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Org-Espaco-Urbano-05

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Prévia do material em texto

Organização do 
Espaço Urbano
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
5
• A valorização do espaço urbano versus a desvalorização
• Requalificação, refuncionalização e gentrificação urbanas
• Patrimônio e a cidade no Brasil
 · Nesta unidade abordaremos a questão da valorização e desvalorização do espaço 
urbano, evidenciando algumas situações em cidades brasileiras.
 · Além disso, trataremos de alguns conceitos relativos às transformações 
empreendidas nas cidades, sobretudo em suas áreas centrais, que as levam a 
processos denominados por alguns autores de gentrificação, refuncionalização e 
requalificação urbanas.
Esta unidade trata de temáticas relativas à valorização do espaço urbano e o patrimônio.
Para melhor compreensão do tema, é fundamental conhecer os conceitos usados para discutir 
essa temática urbana, tais como: valorização, desvalorização, gentrificação, refuncionalização, 
requalificação, patrimônio, tombamento etc.
É essencial analisar a questão da valorização e da desvalorização urbana, observando-se 
os principais agentes sociais participantes desse processo, caso do Estado e suas políticas 
públicas, dos promotores imobiliários, dos setores de publicidade e propaganda, entre outros.
Para um estudo em Geografia, é importante sempre relacionar os diversos elementos sociais, 
políticos, econômicos e culturais para explicar as situações existentes no espaço geográfico.
Para que você tenha êxito na compreensão das temáticas desta unidade, leia atentamente 
o texto da disciplina e realize as atividades propostas.
Bom estudo!
Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
6
Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Contextualização
Leia atentamente o texto a seguir:
A expressão city-marketing costuma soar, nos círculos politicamente não conservadores, 
pejorativa. Existem, decerto, boas razões para isso, pois é fácil imaginar (e pode-se 
constatar) que, em não poucos casos, está-se diante de uma tentativa de construção de uma 
imagem “asséptica” e certinha da cidade em questão, com o fito de atrair investimentos e 
turista (um caso que tem sido mais cada vez mais estudado, no Brasil, é o de Curitiba [...] 
Poder-se-ia dizer, assim, que, em várias situações, o problema que existe por trás do marketing 
urbano é o mesmo que reside em qualquer propaganda enganosa, em que as qualidades 
do produto a ser comercializado são exageradas e possíveis defeitos são escamoteados. 
A analogia com a propaganda enganosa (versus propaganda honesta) é, contudo, ela própria 
defeituosa e limitada. Uma cidade não é um simples produto ou uma mercadoria qualquer, 
que se possa descrever objetivamente por meio de suas propriedades; uma cidade é um 
complexo sócio-espacial onde várias leituras e interpretações coexistem, competindo entre 
si e refletindo interesses divergentes. Por conseguinte, sem querer sugerir que a dimensão 
ética seja irrelevante, é necessário considerar as coisas em outro plano, o da produção de 
ideologias. Nesse plano, o marketing urbano “deformado” deve ser considerado como o 
resultado de uma tentativa de influenciar não apenas investidores e turistas em potencial, mas 
toda uma opinião pública, formando uma imagem de cidade conforme aos interesse e à visão 
de mundo dos grupos dominantes.
(Fonte: Texto literal extraído de SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2006, p. 302 - 303).
Em algumas cidades do mundo, as paisagens e os patrimônios urbanos são usados pelos 
atores sociais vinculados ao marketing e à propaganda, que buscam “vender” a cidade como 
uma mercadoria a ser consumida principalmente pelos turistas. Isso em geral valoriza certos 
subespaços das cidades, que passam a ser consumidos pelos moradores locais e também pelos 
turistas. Contudo, como afirma Marcelo Lopes de Souza (2006), a cidade é mais do que isso, 
do que uma mercadoria consumida por turistas e moradores. A cidade é multidimensional, tem 
vários usos e formas espaciais, que variam ao longo do tempo.
O problema de se destacar apenas uma região ou subespaço de uma cidade é o de vincular 
as políticas urbanas tão somente para essa região em detrimento de toda a cidade.
É importante que as cidades tenham patrimônios preservados, mas também é fundamental que se 
reconheça a cidade com seus diferentes usos sociais e que todos tenham direito a uma cidade melhor.
Para conhecer melhor sobre os processos que levam à valorização e à desvalorização das 
cidades, leia o texto teórico desta unidade.
7
A valorização do Espaço Urbano versus a desvalorização
Toda cidade, mesmo as menores, passa por processos de transformações e tem diferentes 
atores sociais atuando sobre ela. São eles: os promotores imobiliários, os proprietários 
fundiários (de terras), os moradores em diferentes condições socioeconômicas, os donos dos 
meios de produção (indústria), o Estado em suas diversas instâncias políticas, entre outros.
Contudo, é mais comum que nas grandes cidades existam processos que levem à valorização 
ou à desvalorização de algumas áreas da cidade, devido à maior dinâmica urbana nessas 
grandes cidades.
