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Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha Necrose ● Alterações morfológicas que seguem à morte celular; ● Necrose pode atingir células isoladas, áreas de um tecido ou órgãos inteiros. TECIDO NECRÓTICO = TECIDO MORTO ● A necrose pode ocorrer em consequência da atuação de enzimas: - Da própria célula -> autólise; - De macrófagos e leucócitos -> heterólise. "As células animais que morrem em resposta a um dano agudo, como um trauma ou uma falta de suprimento sanguíneo, geralmente morrem por um processo chamado de necrose celular. As células necrosadas se expandem e explodem, liberando seus conteúdos sobre as células adjacentes e provocando uma resposta inflamatória. Em muitos casos, a necrose provavelmente é causada pela depleção energética, que leva a defeitos metabólicos e perda de gradientes iônicos que normalmente ocorrem através da membrana celular.” (ALBERTS) Uma morte celular que deixa rastros no tecido, existem alterações morfológicas na célula. Na anatomia patológica e em lâminas é mais fácil de identificar que a apoptose. Ao deixar rastros, ela pode afetar as células que estão ao redor da mesma. A necrose acontece por consequência da atuação enzimática, as enzimas fazem um processo de destruição de elementos da própria célula ou enzimas de outras células vão fazer o processo de destruição. As enzimas vão desencadear uma reação enzimática que vai degradar uma estrutura celular importante, por exemplo o DNA da célula, o núcleo da célula, porque houve uma injúria e aquela enzima pode ser um representante da injúria celular. Qual o problema da necrose? Deixa restos da atividade, restos da célula de atividade enzimática do produto de digestão enzimática, ela interfere nas células próximas e, a própria célula por ter o meio alterado passa a gerar uma resposta (alteração de pH por exemplo) e essa resposta gera uma inflamação, migração de novas células para esse local. ➔ Um processo patológico gera uma agressão nessa célula e essa célula vai ativar enzimas. Uma infecção bacteriana, infarto, álcool, a falta de oxigênio, vai levar a alteração de enzimas dentro da célula e essas enzimas destroem estruturas importantes da célula. Mas a enzima não consegue fragmentar a célula como um todo, então tem os resíduos. Os resíduos gerados por produtos das reações enzimáticas vão alterar a composição da célula e podem gerar uma resposta inflamatória capaz de interferir nas outras células. Características de uma célula necrótica em microscopia óptica Quais são os eventos celulares morfológicos que podem ser identificados em uma célula necrótica na microscopia ótica? Picnose nuclear (núcleo diminuído, perde sua individualidade, porque houve lise) e a eosinofilia do citoplasma: as células de maneira geral vão se corar por afinidade química, usam normalmente dois corantes: Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha eosina (afinidade por pH baixo, rosa) e tem a hematoxilina (é basofílico, afinidade por pH alto e tem cor roxa). Normalmente uma célula normal tem citoplasma rosa e núcleo roxo, mas quando há uma célula necrótica é eosinofílica, porque o núcleo sofre lise, as alterações se iniciam no núcleo e essas fazem uma fragmentação, há digestão enzimática do núcleo e o citoplasma fica eosinofílico. A célula toda fica rosa bem forte. ● Picnose: retração e adensamento do núcleo, com perda da individualidade dos grânulos de cromatina. ● Cariorrexe: fragmentação do núcleo picnótico. ● Cariólise: coloração nuclear pálida e fraca. ● Eosinofilia: o citoplasma perde a leve basofilia que lhe é característica, passando a cor de rosa forte (digestão do RNA do citoplasma). A: Célula normal. B: Picnose. O núcleo ocupava todo o halo. A cromatina se compactou. C: Cariorrexe. Começa a perda da membrana que envolvia o núcleo, foi se degradando. D: E: Completa digestão do núcleo, deixando o citoplasma eosinofílico. Necrose isquêmica do miocárdio (infarto): A: Miocárdio normal. Tem fibras, o citoplasma não é uma placa eosinofílica, tem “rajadas” branca e rosa, têm núcleos dentro da célula, a fibra muscular é mais linear (então o núcleo também é mais fusiforme). B: Fibra eosinofílica e anucleada. Houve infiltrado inflamatório (os pontinhos são núcleos de células do sistema imunológico de leucócitos, é um infiltrado inflamatório, a fibra está anucleada (não tem mais núcleo, tendo agora só núcleo fora da fibra, o rosa ficou mais “denso”), do lado de fora tem os leucócitos, a necrose forma exsudato que é “pus”. *As fibras são rosas e a área branca é extracelular. Eosinofilia e anucleação (ou núcleos desnudos) das fibras. Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha Infarto renal (modelo experimental: Migração de células, desorganização do parênquima. Apoptose ● Apoptosis - grego para ‘falling off’, (cair, desfazer). ● Processo de morte celular programada. ● A inibição deste processo é ativa e altamente regulada. "As células que morrem por apoptose sofrem modificações morfológicas características. Elas se encolhem e condensam, o citoesqueleto colapsa, o envelope nuclear se desfaz, e a cromatina nuclear se condensa e se quebra em fragmentos. A superfície da célula frequentemente abaula para o exterior e, se a célula for grande, rompe-se em fragmentos fechados por uma membrana, chamados corpos apoptóticos. A superfície da célula ou dos corpos apoptóticos torna-se quimicamente alterada, sendo rapidamente engolfada por uma célula vizinha ou um macrófago (uma célula fagocítica especializada), antes que ela possa liberar seus conteúdos. Dessa maneira, a célula morre de forma ordenada e é rapidamente eliminada, sem causar uma resposta inflamatória prejudicial. Pelo fato de as células serem fagocitadas e digeridas rapidamente, em geral existem poucas células mortas para serem vistas, mesmo quando um grande número de células tenha morrido por apoptose.” (ALBERTS) É mais complexa que a necrose, pois ela não deixa rastros. Dificilmente identifica apoptose no microscópio eletrônico. É a morte programada por várias famílias de proteínas e de genes, tendo relação de genes e proteínas que vão estar preparadas para desencadear a morte celular desde que haja um sinal para isso ocorrer. "A morte celular ajuda a esculpir mãos e pés durante o desenvolvimento embrionário: eles começam como estruturas em forma de pá, e os dedos individuais se separam apenas quando as células entre eles morrem, como ilustrado para uma pata de camundongo. Em outros casos, as células morrem quando a estrutura formada por elas não é mais necessária.” (ALBERTS) Formação dos dedos na pata do camundongo em desenvolvimento por apoptose. (A) As células apoptóticas aparecem como pontos verdes brilhantes entre os dedos em desenvolvimento. (B) A morte de células interdigitais eliminou o tecido entre os dedos em desenvolvimento. Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha “A apoptose também funciona como um processo de controle de qualidade no desenvolvimento, eliminando células que são anormais, posicionadas de forma incorreta, não funcionais ou potencialmente perigosas ao animal.” (ALBERTS) A morte celular só vai ocorrer caso haja uma necessidade fisiológica. O próprio desenvolvimento de embriogênese de alguns seres requer apoptose. No ser humano, quando o embrião está se desenvolvendo não se tem as digitais e as falanges, se tem um epitélio entre as digitais e ele é perdido por apoptose dessa célula. “As células animais podem reconhecer dano em suas várias organelas e, se o dano for grande o suficiente, elas podem matar a si mesmas entrando em apoptose. Um exemplo importante é o dano no DNA que pode produzir mutações que promovem câncer se não forem reparadas. As células possuem várias vias de detecção de danos no DNA e entram em apoptose caso não possam repará-los.” (ALBERTS) Quando se fala de apoptose tem que lembrar que existem mecanismos pró-apoptóticos(que ativam a apoptose) e mecanismos anti-apoptóticos (que são pró sobrevivência da célula). ➔ A p53 (normal) é uma proteína presente no DNA e que ajuda na regulação dos mecanismos de regulação pró-apoptóticos. Se tem uma célula que está “errada”, a p53 ajuda a desencadear os mecanismos pró-apoptóticos. ➔ Quando a p53 está mutante ela perde essa capacidade e as células só tem mecanismos pró-sobrevivência. Exemplo: o desenvolvimento embriológico, a geração da mão; girino quando perde a cauda e vira sapo; as células humanas quando entra um vírus ou bactérias nos tecidos e as células "resolvem" a situação sem a pessoa ficar doente, a morte foi por apoptose. O tumor é quando os mecanismos anti-apoptóticos sobreviveram. Se houver resposta imunológica a morte vai ser por apoptose, mas se o sistema imunológico não está