Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Nome dos acadêmicos 2 Nome do Professor tutor externo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Sociologia (Flx0027) – Prática do Módulo VI – 15/10/19 ¹ ² RESUMO Palavras-chave: 1. INTRODUÇÃO CONFLITOS EPISTEMOLÓGICOS DA SOCIOLOGIA MODERNA Com o avanço da sociedade moderna e a constante evolução e movimento dos grupos sociais, a própria Sociologia tem sua fundação questionada ao se deparar com novos aspectos igualmente plurais e singulares, que diferem um tanto dos primórdios dos métodos da investigação sociológica onde se consideravam os fatos sociais como estáticos e produto de um pensamento lógico racional. Hoje, em um contexto contemporâneo em que o ser humano presa por sua individualidade enquanto critério para determinação de seu pertencimento a um determinado grupo, ignorar fatores considerados instáveis, como o próprio ser humano, já não é mais possível. Em uma breve leitura da evolução do método sociológico e das diferentes perspectivas que o cercam, o presente trabalho traz uma reflexão sobre a sociedade moderna e a necessidade de adaptação dos métodos investigativos científicos a essa nova realidade. Sociologia, Epistemologia, Modernidade. A Sociologia, enquanto estudo das organizações e relações sociais, se desenvolve constantemente de acordo com a evolução das próprias sociedades humanas e os sistemas que as fundamentam. Assim, ainda que seu centenário seja uma tenra idade no comparativo às demais ciências, o avanço dos estudos sociológicos desde sua fundação são indiscutíveis no que diz respeito à análise de quem somos, como vivemos e como interagimos com aqueles ao nosso redor. Émile Durkheim, considerado um dos precursores da Sociologia, trouxe para essa ciência um forte caráter metodológico e científico, incluindo seu próprio método de investigação. Max Weber, outro grande nome da Sociologia, levava em conta fatos históricos, culturais e econômicos, porém de um ponto de vista empírico que não permitia qualquer tipo de abertura para interpretações subjetivas. Karl Mannheim surgiu em contraponto aos dois autores anteriores, levando em consideração a importância do conhecimento social, de forma que o pensamento chamado pré-científico não possa ser analisado unicamente pela análise lógica. Em outras palavras, onde Durkheim e Weber pregavam a necessidade de se focar no prático e exato, 2 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esses três autores serão aqui mencionados como base teórica para uma análise dos conflitos epistemológicos da Sociologia Moderna, considerando cada um dos pontos de vista acima mencionados e como eles se aplicam (ou não) no estudo das sociedades nos dias de hoje. As bases que constituem a Sociologia enquanto ciência a definem como o estudo das sociedades humanas, das relações pessoais e seus sistemas. Estando cada uma dessas coisas em constante evolução e processo de mudança, a Sociologia segue seu curso estudando tais mudanças e adaptando-se a novos conceitos. Consequentemente, como em qualquer ciência, teorias e conceitos estabelecidos há décadas ou séculos podem ser refutados para dar espaço a novos estudos que estejam mais alinhados à nova realidade do mundo contemporâneo. Os métodos de investigação científica usados no século XIX, por exemplo, talvez não sejam mais tão eficazes para os novos contextos sociais, econômicos, culturais e históricos do século XXI. Onde antes havia fatos, hoje já hipóteses. Onde havia cenário, hoje há contexto. Onde havia o indivíduo, há o grupo. Os pressupostos são outros, e o foco de pesquisa também. Durkheim e Weber, ainda que tenham sido indubitavelmente importantes para a consolidação da Sociologia enquanto ciência, tiveram suas metodologias substituídas por outras que estejam mais próximas do contexto social atual. Mannheim, por sua vez, já estava um pouco mais próximo das questões que assolam o mundo moderno. Em “O Problema das Gerações” (1952), Mannheim critica o caráter estático das pesquisas sociológicas, ao mesmo tempo em que questiona o problema geracional e a necessidade de pertencimento a um grupo, abrindo prerrogativa para discussões em torno de raça, gênero, cultura e classe. Seu posicionamento o tornou, inclusive, referência na construção