A ação dos atores sociais é bastante variada, conforme suas intencionalidades, como explica 
Roberto Lobato Corrêa:
A ação destes agentes é complexa, derivando da dinâmica de 
acumulação de capital, das necessidades mutáveis de reprodução 
das relações de produção, e dos conflitos de classe que dela 
emergem. A complexidade da ação dos agentes sociais inclui 
práticas que levam a um constante processo de reorganização 
espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço 
urbano, densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas, 
renovação urbana, relocação diferenciada da infraestrutura e 
mudança, coercitiva ou não, do conteúdo social e econômico de 
determinadas áreas da cidade.
(CORRÊA, 2000, p. 11).
Na medida em que uma cidade vai crescendo, novas áreas vão se tornando de interesse 
e valorizadas pelo mercado imobiliário. Em geral, situam-se em espaços que contenham 
amenidades socialmente construídas, sejam espaços construídos em lugares próximos a áreas 
verdes, próximos ou com vistas do mar, ou com infraestrutura que atenda aos interesses de 
uma determinada classe social.
Para as classes sociais mais abastadas, é comum hoje nas cidades brasileiras que existam 
atividades comerciais e serviços especializados atendendo às demandas sociais desse segmento 
social. Há restaurantes mais caros, shopping centers com lojas de grife, serviços de estética 
e beleza sofisticados, lojas de automóveis de luxo etc.
Assim, há um processo paradoxal capitalista, pois enquanto algumas áreas são valorizadas, 
em outras ocorre o processo contrário, de deterioração e desvalorização, que atingem os 
imóveis e atividades que se encontram nesses lugares.
LucianaCruz
Highlight
8
Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Nesse sentido, a localização é fundamental numa cidade, e possibilita auferir uma renda 
diferencial, conceito este definido por Marx, que assim afirma:
Onde quer que exista renda, a renda diferencial aparece por toda 
parte, obedece às mesmas leis que a renda diferencial agrícola. 
Onde quer que forças naturais sejam monopolizáveis e assegurem 
um sobrelucro ao industrial que as explora, seja uma queda 
d’água, uma mina rica, um pesqueiro abundante ou um terreno 
para construção bem localizado, aquele cujo título sobre uma 
parcela do globo terrestre o torna proprietário desses objetos da 
natureza subtrai esse sobrelucro, na forma de renda, ao capital em 
funcionamento.
(MARX, 1988, p. 222).
A renda diferencial é obtida por meio de uma localização diferenciada no espaço urbano. 
Embora para Marx a terra urbana em si não seja uma mercadoria, ganha valor pela localização 
e situação na qual se encontre.
Assim,a própria paisagem pode valorizar ou desvalorizar um determinado imóvel, este sim 
uma mercadoria que estará envolvida pelas condições existentes onde se localize.
Se um imóvel situa-se próximo ou com vista para o mar, terá mais valor do que um localizado 
a várias quadras de uma praia na Zona Sul do Rio de Janeiro, por exemplo.
Então, é importante perceber que a localização e a situação em que um imóvel se encontra, 
bem como toda uma região dentro de uma cidade, podem ir mudando ao longo do tempo. 
O que é valorizado num período pode ser desvalorizado em outro e vice-versa, pois o processo 
é sempre dinâmico.
O processo contrário, portanto, de desvalorização, poderá ocorrer na medida em que certas 
áreas da cidade perdem amenidades, caso de problemas de congestionamentos, barulho, 
poluição do ar ou porque suas formas espaciais não atendem mais aos conteúdos sociais do 
mundo atual.
Como diz Milton Santos (2008a), as cidades têm formas-conteúdos de outros períodos da 
história, são rugosidades espaciais, que foram construídas em outros momentos e às vezes não 
atendem mais às necessidades ou condições atuais.
Na definição do autor, rugosidade espacial é:
Chamemos de rugosidade ao que fica do passado como forma, 
espaço construído, paisagem, o que resta do processo de supressão, 
acumulação, superposição, com que as coisas se substituem e 
acumulam em todos os lugares. As rugosidades se apresentam 
como formas isoladas ou como arranjos.
(SANTOS, 2006, p. 140).
As rugosidades são o legado da história que ficam nas formas espaciais da cidade. Como 
exemplo, podemos citar os prédios construídos em cidades brasileiras no início do século XX. 
Tais formas espaciais da época não requeriam espaços, por exemplo, para instalação de cabos 
de fibra ótica, que atualmente são fundamentais para a rapidez nos sistemas de informação.
9
Outra situação comum é a falta de espaços para estacionamento de carros no próprio 
prédio, já que não havia demanda tão grande para o automóvel como atualmente.
Desse modo, essas formas-conteúdos do passado, essas rugosidades espaciais, vão sendo 
usadas, mas, em alguns casos, são desvalorizadas em relação a outros espaços que vão sendo 
lançados com formas espaciais que atendam a novas demandas sociais e territoriais, que sejam 
mais modernas.