conseguindo responder suficientemente bem para aquela infecção, então é morte por necrose. Fases da Apoptose Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha ● A célula compacta-se; ● A membrana forma invaginações; ● A cromatina sofre condensação; ● O DNA fragmenta-se; ● A célula morta divide-se em vesículas membranares (corpos apoptóticos) que são fagocitados. Imagem: A célula começa a se compactar e isso se inicia porque o citosol se retrai (diminui o citosol e quanto mais se condensa, mais formam invaginações na membrana, e as invaginações formam vesículas). A célula se fragmenta como um todo e a fragmentação vai formar estruturas pequenas que são chamadas de corpos apoptóticos, e esses corpos são fagocitados por macrófagos residentes (macrófagos são células que permanecem nos tecidos para defesa imediata independente do sistema imunológico como um todo). Os macrófagos residentes não saem do tecido e eles fagocitam os corpúsculos apoptóticos e resolvem o “problema” sem gerar inflamação. A fagocitose acontece por células residentes. *Na necrose, como tem uma célula ainda inteira com dano dentro, diferente do que ocorre na apoptose, os macrófagos residentes tentam e não conseguem. Por isso há infiltração de células, a infiltração são fagócitos do sangue que chegam para tentar fagocitar e, se conseguem fagocitar eles acabam potencializando a infecção. Pode ser: fisiológica ou patológica. 1. Fisiológica: ● No desenvolvimento embriológico (embriogênese); ● Involução dependente de hormônios (tróficos) - os fatores tróficos são fundamentais para que haja a sobrevivência da célula, é anti-apoptótico. Por exemplo, no ciclo ovulatório. ● Controle de populações celulares. Por exemplo, durante o desenvolvimento do sistema nervoso podem ter números de neurônios maiores do que as células-alvo. ● Eliminação de células após exercer função. Por exemplo, os leucócitos. ● Eliminação de linfócitos auto-reativos; ● Morte celular induzida por células T citotóxicas. 2. Patológica: ● Estímulos nocivos. Por exemplo, radiação, substâncias tóxicas, febre; ● Doenças virais. TNF (fator de necrose tumoral) é um mecanismo que vai desencadear a apoptose estimulado pelos vírus; ● Morte dos tumores (pode usar mecanismos pró-apoptóticos); ● Lesão mitocondrial (eventos de radiação, injúria); ● Atrofia patológica dos órgãos parenquimatosos após obstrução ductal. Funções da apoptose ● Na formação de estruturas; ● Na eliminação de estruturas (tecidos inteiros); ● No controle das populações celulares; ● Na eliminação de células anormais; ● Atrofias e Regressão de Hiperplasias; ● Isquemias (hipóxia); ● Radiação; ● Mutagênese química; ● Infecção viral. Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha Exemplos da morte celular programada. Fatores reguladores de apoptose Podem exacerbar (potencializar) a apoptose: ● A retirada de fatores tróficos (por exemplo, os hormônios); ● Glicocorticóides; ● Citocinas (IL, -1beta, TNF, TGF beta) ● Espécies reativas de oxigênio e nitrogênio; ● Proteínas relacionadas ao controle (P53, bax, c-myc, anti-Fas); ● Calor (> 43ºC); ● Quimioterápicos anti-câncer; ● Radiação UV e gama. O que pode diminuir a apoptose: ● Fatores de crescimento (tróficos); ● Interleucinas que geram resposta das células do sistema imunológico, as citocinas de uma resposta mais prolongada (IL-2, IL-3, IL-4, IL-6); ● Hormônios; ● Algumas proteínas (Bcl que tem agentes anti-apoptóticos (Bcl-2) e a p53 mutante (porque a p53 normal irá regular/proteger as células). Alterações morfológicas que ocorrem na célula apoptótica A apoptose, em contraste com a necrose, não desperta reação inflamatória, sendo mais difícil a sua identificação histológica. Fagocitose da célula apoptótica Por que a fagocitose de células apoptóticas é diferente da necrótica? Pois quem fagocita a apoptotica é o macrofago residente. Por que ele não fagocita a necrótica? Pois existe uma sinalização celular. Na dupla camada de fosfolipídios têm lipídios diferentes no ambiente voltado para o intracelular dos que estão voltados para o extracelular. Esses fosfolipídios podem trocar de posição em alguns momentos específicos durante a vida da célula, e durante a apoptose acontece o mecanismo de flip-flop. O fosfolipídio é um agente sinalizador e é reconhecido por macrófagos, mas que tem outros papéis na parte interna da célula e vai para o lado de fora, quando a fosfatidilserina vai para o lado de fora, ela é reconhecida pelos seus receptores do macrófago e esse reconhecimento é o que garante que haja uma fagocitose regulada por esses macrófagos residentes. O mecanismo de flip-flop é fundamental. Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha A morte das hemácias ocorre por apoptose? Há uma discussão na literatura. A morte das hemácias é fisiológica, em 120 dias elas são degradadas e não geram dano. Entretanto, quando se estuda de fato o tipo de morte celular, na hemácia seria uma apoptose específica das hemácias, porque justamente as hemácias são selecionadas para morte quando perdem a capacidade de realizar o mecanismo de flip-flop. Então, é uma morte programada e é chamada de eritrose (que seria uma apoptose específica, porque é diferenciada). Necrose x Apoptose Vão se diferenciar tanto quanto o processo que desencadeia quanto com o resultado final. Na necrose tem uma destruição que se inicia pela lise do material nuclear e depois acontece a lise da membrana plasmática. Na apoptose o material nuclear é compactado junto com o citosol e forma o chamado corpúsculo, apenas no final as organelas e a própria membrana celular começam a ser lisadas. Na necrose há digestão das cromatinas e a célula é lisada e seu conteúdo celular é desprezado para fora da célula que irá gerar a inflamação. Características Apoptose Necrose Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha Estímulos indutores Fisiológicos Patológicos (geralmente injúria) Ocorrência Células isoladas Grupos de células Reversibilidade Não, após alterações morfológicas Sim, até o ponto de não retorno Adesões entre células e à membrana basal Perdidas (início) Perdidas (fim) Fagocitose por células adjacentes Presente Ausente Inflamação exsudativa Ausente Presente Célula Formação de corpos apoptóticos Intumescimento e a seguir desintegração Núcleo Convulação de limite nuclear e desaparecimento (carioréxis) Desaparecimento (cariólise) Cromatina Compactação em massas uniformemente densas Vacuolizações* Quebra de DNA Internucleossômica Ao acaso Organelas citoplasmáticas Intumescimento (fase final) Intumescimento (fase inicial) Liberação de enzimas lisossomais Ausente Presente Energia Requerida Não requerida. Duas formas distintas de morte celular. Essas micrografias eletrônicas mostram células que morreram por apoptose (A e B) ou por necrose (C). As células em (A) e (B) estão condensadas, mas parecem relativamente intactas, enquanto a célula em (C) parece ter explodido. Os grandes vacúolos visíveis no citoplasma da célula em (A) são uma característica variável da apoptose.Caspases C- cisteína asp-aspartato ● Caspases - atuam sobre um inibidor de DNAse, levando a fragmentação do DNA nuclear. ● Clivagem das proteínas do citoesqueleto. ● Atuam nas proteínas da lâmina nuclear. Desencadeia a apoptose. A apoptose depende de uma cascata proteolítica intracelular mediada por caspases. “A apoptose é disparada por membros de uma família de proteases intracelulares especializadas, que clivam sequências específicas em numerosas proteínas dentro da célula, proporcionando, assim, mudanças dramáticas que levam à morte celular e ao engolfamento. Essas proteases têm uma cisteína no seu sítio ativo e clivam suas proteínas-alvo em ácidos aspárticos específicos; elas são então chamadas de caspases. As caspases são sintetizadas na célula como precursores inativos e são ativadas apenas durante a apoptose.” (ALBERTS) ● Mais de 10 membros. ● Divididas funcionalmente em 2 classes de caspases apoptóticas: - Iniciadoras; - Efetoras. “As caspases iniciadoras, como indica seu nome, iniciam o processo apoptótico. Elas normalmente existem como monômeros solúveis e inativos no citosol. Um sinal apoptótico dispara a montagem de grandes plataformas proteicas que congregam múltiplas caspases iniciadoras em grandes complexos. Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha Dentro desses complexos, pares de caspases se associam para formar dímeros, resultando na ativação da protease. Cada caspase no dímero, então, cliva seu parceiro em um sítio específico no domínio de protease, o que estabiliza o complexo ativo e é requerido para o funcionamento apropriado da enzima na célula. A principal função das caspases iniciadoras é ativar as caspases executoras. Estas normalmente existem como dímeros inativos. Quando são clivadas por uma caspase iniciadora no sítio no domínio da protease, o sítio ativo é rearranjado de uma conformação inativa para uma ativa. Um complexo de caspase iniciadora pode ativar muitas caspases executoras, resultando em uma amplificação da cascata proteolítica. Uma vez ativada, caspases executoras catalisam os diversos eventos de clivagem de proteínas que matam a célula.” (ALBERTS) Ativação da caspase durante a apoptose. Uma caspase iniciadora contém um domínio de protease na sua região carboxiterminal e um pequeno domínio de interação com uma proteína perto do seu aminoterminal. Os sinais apoptóticos disparam um conjunto de proteínas adaptadoras, carregando múltiplos sítios de ligação para o domínio aminoterminal da caspase. Uma vez que as proteínas adaptadoras tenham se ligado, as caspases iniciadoras dimerizam e são, desse modo, ativadas, levando à clivagem de um sítio específico nos seus domínios de protease. Cada domínio de protease é assim rearranjado em uma subunidade maior e uma menor. Em alguns casos (não mostrado), o domínio de ligação ao adaptador da caspase iniciadora é também clivado. As caspases executoras são inicialmente formadas como dímeros inativos. Após a clivagem em um sítio do domínio da protease por uma caspase iniciadora, o dímero de caspase executora sofre uma mudança conformacional que o ativa. Então, a caspase executora cliva uma variedade de proteínas-chave, levando à morte controlada da célula. - Tem duas "equipes": a desencadeadora e a efetora. São denominadas por números e são uma classe de proteínas formadas pela cisteína, unidas pelo aspartato. - Quando são transcritas, saem com domínio peptídeo inativador (domínio pro). - Pró para o organismo quer dizer inativo. As pró-caspases possuem o domínio inativador e é a perda desse domínio inativador que vai fazer que haja a ativação, e ativada vai ter a efetivação de mecanismos apoptóticos. (A) Ativação da pró-caspase Está no citosol inativa tem domínio inativador que é o fragmento peptídico, então ela perde o domínio. Uma vez que se tem uma caspase ativa, começa a desencadear/potencializar a atividade de diversas caspases, por isso é uma cascata. (B) A cascata das caspases Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha As primeiras a serem ativadas são as que fazem a clivagem das proteínas do citosol, por isso que o citoplasma vai se retraindo. A potencialização da cascata de ativação das caspases é o que leva à clivagem da membrana nuclear. Então desencadeou do citosol para o núcleo e com isso dá tempo de formar os corpúsculos e fragmentar. Como a primeira caspase iniciadora é ativada em resposta a um sinal apoptótico? Os dois mecanismos de ativação mais bem entendidos em células de mamíferos são chamados de via extrínseca e via intrínseca ou mitocondrial. Apoptose - Via extrínseca Receptores de morte na superfície celular ativam a via extrínseca da apoptose. “A ligação de proteínas de sinalização extracelular a receptores de morte na superfície celular dispara a via extrínseca da apoptose. Os receptores de morte são proteínas transmembrana contendo um domínio extracelular de ligação ao ligante, um domínio transmembrana único e um domínio de morte intracelular, o qual é requerido pelos receptores para ativar o programa apoptótico. Os receptores são homotrímeros e pertencem à família de receptores do fator de necrose tumoral (TNF), o qual inclui um receptor para o próprio TNF e o receptor de morte Fas. Os ligantes que ativam os receptores de morte também são homotrímeros; eles são estruturalmente relacionados e pertencem à família TNF de proteínas sinalizadoras. Um exemplo bem entendido de como os receptores de morte disparam a via extrínseca da apoptose é a ativação de Fas na superfície da célula-alvo pelo ligante Fas na superfície de um linfócito (citotóxico) matador. Quando ativado pela ligação do ligante Fas, domínios de morte na cauda citosólica dos receptores de morte Fas, ligam-se a proteínas adaptadoras intracelulares, que, por sua vez, ligam caspases iniciadoras (caspase-8 principalmente), formando um complexo de sinalização indutor de morte (DISC). Uma vez dimerizada e ativada em DISC, as caspases iniciadoras clivam seus parceiros e então ativam caspases executoras a jusante (downstream) para induzir apoptose . Em algumas células a via extrínseca recruta a via apoptótica intrínseca