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É o principal local de troca de nutrientes e gases entre mãe e feto, dividida em duas áreas: a fetal e a materna. A primeira se desenvolve a partir do saco coriônico e a segunda do endométrio. Ela atua em conjunto do cordão umbilical, que é responsável por conectar o organismo fetal ao materno. Decídua: é o endométrio uterino gravídico. É camada funcional do endométrio que se separa do útero após o parto. É dividido em três partes, nomeadas de acordo com o local de sua implantação. 1. Decídua basal: local onde o concepto se aprofunda; forma a parte placentária materna. 2. Decídua capsular: parte superficial que recobre o concepto. 3. Decídua parietal: partes restantes. Desenvolvimento placentário Dá-se pela rápida proliferação trofoblástica e desenvolvimento do saco coriônico e suas vilosidades. Fim da terceira semana: arranjos anatômicos necessários para as trocas fisiológicas útero-fetais já se estabeleceram. Fim da quarta semana: rede vascular desenvolve-se na placenta, dando início às trocas gasosas, nutricionais e resíduo-metabólicas. As vilosidades coriônicas cobrem todo o saco coriônico até o início da oitava semana. Conforme o crescimento do saco coriônico continua, ocorre a obliteração das vilosidades associadas à decídua capsular, o que reduz a irrigação dessas estruturas. Com a degeneração dessas estruturas, forma-se uma nova, praticamente avascularizada, o cório liso. Em contrapartida, após a atrofia da decídua capsular, a decídua basal cresce vertiginosamente. Essa estrutura espessa do saco coriônico é o cório viloso/frondoso. Junção maternofraternal O cório viloso está fixado à decídua basal por meio da capa citotrofoblástica, que é uma camada externa de células trofoblásticas na face materna da placenta. As artérias e veias endometriais passam livremente através da capa citotrofoblástica e se abrem no espaço interviloso, onde ocorrerá as trocas fisiológicas. A forma da placenta é determinada pela área em que as vilosidades coriônicas persistem, área esta normalmente arredondada, o que confere à placenta forma discoide. Após a invasão vilosa na decídua basal, formam-se erosões que serviram para aumentar o espaço interviloso. Essas erosões produzem várias áreas deciduais em forma de cunha, os chamados septos placentários; estes se projetam em direção à placa coriônica. Espaço interviloso Espaço da placenta que abriga sangue materno, formado na segunda semana, quando o sinciciotrofoblasto invaginava no endométrio. É organizado em septos da placenta, que, contudo, não atingem a placa coriônica (parte do cório associada à placenta). O sangue materno entra no espaço interviloso a partir das artérias espiraladas da decídua basal. O sangue nesse espaço transporta oxigênio e nutrientes ao feto, assim como contém resíduos metabólicos fetais. Membrana amniocoriônica Surge a partir da fusão entre o cório liso e o âmnio, já que o segundo cresce muito mais rápido que o saco coriônico. É ela que rompe durante o parto. Seu rompimento prematuro é a principal causa de parto prematuro. É o ducto de conexão e comunicação entre feto e placenta. Tem usualmente entre 1 e 2cm de diâmetro, composto por duas artérias e uma veia, envolvidas por tecido conjuntivo mucoso, a chamada geleia de Wharton, e conduz sangue exclusivamente fetal. Esses vasos possuem circulação inversa à convencional, isto é, as artérias levam o sangue fetal não oxigenado para a placenta, enquanto a veia leva o sangue rico em oxigênio e nutrientes da placenta ao feto. Isso ocorre porque o logicamente feto não realiza hematose pulmonar, afinal, está imerso em líquido amniótico e sem contato com ar atmosférico. É natural, portanto, que a veia umbilical seja mais calibrosa que suas artérias vizinhas. Problemas cardíacos fetais podem ser diagnosticados já no momento em que o cordão é cortado, no pós-parto. Inclusive, essa ação só pode ser executada quando o cordão parar de pulsar, cerca de 5 minutos após a retirada da placenta. Âmnio e fluido amniótico O âmnio forma o saco amniótico membranoso e cheio de fluido que envolve o embrião. À medida que o âmnio aumenta, ele oblitera a cavidade coriônica e forma o revestimento epitelial do cordão umbilical. O líquido amniótico possui papel importante no desenvolvimento fetal e em sua proteção. Inicialmente é produzido pelas células da membrana amniótica, mas conforme cresce, a produção se dá principalmente pelas próprias células maternais, advindo do fluido tecidual materno. Antes da queratinização fetal, a maior parte do transporte de água e solutos desse fluido tecidual ocorria através da pele do bebê. Por volta da 11ª semana, a urina expelida pelo bebê é responsável por aumentar o volume desse líquido amniótico. O feto engole cerca de 400mL desse líquido amniótico por dia, que