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Aula 1 Civil Considerações iniciais

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Considerações iniciais 
Direito Civil
Para Paulo Lôbo, o direito civil é “o conjunto de normas, categorias e institutos jurídicos que tem por objeto as pessoas e suas relações com as demais. Diz respeito às dimensões jurídicas da existência cotidiana das pessoas e de outros sujeitos de direito, naquilo que o Direito, em sua evolução histórica, considera como relevante e necessário para a regulação mínima das condutas, que assegurem a vida de cada um, como membro da sociedade. É o direito comum das pessoas”. 
Os sujeitos de direito das relações jurídicas civis são principalmente as pessoas naturais ou físicas. Mas também podemos falar das pessoas jurídicas (públicas ou privadas).
O foco predominante do direito civil contemporâneo é a pessoa, a partir da relevância concedida à dignidade da pessoa humana, elevada a princípio constitucional na CF88, rompendo com 3 séculos de concepção do direito civil como ordem de proteção do patrimônio ou da propriedade. 
A PESSOA HUMANA É A FINALIDADE PRINCIPAL DO DIREITO CIVIL, NÃO APENAS SUJEITO DE DIREITO.
O direito civil é reconhecido como a principal face do direito privado, dentro da dicotomia histórica de direito público X direito privado, que atingiu seu ápice durante o predomínio das concepções individualistas e liberais nos sec. XIX e XX.
Dicotomia criada para garantir e proteger o indivíduo contra o Estado legislador, judicial ou executivo, assegurando a primazia do interesse individual sobre o interesse social ou público.
O advento do Estado Social, no Século XX, caracterizado pela intervenção estatal nas relações privadas, com o intuito de promover a justiça social e reduzir as desigualdades sociais, com o controle social e público dos poderes privados, pôs em crise a utilidade da grande dicotomia, a partir da comum intervenção dos poderes públicos, na esfera privada, como a forte intervenção do legislador nas relações de consumo, para proteger o consumidor hipossuficiente. 
No momento atual, permanece a dicotomia público x privado, cumprindo o seu papel operacional, já pacificado, com as categorias enquadradas já conhecidas, além do civil:
Direito comercial (direito empresarial);
Direito do consumidor;
Direito do trabalho;
Direito autoral;
Direito agrário.
No entanto, vários direitos são criados com partes de direito privado e direito público, como criança e adolescente, direito do consumidor, direito do idoso, direito ambiental, direito da pessoa com deficiência…
Codificação civil surge com a finalidade de promover a regulação sistemática do direito privado, afastando as demais fontes, abolindo a incerteza jurídica e a ineficiência. Código Civil Napoleônico de 1804 – fruto dos valores medievais e do absolutismo monárquico.
Código Civil brasileiro de 1916 foi o repositório tardio das aspirações liberais da burguesia brasileira, que lutava contra a aristocracia rural, desde a República. Sua ascensão não foi paralela no tempo à europeia, mas as fontes ideológicas são as mesmas. 
O código civil de 1916 era absolutamente conservador, não trazendo qualquer traço de justiça social e quando o Estado Social veio, a partir da Constituição de 1934, a codificação entrou em crise.
O paradigma do individualismo era incompatível com as demandas sociais, com a consequente intervenção do Estado, máxime da legislação, nas relações privadas.
As razões da codificação civil ainda deixaram de existir, com a consagração da Constituição de 1988, perdendo sua centralidade.
Discute-se desde o século passado a descodificação, em função da imobilidade do código, do processo de constitucionalização dos direitos e da criação dos microssistemas. 
O código civil de 2002, não foi capaz de estancar esta tendência, em uma sociedade com tantas mudanças.
Hoje o código deve ser encarado como um estatuto de defesa da dignidade da pessoa humana, a ser complementado pelos princípios vigentes.
Evolução do Direito Civil brasileiro
Desde o descobrimento, até 1917 as relações civis no Brasil regeram-se pelas Ordenações portuguesas (consolidações e compilações de leis existentes, regras locais e costumeiras e direito romano) somadas as glosas (anotações e comentários) ao Corpus Juris Civilis de Justiniano e o direito canônico.
Ordenações Afonsinas – 1446;
Ordenações Manuelinas – 1521;
Ordenações Filipinas – 1603.
Ou seja, no Brasil estava em vigência um direito romano-germânico-canônico até o advento da República, somado aos costumes locais que se desenvolveram à margem do direito oficial, graças à distância de Portugal. 
