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2045-Texto Principal-4352-1-10-20190118

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CARACTERIZAÇÃO E COMPARAÇÃO DOS GASES R600A, R22 E 
R134A 
João Vitor Carcute Gonçalves Alves ¹ 
Gabriel Aires Honorato² 
Victor Edson Neto de Araujo Pericoli ³ 
 
Resumo 
As máquinas refrigerantes são equipamentos utilizados tanto na indústria quanto em ambientes domésticos, 
sua função é refrigerar ou manter frio um determinado espaço, na área da engenharia há uma gama de 
pesquisas a respeito da construção de tais equipamentos, mas um déficit quando se trata dos fluídos que são 
usados nos mesmo, relacionar o comportamento e o rendimento de alguns dos mais comuns fluidos 
refrigerantes usados na indústria para desenvolvimento destas máquina é de extrema importância para a 
redução dos gastos econômicos, levando sempre em consideração os danos que estes fluídos causam ao 
meio ambiente e o risco que podem causar para acidentes com terceiros. Um sistema de refrigeração pode 
ser dividido em cinco etapas: o compressor, o condensador, o filtro secador, o elemento de controle e o 
evaporador. Em cada um deles os fluídos possuem um comportamento de características semelhantes, 
porém propriedades distintas, o detalhamento de tais propriedades define o uso e aplicabilidade mais rentável 
para sistemas de grande, médio ou pequeno porte. Outro importante quesito é o cumprimento das normas 
técnicas de segurança existentes que previnem o uso controlado de tais fluídos, um exemplo é a norma 
ASHRAE n° 34 (ISO 817) que indica o nível de toxidade (A ou B, do menor ao maior) à exposição prolongada 
e nível de flamabilidade (1, 2, 2L e 3, do menor ao maior), além da resolução n° 420, da Agência Nacional de 
Transportes Terrestres (ANTT). 
Palavras-chave: Fluidos Refrigerantes. Isobutano. Clorodifluormetano. Tetrafluoretano. 
CHARACTERIZATION AND COMPARISON OF GASES R600A, R22 AND 
R134A 
Abstract 
Refrigerating machines are used both in industry and in domestic environments, their function is to cool or 
keep a certain space cold, in engineering there is a range of research on the construction of such equipment, 
but a deficit when it comes to fluids which are used in them, to relate the behavior and performance of some of 
the most common refrigerants used in the industry for the development of these machines is of extreme 
importance for the reduction of economic expenses, always taking into account the damages that these fluids 
cause to the environment and the risk they can cause to third-party accidents. A refrigeration system can be 
divided into five stages: the compressor, condenser, dryer filter, control element and the evaporator. In each of 
them the fluids have a behavior of similar characteristics, but different properties, the detailing of such 
properties defines the most profitable use and applicability for large, medium or small systems. Another 
important issue is compliance with existing safety technical standards that prevent the controlled use of such 
fluids, an example is ASHRAE No. 34 (ISO 817) which indicates the level of toxicity (A or B, from lowest to 
highest) for the long exposition and the level of flammability (1, 2, 2L and 3, from lowest to highest), as well as 
Resolution nº 420 of the National Land Transport Agency (ANTT). 
Keywords: Refrigerating Fluids. Isobutane. Chlorodifluoromethane. Tetrafluoroethane. 
¹ Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA, Brasil. joaocarcute_1@hotmail.com 
² Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA, Brasil. gabriel.honorato@gmail.com 
³ Mestre (Química, UEG, Brasil). Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA, Brasil. victorpericoli@gmail.com 
 
