Grátis
194 pág.

Livro - Fundamentos e Metodologia do Ensino da Lingua Portuguesa
FACULESTE
Denunciar
5 de 5 estrelas









2 avaliações
Enviado por
João Jurídico Já
5 de 5 estrelas









2 avaliações
Enviado por
João Jurídico Já
Pré-visualização | Página 5 de 39
abordar algum tema e trans- mitir conhecimento a respeito desse tema, transmitir dados e conceitos. O texto informativo corresponde a manifestações textuais cujo emissor (escri- tor) expõe um tema, fato ou circunstância ao receptor (leitor). Em outras palavras, representa as produções textuais objetivas, normalmente em prosa, com linguagem clara e direta (linguagem denotativa). 2 Concepções de Linguagem É comum encontrar em referências teóricas três concep- ções que correspondem às três grandes correntes dos estudos lin- guísticos: a) gramática tradicional; b) estruturalismo; c) interacio- nismo. A discussão aqui proposta procurará se situar no interior da terceira concepção de linguagem, uma vez que esta implicará numa postura educacional diferenciada, contemplando a lingua- gem como o lugar de constituição de relações sociais, em que os falantes se tornam sujeitos. Nesse sentido, a língua só tem existência no jogo que se faz na sociedade, na interação, e é no interior de seu funcionamento que se pode procurar estabelecer as regras de tal jogo. Um exemplo: considerando qualquer atividade conjunta numa sociedade simples – como trocar as aves abatidas em uma caça pelos frutos que o vizi- nho colheu –, é possível exercê-la sem linguagem? A reposta será sim, se por linguagem se entender apenas a fala e a escrita. Mas será não, se por linguagem se entender qualquer forma de comunicação. Fundamentos e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa – 26 – Essa resposta envolve tanto uma concepção de linguagem quanto uma postura relativa à educação; uma e outra se fazem presentes na articulação metodológica. Mediante a concepção adotada (tradicional, estruturalista ou interacionista) é possível entender muitas coisas, por exemplo, que costuma- -se privilegiar algumas linguagens no uso do cotidiano escolar. Por que isso é feito? Preferência? Intuição? Fidelidade ao senso comum? Convém perscrutar um pouco em busca de uma resposta. 2.1 Linguagem como expressão do pensamento Essa concepção representa, basicamente, os estudos tradicionais. Segundo Geraldi (1984, p. 43), “se concebermos a linguagem como tal, somos levados às afirmações – correntes – de que pessoas que não conseguem se expressar não pensam”. Quando se fala em gramática tradicional recorre-se, implacavelmente, à eleição, à preocupação com uma única variedade linguística: a escrita, a formal, a erudita, a literária, a “melhor”, a única, com a consequente exclu- são das demais variedades. Nela, ressalta-se a importância das regras a serem seguidas, em que o conceito de “certo” e “errado” é salientado – a obsessão pelo erro –, contemplando a língua não como um meio de interação, mas um conjunto de coisas certas e erradas. Essa exclusão das demais variedades vai gerar, automaticamente, o cha- mado “preconceito linguístico” (são atribuídos valores de certo à fala de pres- tígio, e de errado aos falares menos prestigiados) em relação à linguagem popular, à linguagem dos jovens, à linguagem dos nordestinos, à linguagem dos paranaenses etc. Trata-se de um “irrealismo linguístico”, uma vez que a língua se trans- forma, isto é, muda através do tempo, já que é um organismo vivo. Contudo, os gramáticos alheios à evolução, aos fatos, aos usos, aos costumes, tentam manter a língua em conservação. Durante muitos anos, a escola apresentou a língua como um fato único e homogêneo, e, como já foi enfocado, a língua é um conjunto bastante heterogêneo de variedades linguísticas. – 27 – Concepções de Linguagem Em síntese, essa concepção contempla um sistema fechado: o professor como o único detentor de saberes e a gramática como centro do ensino. O professor ensina, o aluno aprende; ensinar língua é ensinar gramática. 