será filtrado pelos rins e expelido sob forma de urina. Conforme a gravidez avança, a composição desse fluido se modifica conforme a urina fetal é a ele adicionada. Para verificação da composição desse líquido, realiza- se uma amniocentese, exame que captará parte desse líquido, por meio de uso de seringa e agulha, para realização de biópsia. É um procedimento invasivo e perigoso, já que a rotura da bolsa (saco amniótico) pode causar trabalho de parto prematuro. Esse procedimento serve para detectar anomalias cromossômicas. Saco vitelino Pode ser precocemente observado por ultrassonografia durante a quinta semana. A partir da décima semana, esse saco está reduzido, sob forma de pera, com cerca de 5mm de diâmetro. Na vigésima, é pequeníssimo, quase imperceptível. É por muitas vezes chamado de vesícula umbilical, já que é bastante obliterado e pouco funcional, pois armazena pouco vitelo. Essa improficuidade se dá por conta da presença da placenta, em escala evolutiva. Enquanto répteis e aves, que são ovíparos, apresentam saco vitelino expressivamente desenvolvido, mamíferos não. Como os primeiros se desenvolvem fora do corpo materno, necessitam de uma reserva energética inerente a eles, enquanto mamíferos conseguem todos os seus nutrientes através da mãe. Alantoide Não é funcional em embriões humanos, mas não é indispensável, ao contrário, é importante! Garante a formação de células sanguíneas durante a terceira e quinta semanas. Seus vasos sanguíneos originam os vasos umbilicais. A porção intraembrionária está entre o cordão umbilical e a bexiga. Com o crescimento contínuo da bexiga, esse anexo se oblitera a úraco. Após o nascimento, ele se torna um cordão fibroso, o ligamento mediano umbilical, que sustentará a bexiga do seu ápice até o umbigo. Estão associadas a riscos mais elevados de anomalias cromossômicas, morbidade e mortalidade fetais. Gêmeos e membranas fetais Gêmeos dizigóticos/fraternos/bivitelinos: São formados a partir de uma polifecundação, isto é quando há fecundação de dois oócitos II por dois espermatozoides. Por isso, podem ser de sexos diferentes, e até apresentarem características totalmente distintas. Sempre apresentam dois córios e dois âmnios, contudo, as placentas podem se fusionar, mas sem que haja mistura dos líquidos amnióticos! Gêmeos monozigóticos/univitelinos/idênticos: Resultam da fecundação de um único oócito II e único espermatozoide, a partir de um zigoto. São sempre do mesmo sexo, geneticamente idênticos e similares na aparência física. As diferenças físicas entre eles são estritamente ambientais, seja por anastomose placentária ou até mesmo por fatores literalmente ambientais, tais como alimentação. Em linhas gerais, acontece por divisão do blastocisto, especificamente do embrioblasto, formando dois primórdios embrionários. Posteriormente, cada um desenvolve seu próprio saco amniótico, mas compartilham uma única placenta. Obs.: Em casos maisraros, a formação gemelar pode acontecer com a divisão dos blastômeros em fase de mórula. Nesse caso, a identificação do tipo de gemelaridade (uni ou bivitelínica) é impossível, já que há a formação de dois gêmeos (ou mais) independentes, mas geneticamente idênticos. Garante a troca de nutrientes entre gestante e feto. Compreende uma ampla região onde as vilosidades coriônicas se ramificam para que haja comunicação materno-fetal através da membrana placentária (formada por tecidos extrafetais). Circulação fetoplacentária Sangue pobre em oxigênio deixa o organismo fetal por meio das artérias umbilicais, que se dividirão no espaço interviloso em inúmeras artérias coriônicas, que estão dispostas radialmente, para se ramificarem e entrarem na placa coriônica. Essa troca de nutrientes e resíduos acontece sem que haja mistura entre sangue materno e fetal. O sangue fetal agora oxigenado através dos capilares fetais passa para as veias de parede fina que acompanham as artérias coriônicas até o ponto de fixação do cordão umbilical, local este no qual essas veias convergem e formam a veia umbilical. Circulação maternoplacentária Entrada do sangue materno no espaço interviloso por meio de 80 a 100 artérias espiraladas da decídua basal. Por conta da elevada pressão, o sangue literalmente jorra em direção à placa coriônica, e com a dissipação dessa pressão, esse sangue flui lentamente em torno das ramificações vilosas, o que permite as trocas gasosas com eficiência. Redução dessa pressão uteroplacentária pode ocasionar em hipóxia fetal e também restrição do crescimento intrauterino. O espaço interviloso pode comportar até 150mL de sangue, que é trocado a cada três ou quatro minutos. Membrana placentária Constituída por tecidos extrafetais, separa o sangue materno do fetal. Até a 20ª semana, consistia em quatro camadas: sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto, tecido