 
2177 
 
1. Introdução 
Os fluidos refrigerantes Isobutano (R600a), Clorodifluormetano (R22) e Tetrafluoretano 
(R134a) são os compostos mais usados dentro da indústria de refrigeração, analisa-los entre si para 
ver qual tem o melhor uso na aplicação de máquinas refrigerantes é um estudo importante que não 
deve ser ignorado. Ao se exibir as propriedades dos gases estudados, foram feitas as analises 
teóricas a respeito de seu comportamento em cada uma das etapas da máquina refrigerante e 
comparado entre si para que se possa ver qual deles tem melhor aplicação. Enquanto a análise foi 
feita, também foi entendido o funcionamento de um refrigerador doméstico. Para a conclusão de 
qual será o melhor fluido usado, será levado em consideração o menor impacto ambiental causado 
por eles. 
Dentre os três estados de agregação, apenas o estado gasoso permite uma descrição 
quantitativa simples. Podendo restringir a relação entre as propriedades massa, pressão, volume, 
temperatura e quantidade de matéria e admitir que os sistemas estejam em equilíbrio para que as 
propriedades não mudem. A relação custo-benefício também é levada em conta, pois quanto menor 
o trabalho exercido pela máquina para que o gás seja expandido, comprimido, aquecido e resfriado, 
menor será o consumo da sua fonte de energia. Entra neste quesito a relação com o meio ambiente, 
não se pode deixar de trabalhar com a hipótese de que haja um vazamento no sistema e caso 
ocorra, qual dos três gases terá o menor impacto na camada de Ozônio e no aquecimento global. 
Na indústria, quanto menos recursos gastos, menor será seu investimento no produto e 
maior será seu lucro, assim foi analisado o rendimento de cada um dos gases para que possam ser 
aplicados da melhor forma possível no sistema refrigerante, sem que haja perda de qualidade ou 
risco físico as pessoas. 
As considerações foram baseadas em fluidos para sistemas refrigerantes domésticos, os 
gases foram considerados gases ideais, onde as moléculas não se relacionam entre si, pois desta 
forma facilita os cálculos mantendo-se uma boa aproximação dos resultados reais. 
Nos conceitos de Maquinas térmicos de Carnot descritos do Livro [1] Fundamentos de Físico-
química do autor Gilbert Castellan, são especificados a base de uma máquina térmica reversível. 
Se a máquina é revertida, o trabalho é negativo, o calor é extraído da fonte fria e rejeitado 
pela fonte quente, ou seja, a máquina é um refrigerador. 
 
 
2178 
2. Funcionamento de um Sistema Refrigerante 
Em um sistema refrigerante básico, existem cinco etapas por onde o fluido irá circular, 
formando um ciclo fechado (fluido sem alteração de quantidade de matéria). 
2.1. Compressor 
O compressor promove o bombeamento do fluido refrigerante, que vem do evaporador no 
estado gasoso e é bombeado para o condensador, causando baixa pressão no evaporador e alta 
pressão no condensador, elevando a temperatura do gás. O fluido chega do evaporador com uma 
temperatura que varia de 238 K até 263 K (-35°C até -10°C) já em estado gasoso, e quando sai, a 
temperatura aumenta e pode chegar a até 373 K [4]. Não há alteração do volume do gás na etapa do 
compressor. Então levando em consideração um volume fixo ocupado no compressor para todos os 
três fluidos, pode-se calcular qual será o fluido que causará a maior pressão no sistema. Sabendo 
que a pressão é diretamente proporcional à quantidade de matéria do sistema (mol) e que o volume 
se manterá para todos os três fluidos assim como a temperatura final será igual entre eles, pode-se 
dizer que quanto maior o número de mols do fluido, maior será a pressão exercida pelo compressor. 
2.2. Condensador 
O condensador tem como papel proporcionar a dissipação do calor absorvido pelo fluido 
refrigerante ao longo do sistema de refrigeração. É no condensador que o gás superaquecido, ao 
perder calor para o meio ambiente e com pressão alta devido ao compressor, passa do estado 
gasoso para o liquido. Caso o condensador seja muito pequeno, ocorre a perda da capacidade de 
refrigeração e o sistema não atinge as temperaturas desejadas. É importante salientar que a 
temperatura do meio ambiente externo influência na troca de calor do fluido, pois se ela for muito 
alta, a troca de calor pode não ser o desejado para o sistema. O processo de condensação é divido 
em 3 partes: o resfriamentodo gás superaquecido para a temperatura de condensação; 
condensação do fluido refrigerante; o sub-resfriamento do fluido refrigerante. 
O resfriamento do gás superaquecido é a troca de calor com o meio ambiente externo. Para 
que haja condensação é preciso que o gás se resfrie até atingir a temperatura de condensação, que 
vai depender da pressão criada pelo compressor, quanto maior a pressão, maior será a temperatura 
de condensação. 
Ao atingir tal temperatura, conhecida como temperatura de saturação, que é referente à 
pressão de descarga do compressor, o fluido inicia o processo de condensação. 
 