para amplificar a cascata da caspase e matar a célula. Muitas células produzem proteínas inibidoras que agem para controlar a via extrínseca. Algumas células, por exemplo, produzem a proteína FLIP que se assemelha à caspase iniciadora, mas não possui atividade de protease, porque falta a cisteína-chave no seu sítio ativo. FLIP dimeriza-se com caspase-8 no complexo DISC; embora a caspase-8 pareça ser ativa nesses heterodímeros, ela não é clivada no sítio requerido para sua ativação estável e o sinal apoptótico é bloqueado. Tais mecanismos inibidores ajudam a prevenir a ativação inapropriada da via extrínseca da apoptose.” (ALBERTS) Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha (A) Ativação da apoptose de fora da célula (via extrínseca) A via extrínseca vai ter uma resposta porque alguma célula reconheceu receptores da célula e o reconhecimento dos receptores promoveu a ativação das caspases, desencadeando a apoptose. Exemplo: linfócitos citotóxicos expressam uma proteína na superfície chamada ligante do Fas, quando as células por algum motivo passam a expressar na superfície delas as proteínas Fas pode ser porque a célula não serve mais, porque os fatores tróficos - hormônios que ficavam ligados a essa proteína Fas não estão mais presentes, porque a célula está infectada por um vírus. Assim, o ligante se liga ao Fas (receptor) e ativa as caspases, desencadeando o processo de apoptose. Além do Fas e do ligante do Fas, um outro fator que ativa a via extrínseca é o TNF que encontra receptores na superfície da célula e desencadeia esse mesmo processo. Apoptose - Via intrínseca (B) Ativação da apoptose de dentro da célula (via intrínseca - mitocondrial). A via intrínseca da apoptose depende da mitocôndria.“As células podem ativar também seus programas de apoptose de dentro da célula, frequentemente em resposta ao estresse, tal como o dano do DNA ou em resposta a sinais de desenvolvimento. Em células de vertebrados, essas respostas são governadas por vias apoptóticas intrínsecas ou mitocondriais, que dependem da liberação de proteínas mitocondriais no citosol, que normalmente residem no espaço intermembrana dessas organelas. Algumas das proteínas liberadas ativam a cascata proteolítica de caspases no citoplasma, levando à apoptose. Uma proteína-chave na via intrínseca é o citocromo c, um componente solúvel em água da cadeia transportadora de elétrons da mitocôndria. Quando liberada no citosol, ela assume uma nova função: liga-se a uma proteína adaptadora chamada Apaf1 (fator 1 de ativação da protease apoptótica), promovendo a oligomerização de Apaf1 em um heptâmero tipo roda, chamado apoptossomo. Então as proteínas Apaf1 no apoptossomo recrutam as proteínas caspase-9 iniciadoras, que, acredita-se serem ativadas pela proximidade no apoptossomo, tal como a caspase-8 é ativada em DISC. As moléculas caspases-9 ativadas ativam então caspases executoras para induzir apoptose.” (ALBERTS) A via intrínseca da apoptose. Estímulos apoptóticos intracelulares provocam a liberação do citocromo c na mitocôndria, que interage com Apaf1. A ligação do citocromo c induz Apaf1 a se desenovelar parcialmente, expondo um domínio que interage com o mesmo domínio em outras moléculas de Apaf1 ativadas. Sete proteínas Apaf1 ativadas formam um grande complexo na forma de um anel chamado apoptossoma. Cada proteína Apaf1 contém um domínio de recrutamento da caspase (CARD), e esses são agrupados acima do eixo Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha central do apoptossoma. CARDs ligam-se em domínios similares em múltiplas moléculas de caspase-9, que são então recrutadas para o apoptossoma e ativadas. O mecanismo de ativação da caspase-9 ainda não é bem entendido: provavelmente resulta da dimerização e clivagem de proteínas caspase-9 adjacentes, mas poderia também depender de interações entre caspase-9 e Apaf1. Uma vez ativada, a caspase-9 cliva, ativando, dessa forma, as caspases executoras a jusante. Observe que CARD está relacionada em estrutura e função com o domínio efetor de morte da caspase-8. Na via intrínseca tem outro mecanismo de ativação das caspases, vem de dentro da própria célula, especificamente de dentro das mitocôndrias. As mitocôndrias têm papel chave na ativação da via intrínseca, pois é na membrana mitocondrial que tem a família de proteínas chamadas Bcl2 (presente na membrana