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Necessidades nutricionais de lactentes Prof: Daiana B. Lopez / Juliana Crucinsky Necessidades Nutricionais do nascimento aos 2 anos CONSIDERAR: Período de intenso crescimento e desenvolvimento; Limitações na capacidade de aproveitamento dos nutrientes; Tempo de aleitamento materno exclusivo e total; Influência da família na formação do hábito alimentar; Início precoce no ambiente escolar (creches). (MS,2009; SBP,2008) 03 2 O primeiro ano de vida é caracterizado por maior VELOCIDADE DE CRESCIMENTO (cerca de 25 cm/ano), sobretudo nos primeiros seis meses, a qual se reduz a partir do segundo ano (15 cm/ano). Nessa fase, os principais fatores implicados no crescimento da criança são os nutricionais e ambientais; os fatores genéticos e o hormônio de crescimento têm menor atuação. Valores médios de ganho de peso por dia (GPD) no 1º ano de vida Fonte: SBP. Tratado de Pediatria, 2007 Alimentação Influência direta sobre o desenvolvimento infanto-juvenil Privação Alimentar Excesso Alimentar Distúrbios alimentares: Desnutrição, Obesidade, Anemia, Hipovitaminoses e DCNT 02 Necessidade energética Fonte: FAO/OMS, 2004 5 CHO predominante: lactose (7,0 a 7,4g/100mL no LH). LV possui 4,6 a 4,9g/100mL de lactose enquanto que nas FI têm 7,0 a 9,0g/100mL de lactose A ingestão adequada (DRIS, 2002) parte da quantidade de CHO do LH. Estima-se que 60g/dia supra a necessidade (0-6 meses). 7 a 12 meses: LH + 50,6g/dia dos alimentos complementares. Introdução da AC Aprox. 60% de CHO Carboidratos (SBP, 2012; Accioly, 2012) Atualmente as fórmulas infantis possuem teor de proteína similar com o LH, mas não em qualidade. Aproximadamente 1,3g/100ml (0-6m ) e 1,9g/100ml (6-12m) Deficiência protéica restrição do crescimento e desenvolvimento. Excesso sobrecarga renal, excreção de cálcio, distúrbios metabólicos e doenças crônicas no futuro. Proteínas (SBP, 2012; Accioly, 2012) Lipídios LH têm entre 3-4,g/100mL >50% da composição energética, superior ao encontrado no LV e Fórmulas; LV tem gordura essencialmente saturada FI mistura gordura láctea e óleo vegetal com acréscimo de DHA e EPA para bom aporte de W3 e 6. RECOMENDA-SE: 5-10 % de W6 (ác. Linoléico) 0,6- 1,2% dos lipídios W3 (ác. Linolênico) (SBP, 2012; Accioly, 2012) Idade Carboidratos Proteínas Lipídios 0-6m 60g (AI) 9,1g (AI) 31g (AI) 7-12m 95g (AI) 13,5g (RDA) 30g (RDA) Necessidades de Macronutrientes 0 aos 12 meses Fonte: DRI (2002) Idade Água Total Líquidos (L) Potássio (g) Sódio (g) 0-6 0,7 (LH) - 0,4 0,12 7-12 0,8 0,6 0,7 0,37 Necessidades hídricas e de eletrólitos 0 aos 12 meses Fonte: DRI (2002) Necessidades de vitaminas e minerais Fonte: SBP (2012) Necessidade de Ferro Nutriente 0 a 6 meses 7 a 12 meses UL Fe (mg) 0,27 11 40 Fonte: DRIs, 2001 Além da quantidade de ferro, deve-se levar em consideração a sua biodisponibilidade (ácido ascórbico). Fe (LM): biodisponibilidade e utilização aprox. 70% do ingerido. Fe heme e não-heme: 1 a 6% x 22%. Nas fórmulas que contém de 1 a 3 mg de ferro/L, a absorção: 4 - 7%. Ferro a partir de 6 meses 1mg/Kg/dia até completar 24 meses (Ministério da Saúde, 2002) 11 Lembrar... Fatores favoráveis à absorção de Ferro Fatores inibidores à absorção de Ferro Carnes devido a presença da cisteína Fitatos presentes em fibras e casca de leguminosas Ác. Ascórbico reduz Fe+3 em Fe+2 que é mais solúvel Suplementos de Cálcio Ác. Orgânicos (cítrico, málico e láctico) Fosfovitelina presente na gema do ovo Taninos (mate e chá preto) Vegetais que possuem ác. málico, cítrico e ascórbico: Cenoura, batata, abóbora, brócolis, tomate, couve-flor, repolho, nabo Hemograma avaliar hemoglobina