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Melancolia e Depressão na Psicanálise

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DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA A PSICANÁLISE
	TEMA: Melancolia e depressão na psicanálise
	NOME ALUNO (A): Mônica Camargo Batista Barbosa DATA: 20/05/2020
	A depressão está entre as doenças que mais crescem no mundo. O termo “depressão” vem do latim e da junção de dois radicais: depressio e onis, que agrega a palavra depressun cujo sentido é baixo. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes ao ano de 2015, em dez anos o índice mundial de depressão deu um salto de mais de 18%. Esta doença afeta 4,4% da população, o que significa 322 milhões de pessoas.
	O Brasil tem números alarmantes de indivíduos com depressão, os dados mostram que 5,8% dos brasileiros, cerca de 11,5 milhões de pessoas, sofrem com esse problema severo. Esta é uma condição que pode comprometer a vida do indivíduo nas mais diferentes esferas e trazer sérios prejuízos ao seu desempenho profissional, social e familiar.
	O objetivo desta pesquisa foi identificar a depressão e a melancolia por meio do viés psicanalítico. As interfaces entre depressão, melancolia e psicanálise podem ser entendidas a partir da detecção ou diagnóstico do quadro, prevenção e tratamento combatente.
	A partir de meados do século XX, o termo depressão passa a distinguir-se na psiquiatria, sob as modernas classes de transtornos afetivos (CID-10) ou transtornos de humor (DSM-IV). O termo melancolia, por sua vez, aparece como uma subclasse dentro da depressão, a dos distúrbios de humor. O diagnóstico acontece a partir de determinados sintomas que se manifestam, levando em conta sua duração, frequência e intensidade. 
	A psicanálise, representada inicialmente por Freud, coloca a depressão e a melancolia em outros registros, não somente o biológico, dando ênfase no conflito psicológico, nos fatores relacionados à dinâmica do psiquismo, sempre situada no campo das questões psicogênicas (Peres, 2003). 
	Para Freud os estados de melancolia e depressão estão situados no registro da perda e a maneira como cada indivíduo pode reagir psiquicamente a ela. O luto foi acentuado como o espaço paradigmático por excelência da vivência e da elaboração de situações de perda e de frustração. A dificuldade nesta elaboração está basicamente ligada à melancolia e à depressão.
	De acordo com FREUD (1923), os pacientes melancólicos tem um superego severo por relacionar a própria culpa em direção aos objetos amados. Desta forma, manter a depressão ativa propõe ao sujeito que a instância do ego poderia matar a si próprio apenas tratando-se como um objeto. Segundo Freud, o quadro de depressão melancólica tem relação com a autodepreciação, estado em que os pacientes depressivos tendem 
a sentir raiva de si mesmos. Mais designadamente, a raiva é dirigida internamente pelo fato do self do paciente, ou seja, o indivíduo em sua essência, se identificar com o objeto perdido (GABBARD, 1998).
	FREUD (1917) constituiu uma diferença entre o luto e depressão melancólica. A perda real de um objeto refere-se ao luto. Na melancolia o objeto perdido é mais emocional que real. Ainda, de acordo com o autor, o paciente melancólico experimenta uma intensa perda de autoestima, acompanhada de autoacusação e culpa, enquanto que, a pessoa de luto ainda mantém uma estabilidade em relação ao senso de autoestima. 
	Freud não classifica a depressão em uma categoria específica, entretanto, descobertas trazidas pela investigação psicanalítica desses transtornos e uma leitura apurada de sua obra fornecem um conjunto de distinções que contribuíram para definir o perfil da clínica contemporânea.
	O emprego freudiano desse termo se prende a duas definições: 
1- É mencionada à noção mecanicista da depressão como uma queda, um decréscimo numa função psíquica qualquer, queda atribuída a uma insuficiência da libidinização, uma baixa no fator quantitativo, o “fator Qn” do Projeto (Freud, 1895)
2- A depressão é relacionada a um estado de sofrimento psíquico. Raras são, no entanto, as ocasiões em que Freud o utiliza; em ‘Luto e melancolia’. Já a psicanálise pós-freudiana utiliza-o farta e generosamente.
