Buscar

AV1 PENAL IV- RESOLUÇÃO WORD

Prévia do material em texto

Curso: DIREITO
	Disciplina: DIREITO PENAL IV
	
	Período: 6º
	Turma:
	
	Professor: Arkeley Souza
	Data da Aplicação: 06 OUTUBRO 2020
	
	Avaliação
AV1
	Nota:
	Visto do Professor (a):
	Nome: JOSIVAN SOBRINHO DA SILVA
MAT.: 201803547065
Orientações:
1. Leia atentamente as questões antes de resolvê-las. A interpretação das questões faz parte da avaliação.
2. Escreva a resposta completa de cada questão de forma clara e objetiva. Não serão aceitas respostas sem o desenvolvimento e com rasuras.
3. Questões objetivas e discursivas que envolvam operações algébricas devem possuir a memória de cálculo na folha de respostas.
4. As questões devem ser respondidas somente à caneta azul ou preta.
5. Não utilizar calculadora do celular, smartphone, tablete e qualquer outro tipo de equipamento eletrônico portáteis, borracha e/ou corretivo. Apenas, calculadoras científicas ou financeiras poderão ser utilizadas e será proibido emprestá-los ao(s) colega(s).
6. É proibido consultar materiais de qualquer natureza durante a realização da prova
7. Sobre a cadeira, deverão estar os instrumentos para realizar a prova, os outros deverão ficar sob a cadeira ou dentro das bolsas.
8. Celular, smartphone e qualquer outro tipo de equipamento eletrônico portáteis deverão permanecer desligados e dentro das bolsas durante a realização da prova.
9. Será observada uma tolerância máxima de 30 minutos para a entrada dos alunos após o início da prova. Nesse período, nenhum aluno poderá deixar a sala. Terminada a prova, o aluno deverá entregar ao professor a folha de questões e a folha de respostas, devidamente identificadas.
Boa prova!
QUESTÃO 01:
Leia a matéria abaixo:
“A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal negou, por unanimidade, Habeas Corpus para um médico de Santa Catarina condenado pelo crime de concussão. Ele tentava no STF suspender a condenação por ter cobrado R$ 100 de um paciente pela consulta num hospital conveniado ao Sistema Único de Saúde. A pena de dois anos e um mês de restritiva de liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direitos.
A defesa do médico recorreu ao Supremo afirmando que ele não era funcionário público e, por isso, não poderia ter sido condenado por concussão. Baseou-se no artigo 327 da Código Penal, que considera funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”.
Fonte:https://www.conjur.com.br/2010-fev-03/medico-trabalha-sus-funcionario-publico-responde- concussao
Com base nos estudos doutrinários e jurisprudenciais, decida a questão:
a) O médico que atende pelo SUS deve ser considerado funcionário público para fins penais, nos termos do art. 327 do CP?
  Segundo a Lei 9.983/2000, que introduziu dispositivo ao artigo 327 do Código Penal, contemplou novas situações de equiparação do particular ao funcionário para fins penais. Assim passou-se a considerar funcionário público também quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)o médico que trabalha num hospital prestador de serviços ao SUS, portanto o médico em questão deve ser considerado funcionário público para fins penais.
QUESTÃO 02:
No dia 22 de maio de 2019, por volta das 16h00, Ptolomeu dirigiu-se até o Fórum da Comarca de Estrelar-PX, a fim de consultar o andamento do processo judicial em que figurava como demandado. Cansado da espera, levantou-se e se dirigiu ao balcão de atendimento do cartório, passando a insultar todos os seis funcionários públicos presentes, chamando-os de vagabundos, idiotas, incompetentes e corruptos. Por conta de sua conduta, foi preso em flagrante pela prática de seis desacatos, conduzido à unidade de polícia judiciária e liberado, com o pagamento de fiança. O Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor de Ptolomeu pela prática de seis crimes de desacato, em concurso formal imperfeito. Recebida a denúncia, o acusado foi citado e apresentou defesa preliminar. Rejeitada esta, foi ratificado o recebimento da denúncia. Em audiência de instrução, debates e julgamento, foram ouvidas oito testemunhas e o réu foi interrogado. Encerrada a instrução do feito, foi concedido às partes prazo para a apresentação de memoriais.
