamento de Estomatologia na 
Universidade de Hadassah e, posteriormente, tornou-se Diretor do Centro de Dor Orofacial e Disfunções 
Temporomandibulares da Rutgers School of Dental Medicine, EUA, onde também atuou como Pró-reitor de 
Pesquisa. Ele têm publicado frequentemente ao longo de sua carreira e co-editou o premiado livro “Orofacial Pain 
and Headache” (primeira edição 2008 - traduzido para o espanhol e segunda edição 2015 - traduzido para o 
português). Atuou em muitos comitês cientí�cos, incluindo os de classi�cação da International Headache Society 
(IHS) e Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD). Foi presidente do Grupo de 
Interesse Especial em Dor Orofacial e Cefaleia da International Association for the Study of Pain (IASP) e 
co-presidente do comitê da International Classi�cation of Orofacial Pain (ICOP). Atualmente, é editor-chefe

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