2179 
Após o gás se tornar totalmente liquido, o fluido troca calor para alterar a sua temperatura, 
fazendo com que ele se resfrie. Essa troca é realizada até que o fluido passe pelo filtro secador e 
entre no dispositivo de expansão. 
2.3. Filtro Secador 
Entre o condensador e o evaporador, se localizam o Filtro Secador e o Elemento de 
Controle. Estes são componentes importantes para o funcionamento do Refrigerador. 
O Filtro Secador é feito de material dessecante e tem a finalidade de reter impurezas ou 
umidade que possa haver no sistema, aumentando sua vida útil. Ele absorve água e ácidos para 
evitar corrosão de superfícies metálicas do compressor e assegurar que o óleo e o refrigerante não 
se decomponham, além de impedir passagem de partículas de sujeira no sistema. 
2.4. Elemento de Controle 
A função do Elemento de Controle é criar resistência à circulação do fluido refrigerante, 
causando um grande diferencial de pressão entre condensador e evaporador, o fluido (ainda no 
estado liquido) vai em direção ao evaporador, onde encontra baixa pressão. 
2.5. Evaporador 
É no evaporador, ao se encontrar com um ambiente de baixa pressão, onde o fluido 
refrigerante passa do estado liquido para o gasoso. Assim como o condensador, o evaporador é um 
trocador de calor. Sua função é transferir calor do ambiente refrigerado para o fluido refrigerante que 
está circulando. Assim o fluido passará para a forma de gás, enquanto isso, o evaporador mantem a 
temperatura adequada no interior do refrigerador. Em uma geladeira, ao sair do elemento de 
controle, o fluido com baixa pressão sobe até o congelador e tem as primeiras trocas de calor ali, 
logo segue para a parte de baixo da geladeira e ao termino do processo, o fluido de encontra a baixa 
temperatura (entre 238K e 263K), baixa pressão e no estado gasoso, assim ele volta ao compressor, 
começando um novo ciclo. 
É importante salientar que todo o sistema perde eficiência se o evaporador não funcionar 
corretamente. Evitar o acumulo de gelo e de sujeira no evaporador é essencial para o bom 
funcionamento deste, pois o gelo pode servir como um isolante térmico, impedindo a troca de calor. 
3. Características e comportamentos dos Fluidos 
As tabelas a seguir exibem as características dos 3 fluidos estudados 
 