	Contudo, Freud fala em melancolia. Porém, o uso que faz do termo, por vezes compreende aspectos clínicos que estão além da melancolia kraepeliniana, incluindo-a, mas incluindo também um campo de padecimentos maior, mais vasto. De acordo com James Strachey, editor da Standard Edition, Freud usa o termo melancolia quando quer se referir ao que “agora [quando o texto foi escrito] em geral se descreve como estados de depressão” (Strachey, 1957:238). Esta afirmação é arriscada, pois desconsidera diferenças que poderiam mostrar-se importantes.
	Ao estudar a teoria psicanalítica, compreende-se que há uma diferença entre depressão e melancolia na teoria freudiana. Conforme afirma Delouya (2001, p.19; 2002, p.22), no campo psicanalítico, principalmente na teoria freudiana, a depressão não chegou a ser elevada à categoria de um quadro psicopatológico. Ela aparece apenas como consequência de alguns estágios da constituição psíquica. 
	Freud, muitas vezes, utilizava o termo depressão ao se referir a um estado mais brando de humor penoso dentre os inúmeros quadros patológicos que estudava, inclusive a melancolia. Desta forma, o termo depressão seria adotado para mencionar um afeto, estado ou sintoma. Já em relação ao termo melancolia, Freud quase sempre o utilizava para se referir a um estado depressivo mais intenso, mais grave, no qual se juntavam diversos elementos. Esta palavra seria utilizada para determinar um quadro com predomínio de afetos depressivos intensos. 
	
	A visão psicanalítica, depois de Freud, estabeleceu uma distinção entre a melancolia e a depressão. De acordo com essa teoria a depressão seria um estado mais brando e que estaria presente nas neuroses de forma geral, podendo ser o foco principal ou não da patologia, e a melancolia seria uma forma aguda e acentuada de um estado depressivo presente nas psicoses (Peres, 2003). 
	Ao contrário da psiquiatria, que através da intervenção medicamentosa se interessa em interromper este processo, erradicando o sofrimento depressivo, sem possibilitar ao sujeito o encontro do caminho da simbolização, a psicanálise, diante da depressão, procura contribuir para que o sujeito encontre caminhos na tarefa de organizar o luto estagnado e, com isso, permitir que ele atinja o nível simbólico. A experiência depressiva, embora dolorosa, é preciosa para o enriquecimento simbólico do sujeito. 
	A psicanálise nos mostra que o desenvolvimento psíquico, desde o início, se dá por meio da elaboração das perdas. Esta é uma das diferenças entre o paradigma psiquiátrico e o psicanalítico, ambas se apoiam em pressupostos totalmente distintos. Contudo, atualmente, sabemos ser necessário, em muitos casos de depressão, um tratamento que combine psicoterapia e farmacoterapia, por isso é importante reconhecermos esta complementaridade. Certamente, a psicanálise como terapia para depressão é uma das formas mais eficazes de ajudar o paciente a entender e lidar com a situação que ele enfrenta. Devido ao nível de incapacitação ao qual a pessoa pode chegar, trata-se de um quadro que tem ganhado cada vez mais notoriedade.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Delouya, D. (2001). Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo.    
Freud, S. (1996c). Manuscrito G. Melancolia. In Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (Vol. I). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1895) 
Freud, S. (1996d). Neurose e psicose. In Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (Vol. V). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1923        
Freud, S. (2006). Luto e Melancolia. In Escritos sobre a psicologia do inconsciente. Obras Psicológicas de Sigmund Freud. (Vol. 2). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1917[1915] 
Gabbard, G.O. (1998). Psiquiatria psicodinâmica – baseado no DSM-IV. (Luciana N. de A. Jorge e Maria Rita Secco Hofmeinter, Trad.). Porto Alegre: ArtesMédicas, 2ª edição (Originalmente publicado em 1994).     
Strachey, J. Nota introdutória. In: FREUD, Obras Completas de Sigmund Freud. v. XIV. 
OMS alerta: depressão atinge 11,5 milhões de brasileiros. Pense Futuro, 2020. Disponível em: http://pensefuturo.com.br/noticia/oms-alerta-depressao-atinge-115-milhoes-de-brasileiros. Acesso em: 03/05/2020.
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