da Sociologia Brasileira, sendo mencionado nas obras de Florestan Fernandes, Guerreiro Ramos e Costa Pinto, que buscavam traçar a sociologia que deveria ser feita no Brasil (Villas Bôas, Os aspectos pontuados por Mannheim já eram incluídos em alguns estudos realizados por Durkheim, porém em circunstâncias e com finalidades científicas diferentes. Para Durkheim, "a sociedade é um fenômeno moral, ou seja, um conjunto de ideias, um grande organismo vivo com seus órgãos e funções" (BÚRIGO; SILVA, 2003). Ao indicar que os fatos sociais devem ser vistos como coisas durante o processo de investigação científica, o autor afirma que cabe ao 3 3. MATERIAIS E MÉTODOS “É necessário que, ao penetrar no mundo social, tenha ele consciência de que penetra no desconhecido; é necessário que se sinta em presença de fatos cujas leis são tão desconhecidas quanto o eram as da existência antes da constituição da biologia; é preciso que se mantenha pronto a fazer descobertas que hão de surpreendê-lo e desconcentrá-lo” (DURKHEIM,1984). Ao tratar fatos sociais como coisas, Durkheim pontua que os mesmos são externos ao ser humano e que a sociedade independe da vontade e posicionamento individual (BÚRIGO; SILVA, 2003). De forma similar, Weber acreditava que nada poderia contestar o bom e velho procedimento científico, realizado de forma minuciosa e rígida. Em outras palavras, dois pesquisadores ao escolher o seu objeto de estudo e adotarem determinado procedimento metodológico deverão chegar aos mesmos resultados (BÚRIGO; SILVA, 2003). Por outro lado, Mannheim afirma que todo pesquisador é um metafísico quando não pode deixar de isolar os acontecimentos, pois deve buscar suas conexões causais. A capacidade do pesquisador de interpretar o mundo e de dominar os fenômenos que são encontrados tanto na vida diária quanto nas ciências culturais, depende de categorias conceituais, as quais constituem o mais valioso instrumento para interpretações (BORTOLI; GALLON, 2015). Dessa forma, é possível observar um grande conflito no que diz respeito à forma “correta” de se realizar estudos e experimentos no campo da Sociologia. Acreditamos, no entanto, que contrário ao que afirmam os sociólogos da vertente positivista, não é viável nem mesmo realista esperar que os métodos investigativos utilizados nas ciências naturais tenham o mesmo resultado exato quando aplicados às ciências sociais e humanas. A subjetividade do indivíduo e, consequentemente, dos grupos e sistemas sociais por ele formados, não pode simplesmente não ser considerada um fator relevante. Na sociedade plural e evolutiva em que vivemos, cada mudança, cada forma de pensar, cada aspecto cultural, histórico, social e econômico, deve ser levado em consideração. O ser humano por natureza não é isolado nem estático. Então, por que a ciência que o estuda deveria ser? O autor Demo (2000), coloca a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a como uma atitude, um [...] questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático. 4Dada a importância que a pesquisa proporciona a quem nela buscar novos conhecimentos, vale citar um aforismo atribuído a Claude Bernard, que nos ensina: quem não sabe o que procura, não entende o que encontra. O pensar do autor Trigueiro (2014, p.21) menciona que: a pesquisa bibliográfica pode se constituir em etapa inicial de um processo de pesquisa, seja qual for o problema em questão, com o objetivo de se ter um conhecimento prévio da situação em que se encontra um assunto na literatura da área. Para essa pesquisa de cunho bibliográfico, foram utilizados alguns recursos disponibilizados pela própria instituição de ensino, tendo como base para a composição do trabalho o manual de Metodologia Científica (Figura 1). Já os artigos, periódicos e livros foram consultados online através de plataformas acadêmicas, ou emprestados por colegas graduandos ou formados na área da Sociologia. Figura 1: livro de Metodologia Científica Fonte: Centro Universitário Leonardo da Vinci, 2013 Além disso, foi utilizado também o Dicionário Houaiss (Figura 2) para consulta do significado de palavras desconhecidas e de conceitos, como a definição de epistemologia e sociologia. Durante a pesquisa acadêmica/científica, o uso de um dicionário se faz indispensável uma vez que nos deparamos com palavras desconhecidas ou até mesmo que já não são utilizadas devido à época em que a obra estudada fora escrita. Já para a escrita acadêmica, conhecer sinônimos das palavras utilizadas em demasia torna o texto mais fluido e facilita a compreensão. 