Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIRIETO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CESAR CASTRO, qualificada nos autos do processo-crime n.____, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, não se conformando com a respeitável sentença que a condenou como incursa nas penas do art. 138, do CP, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I, do CPP. Requer seja recebido, processado e encaminhado o presente recurso, com as inclusas razões, ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Termos em que, pede deferimento. Local e data. Advogado/ OAB n RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO APELANTE: CESAR CASTRO APELADA: Justiça Pública PROCESSO N.____ Egrégio Tribunal de Justiça, Colenda Câmara, Douto Procurador de Justiça. Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz a quo, impõe-se a reforma da respeitável sentença proferida contra a Apelante, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. DOS FATOS O apelante foi acusado de caluniar Pedro Santos, incurso nas penas do artigo art. 138, do CP, não havendo oferecimento de transação penal da parte do Ministério Público em audiência de conciliação. DO DIREITO A respeitável sentença foi proferida em processo manifestamente nulo, de acordo que não pode subsistir. De acordo com a norma contida no art. 396-A, § 2º, do CPP, caso a resposta à acusação não seja apresentada no prazo legal, o juiz deve nomear defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias. Tal dispositivo deixa claro que a apresentação da resposta à acusação constitui fase indispensável do procedimento, que não pode ser suprimida sob circunstância alguma, tratando-se, portanto, de elemento essencial ao processo. A sua supressão viola não apenas o art. 564, IV, CPP, mas igualmente o art. 5º, LV, CF/88, que consagra, como cláusula pétrea, as garantias do contraditório e da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. De acordo com o artigo 28-A do CP Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime Podemos observar que houve confissão do apelante, que segue em anexo, e mesmo assim o Ministério Público não se dispôs a apresentar acordo de não persecução penal e diante disso o MM. Juiz proferiu sentença que não é válida. Cumpridos os requisitos legais para o acordo de não persecução penal, o apelante, requer que seja apresentado acordo para que o mesmo possa apresentar resposta à acusação. Não houve observância do rito sumaríssimo, sendo assim, não fora se quer analisada a possibilidade da ofertarão da transação penal, assim como não foi oportunizada a apresentação de resposta à acusação. Podemos observar no posicionamento jurisprudencial, que, cabe a anulação da decisão que fora proferida pelo MM. Juiz. PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DO ART. 309DA LEI 9503/97. CONDENAÇÃO. PRELIMINARES DE NULIDADE EM RAZÃO DO NÃO OFERECIMENTO DE PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL E DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA SEM A OFERTA DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO. ACOLHIMENTO. ANULAÇÃO DO PROCESSO DESDE O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. Apelante (s): Alexandre Claudino da Silva Apelado: Ministério Público do Estado de Pernambuco Relator: Des. Roberto Ferreira Lins Procurador (a): Drª. Andréa Karla Maranhão Condé Freire Órgão Julgador: Primeira Câmara Criminal RELATÓRIO Trata-se de apelação criminal interposta por Alexandre Claudino da Silva, em face da sentença do Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Vertentes, que o condenou ao cumprimento da pena de 09 (nove) meses de detenção, pela prática do crime previsto no art. 309 da Lei nº 9.503/97. Nas razões de fls. 91-V/101-V, o apelante alega, preliminarmente, que deveria ter sido ofertada a possibilidade de transação penal, nos termos da Lei nº 9.099/95. Ainda em preliminar, requer que seja anulado o processo em razão da ocorrência de cerceamento de defesa,visto que o recebimento da denúncia se deu antes do oferecimento de defesa prévia. No mérito, pugna pela sua absolvição, e, de maneira subsidiária, pela redução da reprimenda, modificação