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Apoptose 1 Apoptose Luana Rocha Vale - Medicina - UNIFACS Processos Celulares e Moleculares - Biologia Celular O QUE É A APOPTOSE A Apoptose é a morte celular programada. Ela é extremamente importante para a manutenção da homeostase do corpo. É regulada pela: Proliferação → Diferenciação → Morte Celular LONGEVIDADE DAS CÉLULAS → Existem 210 tipos de células diferentes. → As células lábeis (que estão em tecidos que se renovam constantemente) vão ter uma taxa de apoptose muito alta: cerca de 510¹¹ de células sanguíneas morrem por dia → Os neutrófilos vivem de 67 horas na circulação CÉLULAS QUE SERÃO ENCAMINHADAS PARA A APOPTOSE → Células incapazes de receber sinais de sobrevivência e/ou capazes de receber sinais de morte. Quando uma célula não consegue mais responder à sinais externos e ao comando e estímulos do organismo precisam morrer, pois indicam um perigo, uma célula defeituosa. → Células que não podem reparar uma lesão adequadamente. Quando uma célula não consegue reparar uma lesão ela precisa morrer, pois, se essa célula se dividir, gerará duas células com problemas. OBS.: Nesse caso, a proteína P53 - uma supressora tumoral - irá encaminhar essa célula para a apoptose. → Células que não tem mais contato com a membrana basal. Ex: tecido epitelial Caminho para a morte celular: Hormônios, citocinas TNF, radiação → Ativação de um programa genético de suicídio → Apoptose 2 MORTE MORTE CELULAR EM DIFERENTES PROCESSOS BIOLÓGICOS Durante o desenvolvimento embrionário, dentro da barriga da mãe, o feto possui uma espécie de membranas entre os dedos, que são eliminadas através da morte programada. As vezes, esse processo falha, e a criança nasce com os dedos juntos → sindactilia. MORTE CELULAR PATOLÓGICA Quando ocorre um descontrole da apoptose tem-se uma situação patológica. Doenças degenerativas: Se esse descontrole ocorre com um excesso de apoptose em células neurológicas, por exemplo, tem-se um problema, já que essas células não são repostas com facilidade. Câncer: Já uma inibição da apoptose e aumento da proliferação das células, pode ser fator desencadeante para um câncer. Normalmente, células com muita exposição a radiação, ou a tração, são mais suscetíveis ao câncer. NECROSE A Necrose é um processo passivo (independente de ATP e acidental, caracterizado por uma destruição massiva da célula ou de um tecido - rompendo a membrana e liberando seus componentes internos - que vai gerar um processo inflamatório. Apoptose 3 → Suas causas são fisiológicas, como: isquemia (obstrução arterial) traumatismo graves agentes infecciosos (fungos, bactérias e vírus). → Os processos necróticos, por estarem quase sempre atrelados à processos inflamatórios, pode ser caracterizado como um processo em efeito dominó. Por exemplo: uma célula de um tecido entra em necrose, e gera sinais moleculares que indicam que as outras também devem entrar em necrose. Com isso a necrose avança de uma célula para um tecido. DIFERENÇA ENTRE NECROSE X APOPTOSE → Na necrose, há o extravasamento do conteúdo intracelular/rompimento da membrana, e isso gera um processo inflamatório. Além disso, ela é rápida e acidental e não tem gasto de ATP. → A apoptose, por outro lado, é um processo limpo, que não gera inflamação e não há extravasamento. Ela é programada, lenta e não acidental, com gasto de ATP. EXEMPLO DE DOENÇA EM QUE A NECROSE ESTÁ ENVOLVIDA → Peste negra/bubônica. Apoptose 4 COMO ACONTECE A APOPTOSE A apoptose é um processo lento que não há extravasamento de conteúdo celular. É um modo de autodestruição celular que requer energia e síntese proteica (antagônico ao processo de mitose) → Há a fragmentação de partes das células em vesículas apoptóticas. (essas vesículas irão ser