 
2180 
Tabela 1 – Características do fluido R600a 
Temperatura de Ebulição 261,5 K Densidade do Gás 2,82 Kg/m³ 
Pressão de Vapor 300 KPa Calor Específico na fase gasosa (pressão Constante) 0,0984 KJ/(mol.K) 
Densidade do Líquido 593,82 Kg/m³ Calor Específico na fase gasosa (pressão Constante) 0,089 KJ/(mol.K) 
Latente de Vaporização 365,101 KJ/Kg Calor Específico na fase líquida 139,846 J/(mol.K) 
Fonte: Informação Relativa aos Fluidos Frigorigéneos. Air-Liquide.com.br. São Paulo
 [9]
. Modificado pelo autor. 
Tabela 2 – Características do fluido R22 
Temperatura de Ebulição 232,34 K Densidade do Gás 4,70 Kg/m³ 
Pressão de Vapor 910 KPa Calor Específico na fase gasosa (pressão Constante) 0,0572 KJ/(mol.K) 
Densidade do Líquido 1409,17 Kg/m³ Calor Específico na fase gasosa (pressão Constante) 0,0483 KJ/(mol.K) 
Latente de Vaporização 233,75 KJ/Kg Calor Específico na fase líquida Não especificado 
Fonte: Informação Relativa aos Fluidos Frigorigéneos. Air-Liquide.com.br. São Paulo
 [9]
. Modificado pelo autor 
Tabela 3 – Características do fluido R134a 
Temperatura de Ebulição 246,45 K Densidade do Gás 5,28 Kg/m³ 
Pressão de Vapor 470 KPa Calor Específico na fase gasosa (pressão Constante) 0,087 KJ/(mol.K) 
Densidade do Líquido 1206 Kg/m³ Calor Específico na fase gasosa (pressão Constante) 0,070 KJ/(mol.K) 
Latente de Vaporização 215,9 KJ/Kg Calor Específico na fase líquida Não especificado 
Fonte: Informação Relativa aos Fluidos Frigorigéneos. Air-Liquide.com.br. São Paulo
 [9]
. Modificado pelo autor 
O gás isobutano pode ser chamado de metil propano ou R600a, o gás clorodifluormetano é 
conhecido como R-22 e o gás Tetrafluoretano como R-134a. Todos eles foram submetidos a 
condições iniciais do sistema. A carga dos fluidos é limitada a 80g para sistemas domésticos e até 
150g para sistemas comerciais (ISO 817). É preciso lembrar que o circuito elétrico destes 
equipamentos é adequado a gases inflamáveis, desde que se usava clorofluorcarbonos, para evitar 
geração de faíscas. A tabela 4 mostra algumas características gerais comparadas entre os três 
gases, para se adquirir a massa molecular fez-se uma relação sua própria formula molecular, 
adotando um sistema refrigerante doméstico de 80 g, pode-se identificar o número de mols 
presentes em todo o sistema e relacionando ao Número de Avogadro encontra-se a quantidade de 
átomos presentes no sistema. 
Tabela 4 – Comparações das características iniciais dos fluidos 
Fluido / Característica R600a R22 R134a 
Formula Molecular C4H10 CHF2Cl F4C2H2 
Odor / Gosto / Cor - / doce / - - / doce / - Volátil / - / - 
Flamabilidade Inflamável Não inflamável Não inflamável 
 
2181 
Massa molecular 58,123 g/mol 86,468 g/mol 102,03 g/mol 
Nº de mols para 80g 1,37 mols 0,93 mols 0,784 mols 
Nº átomos no sistema 8,28x10
23
 átomos 5,6x10
23
 átomos 4,721x10
23
 
Fonte: Do autor 
Seguindo as etapas do sistema refrigerante comum, começando pelo compressor, é 
estipulado algumas condições iniciais de forma que se possa ter uma comparação do 
comportamento dos três fluidos, além da massa de 80 g, também é estipulado a temperatura Inicial 
do sistema, a temperatura de saída do compressor (entrada no condensador), a pressão no 
evaporador, temperatura ambiente externa e temperatura de entrada no compressor. A tabela 5 
mostra os valores encontrados. 
Tabela 5 – Comparações das características iniciais dos fluidos 
Fluido / Característica R600a R22 R134a 
Temperatura Inicial 263 K (-10 °C) 263 K (-10 °C) 263 K (-10 °C) 
Volume Ocupado 0,02 m
3
 0,017 m
3
 0,015 m
3
 