5 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tudo está em constante movimento e evolução. Isso se aplica às ciências, seus objetos de estudos e basicamente tudo aquilo que conhecemos. Ao estudar sobre diferentes pontos de vista no que diz respeito à pesquisa sociológica e como ela deve ser conduzida, é possível observar que um século atrás, em sua fundação, os dilemas sociológicos eram vistos como algo simples, prático e lógico. Pouco se discutia sobre individualidade, grupos minoritários e outros aspectos similares como integrantes de fato relevantes para que fossem considerados nos estudos realizados na época. Em comparação com o mundo plural e ao mesmo tempo singular em que vivemos hoje, é quase impensável imaginar que tais aspectos foram outrora negligenciados. Muito do que estudamos hoje no âmbito da Sociologia está ligado a esses “novos” fatores que se tornaram presentes nas comunicações, nas artes, na mídia e em todos os lugares. Em uma sociedade que busca cada vez mais por representatividade e visibilidade, colocar tudo e todos na mesma caixinha empoeirada de um século atrás não faz mais sentido, seja do ponto de vista social, histórico ou científico. Ainda que os parâmetros da investigação científica sociológica possam ser repetidos em contextos diferentes, esperar que eles sejam aplicados e mostrem resultados com a mesma exatidão independentemente do contexto social é irreal. A sociologia no Brasil não pode ser comparada com Figura 2: Dicionário Houaiss Fonte: Editora Objetiva, 2009 Por fim, o valor agregado da pesquisa instituiu novos horizontes para o(a) acadêmico(a), pois a obtenção dos dados estudados exige uma imersão no ambiente em que se deseja obter conhecimentos. 6 com a sociologia alemã, que por sua vez não pode ser comparada com a francesa, ou com a estado-unidense, e assim por diante. Acreditamos que a beleza do estudo da Sociologia está justamente no incerto, na individualidade, na busca por sentido e pertencimento. E que a atual “crise da Sociologia”, anteriormente tão adaptada a questões estáticas e lógicas, se pluralize junto com a evolução de seu próprio objeto de estudo. 7 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. BERTHELOT, Jean Michel. Os novos desafios epistemológicos da sociologia. Sociologia, Problemas e Práticas, Oeiras , n. 33, p. 111-131, set. 2000. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0873- 65292000000200006&lng=pt&nrm=iso> Acesso em: 8 de outubro de 2019. BORTOLI, Luiza Venzke; GALLON, Shalimar. A repercussão da sociologia do conhecimento de Karl Mannheim no Brasil: uma análise da presença do autor no país e nos estudos de administração. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, [S.l.], v. 14, n. 3, p. 166-181, july 2016. ISSN 1677-7387. Disponível em: <http://www.periodicosibepes.org.br/index.php/recadm/ article/view/2092/868>. Acesso em: 10 de outubro de 2019. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. São Paulo: Ed. Pearson, 2006. DEMO, Pedro. Política Social do Conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. FERREIRA, Gonzaga. Redação científica: como entender e escrever com facilidade. São Paulo: Atlas, v. 5, 2011. HOUAISS, Mauro de S. Villar. Dicionário da Língua Portuguesa. ed. 1, Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia (4 ed.). Rio de Janeiro: Editora Guanabara - 1986. MANNHEIM, Karl. "The problem of Generations", in idem, Essays on the Sociology of Knowledge [introdução e organização: Paul Kecskemeti]. Londres: Routledge & Kegan Paul, pp. 276-322, 1952. MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013. PEROVANO, Dalton Gean. Manual de metodologia da pesquisa científica. Curitiba: Ed. Intersaberes, 2016. TRIGUEIRO, Rodrigo de Menezes. Metodologia científica. Londrina. Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014. VILLAS BÔAS, G. K. A Recepção da Sociologia Alemã no Brasil. Notas Para Uma Discussão. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, 44, 73-80, 1997.
Compartilhar