digeridas depois por fagocitose.) PROCESSO DE APOPTOSE A célula começa a modificar sua morfologia e se torna amorfa/sem forma. Os componentes internos começam a se degradar O núcleo se torna picnótico/framentado Os componentes celulares são todos internalizados em pequenas vesículas, chamadas de corpos apoptóticos (pequenos fragmentos membranares contendo o que restou do conteúdo celular). OBS.: Esse englobamento dos corpos apoptóticos é feito por alguma célula fagocitária, como os macrófagos. IMPORTÂNCIA DA APOPTOSE A apoptose é importante em vários processos fisiológicos, como: → o desenvolvimento embrionário, a formação dos órgãos → a reciclagem celular na idade adulta → a seleção tímica negativa: o timo precisa da seleção negativa para permitir o controle de linfócitos que possuem receptores anti-próprios. Essa seleção resulta da interação das células T imaturas com ligantes específicos dentro do timo. Essa seleção acontece por apoptose: as células T que forem auto reativas (que irão reagir contra o próprio indivíduo) serão induzidas a apoptose. Essa seleção é muito realizado por linfócitos TCD8 (citolíticos), que ao encontrar uma célula infectada desencadeiam um mecanismo de sinalização que estimula a apoptose. Apoptose 5 Obs.: um defeito no funcionamento desses linfócitos pode causar doenças autoimunes e neurodegenerativas, como HIV e osteoporose. FASES DA APOPTOSE Fase de iniciação: ocorre o estímulo (externo ou interno); quando o estímulo é interno, é um processo controlado pela mitocôndria Fase efetora: as enzimas que atuam no processo apoptótico vão degradar os componentes celulares Fase de degradação: a célula começa a se modificar por conta da degradação dessas enzimas; a modificação do núcleo é evidente. VIAS DA APOPTOSE Como funcionam essas vias? Se o organismo identifica algum problema, o linfócito TCD8 se liga ao receptor de morte e o ativa, para que a célula entre em apoptose. A própria célula também pode identificar que tem um problema e induzir a ativação e liberação de proteínas pró apoptóticas que estimulam o suicídio celular. Obs.: Essas proteínas estão relacionadas com a mitocôndria e a principal delas é o Citocromo C. Via membranar ou extrínseca: membranar → porque o receptor de morte fica na membrana extrínseca → porque é uma indução exógena (vem de fora para dentro) O receptor de morte (ou receptor FAS é um receptor transmembrana que se liga a moléculas peptídicas chamadas de ligante de FAS. Esses ligantes vão ativar o receptor e induzir os mecanismos apoptóticos e ativar enzimas apoptóticas chamadas de Caspases, que tem a função de clivagem = cortes/segmentações. Obs.: quem manda o ligante para a célula é uma outra célula. Apoptose 6 → A Caspase que se liga ao receptor FAS é a Caspase-8; ela é uma caspase indutora/iniciadora (aquela que induz outras caspases efetoras a fazerem a clivagem). → A Caspase-8 fica ativa quando ela faz a autoclivagem (remove um fragmento da sua própria estrutura que tem a função de deixá-la inativa). Quando está ativa, ela vai ativar outras caspases efetoras que vão, de fato, fazer as clivagens. 💡 → Caspases iniciadoras: clivam elas mesmas e ativam as outras → Caspases efetoras: clivam partes da célula. Via mitocondrial ou intrínseca: Utiliza a mitocôndria como desencadeadora do processo apoptótico. → A própria célula pode produzir proteínaspró apoptóticas que estimulam o processo de morte. → Não depende de fatores externos do organismo para acontecer. A mitocôndria, para ativação da via intrínseca, vai aumentar sua permeabilidade celular e vai fazer com que haja a liberação de algumas proteínas que estão no seu interior, como o Citocromo C, que é uma proteína pró apoptótica. → O Citocromo C vai para o citosol e lá ele vai se associar as proteínas