do regime inicial de cumprimento da pena e substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Nas contrarrazões de fls. 104/106, o Ministério Público defende que o recurso deve ser parcialmente provido. Aponta que deve ser mantida a condenação e reduzida a reprimenda, com a devida modificação no seu regime inicial de cumprimento e a posterior substituição da pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos. A Procuradoria de Justiça, no parecer de fls. 108/111-V, opinou pelo parcial provimento do apelo. Aduz que a sentença merece reforma no que diz respeito à dosimetria da pena e ao seu regime inicial de cumprimento. É o relatório. À pauta. Recife, / /2015. Des. Roberto Ferreira Lins Relator Apelante (s): Alexandre Claudino da Silva Apelado: Ministério Público do Estado de Pernambuco Relator: Des. Roberto Ferreira Lins Procurador (a): Drª. Andréa Karla Maranhão Condé Freire Órgão Julgador: Primeira Câmara Criminal VOTO Preliminares de ausência de proposta de transação penal e de nulidade do processo em razão do recebimento da denúncia sem que tenha sido apresentada defesa prévia: Nas suas razões recursais, o apelante arguiu duas questões preliminares (ausência de proposta de transação penal e nulidade em razão do recebimento da peça acusatória sem a apresentação de defesa prévia) que, por estarem correlacionadas, serão tratadas em conjunto. Alega o apelante, inicialmente, que não foi ofertada pelo Ministério Público a proposta de transação penal, prevista no art. 76 da Lei nº 9099/95. Ademais, aponta que a denúncia foi recebida sem que tenha sido oportunizada a apresentação de resposta à acusação, indo de encontro ao previsto no art. 81 da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9099/95). Destaco que o crime atribuído ao apelante prevê uma pena de 06 (seis) meses a 01 (um) ano de detenção. Tal conduta é considerada uma infração de menor potencial ofensivo, de acordo com o previsto no art. 61 da Lei nº 9099/95, devendo ser observado, portanto, o rito sumaríssimo, previsto no citado diploma legal. Da análise dos autos, percebe-se que não foi seguido o rito sumaríssimo previsto para os delitos de menor potencial ofensivo, e sim o procedimento sumário, previsto no CPP, conforme consta do despacho de recebimento de denúncia, à fl. 30 dos autos. De fato, conforme consta dos autos, por não ter sido observado o rito sumaríssimo, não foi analisada a possibilidade de oferta da transação penal, assim como não foi oportunizada a apresentação de resposta à acusação antes do oferecimento da denúncia, o que acarretou visível prejuízo à defesa do apelante. Deve, por conseguinte, ser anulado o processo desde o início da ação penal, a fim de que seja observado o previsto no art. 60 em diante da Lei nº 9099/95, com a oferta, se preenchidos os requisitos, da proposta de transação penal, e, se for o caso, com a apresentação da resposta à acusação antes do oferecimento da denúncia. Sobre o tema, destaco os seguintes julgados: "PENAL. PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. ROL AMPLIADO PELA LEI 10.259/01. VIGÊNCIA DA LEI ANTERIOR AO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM. NULIDADE. INOBSERVÂNCIA DO RITO SUMARÍSSIMO. AUSÊNCIA DE PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL OU JUSTIFICATIVA PARA O NÃO-OFERECIMENTO. DECLARAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO.EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO APENAS EM RELAÇÃO AO CRIME DE INJÚRIA. 1. A Lei 10.259/01, por seu art. 2º, parágrafo único, ampliou o rol dos delitos de menor potencial ofensivo, elevando o teto da pena máxima abstratamente cominada ao delito para 2 (dois) anos, sendo omisso em relação a possíveis exceções, estendendo mais ainda o conceito de infração de menor potencial ofensivo. 2. Tratando-se de crimes cuja soma das penas privativas de liberdade máximas não ultrapassa 2 (dois) anos, compete ao Juizado Especial o processamento, observados os benefícios da Lei 9.099/95. 3. A inobservância do rito previsto na Lei 9.099/95, quando cabível, enseja a nulidade do processo desde o recebimento da denúncia, haja vista a supressão injustificada dos seus benefícios. (...)