Glória da Anunciação Alves explica esse processo:
A proliferação de centralidades, principalmente econômicas e/
ou produtivas, faz parte do processo de expansão da centralidade 
mas que, dialeticamente, promove a desvalorização dos centros 
tradicionais e ou históricos. Trata-se do fenômeno da dispersão 
dos centros que serve ao fortalecimento do processo de 
centralização e que implica uma valorização/desvalorização dos 
núcleos centrais em razão de uma funcionalidade definida por uma 
racionalidade econômica e pelo crescimento da população e da 
mancha urbana. A valorização de determinados locais é possível 
graças à desvalorização, mesmo que momentânea, de outras 
áreas centrais. Nessa lógica, empresas passam a se deslocar para 
os novos centros em razão das vantagens que lhes apresentam 
as incorporadoras: acesso fácil às vias de trânsito rápido, o 
que descomplica o escoamento da produção e a chegada de 
clientes; prédios com garagens permitindo o estacionamento de 
funcionários, clientes e representantes, que, no centro tradicional, 
sofrem restrições; edifícios modernos, capazes de incorporar as 
tecnologias de comunicações que alguns prédios do centro antigo 
só poderiam fazê-lo se sofressem mudanças estruturais [...] 
(ALVES, 2008, s/p.).
Essa desvalorização, por exemplo, comum em áreas do centro antigo de algumas cidades do 
mundo, leva à existência de prédios inteiros que viram cortiços e tornam-se moradia popular. 
Sobretudo nas cidades que crescem rapidamente e onde são criadas novas centralidades.
Isso é comum em grandes cidades no Brasil e no mundo. Então, as áreas centrais são 
comumente os lugares onde esse processo de valorização e desvalorização, e até revalorização, 
ocorre mais intensamente, e há diferentes atores sociais interessados nesses espaços.
Os promotores imobiliários buscam valorizar tais áreas com novos empreendimentos 
comerciais e residenciais, enquanto aos mais pobres interessa que existam moradias nas quais 
eles possam viver, já que nas áreas centrais concentram-se muitos empregos e não teriam 
custos adicionais com transportes.
Os promotores imobiliários, por meio de incorporadoras (que fazem o planejamento da 
obra), das construtoras, dos financiadores e dos atores da propaganda e publicidade preferem 
que tais espaços sejam valorizados, para auferirem maior renda, já que consideram o espaço 
como um recurso para obterem lucros. Já para os mais pobres que vivem em cortiços de áreas 
centrais, o espaço é visto com um abrigo, como afirma Milton Santos:
10
Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Por outro lado, as situações resultantes nos possibilitam, a cada 
momento, entender que se faz mister considerar o comportamento 
de todos os homens, instituições, capitais e firmas. Os distintos 
atores não possuem o mesmo poder de comando, levando a uma 
multiplicidade de ações, fruto do convívio dos atores hegemônicos 
com os hegemonizados. Dessa combinação temos o arranjo 
singular dos lugares. Os atores hegemonizados têm o território 
como um abrigo, buscando constantemente se adaptar ao meio 
geográfico local, ao mesmo tempo em que recriam estratégias que 
garantam sua sobrevivência nos lugares. É neste jogo dialético que 
podemos recuperar a totalidade.
(SANTOS, 2001, p. 108).
A seguir, vamos discutir alguns conceitos usados pela Geografia para explicar alguns 
processos comuns nas cidades brasileiras e também no mundo.
Requalificação, refuncionalização e gentrificação urbanas
Há situações em algumas cidades, entre as quais podemos citar Los Angeles (EUA) e Barcelona 
(Espanha), onde ocorreram mudanças em algumas áreas, cujo processo é denominado por 
alguns autores (SMITH, 2007) de gentrificação.
Gentrificação é um conceito que foi definido pela socióloga Ruth Glass, em 1964, por 
meio de uma pesquisa sobre a cidade de Londres, na Inglaterra, na qual se evidenciou uma 
dinâmica em alguns bairros operários da cidade, que passaram a ser ocupados posteriormente 
por parte de uma classe média, ou seja, houve uma mudança social urbana em termos de 
classe social e a substituição das classes populares por uma classe média ou média alta.
Conforme explica Rigol (2005), gentrificação pode ter diferentes definições. Geralmente, o 
termo é aceito como um processo de mudança social urbana na qual algumas áreas da cidade 
são transformadas, tanto em sua morfologia e forma espacial quanto do ponto de vista das 
classes sociais que as habitam.
O que é a gentrification continua sendo uma pergunta sem uma 
única resposta válida para todos os casos. Parece aceito, de qualquer 
modo, que se trata de um processo de mudança social urbana, no 
sentido de que determinadas áreas da cidade são transformadas 
tanto morfológica quanto socialmente. Mas, quais são as causas? 
Quais são as consequências? Quais atores participam? Qual é o 
papel nessas mudanças na transformação geral das cidades? Todas 
essas questões permanecem em aberto.
(RIGOL, 2005, p. 99).