conjuntivo da vilosidade e endotélio capilar fetal. Após a 20ª semana, ocorre a redução do citotrofoblasto por conta de alterações microscópicas nas vilosidades. Após o desaparecimento completo das células do citotrofoblasto, a membrana passa a ter apenas três camadas. Em regiões mais delgadas, essa membrana torna-se marcadamente diminuída, o que promove o contato direto entre o endotélio capilar e o trofoblasto, formando assim a membrana placentária vaculossincicial. No terceiro trimestre, vários núcleos no sinciciotrofoblasto das vilosidades se agregam e formam os agregados nucleares. Metabolismo placentário Síntese de glicogênio, colesterol e ácidos graxos. Transporte e secreção endócrina. Transporte placentário Comporta quatro mecanismos principais de transporte: difusão simples, facilitada, transporte ativo e pinocitose. Transferência de gases Oxigênio, dióxido de carbono e monóxido de carbono atravessam a membrana placentária por difusão simples. Quando há comprometimento desse transporte de oxigênio, a vida do bebê corre grave risco. Possui eficiência próxima à troca gasosa pulmonar. Quando há má circulação, resulta na hipóxia fetal. Substâncias nutricionais Constituem a maior parte das substâncias transferidas da mãe para o feto, já que ele precisa deles em alta concentração para melhor desenvolvimento. Água passa por difusão simples, em quantidades crescentes ao longo da gestação. Glicose é transferida por mecanismo ativo, principalmente por via GLUT-1. Colesterol materno, triglicerídeos e fosfolipídios também são transferidos. Aminoácidos atravessam a placenta em altas concentrações, por transporte ativo. Vitaminas atravessam a membrana placentária. A transferina, proteína materna, transfere ferro para o embrião ou feto. Hormônios proteicos não atravessam em quantidades expressivas, apenas pela transferência lenta de tiroxina e triodotironina. Hormônios esteroides não conjugados atravessam a membrana da placenta de forma relativamente livre. Testosterona e algumas progesterona também. Agentes infecciosos podem passar através da membrana placentária e causar infecções no feto. Citomegalovírus, rubéola, coxsackievírus, varíola, varicela, sarampo e poliomielite são exemplos. Proteção placentária de anticorpos maternos Fetos não produzem anticorpos de forma efetiva por conta de seu sistema imunológico imaturo, portanto, imunoglobulinas G são transferidas da mãe ao bebê durante a gestação, mas não de todas as enfermidades. Excreção placentária de resíduos Ureia e ácido úrico atravessam por difusão simples. Bilirrubina conjugada a gorduras é facilmente transportada pela placenta e é rapidamente eliminada. Síntese e secreção endócrina placentária Hormônios são produzidos precocemente, para a perfeita maturação fetal, pelas células do trofoblasto, ainda na terceira semana de desenvolvimento. O então embrião utiliza precursores derivados da mãe e dele mesmo para produzi-los. Dentre eles, o HCG, somatomamotropina coriônica humana (lactogênio placentário), tirotropina coriônica humana e corticotropina coriônica humana são produzidos. Mulheres não grávidas apresentam útero na região pélvica. Gestantes, com o crescimento quase constante do embrião, dilatam seu útero até chegar na região epigástrica, área esta compreendida entre o processo xifoide esternal e o umbigo. É a sequência de contrações uterinas que resultam na dilatação do corpo materno, incluindo sua estrutura óssea pélvica, para que haja a saída do feto e da placenta da cavidade do útero. Obviamente, esse processo não é exclusivamente mecânico, sendo mediado e até ocasionado pela secreção hormonal. O hipotálamo fetal secreta o hormônio liberador de corticotropina, que estimula a secreção hipofisária de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Este, por sua vez, estimula a síntese de estrógenos. A queda brusca de progesterona no fim da gravidez sinaliza que a gestação chegou ao fim, fazendo com que a neurohipófise secrete ocitocina, que dará início às contrações uterinas e a produção de leite. O DPP (Descolamento Prematuro de Placenta) é uma das principais intercorrências causadoras de morbimortalidade maternal e perinatal. Esta ocasiona partos prematuros, complicações importantes ao recém nascido e até óbito fetal. O DPP compreende a desafixação antecipada da placenta na parede uterina, com rompimento agudo e rápida progressão, resultando em déficit de oxigênio e nutrientes ao feto. Essa condição é maléfica à gestante e ao feto. No puerpério, pacientes com DPP podem apresentar a ocorrência de atonia uterina – incapacidade de o útero em se contrair após a concepção – caracterizando-se como uma das principais causas de hemorragias pós- parto. Referências: Embriologia Básica, Keith Moore, 9ª ed.
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