Responda de forma fundamentada e argumentativa:
a) Sob a ótica do conceito de bem jurídico penal, existe legitimidade para a tutela penal do prestígio da Administração Pública, considerando o valor protegido pelo tipo de desacato? Ou seja, é constitucional o crime de desacato?
O crime de desacato é materialmente incompatível com a Constituição, pois viola os princípios: - democrático e da cidadania, uma vez que cada cidadão passa a ser percebido como parte indissociável do poder que legitima o próprio Estado; - republicano e da igualdade, pois inexiste elemento diferenciador idôneo a legitimar a desigualdade operada pela norma penal e a posição de superioridade em que coloca os agentes públicos; e por fim os princípios da legalidade e da taxatividade, onde a norma não mais se sustenta pela mera legalidade formal, exigindo-se o aspecto material que, a partir da teoria do bem-jurídico e do princípio da taxatividade, rechaçam proibições genéricas desprovidas de clareza e que não se ocupem a proteções dos bens sociais de maior relevância.
b) Há violação de garantia de liberdade de expressão na tipificação do crime de desacato?
Ao analisar a jurisprudência e as teses defendidas por alguns doutrinadores acerca do tema, vejo que o crime de desacato, tipificado no art. 331, do Código Penal, contraria o bloco de constitucionalidade brasileiro, uma vez em que ocorre uma ofensa ao artigo 13, da Convenção Americana dos Direitos Humanos; não ocorre o cumprimento do item 11 da Declaração de Princípios sobre a Liberdade de Expressão e o não cumprimento da decisão proferida pelo STJ no Recurso Especial nº 1.640.084/SP.
c) Quais as diferenças entre os crimes: desacato – resistência e desobediência?
“Desacato, “estar previsto no Art. 331 CP –” Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela.”   Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa; Crime de Desobediência, previsto no Art. 330 – Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Para a configuração deste delito é fundamental a inexistência de outro tipo de sanção para a desobediência da ordem. Se esta já estiver prevista, o crime somente se configura diante de expressa previsão legal nesse sentido. Por último, o crime de Resistência, previsto no Art. 329 CP – Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena – detenção, de dois meses a dois anos. Trata-se de crime de conduta vinculada, porque só se configura se houver violência ou ameaça à pessoa, que pode ser o funcionário público ou outra pessoa que lhe esteja prestando auxílio (dando apoio). É crime de consumação antecipada, consumando-se no momento em que o sujeito usa da violência, ainda que o ato seja realizado normalmente, sem excessos. Diferencia-se do delito de desobediência pois, neste, não há emprego de violência ou ameaça.
Questão 03
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-56780/
A Grande Ilusão (1949), um clássico longa, que retrata a ascensão e queda de um homem que se transforma pela corrupção. Um dos trechos do personagem, destaca-se o seguinte, que leva a uma reflexão: “você precisa primeiro acreditar que vai ter alguma vantagem ao encontrá-lo”. Dizer que alguém é corrupto possui vários significados, à medida que corrupção é o efeito ou ato de corromper alguém ou algo, com a finalidade de obter vantagens em relação aos outros por meios considerados ilegais ou ilícitos. O Código Penal Brasileiro, tipifica as condutas de corrupção passiva e corrupção ativa, respectivamente, nos artigos317 e 333.
De acordo com os estudos doutrinários e jurisprudenciais, responda de forma fundamentada:
a) Acontece uma interposição de interesses privados sobre o interesse público, diante das práticas de corrupção, o que enseja uma agressão ao art. 37 da Constituição Federal?