Caspase-9 e Apaf-1 as 3 juntas vão formar um complexo proteico chamado de Apoptossomo. → É o Apoptossomo que vai induzir a ativação de caspases efetoras, como a Caspase-3 Existem várias formas e possibilidades de liberação do Citocromo-C da mitocôndria e, consequentemente, ativação da via intrínseca: Aumento da permeabilidade Ruptura específica da membrana mitocondrial externa Via intrínseca e formação do Apoptossomo. Apoptose 7 Canais condutores específicos para liberação do Citocromo-C ativados Abertura e ativação de poros através de proteínas membranares 💥 Na via extrínseca, outro tecido ou célula que regula a apoptose de uma célula. Já na intrínseca, a própria célula que regula a sua apoptose. AS VIAS PODEM CONVERGIR Nesses casos, a apoptose será maximizada. No caso da imagem ao lado, começa com a via extrínseca: o Receptor FAS ativa a CASPASE8, que ativa proteínas mitocondriais, como a TBID, que passa para a via intrínseca e estimula a mitocôndria liberar o Citocromo-C, através das proteínas BAX. 💥 OBS.: Sempre será a via extrínseca induzindo a via intrínseca, nunca o contrário. Proteínas Pró- apoptóticas: proteínas que estimulam a apoptose. EX: Citocromo C + BAX + APAF1 + CASPASE. Proteínas Anti- apoptóticas: inibem a apoptose, através da tentativa de inibir as proteínas pró-apoptóticas EX proteínas IAPs. 💥 Obs.: As IAPs também sofrem regulação: no organismo há um equilíbrio entre proteínas PRÓ e ANTIAPOPTÓTICAS, onde uma regula a outra para chegar na homeostase. Formas de liberação do Citocromo-C da mitocôndria Apoptose 8 FAMÍLIA DAS CASPASES As Capases são chamadas assim porque são enzimas que clivam proteínas quando identificam o aminoácido Cisteína e fazem essa clivagem na região da Asparagina (ou ácido aspartico). Caspases = cysteine-aspartic-proteases Elas vão ativar endonucleases e isso vai permitir a fragmentação do material genético DNA. Elas tem 2 subunidades: uma grande e uma pequena, que também são nomeadas como: um domínio principal e um regulatório, chamado de pró domínio. → O domínio regulatório é clivado quando elas são ativadas. Existem caspases: iniciadoras: que fazem auto-clivagem e se auto-ativam, iniciando a cascata de apoptose e ativando as caspases efetoras. efetoras: clivam outras proteínas FAMÍLIA DA PROTEÍNA Bcl-2 = ONCOPROTEÍNA ANTIAPOPTÓTICA A proteína Bcl-2 vem de uma família de diversas proteínas, tanto Anti-apoptóticas (citosol) quanto Pró-apoptóticas (mitocôndria). Apoptose 9 → Os cientistas descobriram que a Bcl-2 é Anti-apoptótica e que, para um tumor se estabelecer, ele precisa bloquear a apoptose, que é justamente o que a Bcl-2 faz. → Eles também perceberam que quando a proteína Bcl-2 está aumentada, a chance de um indivíduo desenvolver um câncer é 50% maior, pois a célula não recebe os estímulos para apoptose e ela vive mais do que deveria viver. → Dessa forma, lidar com essa proteína é um passo a mais para desenvolver um tratamento para o câncer. TÉCNICAS PARA ANÁLISE DA APOPTOSE ANEXINA5 A Anexina é um corante com fluorófaro verde, que fica exposto na superfíce da célula. A técnica da Anexina-5 é baseada na Fosfatil glicerina ELETROFORESE OU CLIVAGEM DO DNA Apoptose 10 Uma das formas de identificar o material genético degradado é fazendo a eletroforese. Como na apoptose há a clivagem do DNA, posso analisar o material genético e ver se houve ou não apoptose. No caso, houve apoptose nas amostras 2 e 6. MICROARRANJOS Esse método vê a expressão gênica (análise do DNA e RNA das células) Aumento de proteínas apoptóticas = célula em apoptose. E vice-versa. Cor laranja: gene muito expresso. (célula em apoptose) Cor verde: pouco expresso. Cor amarela: expressão normal. verde ou amarelo = não está em apoptose.
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