Criação da Lei da Boa Razão, por Marques de Pombal, em 18.08.1769, que serviu como norma interpretativa das Ordenações Filipinas, agindo como freio à tradição costumeira e ao uso desordenado do direito romano, com o intento de criar um direito nacional e compreensível. Os costumes só seriam aplicados se estivessem conforme a boa razão, não contrariassem nenhuma lei e tivessem mais de cem anos. 
Com a declaração de independência do Brasil em 1822, a Assembleia Constituinte de 20.10.1823 aprovou lei que fazia vigorar a lei portuguesa no Brasil, que não estivesse revogada, enquanto não se fizesse um novo código.
A Constituição do Império de 1824 previu no art. 179, nº 18: “Organizar-se-á quanto antes um Código Civil, e Criminal, fundado nas sólidas bases da Justiça e da Equidade” .
Em 1830 foi editado o Código Criminal do Império, em 1832 o Código Processual Criminal do Império e em 1850 o Código Comercial.
Com a criação dos cursos jurídicos no Brasil (Olinda, Recife e São Paulo) desenvolveram-se as condições propícias para a criação de uma doutrina nacional, distanciando-se das diretrizes de Coimbra.
Surgiu a Consolidação das Leis Civis de 1858, de Teixeira de Freitas com a distinção entre direitos pessoais e reais, mas nenhum projeto de Código obteve sucesso até o final do Império (1889).
Durante do Império (1822-1889 o direito canônico continuou a regular a vida privada das pessoas, do nascimento à morte. Atos e registros de nascimento, casamento e óbito eram da competência do sacerdote. Os cemitérios estavam sob o controle da Igreja.
O fim do Império foi marcado pela extinção do direito à escravidão no Brasil – 13 de maio de 1888.
A proclamação da República extinguiu a incidência do direito canônico sobre as relações familiares, especialmente o matrimônio que se tornou laico. O casamento religioso ficou destituído de qualquer efeito civil. 
Código Civil de 1916, projeto de Clóvis Beviláqua: produto tardio do ideário burguês liberal e individualista dos séculos anteriores (anteprojeto de 1900).
Um código oitocentista e patrimonialista, sem qualquer referência à função social e valores solidários como equidade, justiça material, boa-fé e proteção dos vulneráveis. Feito para garantir a posição da classe senhorial brasileira. 
Para Pontes de Miranda era um código para as faculdades de direito e não para a vida, refletindo o direito francês, alemão e romano. 
Com a inauguração do Estado Social (Revolução de 1930 e Constituição de 1934) foi revelada a inadequação do Código para as novas demandas da maioria da população, que pugnavam por igualdade de tratamento e proteção dos vulneráveis.
Criação dos microssistemas de direito civil e demais leis para atualização das matérias no código Lei 883/1949 reconhecimento de filhos ilegítimos, Lei 4121/1962 estatuto da mulher casada e Lei 6515 de 1977 sobre o divórcio.
Posteriormente, foi designada comissão de 1969, chefiada por Miguel Reale, com a pretensão de trazer a codificação nacional para a contemporaneidade, superando o individualismo anterior e consagrando o compromisso com os valores sociais. Projeto apresentado em 1975 no Governo de Ernesto Geisel. 
Após longa tramitação foi aprovado pela Câmara em 1984 e no Senado em 1997, com grandes modificações e em 2002 pelo Congresso Nacional, trazendo um código sem muito consenso político e ideológico, em razão da distância dos contextos políticos e sociais do início e do fim de sua elaboração de mais 32 anos, período este marcado por muitas transformaçõessociais, políticas e de costumes no Brasil e no mundo, somado ao advento da Constituição de 1988. 
Parte Geral do Código Civil:
Tem por objetivo estabelecer conceitos e disposições comuns à parte especial ou aos direitos civis específicos (obrigações, coisas, família e sucessões).
Segue regra do CC 1916 definindo as regras gerais sobre pessoas, os bens e os fatos jurídicos. 
Segue o modelo Alemão de 1900. O direito atingiria o seu ápice na formulação de conceitos e categorias abstratas.
Tem função importante na integração do direito civil, conferindo unidade sistemática ao código.
Assegura, ainda, a repersonalização das relações civis, com a criação dos direitos da personalidade. 
Uma das maiores mudanças de perspectiva entre os Códigos se refere à valorização de um sistema embasado em claúsulas gerais, dotando o julgador de uma boa margem para interpretação, se valendo dos conceitos jurídicos indeterminados e dos princípios. 
Para o direito, o princípio é norma jurídica. O que o diferencia das demais normas jurídicas é o conteúdo mais indeterminado e a superioridade hierárquica sobre aquelas.
