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TGDC I 1 – Direito Civil 1.1. Conceito de Direito Civil Direito Civil é o “direito comum a todos os homens, no sentido de disciplinar o modo de ser e agir das pessoas” (GONÇALVES, p. 32). No Direito Civil se estuda as relações puramente pessoais (direito de família – guarda de menor, p. ex.) e as patrimoniais (contratos e obrigações, p. ex.). Entendendo os capítulos do Código, divididos nas doutrinas clássicas... 1.2. Histórico do Direito Civil O Direito civil se origina no direito Romano, que estabeleceu o jus civile (direito privado comum, aplicável nas fronteiras do Império Romano), jus gentium (aplicável às nações estrangeiras) e o direito natural (espécie de ideal jurídico à qual os demais deviam evoluir). Direito privado era único... Na Idade Média o Direito Romano refletiu no direito civil, porém com influxos do direito germânico e do direito canônico. Forte influência do Direito Canônico (regras e leis impostas pela Igreja). Na Idade Moderna há marcos relevantes ao direito civil, notadamente a Revolução Francesa e o advento dos princípios do liberalismo econômico, civil e político (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, França). Com o desenvolvimento e crescimento das relações privadas, o direito civil se tornou o mais importante ramo do direito privado, sendo acrescido de ramos correlatos, tal como o do Direito Comercial. 1.3. A Codificação - Códigos de 1916 e de 2002 No período Colonial vigoravam no Brasil as Ordenações Filipinas. Mesmo com a Independência, em 1822, ainda era aplicável a legislação portuguesa, com a ressalva de sê-lo até a elaboração de Código Civil. Clóvis Bevilaqua foi o indicado para a confecção do projeto, encaminhado ao Congresso Nacional em 1900, finalmente promulgado em 1916. Embora muito elogiado, prostrando-se ultrapassado pelo avanço tecnológico e social, foi sucedido de novo projeto, especialmente adaptado com o advento da Constituição da República de 1988, que tratou de relevantes temas de direito privado. O Projeto foi fruto de trabalho de Comissão de juristas, sob a supervisão de Miguel Reale, sendo finalmente promulgado em 2002. Especialmente influenciado pelos conceitos sociais fixados na Constituição da República (tais como necessidade de atendimento à função social da propriedade e do trabalho, por exemplo), o novo Código Civil estabeleceu sistema de cláusulas gerais, incorporando sistema geral e principiológico que propiciasse a resolução de conflitos sem exauri-los (o que se reconheceu enquanto impossível devido à evolução tecnológica e social) no texto da lei, delimitando ao Juiz finalidades e princípios que irradiassem nas relações privadas. Assim, estabeleceu comportamento condizente à probidade e boa-fé (art. 422) e proclamou a função social do contrato (art. 421). 1.3.1. Estrutura e Conteúdo - Parte Geral (Pessoas, Bens e Fatos Jurídicos); - Obrigações; - Contratos; - Responsabilidade Civil; - Direito das Coisas; - Direito de Família; - Direito das Sucessões. 1.3.2. Princípios Básicos Socialidade: reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana. O sentido social é uma das características mais marcantes do novo diploma, com equiparação do homem e mulher e corroboração de direitos assemelhados aos sociais (exemplos: dedução do prazo e simplificação da usucapião quando para moradia própria, eliminação do “pátrio” poder pelo “poder familiar”, e etc.) Eticidade: funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Consagrador da dignidade da pessoa humana, enquanto vetor constitucional (art. 1°, III, CF), além da boa fé, equidade, justa causa e etc. (ex.: manutenção do equilíbrio econômico dos contratos). Operabilidade: objetivo do legislador em conferir exequibilidade aos comandos gerais e abstratos, reconhecendo situações jurídicas reais e concretas (homem enquanto marido; mulher enquanto esposa; devedor enquanto inquilino, p. ex.). 1.4. Direito Civil-Constitucional Compreendendo, em severa síntese, a hierarquia e a superioridade Constitucional... A Constituição Federal de 1988 estabeleceu inúmeros dispositivos que influem no direito privado. Seus próprios vértices são os da dignidade da pessoa humana; solidariedade; igualdade substancial; erradicação da pobreza; redução das desigualdades sociais; função social da propriedade e do trabalho; e etc. Há de se esforçar pela visão unificada do sistema, mediante interação simbiótica da Constituição e da lei infraconstitucional, interpretando esta última a partir da primeira. 1.4.1. Eficácia Horizontal dos direitos fundamentais. Teoria da Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais. O que são Direitos Fundamentais? (art. 5° e art. 60, § 4°, IV, Constituição da República). A Teoria, então, é pela aplicação imediata dos direitos fundamentais, não os reconhecendo apenas enquanto mandamentos principiológicos ao Estado e ao legislador... Possibilidade, portanto, de se aplicar, em concreto, direitos como os da livre iniciativa e autonomia da vontade privada, eventualmente relativizados face o da dignidade da pessoa humana, p. ex. Casos emblemáticos. Recurso Extraordinário 201.819 RJ, de Relatoria do Min. Gilmar Mendes, que anulou exclusão de sócio de sociedade simples por ausência de concessão de direito de defesa. No mesmo sentido, precedentes do STF pela anulação da exclusão de cooperativa sem direito de defesa (RE 158.215-4); e vedação a discriminação entre empregado brasileiro e francês na Air France (RE 161.243-6).
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