anemia por def. de ferro. Idade Anemia Anemia leve Anemia Moderada Anemia grave 6 meses a 4 anos e 11 meses <11 g/dL 10-10,9 g/dL 7- 9,9 g/dL <7 g/dL (Accioly et al.,2012) DETECÇÃO DE ANEMIA 13 Programa Nacional de Suplementação de Ferro (MS, 2013) Consiste na suplementação profilática de ferro para todas as crianças de 6 a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal (independentemente da IG) até o terceiro mês pós-parto. IMPORTANTE: Prematuros devem seguir a suplementação recomendada pela SBP. Se a criança não estiver em AME, a suplementação poderá ser realizada a partir dos 4 meses de idade, juntamente com a introdução dos alimentos complementares. Suplementação de Ferro População a ser atendida Dosagem Periodo Tempo de permanência RN PT com peso <1000g 4mg/Kg/dia Após 30 dias de vida Diariamente Ate 1 ano de IC, após reduz dose para 1mg (até 2 anos ) RN PT com peso 1000- 1500g 3mg/Kg/dia Após 30 dias de vida Diariamente Ate 1 ano de IC, após reduz dose para 1mg (até 2 anos ) RN PT com peso 1500- 2500g 2mg/Kg/dia Após 30 dias de vida Diariamente Ate 1 ano de IC, após reduz dose para 1mg (até 2 anos ) RN a termo, com peso adequado para IG 25 mg de Ferro elementar ou 1mg/Kg/dia 1 vez por semana ou diário Até completar 24 meses (AAP, 2006; SBP, 2012) Necessidade de vitamina A SUPLEMENTAÇÃO PROGRAMA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Apenas na região Nordeste, Norte e Vale do Jequitinhonha (MG) 6 a 11m 100.000 UI 12 a 59m 200.000UI Nutriente 0 a 6 meses 7 a 12 meses UL Vitamina A (µg)* 400(AI) 500(AI) 600 *equivalente de retinol = 1 μg retinol ou, 12 μg beta-caroteno ou, 24 μg alfa-caroteno em alimentos O nível de vitamina A de bebês é influenciado por suas reservas hepáticas de vitamina A no nascimento, consumo de vitamina A do leite materno e outros alimentos e perdas em função de infecções, inclusive aquelas causadas por parasitas. Necessidade de vitamina D LH é relativamente pobre em vitamina D (22 a 60 UI/L). Crianças com exposição à luz solar inadequada (<30min apenas com fralda ou 2h vestida/ semana) > chance de deficiência. Suplementação (mesmo em aleitamento materno): 400 UI do nascimento aos 12 meses 600 UI dos 12 aos 24 meses Obs: Na grande maioria dos suplementos 1 gota contém 200UI (Institute of Medicine, 2011; SBP, 2012) Alimentação do Lactente Aleitamento materno exclusivo (AME) só LM ideal até 6m Aleitamento materno misto – LM + fórmula Aleitamento materno complementado- alimentos + LM até 24 meses ou mais. Apenas alimentada com formula infantil e/ou leite de vaca integral (MS, 2009) FÓRMULA INFANTIL FASE 1: 0 ATÉ 6 MESES DE VIDA FASE 2: DE 6 A 12 MESES DE VIDA São adequadas do ponto de vista nutricional para bebes Podem evitar a desnutrição Sua composição busca a proximidade do leite materno É essencial para o desenvolvimento infantil nos primeiros meses Não deve ser substituído por leite de vaca Possui fórmulas especiais Fase 1 (0-6 meses) chamadas de fórmulas de partida que atendem as necessidades nutricionais de crianças saudáveis. Fase 2 (6-12 meses) são as fórmulas para o segundo semestre de vida da criança e o diferencial é um maior teor de ferro. Essas são as fórmulas oferecidas pelo hupe. 19 Composição nutricional Leite humano vs. Leite de vaca Fonte: Laurindo et al (2002) Fonte: Ministério da Saúde, CAB (2009) Composição nutricional Leite humano vs. Leite de vaca Utilizar quando for contra-indicado o AM ou quando as alternativas estiverem esgotadas. Lembrar que a fórmula infantil mede-se com colher-medida e dilui-se em água filtrada e fervida. As fórmulas de partida e de seguimento diluem-se 1 colher medida a cada 30 ml de água. As