Temperatura de Saída 
373 K (100 °C) 
373 K (100 °C) / 
445,84 K (172,84 °C) 
373 K (100 °C) / 
466,65 K (193,65 °C) 
Pressão no Compressor 2,095 atm 1,673 atm / 2 atm 1,6 atm / 2 atm 
Temperatura de Ebulição 
323,08 K (~50 °C) 
291,6 K (18,6 °C) / 
319,8 K (46,8 °C) 
285,13 K (12,13 °C) / 
308,1 K (35,1 °C) 
Quantidade de Calor Liberada 29,848 KJ 19,49 KJ 18,462 KJ 
Entalpia 29,89 KJ/mol 19,524 KJ/mol 18,492 KJ/mol 
Pressão no Evaporador 1 atm 1 atm 1 atm 
Temperatura de Ebulição 261,5 K (-11,5 °C) 232,34 K (-40,66 °C) 246,45 K (-26,55 °C) 
Temperatura Ambiente Externa 300 K (27 °C) 300 K (27 °C) 300 K (27 °C) 
Quantidade de Calor Absorvido 29,69 KJ 19,276 KJ 18,372 KJ 
Temperatura de Entrada no Compressor 263 K (-10 °C) 263 K (-10 °C) 263 K (-10 °C) 
Fonte: Do autor 
Os valores da tabela 5 representam o caminho percorrido pelos fluidos dentro do sistema. 
Ao entrar no compressor com uma temperatura inicial, pelo cálculo da densidade e pelas 
características das tabelas 1, 2, 3 e 4, encontra-se o volume ocupado pelo fluido dentro do 
compressor. Fixando uma temperatura de saída, é possível encontrar a pressão necessária que o 
 
2182 
compressor deve gerar, assim como o inverso também é possível. Nota-se que aumentando a 
quantidade de matéria e mantendo a temperatura de saída dos fluidos, maior é a pressão exercida 
pelo compressor, o que garante um maior rendimento do sistema quando houver a redução da 
pressão no elementode controle. 
Calcula-se, usando a equação de Clapeyron integrada, a temperatura de ebulição do fluido 
com a pressão entregue pelo compressor: 
ln(𝑃 𝑃i⁄ ) = −(
𝐷𝐻𝑣
𝑅⁄ ). (
1
𝑇⁄ −
1
𝑇𝑖⁄ ) (1) 
Onde P é a pressão atual; Pi é a pressão atmosférica; DHv é o calor de vaporização do gás 
à 273K; R é a constante universal dos gases [8,2x10-5 (atm.m3)/(mol.K)]; T é a temperatura de 
ebulição, em Kelvin, do fluido à pressão atual; Ti é a temperatura de ebulição, em Kelvin, do fluido à 
pressão atmosférica. 
Caso a temperatura de ebulição do fluido à pressão entregue pelo compressor seja menor 
que a temperatura média ambiente, o compressor terá que gerar uma pressão maior e, 
consequentemente, uma temperatura de escape maior para que a temperatura de liquefação fique 
acima da temperatura ambiente, sendo assim, para ambos os dois últimos fluidos que não atingiram 
a temperatura necessária, foi adotado que o compressor realize 2 atm de pressão, como mostra a 
tabela 5. 
Ao entrar no condensador com temperatura maior que a temperatura ambiente e na forma 
de gás, os fluidos trocam calor sensível até atingirem a temperatura de ebulição, depois realizam o 
processo latente para se tornarem líquidos, em seguida realizam a troca sensível até atingirem a 
temperatura ambiente externa, fixada para os três casos, totalizando a quantidade de calor expelida 
desde o momento que entrou no condensador até o momento que ele chega ao elemento de 
controle. Tomando em conta que o filtro secador não diminuirá a pressão do sistema, a pressão no 
Evaporador é fixada, realizando novamente a equação de Clapeyron integrada, encontra-se o novo 
ponto de ebulição do fluido. Sendo este valor menor que a temperatura atual do fluido, o mesmo (em 
estado líquido) tende a se tornar gasoso novamente, absorvendo calor do ambiente interno do 
refrigerador, esta quantidade de calor absorvida é calculada somando-se o calor latente proveniente 
da mudança de estado e o calor sensível até atingir a temperatura final, retornando ao compressor e 
iniciando um novo ciclo. 
4. Impactos dos fluidos no Meio Ambiente 
 