A prática da corrupção política, abala as conquistas democráticas constitucionais e afronta o desenvolvimento do Estado de Direito e da sociedade, por colocar interesses privados de indivíduos acima do interesse da coletividade, na verdade, ocorre um desvirtuamento da relação do administrador com a Administração Pública, na qual seu interesse privado se torna primordial em relação ao interesse público, em flagrante ofensa ao espírito republicano; e ao fazer essa análise dentro da luz do artigo 37 da Constituição Federal, obrserva-se que tudo isso vem contrapor-se a sua preceitação legal configurada em seus princípios configurados nesse artigo: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
b) Defina o ato de ofício nos crimes de corrupção passiva e ativa.
Não basta estar comprovada a materialidade e a autoria acerca do crime de corrupção. Para a consumação do delito, é necessário que a vantagem indevida esteja vinculada a prática de ato de ofício. O ato de ofício não é elementar do tipo (art. 317 do CP), apenas causa de aumento da pena. Assim, para a imputação do delito de corrupção passiva, seria apenas necessário o nexo causal entre a oferta (ou promessa) de vantagem indevida e a função pública do agente; na corrupçõ ativa, basta o simples ato de oferecer a vantagem para o crime ser considerado como praticado, ou seja, não há necessidade de que o funcionário aceite, e assim aceitar, a pena do particular que ofereceu sera aumentada em um terço.
c) Para a configuração do caput do artigo 317, é necessário que haja ato de ofício e que ele seja bem delimitado?
	O ato de ofício não é elementar do tipo (art. 317 do CP), apenas causa de aumento da pena. Assim, para a imputação do delito de corrupção passiva, seria apenas necessário o nexo causal entre a oferta (ou promessa) de vantagem indevida e a função pública do agente.
QUESTÃO 04:
Ao receber a intimação para efetuar pagamento decorrente de condenação judicial, o réu, pessoa de baixa instrução, entrega o valor pertinente ao oficial de justiça Téo, que o utiliza para o pagamento de uma dívida própria.
a) Sobre a conduta praticada por Téo, incorre em que tipo penal? Fundamente citando classificação deste tipo penal e o momento consumativo.
Foi cometido o crime de peculato mediante erro de outrem, já que o oficial de justiça não colaborou para o erro do sujeito passivo.
b) É possível a incidência da causa de extinção da punibilidade ou a redução da pena, diante do peculato-culposo?
É causa de extinção da punibilidade a reparação de dano decorrente de peculato culposo por funcionário público, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória, confome previsto no artigo 312, §3º do CP, que trata dos efeitos da reparação do dano no peculato culposo.
QUESTÃO 05
Perplexo, com o desejo de proteger seu amigo Mévio, não obedeceu à requisição do Promotor de Justiça no sentido de determinar a instauração de inquérito policial para apurar eventual prática de conduta criminosa por parte de Mévio.
a) Nesse exemplo hipotético, que conduta praticou Perplexo?
Perplexo cometeu o crime de prevaricação, previsto no “Art. 319, do CP - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”
b) O funcionário público que inicialmente retarda e depois resolve deixar de praticar definitivamente o ato de ofício para satisfação de sentimento pessoal pratica crime único de prevaricação?
Sim, trata-se de tipo misto alternativo (de ação múltipla ou conteúdo variado) tendo em vista que o tipo penal elencado na questão, descreve três condutas típicas distintas e a realização de mais de uma delas, em relação ao mesmo objeto material, caracteriza crime único.
c) Neste caso, se Perplexo for processado por prevaricação e, durante o processo, provar-se que não se tratava de agente público quando praticado o fato, é caso de atipicidade relativa? Fundamente.
A prevaricação é crime funcional próprio, pois, desaparecendo a qualidade de funcionário público, o fato se torna atípico em razão da inexistência de lei penal que tipifique a mesma conduta cometida pelo particular, no entanto estamos diante de um crime funcional próprio, caracterizando assim uma atipicidade absoluta e não realitva.

Continue navegando