fórmulas infantis contém 67 kcal/100ml (são padronizadas). FÓRMULA INFANTIL Alimentação complementar: é o período durante o qual outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança junto com o leite materno IDEAL A PARTIR DE 6 MESES A partir de 6m o LM não supre de forma adequada as necessidades energético-proteicas e de micronutrientes do bebê. Os alimentos complementares oferecidos à criança serão os mesmos consumidos pelos outros membros da família A PARTIR DE 12 MESES (WHO, 1998) Alimentação complementar Por que aos 6 meses ? A partir do 6º mês de vida cerca de 50 a 70% de Fe, 50% da vitamina C e 70%do Zn devem vir dos alimentos introduzidos. A partir 6m o LM não supre de forma adequada as necessidades energético-proteicas e de micronutrients do lactente, podendo predispor à carências. Desvantagens da introdução precoce Diminuição da frequência e intensidade da sucção e tempo de AM => redução na produção de leite/deficiências nutricionais; Déficit de nutrientes (Fe e Zn) Desvantagens da introdução tardia Restrição do crescimento e desenvolvimento Aumenta risco de desnutrição Aumenta risco de anemia Deficiências imunológicas Sobrecarga renal => urina mais concentrada (desidratação); Alergia alimentar => hipersensibilidade às proteínas estranhas na AC Infecção intestinal e respiratória, diarréias => água e alimentos contaminados/contaminação na administração. Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional; Longo Prazo: Obesidade e DCNT 1º PASSO: colocar a criança sentada e certificar-se que nesta fase já esteja segurando bem o pescoço. A introdução de alimentos deve ser gradual, conforme aceitação da criança. Os alimentos podem ser rejeitados de 6 a 8 vezes nas primeiras semanas, por isso ofereça-os várias vezes para ampliar a variedade alimentar. Importante: não oferecer líquidos durante refeições. ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Características da Alimentação Complementar CONSISTENCIA INICIAL: Os alimentos devem ser cozidos em pouca água e amassados com o garfo, nunca liquidificados ou peneirados, oferecidos com colher rasa pequena (do tamanho da colher de chá). A oferta de frutas como sobremesa após as refeições principais, melhora a absorção do ferro não-heme presente nos alimentos como feijão e folhas verde-escuras. Estimular o consumo de carnes reduz deficiência de Zinco (SBP, 2008, MS, CAB, 2009) Características da Alimentação Complementar Não oferecer açúcar nem bebidas adoçadas ou gaseificadas. Mel deve ser evitado nos primeiros dois anos de vida: Clostridium botulinum. Os alimentos em conserva, tais como palmito e picles, e os alimentos embutidos, tais como salsichas, salames, presuntos e patês também podem ser fonte. Não se deve adicionar sal no preparo da alimentação complementar para lactentes até 12 meses e após esta idade usar sal com moderação (SBP, 2018, MS, CAB, 2009) Ao completar 6 meses Após completar 7 meses Após completar 12 meses Aleitamento materno sob livre demanda ou fórmula infantil Aleitamento materno sob livre demanda ou fórmula infantil Aleitamento materno sob livre demanda ou formula infantil Fruta (amassada ou raspada) no meio da manhã Fruta (amassada ou raspada) no meio da manhã 1 refeição pela manhã com fruta e fonte de carboidrato (pão, aveia) 1ª papa da refeição principal 1ª papa da refeição principal 1 fruta Fruta (amassada ou raspada) no meio da tarde Fruta (amassada ou raspada) no meio da tarde Refeição com comida da família 2ª papa da refeição principal 1 fruta Refeição com comida da família 2 a 3 colheres de sopa 4 a 5 colheres de sopa 6 a 8 colheres de sopa Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE e SBP Esquema Alimentar ALMOÇO DEVE CONTER UM ALIMENTO DE CADA GRUPO: A introdução dos alimentos deverá ser a mais ampla possível, com variedade, texturas e sabores diferentes, respeitando alimentos regionais. Em casos de crianças com alergias deve se introduzir a cada 3 a 5 dias, um único alimento considerado alergênico, como: leite de vaca, ovo, soja, trigo, peixes e milho, a partir do sexto mês de vida, visando a aquisição de tolerância e redução do risco de alergenicidade (aproveitando-se a janela imunológica) Características da Alimentação Complementar Alimentação complementar A partir de 6 meses de idade ALIMENTOS DE QUALIDADE QUANTIDADE E CONSISTÊNCIA ADEQUADA SEGURA DO PONTO DE VISTA SANITÁRIO Ministério da Saúde, 2009 MÉTODOS na Introdução Alimentar BLW TRADICIONAL VANTAGENS E DESVANTAGENS As mães que optaram pelo BLW exibiram mais escolaridade e apresentaram maior probabilidade de terem amamentado até o sexto mês. Bagunça nas refeições, desperdício de comida e engasgo/asfixia foram as maiores preocupações. Profissionais da saúde demonstraram receio em indicá-lo Adequar as necessidades de MINERAIS e VITAMINAS e equilibrar a oferta e tipo de lipídios (desenvolvimento do SNC). NÃO oferecer açúcar, mel ou doces até 2 anos. MANTER O ALEITAMENTO MATERNO. Caso a mãe retorne ao trabalho, orientar a ordenha do leite. Entre 6m e 1 ano aproximadamente 1/3 das kcal provém dos alimentos e 2/3 do LM. Alimentação complementar (Ministério da Saúde, 2009) Cálculo de mamadeira <6meses pela kcal/kg/dia (FAO/2004) Necessidades energéticas Fonte: FAO/OMS, 2004 VET: Kcal x Kg peso/dia 37 Exemplo: Calcule o volume e número ideal de mamadeiras que um lactente de 4 meses, peso 7kg, ingerindo fórmula de partida (67kcal/100ml), deve tomar por dia. 1) Calcule a necessidade energética: VET= 86 x 7= 602 Kcal (FAO 2004) 2) Calcule o volume máximo por mamadeira Capacidade gástrica = 25 mL/kg/mamada = 25 x 7kg= 175 ml no máximo em cada mamadeira 3) Calcule o volume total, se atentando para a frequência para idade, ideal múltiplo de 30. Valor energético = 100ml de FI ----------67kcal x -------------602 Kcal Obs: FI diluição padrão 1 colher-medida 30ml de água. 67x = 60200 ml fórmula X = 60200 / 67 x=898/8= 113ml escolher múltiplo de 30 mais próximo = 120ml cada mamadeira (necessito então diluir 4 colheres medidas em 120ml de água) Exemplo: Menina, idade 6 meses, peso atual 8kg, 70 cm, PC= 42 cm foi a consulta do nutricionista ingerindo fórmula de partida (67kcal/100ml) 7 etapas ao dia. A mãe relata que não conseguiu amamentar. 1) Faça a avaliação nutricional da criança. 2) Oriente a introdução alimentar e o volume de mamadeiras necessários e tipo de fórmula infantil nesta idade. Ana, mãe de Marina, lactente nascida de 39 semanas, no dia 29/04/2018 com PN=3400g, foi na consulta do nutricionista no dia 11/09/2018 para avaliação e comenta que não está conseguindo amamentar pois após repetidos episódios de fissuras no mamilo suspendeu o AM e o leite “secou”. Ao exame físico a lactente apresenta bom estado geral. No momento recebe fórmula infantil com acréscimo de farinha de arroz (Mucilon) em intervalos de 3/3 horas. Dados da consulta: Peso atual= 6,3 kg/ Comprimento= 62cm Calcule: os índices antropométricos para a idade e descreva o estado nutricional (use o gráfico de crescimento). a necessidade calórica diária, a fórmula indicada e o volume das mamadeiras (levando em consideração que a fórmula infantil de partida apresenta 67 kcal/100ml). Faça as orientações adequadas nesta idade e a suplementação de nutrientes necessárias. Sugestão de LEITURA
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