2183 
O Potencial de Destruição da Camada de Ozônio (ODP) indica qual é o dano que uma 
substancia pode causar a camada de Ozônio em relação ao CFC-11. Este índice varia de 0 a 1 e 
quanto mais próximo de zero, menor o impacto. O Potencial de Aquecimento Global (GWP) mostra 
quanto uma determinada massa de gás de efeito estufa contribui para o aquecimento Global (ou sua 
capacidade de reter calor) em relação a mesma massa de CO2, seu valor é calculado para um 
determinado período de tempo (em anos). O GWP do CO2 é 1 por padrão, quanto maior o GWP, 
maior o impacto sobre o aquecimento Global. A tabela 6 faz a comparação dos impactos ambientais. 
Tabela 6 – Comparações dos impactos ambientais dos fluidos 
Fluido / Característica R600a R22 R134a 
ODP 0 0,055 0 
GWP 3 1700 1300 
Solubilidade na água 0,032 vol/vol 0,78 0,21 
Auto-Ignição 430 °C 635 °C 743 °C 
Código UN1969 UN1018 UN3159 
Classe de Risco 2,1 2,2 2,2 
Fonte: Do autor 
O índice de ODP e GWP são especificados pelo Protocolo de Montreal, a solubilidade na 
água menor do que 1 indica que o fluido não é solúvel em água. O guia internacional norte-
americano indica o código do fluido e este código mostra a classe sua classe de risco que determina 
especificações de transporte e toxidade. 
O R22 tem efeito destrutivo à camada de Ozônio, sua classe de risco indica que o gás é não 
inflamável e não venenoso, possui um odor levemente adocicado e não possui coloração. Alguns 
outros dados importantes são que ele não possua reatividade química com a água ou com materiais 
comuns e não ocorre polimerização, a inalação do vapor não irrita olhos, nariz ou garganta e pode 
causar tontura ou até perda de consciência. Sua densidade é maior que a do ar, portanto ele é mais 
pesado que este. Assim, quando há vazamento, deve-se evitar ficar em locais fechados e níveis 
baixos, pois é onde o gás se acumulará. 
O R134a, fica em meio termo entre o R600a e o R22 em questão de GWP e solubilidade. 
Outros dados interessantes são que, ao inalar quantidades significativas, este pode causar asfixia 
sem que o indivíduo perceba, perca de consciência ou motricidade, também sintomas mais leves 
como dor de cabeça e perda de coordenação. Por não ser toxico, a ingestão não é considerada via 
de exposição. Sua densidade é maior que a do ar, devendo seguir os mesmos cuidados que o R22. 
 
2184 
5. Conclusões Gerais 
A eficiência dos sistemas de refrigeração depende dos fluidos usados para o processo, 
pode-se notar que o fluido que tem maior quantidade de matéria molar é o R600a, em seguida o R22 
e R134a, esse valor determina a facilidade que o fluido tem para alterar sua pressão. O fluido que 
ocupou maior volume e conseguiu alcançar maior pressão de vapor após acionamento do 
compressor foi o R600a, em contrapartida, o R22 e o R134a, não atingiram pressão suficiente para 
que a temperatura de liquefação ficasse maior que a temperatura ambiente, por este motivo, é 
necessário um compressor mais forte (consequentemente, que consuma mais energia) para criar 
uma pressão maior no sistema e alcançar a temperatura desejada. 
Caso determinasse as mesmas condições de volume, massa e temperatura, o fluido que 
exerceria maior pressão seria o R600a, seguido do R22 e R134a. No condensador, o fluido que 
obteve maior diferença de temperatura (entre a temperatura de escape e a de liquefação) foi o 
R134a, seguido pelo R22 e R600a. Quanto maior for a diferença de temperatura, maior ficará a 
temperatura no condensador. Independente da diferença de temperatura, a energia retirada do fluido 
(em forma de calor) depende do calor especifico e latente destes. Feitos os cálculos, o fluido que 
mais perdeu calor foi o R600a seguido pelo R22 e R134a. 
Na etapa do evaporador os fluidos absorvem pouco menos calor do que tinham liberado na 
etapa anterior. Sendo assim, a relação dos fluidos com maior retirada de energia na forma de calor 
foi R600a > R22 > R134a. Dessa forma, o fluido que obteve melhor rendimento foi o hidrocarboneto 
Isobutano. 
Apesar do R600a obter o melhor resultado para a refrigeração, a construção do refrigerante 
terá um custo maior devido a sua característica inflamável. Em relação ao vazamento e suas 
consequências, o R600a não é toxico, assim como o R134a, diferentemente do R22. Nas industrias, 
o R22 está sendo substituído pelo R134a, devido exigências do Protocolo de Montreal que definiu 
que compostos que possam ser danosos à Camada de Ozônio e que aumentem o Efeito Estufa 
devem ser substituídos. Como a diferença de calor retirado do meio refrigerado entre o R22 e o 
R134a é muito pequena, este pode ser um bom substituto para o Clorodifluormetano. 
Dentre todas as considerações feitas, aquele que apresenta maior rendimento é o R600a, 
este também possui pouco impacto para com o efeito estufa e nenhum para a camada de ozônio, 
porém é inflamável e deve-se tomar cuidado ao manuseá-lo. O R134a, apesar de apresentar 
rendimento pouco menor que o R22, deve ser levado em consideração, pois não apresenta risco a 
camada de ozônio e não é tóxico. O R22, apesar do rendimento um pouco maior que o R134a, 
 