2.2 Linguagem como instrumento de comunicação Segundo Geraldi (1984, p. 43), “essa concepção está ligada à teoria da comunicação e vê a língua como código (conjunto de signos que se combinam segundo regras) capaz de transmitir ao receptador uma certa mensagem”. Em livros didáticos, esta é a concepção confessada nas instruções ao professor, nas introduções, nos títulos etc. Corresponde ao estruturalismo, centrando o ensino da língua em listagens de palavras destinadas à memorização, em exercícios repe- titivos, em pontos de gramática, concebendo a linguagem como um código a ser treinado e um comportamento a ser medido, por meio da contagem de erros. O estudo da língua, apesar das propostas de inovações, ainda tende ao ensino gramatical, embora a leitura e a produção textual comecem a ganhar maior relevância na escola, ao lado dos elementos da teoria da comunicação. Com isso, não se quer dizer, é evidente, que a língua não seja instrumento de comunicação, mas, obviamente, não se resume a tal. 2.3 Linguagem como forma de interação Para Geraldi (1984, p. 43), mais do que possibilitar uma transmissão de informações de um emissor a um receptor, “a linguagem é vista como um lugar de interação humana: através dela o sujeito que fala pratica ações que não con- seguiria praticar a não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, cons- tituindo compromissos e vínculos que não pré-existiam antes da fala”. O interacionismo tem o ensino centrado no uso e na reflexão sobre a linguagem, na produção de textos e na proposta de atividades a partir do diagnóstico avaliativo do estado da linguagem do aluno, que sinaliza a direção a ser tomada. Fundamentos e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa – 28 – O objetivo que pretende ser alcançado no final do trabalho com a língua é que o aluno domine a linguagem em toda sua dimensão discursiva, usando- -a adequadamente, nas modalidades oral e escrita, nas mais diversas situações. Para isso, não basta apenas o domínio do código linguístico e das con- venções ortográficas. É necessário muito mais. É preciso contemplar a lingua- gem enquanto uso efetivo em situações reais e não apenas em simulações de exercícios escolares. Assim, percebendo a linguagem enquanto processo interlocutivo, e considerando a interação verbal como o lugar de produção da linguagem, assume-se que a língua não é apenas um código, um sistema pronto. Seu todo significativo é obtido no uso da linguagem entre pessoas. Por isso, na perspectiva interacionista, considera-se que a linguagem é um trabalho social e histórico no qual as pessoas se constituem, e na cons- tituição da linguagem os discursos operam com recursos linguísticos e da situação, sempre retomando experiências anteriores. Sendo assim, assume-se o pressuposto de que as relações entre mundo e linguagem são convencionais, nascem da procura e da necessidade das socie- dades, dos seus grupos sociais e das transformações pelas quais elas passam. Daí a necessidade de conhecimentos elaborados, por formas de linguagem e atividades coletivas em que os sujeitos da prática mediam situações interati- vas com sujeitos participantes. Oferecer a contextualização de saberes para que haja uma significação ou (re)significação de sentidos singulares para uma transformação histórica e social do estudante. Por outro lado, independentemente se o educando ingressará ou não no mundo do trabalho, a escola também deve oferecer a literatura para que o aluno se forme literariamente, situando-se em tempos e espaços próximos e remotos da sociedade ou de grupos de intelectuais. Esse contato com textos temáticos, paralelos e/ou individualizados de autores de literatura brasileira e estrangeira fará com que esse “leitor-mirim” torne-se um “leitor-ledor” que se apropria efetivamente de outras linguagens (estéticas ou não). Dessa forma, o ensino estará colaborando para que o aluno se aproprie realmente daquilo a que ele tem direito: o letramento. – 29 – Concepções de Linguagem Saiba mais Letramento “É o resultado da ação de ensinar e aprender as