Há situações nas quais os projetos de requalificação urbana, empreendidos pelo poder 
municipal, acabam valorizando a região e atraindo novos empreendimentos imobiliários que 
modificam os usos do território onde ocorrem tais mudanças.
11
Então, esse processo acaba levando novas classes sociais a morarem nesses lugares, 
produzindo, assim, um processo de gentrificação. Mas podem existir processos de gentrificação 
que não têm relação apenas com a dimensão econômica, como explica a geógrafa de Barcelona 
Nuria Benach (2005).
Aprofundando o tema
O Caso de Barcelona
Outro exemplo barcelonês pode ilustrar essa fusão entre o material e o simbólico no espaço 
urbano. Na cidade de Barcelona, a imigração está aumentando de modomuito rápido nos últimos 
anos. Ainda representa uma porcentagem moderna com relação a outras cidades europeias (11% 
segundo as cifras oficiais de 2003), mas seu ritmo acelerado de crescimento a tem elevado a uma 
questão de primeira ordem sob numerosos pontos de vista, todos eles problematizados: social, 
econômico, político, cultural. Esses imigrantes, com os problemas derivados da dificuldade da sua 
própria condição mais os que as autoridades políticas lhes impõem com leis restritivas, tendem 
a se concentrar espacialmente em determinados bairros da cidade. Um dos que mostra maior 
concentração, notadamente de marroquinos e paquistaneses, é o centro histórico, uma área que 
se encontra, ao mesmo tempo, em processo de enobrecimento (gentrification).
A luta desses imigrantes é pela sobrevivência material (econômica), política (para obter um status 
legal como residentes) e também simbólica (por meio de manifestações culturais, religiosas e 
de consumo), embora essa seja uma diferenciação que não sei se eles fariam. A vida cotidiana 
mostra como essas distinções são completamente úteis para explicar a vida urbana: as formas 
de sociabilidade, de intercâmbio cultural, de usos do espaço público como espaços de contato, 
como espaços de resistência etc. E, por outro lado, é verdade que nesse mesmo centro histórico 
no qual convivem os recém-chegados com os antigos residentes e os protagonistas de um 
processo muito visível de gentrification, têm interesses distintos para defender, nos que se funde 
irremediavelmente o econômico (por exemplo, os imobiliários ou, simplesmente, um local para 
habitar), com o cultural (que se converte em um recurso econômico, mas que expressa também 
uma maneira de viver baseada em valores culturais).
Há alguns anos se tornou uma polêmica acirrada a propósito da interpretação dos processos de 
gentrification, com ênfase no econômico. Os anseios de alcançar chaves explicativas seguramente 
fizeram carregar excessivamente a balança ora para um ora para outro aspecto, se centrarmos no 
ponto de vista dos que vivem cotidianamente esses espaços, essa separação se torna claramente inútil.
Fonte: Trecho literal extraído de BENACH, Núria. Perspectivas culturais para o estudo da cidade. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; CARRERAS, Carles 
(orgs). Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005, p. 77.
No caso de Barcelona, fundem-se antigos moradores, os imigrantes, os interesses dos 
promotores imobiliários em valorizar as áreas centrais e, por outro lado, os diversos grupos 
sociais vivendo o seu cotidiano. Então se imbricam a dimensão social, cultural e econômica.
Existem alguns termos que comumente são usados para tratar dessas mudanças urbanas, 
comumente em áreas centrais, que visam à valorização do espaço; são eles: revitalização, 
requalificação, refuncionalização etc.
Em geral, tanto o poder público quanto os promotores imobiliários (construtoras, 
incorporadoras etc.) buscam criar termos que possam atrair novos residentes. Algo muito 
comum é dizer que aquela área que antes era deteriorada foi requalificada, afirmando suas 
novas qualidades.
12
Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Como comenta Saint Clair Trindade Jr:
Denominamos essas práticas de requalificação urbana pela própria 
natureza das mesmas, muito preocupadas em dar uma nova 
“qualidade” a esses espaços, comumente tidos como sem vida, com 
funções decadentes e fisicamente degenerados e, muitas vezes, 
sem perspectivas de inovação. Isso os torna, em consequência, 
desabilitados para os novos papéis destinados às cidades 
competitivas. Daí as adjetivações muito próprias reafirmadoras de 
toda uma lógica discursiva que faz parte dos interesses subjacentes 
a essas intervenções, como a ideia de “revitalização” (dar vida ao 
que não tem vida), “reabilitação” (habilitar um espaço que não está 
habilitado), “regeneração” (reconstituir a propriedade).
(TRINDADE JR., 2010, p. 198).
O problema é que com a valorização das áreas centrais e do processo de requalificação, as 
classes populares muitas vezes são expulsas dessas regiões à medida que estas se valorizam e 
que sobem os preços dos imóveis para venda e para aluguel. Isso gera conflito de interesses 
dos diferentes atores sociais e leva os mais pobres a viverem distantes do centro, e nas áreas 
centrais é onde se concentram mais empregos.