Para Miguel Reale, os princípios ou regramentos básicos que sustentam a atual codificação privada são a eticidade, socialidade e operabilidade.
Princípio da eticidade ou boa-fé
O Código Civil de 2002 se distancia da experiência do Direito Romano, deixando de valorizar o tecnicismo e as formalidades e passa a reconhecer a presença dos valores éticos em todo o direito privado. É o tipo de ética que deve estar presente nas relações negociais e não negociais, com respeito ao semelhante. 
Boa-fé subjetiva – ignorância do sujeito acerca do direito do outro. Art. 1201 – É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício...
Boa-fé objetiva – boa-fé de comportamento nas relações sociais, standard de conduta.
Não se confunde boa-fé com observância dos costumes e moral, que derivam da realidade social, com suas contingências, ou seja, seriam variáveis. 
Princípio da socialidade ou função social
Por esse princípio o Código Civil de 2002 procura superar o caráter individualista e egoísta que imperava na codificação anterior, valorizando a palavra nós, em detrimento da palavra eu. 
Os grandes ícones do direito privado, recebem uma denotação social: família, contrato, propriedade…
Passa a prevalecer o social sobre o individual, o coletivo sobre o particular. Observa-se que a relação entre a dimensão individual e a comunitária do ser humano vem sendo debatida a séculos, mas hoje se confirma que o interesse individual não pode superar o interesse coletivo.
A função social da propriedade – CF 88 arts. 5º XXII e XXIII e 170 III. Mas o embrião desta socialidade reside no art. 5º da Lei de Introdução, pelo qual o juiz ao aplicar a norma deve se guiar pelo seu fim social e bem comum.
A função social dos contratos – art. 421 CC – A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. A autonomia privada está contida pela função social do contrato. 
A função social da família – instrumento para a vida fraterna do ser humano
Princípio da operabilidade ou efetividade – O CC de 2002 tem compromisso com a simplicidade e efetividade de seus institutos, com a eliminação de dúvidas. Construção de um direito civil concreto e prático. 
Distinção mais clara de institutos como prescrição e decadência, associação e sociedade. E o uso de cláusulas gerais que garantem a realização da concretude pelos intérpretes, com a devida fundamentação, art. 11 CPC. 
Busca-se alcançar o direito em sua concreção, ou seja em razão dos elementos de fato e de valor que sempre devem ser levados em conta na enunciação e aplicação da norma. 
Os princípios jurídicos permitem a adaptação do direito à evolução dos valores e demandas da sociedade. 
Os princípios jurídicos (constitucionais ou gerais) são expressos ou implícitos, estes podem derivar da interpretação do sistema constitucional adotado ou da interpretação harmonizadora. 
Os valores emergem das relações sociais e quando são absorvidos convertem-se em princípios.
Direito Civil Constitucional
Por muito tempo eram duas disciplinas autônomas, voltadas para a realização da distinção antiga entre público e privado, oriunda do Corpus Juris Civilis de Justiniano: se a lei fosse de utilidade pública, seria de Direito Público, se fosse de utilidade particular, seria uma lei de Direito Privado. Tal distinção começou a evoluir para a utilidade preponderante da lei e beira ao desuso, visto que hoje nada mais é absoluto no direito. 
Em princípio o direito público tinha por finalidade a ordem e a segurança, enquanto o direito privado reger-se-ia pela liberdade e igualdade. Contudo, a distância entre os dois fenômenos foi se encurtando em função da busca do Estado. Social. 
O direito civil constitucional está baseado em uma visão unitária do ordenamento jurídico, com a unidade hermenêutica imposta pela Constituição.
Representa uma atitude bem pensada, que tem contribuído para o crescimento do pensamento privado, para a evolução dos civilistas contemporâneos e para um sadio diálogo entre os juristas das mais diversas áreas. 
É uma harmonização entre os pontos de intersecção do Direito Público e do Direito Privado, mediante a adequação de institutos de Direito Privado, mas que estão na Constituição em razão das mudanças do último século.
No Direito Civil Constitucional se dá a valorização dos princípios:
Dignidade da pessoa humana – art. 1º, III CF
Solidariedade social – art. 3º, I CF
Igualdade ou isonomia – art. 5º caput CF
Liberdade – art. 5º CF
Em suma, a constitucionalização do Direito gera o Direito Civil Constitucional. Chegando-se à Constituição, onde repousa a proteção da pessoa, com a personalização do Direito. Para que esta proteção seja possível, vivenciamos a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que a partir de 1988 têm aplicação direta e imediata, inclusive entre particulares e com o uso das cláusulas gerais.

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