2185 
apresenta risco a camada de ozônio e provoca aumento considerável no efeito estufa, além de ter a 
taxa de toxidade maior que os demais. 
6. Referências 
[1] Castellan, Gilbert William 1924. Fundamentos da Físico-Química; tradução Cristina Maria 
Pereira dos Santos, Roberto de Barros Faria. – Rio de Janeiro: LTC, 1986. 
[2] Embraco.com [homepage on the Internet]. Joinville(SC): Empresa de Refrigeradores, Inc.; 
108.162.212.110. Available from: http://embraco.com/Default.aspx?tabid=127. 
[3] Unpublished Observations Univasf Available From: 
http://www.univasf.edu.br/~castro.silva/disciplinas/REFRIG/REFRIGERANTES.pdf. 
[4] Informativo Técnico da Embraco - Isobutano como refrigeranteem sistemas Herméticos de 
refrigeração. França, Fernando. Controle Térmico de Ambientes. DE-FEM; Unicamp. 
[5] Ficha de dados de segurança para Clorodifluormetano (R 22). 
[6] Ficha de Informação de Produto Químico: Clorodifluormetano. 
[7] Ficha de Dados de Segurança 1,1,1,2-Tetrafluoretano (R 134a). 
[8] Salvador Escoda S.A. Catálogo Técnico Gás Refrigerante R134A. 
[9] Anexo E (informativo): Informação Relativa aos Fluidos Frigorigéneos. Air-Liquide.com.br 
[homepage on the internet]. São Paulo. Available From: 
http://encyclopedia.airliquide.com/encyclopedia.asp? 
[10] Clube-da-Refrigeração.com.br [homepage on the Internet]. São Paulo [update 2013]. Available 
from: http://www.clubedarefrigeracao.com.br/downloads/condensador. 
[11] Clube-da-Refrigeração.com.br [homepage on the Internet]. São Paulo [update 2013]. Available 
from: http://www.clubedarefrigeracao.com.br/downloads/os-segredos-dos-compressores. 
[12] Gama-Gases.com.br [homepage on the Internet]. São Bernardo do Campo (SP): Empresa de 
fornecimento de gases especiais, medicinais e industriais. Available From: 
http://www.gamagases.com.br/propriedades_isobutano.htm. 
[13] Cameo-Chemicals.noaa.gov [homepage on the Internet]. Available From: 
https://cameochemicals.noaa.gov/. 
[14] Standard 15 - 2016 (packaged witch Standard 34-2016) - Safety Standard for Refrigeration 
Systems and Designation and Classification of Refrigerants (ANSI Approved), ASHRAE. 
http://www.clubedarefrigeracao.com.br/downloads/condensador
http://www.clubedarefrigeracao.com.br/downloads/os-segredos-dos-compressores
http://www.gamagases.com.br/propriedades_isobutano.htm

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