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OFICIAL CAP 2 Redes de atendimento a mulher

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Redes de atendimento a mulher
A “violência contra a mulher” foi um tema bastante difundido a partir da década de 1970 no cenário mundial, quando pesquisadores (as) feministas criaram a terminologia não só para abarcar as múltiplas faces da violência sofrida dentro da família, mas também em outras situações, como prostituição forçada, tráfico de mulheres, estupro, etc. No Brasil, no início da década de 1980, o tema tornou-se a principal bandeira levantada pelos movimentos feministas. A partir da realização desses estudos, se buscou “apontar para a violência como um problema de violação de direitos das pessoas, fazendo que ganhe visibilidade e seja estudada no campo do direito” (SCHRAIBER et al, 2005, p. 30). No entanto, a violência contra a mulher deixou de ser algo particular e passou a ser debatida coletivamente.
 	Segundo Saffioti (1995, p. 272) as diferenças supõem outra face da identidade, onde os eixos de distribuição de conquista e poder se dão através das dessemelhanças referentes a gênero, etnia e classe, admitindo-se uma essência diferenciada entre homens e mulheres. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 houve um grande avanço em relação à luta das mulheres, nas leis e nos mecanismos para combate à violência doméstica, possibilitando exigências dos poderes públicos e implementação de direitos constitucionais que garantam à mulher uma vida sem violência. Neste sentido, o Estado Brasileiro como signatário das convenções internacionais de proteção dos Direitos Humanos das Mulheres, assumiu uma série de compromissos voltados para a questão das mulheres, além de implantar políticas públicas de prevenção e combate as múltiplas formas de violência praticadas no âmbito público e privada.
De acordo com a Lei Maria da Penha nº 11340/2006 Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. Com a Lei Maria da Penha a violência doméstica deixou de ser um crime de menor potencial ofensivo, a pena máxima passou a ser de três anos de detenção, e o afastamento do agressor pode ser solicitado através de medidas protetivas quando a mulher está em situação de risco, se as medidas forem desobedecidas, é admitido o pedido de prisão preventiva do agressor. São nas redes de serviços de atendimento à mulher que serão realizados os procedimentos para alcançar o rompimento do ciclo da violência, a rede de atendimento à mulher em situação de violência está dividida em ações e serviços nas áreas da saúde, justiça, segurança pública e assistência social. É composta por serviços especializados, como os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), e não-especializados, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
O conceito de rede de enfrentamento à violência contra as mulheres diz respeito à atuação articulada entre as instituições/serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, visando ao desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção e de políticas que garantam o empoderamento e construção da autonomia das mulheres, os seus direitos humanos, a responsabilização dos agressores e a assistência qualificada às mulheres em situação de violência. Portanto, a rede de enfrentamento tem por objetivos efetivar os quatro eixos previstos na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres - combate, prevenção, assistência e garantia de direitos - e dar conta da complexidade do fenômeno da violência contra as mulheres (SECRETARIA DE POLÍTICA PARA AS MULHERES, 2011, p.13).
Faleiros (2001) diferencia entre as redes primárias e secundárias e ressalta a importância de sua articulação na formulação de estratégias para o enfrentamento das expressões da questão social. No entendimento do autor, as redes sociais primárias são constituídas por todas as relações significativas que uma pessoa estabelece cotidianamente ao longo da vida. Cada pessoa é o centro de sua própria rede, que é composta por familiares, vizinhos, pessoas amigas, conhecidas, colegas de trabalho, organizações das quais participa: políticas, religiosas, sócio-culturais, dentre outras. A socialização dos seres humanos começa desde a infância e já nesse momento a rede de relacionamentos que a criança vai construindo a sua volta é importante para o desenvolvimento da identidade individual e coletiva. Já as redes sociais secundárias seriam aquelas formadas por profissionais e funcionários de instituições públicas ou privadas; organizações sociais, organizações não governamentais, grupos organizados de mulheres, associações comunitárias e comunidade. Estas teriam o dever de fornecerem atenção especializada, orientação e informação.
As redes sociais permitem o exercício da solidariedade em situações diversas, principalmente em casos específicos de violência doméstica. Cada usuária é o centro de sua própria rede que além dela passa a ser constituída pelos familiares, vizinhos, pessoas amigas, conhecidas, colegas de trabalho, entre outras. A socialização dos seres humanos começa desde a infância e já nesse momento a rede de relacionamentos que a criança vai construindo a sua volta é importante para o desenvolvimento da identidade individual e coletiva (DUARTE, 2003, p.45).
No início dos anos 90, a área da saúde e da assistência passou a realizar novas ações e abordagens para o problema da violência doméstica contra a mulher. Camargo e Aquino (2003) esclarecem que foi somente a partir deste momento que os serviços de saúde passaram a adotar políticas visando diagnosticar o problema e oferecendo atenção à saúde nos casos de violência sexual, violência contra as crianças e outros agravos. Também surgiram, nesta década, as primeiras casas-abrigo reivindicadas pelo movimento de mulheres e apoiadas pelas próprias Delegacias, uma vez que as providências policiais e jurídicas eram burladas pelos agressores e, muitas vezes, as denunciantes sofriam violência maior como castigo por sua iniciativa. (Camargo e Aquino, 2003, p.41).
O grande número de denúncias e manifestações coletivas ocorridas em vários países, nas últimas décadas, desencadeou um processo que tirou a violência contra a mulher do âmbito doméstico, tornando pública (Grossi, Tavares & Oliveira, 2008). Em 1985, foi criada em São Paulo a primeira delegacia especializada no atendimento à mulher. Atualmente, são mais de 300, em praticamente todos os Estados do Brasil, com diferentes denominações: Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Delegacia para a Mulher (DM) e Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Apesar dessas diferenças, estudos apontam que o perfil das usuárias é semelhante, bem como as representações dos policiais sobre seu trabalho e sobre o público atendido (Debert & Oliveira, 2007). Segundo Rifiotis (2004), o tipo de atividade que efetivamente se desenvolve nas delegacias especializadas vai além de criar condições para a resolução de conflitos conjugais. Monteiro (2005) salienta que o momento do registro de ocorrência é singular. A mulher que decide denunciar necessita de apoio e acompanhamento, pois nem sempre está pronta para sair da situação de violência.

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