Eduardo Yágizi (2005) faz uma distinção entre renovação urbana, que para o autor é uma 
mudança dos prédios, por exemplo, que podem ser demolidos e construídos outros novos, e 
requalificação, que é um conceito mais amplo. Para o autor, renovar + revitalizar = requalificar, 
ou seja, as mudanças de estrutura (dos prédios), de sua renovação, mas também as 
transformações nos usos dos equipamentos e dos edifícios, tudo isto junto seria requalificação.
Eduardo Yázigi assim conceitua os termos:
A requalificação urbana acontece em três situações geográficas: 
pontualmente, linearmente ou por zonas como produtos de 
um plano explícito, conforme o caso. A renovação é sempre 
precedida da demolição de edifícios ou conjuntos, a revitalização 
é a operação que muda a função do edifício ou do espaço 
urbanístico, sem grandes alterações estruturais e a urbanização 
é o movimento que cria a cidade, na medida em que esta avança 
sobre o meio natural. Mas em ciências humanas, urbanização 
significa antes mudança do padrão de sobrevivência, o momento 
social em que o homem passa a independer do trabalho rural 
para seu sustento. Em vista de melhor distinção, chamarei 
de urbanização territorial o avanço físico da cidade, guardando 
o significado das ciências sociais na forma consagrada. Embora 
seja pouco comentado entre os teóricos, é preciso lembrar ainda 
que, tanto renovação quanto revitalização podem ocorrer 
subterraneamente e que a disposição de infraestruturas em 
tubulações são também autênticos casos de mudança. 
(YÁZIGI, 2005, p. 83).
O que para Yágizi é denominado de revitalização, outros como Roberto Lobato Corrêa (2010) 
denominam de refuncionalização. Optamos nesta unidade pelo uso da expressão refuncionalização.
13
Além das áreas centrais mais antigas, os espaços próximos aos portos comumente são zonas 
das cidades que muitas vezes são deterioradas. Há vários casos pelo mundo onde passaram 
por transformação, passando a ser destinadas ao entretenimento e lazer. Esse foi o caso da 
região portuária de Nova York, nos EUA, e de Copenhagen, na Dinamarca.
Alguns espaços são refuncionalizados, ou seja, antigas formas espaciais passam a ter 
novos usos. Caso, por exemplo, de antigos galpões ou casarões que passam a ser espaços de 
atividades comerciais e de serviços urbanos, com restaurantes, bares, casas de show, etc.
Sobre esse processo, Roberto Lobato Corrêa comenta:
Fala-se em refuncionalização de formas espaciais, uma mudança 
que se tornou bastante frequente no capitalismo avançado. 
A refuncionalização se constitui, em parte, em um dos meios 
pelos quais as inovações se efetivam, utilizando-se do espaço já 
construído. Desse modo a refuncionalização minimiza a força 
da “destruição criadora”, contribuindo para que, com menores 
custos, o capitalismo, incessantemente inovador, possa caminhar. 
Há, assim, uma dialética entre refuncionalização e “destruição 
criadora”, entre permanência e mudança, entre o antigo e o novo. 
A refuncionalização assegura, assim, o valor funcional de algumas 
formas espaciais antigas e resgata o valor simbólico de outras, 
constituindo-se em prática corrente.
(CORRÊA, 2010, p. 153).
Figura 1: Refuncionalização de casarão –Salvador - Bahia
Fonte: Vivian Fiori, 2012
14
Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Esse apelo do antigo, do que foi refuncionalizado, acaba atraindo moradores da própria 
cidade e, em alguns casos, também turistas. Isso ocorreu em cidades como Recife, Salvador e 
Fortaleza, no Nordeste brasileiro.
Na imagem de Salvador (Figura 1), um antigo casarão passou a ter outra função, não maispara moradia como anteriormente, e sim como um restaurante-café, situado no centro da cidade.
Outro exemplo é o “Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura” (vide Figura 2), situado no 
bairro de Iracema, em Fortaleza, onde houve uma união dos antigos casarões do bairro de 
Iracema, refuncionalizados, agora com uso para restaurantes, com construções mais modernas, 
coexistindo antigas formas com as novas.
Para isso, houve investimento na construção de vários equipamentos culturais e de 
entretenimento; entre eles citamos um planetário, um museu de arte contemporânea, um 
cinema, um anfiteatro, coexistindo com os antigos casarões, refuncionalizados, transformados 
em bares, cafés e restaurantes. 
Figura 2: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura - Fortaleza
Fonte: Vivian Fiori, 2014
Desse modo, o principal interesse desses eventos e processos de requalificação e 
refuncionalização em voga em muitas cidades pelo mundo é o de atrair novos investimentos 
e também turistas, e mesmo moradores das cidades- alvo dessas transformações urbanas de 
valorização do espaço.
15
Patrimônio e a cidade no Brasil
A definição do que é patrimônio histórico, arquitetônico, turístico, cultural e ambiental 
numa área urbana é algo complexo. Do ponto de vista legal, formal, dependerá de um 
processo atribuído por órgãos preservacionistas, em alguns casos com apoio de entidades 
civis e econômicas e do poder público.