externa da mitocôndria) que é um agente regulador da ativação das caspases na via intrínseca. A família Bcl2 que tem tanto proteínas pró-apoptóticas quanto anti-apoptóticas, é um agente regulador da ativação das caspases pela via intrínseca. Um dano mitocondrial faz com que moléculas do citocromo que são restritas à mitocôndria, são os carreadores de elétrons mitocondriais, enzimas mitocondriais, moléculas citocromais, são moléculas móveis que ficam próximas as membranas das cristas, mas que tem funcionalidade significativa nas mitocôndrias. Essas moléculas se ligam a uma proteína adaptadora no citosol que vai induzir a ativação das caspases, e uma vez que tiver caspase ativada não tem retorno. Se quer controlar o mecanismo apoptótico tem que agir nas famílias de proteínas que coordenam as caspases e regulam a atividade das mesmas. A Bcl-2 através da Apaf-1 (proteína transportadora) leva o citocromo até a pró-caspase e assim tira o domínio inativador. A Apaf-1 faz parte da família Bcl-2, é pró-apoptótica. A família de proteínas Bcl-2: uma classe pró-sobrevivência e duas classes pró-apoptóticas: Existem alguns domínios no DNA que vão se alterar nas proteínas, mas um domínio permanece íntegro, que é o BH3, uma parte do gene está presente tanto nas anti-apoptóticas quanto nas pró-apoptóticas. Então o domínio único garante que elas sejam da mesma família. *Para não confundir: a família se chama Bcl-2 e a proteína que também é denominada Bcl-2 é a que é pró-sobrevivência. Há ligação de proteínas de outras famílias que é o que ocorre com a Apaf que foi induzida pela Bcl-2, ancoragem nas membranas e por isso ela fica ancorada na membrana mitocondrial e em geral a promoção da apoptose vai ser representada pela ausência dos domínios do gene BH1 e BH2 é a ausência desses domínios gênicos que vão garantir as Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha proteínas representadas por essa família que levam a apoptose. Os receptores de morte celular: Representantes da ativação da via extrínseca. ● TNF (fator de necrose tumoral): é um estimulador de apoptose. ● Fas: é um receptor da família dos receptores de TNF. Modos pelos quais fatores de sobrevivência celular suprimem apoptose Moléculas de sinalização extracelular que inibem a apoptose, que, juntas, são chamadas de fatores de sobrevivência. O papel dos fatores de sobrevivência e morte celular no ajuste do número de células nervosas em desenvolvimento para a quantidade de tecido-alvo. Mais células nervosas são produzidas do que podem ser mantidas pela quantidade limitada de fatores de sobrevivência liberados por células-alvo. Por conseguinte, algumas células nervosas recebem uma quantidade insuficiente de fatores de sobrevivência para evitar a apoptose. Essa estratégia de superprodução seguida por seleção ajuda a assegurar que todas as células-alvo sejam contatadas por células nervosas e que as células nervosas extras sejam automaticamente eliminadas. Um fator de sobrevivência está ocupando o receptor e se o está ocupando, as proteínas regulatórias se não houver mecanismo intracelular não haverá apoptose, mas se houver mecanismo intracelular pode haver apoptose. Elas próprias se regulam. A Bad é pró-apoptótica. Apoptose: mecanismos Na imagem demonstra tanto os mecanismos intrínsecos quanto extrínsecos (Fas, TNF). Extrínsecos: encontra o receptor e a sinalização é indutor (ativador) das caspases. Intrínseca: a deficiência de fatores hormonais ou tróficos é algo que deixa a célula sem funcionar. Lesão Celular (Necrose x Apoptose) Giulia Magno Rocha Apoptose x Sobrevivência Portanto, a homeostase tecidual depende do perfeito equilíbrio entre moléculas pró e anti apoptóticas. Conceito chave: A apoptose é o destino automático de uma célula em um organismo multicelular, a menos que a célula receba sinalização por fatores tróficos (ou de sobrevivência). Em outras palavras: Todas as células necessitam de ESTÍMULOS TRÓFICOS para sobreviverem, na ausência desses fatores cometem suicídio. Interações diretas entre proteínas pró-apoptóticas e anti apoptóticas desencadeiam a apoptose na ausência de fatores de sobrevivência. A ligação desses fatores na superfície celular altera tais interações resultando em sobrevivência celular. Referências: Capítulo 18, Biologia Molecular da Célula - 6ª edição, Alberts.
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