."(STJ - CC 47925/PB)."PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 42, INCISO III DA LEI DE CONTRAVENCOES PENAIS. PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL. TRANSAÇÃO PENAL NÃO OFERECIDA. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. PREJUIZO CONFIGURADO PELA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. PRELIMINAR ACOLHIDA.I - Reconhecida a nulidade dos feitos por não ter sido ofertada as autoras do fato a transação penal, benefício legal a que fazem jus. Afronta ao direito subjetivo das rés e à própria finalidade dos Juizados Especiais de evitar, sempre que possível, a instauração do processo criminal. Anulação dos processos a contar do recebimento das denúncias. II - Preliminar acolhida. Decisão unânime." (TJPE - Apelação nº 354281-2 - d. J. 18/03/2015.). Diante do exposto, acolhendo a global suscitação preliminar, voto no sentido de anular o processo desde o recebimento da denúncia, para que a ação penal siga o rito sumaríssimo, com a apresentação, se preenchidos os requisitos, de proposta de transação penal, e de resposta à acusação, antes do recebimento da denúncia, conforme o previsto na lei nº 9099/95. É como voto. Des. Roberto Ferreira Lins Relator Apelante (s): Alexandre Claudino da Silva Apelado: Ministério Público do Estado de Pernambuco Relator: Des. Roberto Ferreira Lins Procurador (a): Drª. Andréa Karla Maranhão Condé Freire Órgão Julgador: Primeira Câmara Criminal Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DO ART. 309 DA LEI 9503/97. CONDENAÇÃO. PRELIMINARES DE NULIDADE EM RAZÃO DO NÃO OFERECIMENTO DE PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL E DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA SEM A OFERTA DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO. ACOLHIMENTO. ANULAÇÃO DO PROCESSO DESDE O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. 1. Sendo o crime atribuído ao apelante de menor potencial ofensivo e não tendo sido observado, no caso concreto, o rito sumaríssimo previsto na Lei nº 9.099/95, é de ser anulado o processo, para que, seguindo o rito sumaríssimo, seja apresentada proposta de transação penal, se preenchidos o requisitos para tanto, e, se for o caso, seja oportunizada a apresentação de resposta à acusação antes do oferecimento da denúncia. 2. Preliminar global acolhida. Anulação do processo desde o oferecimento da denúncia. Decisão unânime. Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação criminal nº 0352460- 5 da Comarca de Vertentes, em que é apelante Alexandre Claudino da Silva e apelado o Ministério Público do Estado de Pernambuco. Acordam, por unanimidade, os Desembargadores componentes da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, na sessão realizada no dia / /2015, em anular o processo desde o recebimento da denúncia, para que seja observado o rito previsto na Lei nº 9099/95, tudo de acordo com a ementa e os votos anexos, que fazem parte do julgado. Recife, / /2015. Des. Roberto Ferreira Lins Relator TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIARIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO Gabinete do Desembargador Roberto Ferreira Lins Apelação Criminal n.º 0352460-5 - Vara Única da Comarca de Vertentes Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, Praça da República, s/n, Santo Antônio, Recife, PE. CEP 50.010-040. Fone: (0xx81) 3419 33 35. Fone-fax: (0xx81) 3419 32 77 tta DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, para a anulação da decisão proferida, tendo em vista que não houve chance de resposta á acusação e o oferecimento de transação penal. Caso não entendam assim Vossas Excelências, requer a reforma da r. sentença para que a absolvição do apelante, com fulcro no artigo 386, V, do Código Penal. Subsidiariamente, requer ainda, a desclassificação da imputação para o crime de calúnia definido no artigo 138 do Código Penal, com a consequência anulação do processo de acordo com o artigo 564, IV, do CPP. Requer, por fim, que seja permitido que o apelante aguarde em liberdade até o trânsito em julgado de eventual decisão penal condenatória. Termos em que, Pede deferimento Local e Data Advogado/OAB
Compartilhar