O patrimônio pode ser material (ex. prédios, conjuntos arquitetônicos) e imaterial (ex. música). 
Do ponto de vista mundial, existe a chancela da UNESCO, órgão da Organização das Nações 
Unidas (ONU), que define os patrimônios da humanidade mediante um processo de seleção.
Tais órgãos nacionais ou da UNESCO procuram valorizar a materialidade de conjuntos 
arquitetônicos, monumentos, entre outros elementos da paisagem urbana que sejam considerados 
significativos e representativos da história, da arquitetura de uma determinada cidade.
Figura 3: Torre de Belém, Lisboa, Portugal: patrimônio mundial da humanidade.
Fonte: Vivian Fiori, 2011
Esse é o caso da Torre de Belém (vide Figura 3) em Lisboa, que é um patrimônio representativo 
do nacionalismo português, da época em que Portugal era uma potência global, no início 
da Idade Moderna (século XV), a partir das Grandes Navegações. Tornou-se um patrimônio 
mundial e isso a valoriza ainda mais, sendo visitada por inúmeros turistas que viajam à cidade 
de Lisboa, em Portugal.
16
Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Criam-se discursos sobre a relevância do patrimônio material, atraindo a população local 
e os turistas. O patrimônio é extremante simbólico e cria uma identidade que é apropriada 
cultural e economicamente também.
Como explica a geógrafa Gabrielli Cifelli:
Neste sentido, considera-se o patrimônio material como principal 
objeto representado na tentativa de criação de uma imagem-
síntese das cidades analisadas. Por meio das narrativas imagéticas 
e discursivas produzidas a seu respeito, o patrimônio se apresenta, 
principalmente, como signo de identidade, memória, cultura e 
tradição, de modo que os seus interpretantes o considerem como 
um importante referencial mnemônico e identitário, digno de ser 
apreciado e valorizado.
(CIFELLI, p. 123).
O city marketing apropria-se da existência do patrimônio para “vender” a cidade e seus 
patrimônios para o turista, criando uma imagem da cidade, geralmente veiculada na mídia a 
partir de alguns símbolos, signos e ícones.
Ao se tratar, por exemplo, do Rio de Janeiro, nos vem a imagem do Cristo Redentor; ou 
ao se falar de Paris, a imagem da Torre Eiffel; de Salvador, a do Pelourinho; ou seja, o que 
nos lembramos dessas cidades num primeiro momento tem relação com o patrimônio e com 
a identidade que é criada pelos setores do marketing e da propaganda.
A escolha de um patrimônio a ser tombado é uma definição também política e ideológica, 
pois é mais comum que se considere “histórico” aquilo que é representativo da elite, caso de 
museus, teatros municipais, casarões das famílias mais abastadas, igrejas etc.
Sobre essa questão, a pesquisadora Maria Tereza Duarte Paes Luchiari comenta:
Quando nos referimos à preservação do patrimônio cultural 
(natural, edificado ou imaterial), remetemo-nos a um processo 
histórico seletivo de atribuição de valores às formas e às 
práticas culturais que engendram intervenções, decisões e 
escolhas balizadas por um projeto político que a estrutura social 
de cada tempo constrói. Por isto os bens culturais tombados 
como patrimônio representam, tradicionalmente, os grupos 
sociais hegemônicos (a arquitetura colonial, os palácios, as 
pirâmides, as igrejas, entre outros). Só recentemente os artefatos 
e os bens simbólicos da cultura popular (as vilas operárias, 
o artesanato, as tradições imateriais) ganharam prestígio 
de patrimônio cultural – ainda que estes tenham um valor 
secundário como capital cultural e na construção da identidade 
nacional, denotando maior ênfase à escala das culturas locais. 
É esta construção social, dinâmica no processo histórico, que 
elege, em cada tempo, as formas dignas de preservação e as 
funções que elas devem acolher.
(LUCHIARI, 2005, p. 96 - 97)
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Entretanto, cabe ressaltar que todas as partes da cidade são históricas, todos os bairros, toda 
construção humana é histórica e não apenas alguns lugares, prédios ou conjuntos arquitetônicos.
Como as cidades são dinâmicas e vão mudando ao longo do tempo, há sempre novos usos 
para os antigos espaços, prédios etc.; muitos são refuncionalizados, trazendo um novo uso e 
função para espaços que se tornam patrimônio.
Um problema decorrente do tombamento é que não se podem modificar as estruturas e 
fachadas de um prédio tombado e alguns proprietários de edifícios tombados às vezes querem 
auferir renda com o espaço, realizar obras e reformá-lo ou até demoli-lo para construir edifícios 
novos, daí o conflito entre o tombamento e os interesses existentes dos diversos atores sociais.
 Saiba Mais
O que é tombamento?
O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, estadual 
ou municipal. Os tombamentos federais são responsabilidade do IPHAN e começam pelo pedido 
de abertura do processo, por iniciativa de qualquer cidadão ou instituição pública. O objetivo é 
preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para 
a população, impedindo a destruição e/ou descaracterização de tais bens.
Pode ser aplicado aos bens móveis e imóveis, de interesse cultural ou ambiental. É o caso de 
fotografias, livros, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, cidades, regiões, 
florestas, cascatas etc. Somente é aplicado aos bens materiais de interesse para a preservação da 
memória coletiva.
O processo de tombamento, após avaliação técnica preliminar, é submetido à deliberação das 
unidades técnicas responsáveis pela proteção aos bens culturais brasileiros. Caso seja aprovada a 
intenção de proteger um determinado bem, seja cultural ou natural, é expedida uma notificação 
ao seu proprietário. Essa notificação significa que o bem já se encontra sob proteção legal, até que 
seja tomada a decisão final, depois de o processo ser devidamente instruído, ter a aprovação do 
tombamento pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e a homologação ministerial 
publicada no Diário Oficial. O processo é concluído com a inscrição no Livro do Tombo e a 
comunicação formal do tombamento aos proprietários.
Fonte: Texto literal extraído de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.
do?id=17738&sigla=Institucional&retorno=paginaInstitucional>. Acesso em: 27 abr. 2015.
Para isso, é necessário verificar o que está no projeto de tombamento. Se uma escada é 
representativa de um período da história, da arquitetura etc. e estiver no projeto aprovado que ela 
tem de ser preservada, conforme suas característicasoriginais, ela não poderá ser transformada.
Entra em cena a figura do restaurador. Restaurar não é a mesma coisa que reformar um 
edifício, pois o restauro busca trazer as formas originais, não o modificando em sua essência. 
Os custos de restaurar um edifício são bastante elevados e, em geral, requerem patrocínios 
para viabilizar o projeto de restauração.
http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=15026&retorno=paginaIphan
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Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
O Teatro Municipal, situado na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, por exemplo, passou 
por uma nova restauração, sendo reinaugurado em 2010, assim como casarões e igrejas em 
Salvador (vide Figura 4), cujos financiamentos geralmente ocorrem com parceria público-privada. 
Figura 4: Igreja em processo de restauração –Salvador - Bahia
Fonte: Vivian Fiori, 2012
Tanto restaurar como reformar tem custo, assim como a manutenção de antigos espaços 
é cara. Por isso, muitos edifícios deterioram-se sem ter uma manutenção adequada. Há casos 
de casas, prédios e casarões abandonados, que do ponto de vista das leis brasileiras teriam de 
ter uma finalidade de uso social.
 Saiba Mais
Ouro Preto: patrimônio da humanidade
A relevância da cidade se deu tanto pelos aspectos históricos, por ter sido palco da Inconfidência 
Mineira, considerada como o primeiro movimento de emancipação do Brasil, e pelo barroco 
colonial, tido por décadas como uma arte genuinamente brasileira, expressa tanto na arquitetura, 
quanto na escultura e na pintura das igrejas. Entre seus principais executores destaca-se António 
Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, considerado na época o mais célebre e 
importante artista brasileiro. A relevância histórica e cultural de Ouro Preto advém da importância 
econômica da cidade como centro da produção aurífera na primeira metade do século XVIII. 
A exploração do minério fez da cidade um importante centro urbano e cultural da colônia, resultando 
na criação de condições propícias para o fomento à arte e à cultura, expressa por meio de suas 
expressões arquitetônicas e pelas artes plásticas. A decadência da exploração aurífera na segunda 
metade do século XVIII e a estagnação econômica da cidade influenciou na preservação de suas 
expressões artísticas e culturais, fato que culminou no reconhecimento do seu valor patrimonial na 
década de 1930 do século XX.
(Fonte: Trecho literal extraído de CIFELLI, Gabrielle. Imagem, representação e dinâmica territorial do turismo 
em Ouro Preto e no Pelourinho – Salvador. Coimbra, Universidade de Coimbra, e-cadernos CES, 15, 2012, p. 125.). 
LucianaCruz
Highlight
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Com a nova legislação urbana, do Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), há alguns instrumentos 
urbanísticos que podem ser usados para tentar preservar os patrimônios, sejam formalmente 
constituídos (tombados) ou não.
A criação das Zonas Especiais de Preservação Cultural (ZEPEC) nos Planos Diretores 
das cidades é um início importante na preservação de patrimônios de relevância histórica, 
arquitetônica, social e cultural. Pode ser um bairro, uma região da cidade, uma rua etc.
Podem ser utilizados alguns instrumentos urbanísticos, previstos no Estatuto da Cidade, que 
poderão ajudar nesse processo de preservação. Entre eles destacamos:
Isenção tributária do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para quem restaurar, conservar ou 
recuperar bens tombados;
“Transferência do direito de construir”, que segundo o Estatuto da Cidade, permite, desde que autorizado 
no Plano Diretor, que o proprietário de imóvel urbano, público ou privado, exerça em outro local o direito 
a construir para que se preservem bens, quando o imóvel for de interesse histórico, ambiental, paisagístico, 
social ou cultural. Desse modo, no lugar de reformar ou construir no próprio local, o proprietário ganha o 
direito de construir em outro local.
Desse modo, é importante dar uso aos patrimônios tombados, pois senão acabam 
abandonados ou deteriorados e não cumprindo a concepção a que foram destinados, ou seja, 
a de preservação do patrimônio urbano.
Por outro lado, é importante reiterar que outros espaços, além daqueles representativos da 
elite, também devem ser preservados, caso de vilas operárias, entre outros.
Finalizando, nesta unidade evidenciamos que existem vários processos que valorizam e desvalorizam 
áreas das cidades e que existem diferentes interesses dos atores sociais nessas situações.
Discutimos também conceitos de gentrificação, requalificação, refuncionalização urbanas, 
entre outros, que nos ajudam a compreender a dinâmica das cidades no Brasil e no mundo.
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Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
Material Complementar
Para aprofundamento dos temas discutidos nesta unidade sugerimos:
Vídeos:
Dvteca Arte na Escola. Restauração de prédios antigos. Documentário.
Disponível em: http://artenaescola.org.br/dvdteca/catalogo/dvd/140/.
Acesso em: 27 abr. 2015.
Leituras:
CIFELLI, Gabrielle. Imagem, representação e dinâmica territorial do turismo 
em Ouro Preto e no Pelourinho – Salvador. Coimbra, Universidade de Coimbra, 
e-cadernos CES, 15, 2012, p. 118 - 141. 
Disponível em: http://www.ces.uc.pt/e-cadernos/media/ecadernos15/06.%20Gabrielle%20Cifelli.pdf.
Acesso em: 16 mai. 2014.
SAPIENZA, Tarcísio Tatit. Restauração de prédios antigos. São Paulo: Instituto 
Arte na Escola, 2006. 
Disponível em: http://artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_pdf_140.pdf.
Acesso em: 12 abr. 2015. 
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Referências
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espaço urbano. X Colóquio Internacional de Geocrítica Diez Años de Cambios en El Mundo, 
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BENACH, Núria. Perspectivas culturais para o estudo da cidade. In: CARLOS, Ana 
Fani Alessandri; CARRERAS, Carles (orgs). Urbanização e mundialização: estudos sobre 
a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005.
BRASIL. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Brasília, Presidência da República - Casa 
Civil. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.
htm>. Acesso em: 20 mai. 2010
CIFELLI, Gabrielle. Imagem, representação e dinâmica territorial do turismo em 
Ouro Preto e no Pelourinho – Salvador. Coimbra, Universidade de Coimbra, e-cadernos 
CES, 15, 2012, p. 118 - 141. Disponível em: <http://www.ces.uc.pt/e-cadernos/media/
ecadernos15/06.%20Gabrielle%20Cifelli.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2014.
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 2000.
CORRÊA, Roberto Lobato. Inovações espaciais urbanas: algumas reflexões. In: 
CIDADES (Revista científica). Presidente Prudente, UNESP, Grupo de Estudo Urbano (GEU), 
vol. 7, n. 11, 2010, p. 151 - 162.
COSGROVE, Denis. A Geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens 
humanas. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.). Paisagem, tempo e 
cultura. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998, p. 92 - 122.
LUCHIARI, Maria Tereza Duarte Paes. A reinvenção do patrimônio arquitetônico no 
consumo das cidades. GEOUSP - Revista Espaço e Tempo, São Paulo, n. 17, 2005, 
p. 95 - 105.
MARX, Karl. O capital. Os economistas, v. 1. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 222.
RIGOL, Sergio Martinez. Conceito e método, p. 90, 2005. In: CARLOS, Ana Fani 
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metrópole. São Paulo: Contexto, 2005.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e 
metodológicos da Geografia. São Paulo: Hucitec, 2008.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: 
Edusp, 2006.
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: Editora da Universidade de 
São Paulo, 2008.
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Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio
SANTOS, Milton. O papel ativo da Geografia: um manifesto. Revista Território, Rio de 
Janeiro, ano V, n. 9, jul - dez, 2000, p. 103 - 109. Disponível em: <http://www.revistaterritorio.com.br/pdf/09_7_santos.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2014.
SMITH, Neil. Gentrificação, a fronteira e a reestruturação do espaço urbano. São 
Paulo, Revista GEOUSP: Espaço e tempo, n. 21, 2007, p. 15 - 31. 
SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à 
gestão urbanos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
TRINDADE JÚNIOR, Saint-Clair Cordeiro da. Estratégias de desenvolvimento e discurso 
do “declínio” em políticas de requalificação urbana no Brasil e na Europa. In: 
CIDADES (Revista científica). Presidente Prudente, UNESP, Grupo de Estudo Urbano (GEU), 
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YÁGIZI, Eduardo. Funções culturais da metrópole. Metodologia sobre a requalificação 
urbana do centro de São Paulo. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; CARRERAS, Carles (orgs). 
Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005.
23
Anotações

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