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Organização do Espaço Urbano Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Vivian Fiori Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio 5 • A valorização do espaço urbano versus a desvalorização • Requalificação, refuncionalização e gentrificação urbanas • Patrimônio e a cidade no Brasil · Nesta unidade abordaremos a questão da valorização e desvalorização do espaço urbano, evidenciando algumas situações em cidades brasileiras. · Além disso, trataremos de alguns conceitos relativos às transformações empreendidas nas cidades, sobretudo em suas áreas centrais, que as levam a processos denominados por alguns autores de gentrificação, refuncionalização e requalificação urbanas. Esta unidade trata de temáticas relativas à valorização do espaço urbano e o patrimônio. Para melhor compreensão do tema, é fundamental conhecer os conceitos usados para discutir essa temática urbana, tais como: valorização, desvalorização, gentrificação, refuncionalização, requalificação, patrimônio, tombamento etc. É essencial analisar a questão da valorização e da desvalorização urbana, observando-se os principais agentes sociais participantes desse processo, caso do Estado e suas políticas públicas, dos promotores imobiliários, dos setores de publicidade e propaganda, entre outros. Para um estudo em Geografia, é importante sempre relacionar os diversos elementos sociais, políticos, econômicos e culturais para explicar as situações existentes no espaço geográfico. Para que você tenha êxito na compreensão das temáticas desta unidade, leia atentamente o texto da disciplina e realize as atividades propostas. Bom estudo! Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio 6 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Contextualização Leia atentamente o texto a seguir: A expressão city-marketing costuma soar, nos círculos politicamente não conservadores, pejorativa. Existem, decerto, boas razões para isso, pois é fácil imaginar (e pode-se constatar) que, em não poucos casos, está-se diante de uma tentativa de construção de uma imagem “asséptica” e certinha da cidade em questão, com o fito de atrair investimentos e turista (um caso que tem sido mais cada vez mais estudado, no Brasil, é o de Curitiba [...] Poder-se-ia dizer, assim, que, em várias situações, o problema que existe por trás do marketing urbano é o mesmo que reside em qualquer propaganda enganosa, em que as qualidades do produto a ser comercializado são exageradas e possíveis defeitos são escamoteados. A analogia com a propaganda enganosa (versus propaganda honesta) é, contudo, ela própria defeituosa e limitada. Uma cidade não é um simples produto ou uma mercadoria qualquer, que se possa descrever objetivamente por meio de suas propriedades; uma cidade é um complexo sócio-espacial onde várias leituras e interpretações coexistem, competindo entre si e refletindo interesses divergentes. Por conseguinte, sem querer sugerir que a dimensão ética seja irrelevante, é necessário considerar as coisas em outro plano, o da produção de ideologias. Nesse plano, o marketing urbano “deformado” deve ser considerado como o resultado de uma tentativa de influenciar não apenas investidores e turistas em potencial, mas toda uma opinião pública, formando uma imagem de cidade conforme aos interesse e à visão de mundo dos grupos dominantes. (Fonte: Texto literal extraído de SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006, p. 302 - 303). Em algumas cidades do mundo, as paisagens e os patrimônios urbanos são usados pelos atores sociais vinculados ao marketing e à propaganda, que buscam “vender” a cidade como uma mercadoria a ser consumida principalmente pelos turistas. Isso em geral valoriza certos subespaços das cidades, que passam a ser consumidos pelos moradores locais e também pelos turistas. Contudo, como afirma Marcelo Lopes de Souza (2006), a cidade é mais do que isso, do que uma mercadoria consumida por turistas e moradores. A cidade é multidimensional, tem vários usos e formas espaciais, que variam ao longo do tempo. O problema de se destacar apenas uma região ou subespaço de uma cidade é o de vincular as políticas urbanas tão somente para essa região em detrimento de toda a cidade. É importante que as cidades tenham patrimônios preservados, mas também é fundamental que se reconheça a cidade com seus diferentes usos sociais e que todos tenham direito a uma cidade melhor. Para conhecer melhor sobre os processos que levam à valorização e à desvalorização das cidades, leia o texto teórico desta unidade. 7 A valorização do Espaço Urbano versus a desvalorização Toda cidade, mesmo as menores, passa por processos de transformações e tem diferentes atores sociais atuando sobre ela. São eles: os promotores imobiliários, os proprietários fundiários (de terras), os moradores em diferentes condições socioeconômicas, os donos dos meios de produção (indústria), o Estado em suas diversas instâncias políticas, entre outros. Contudo, é mais comum que nas grandes cidades existam processos que levem à valorização ou à desvalorização de algumas áreas da cidade, devido à maior dinâmica urbana nessas grandes cidades. A ação dos atores sociais é bastante variada, conforme suas intencionalidades, como explica Roberto Lobato Corrêa: A ação destes agentes é complexa, derivando da dinâmica de acumulação de capital, das necessidades mutáveis de reprodução das relações de produção, e dos conflitos de classe que dela emergem. A complexidade da ação dos agentes sociais inclui práticas que levam a um constante processo de reorganização espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço urbano, densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas, renovação urbana, relocação diferenciada da infraestrutura e mudança, coercitiva ou não, do conteúdo social e econômico de determinadas áreas da cidade. (CORRÊA, 2000, p. 11). Na medida em que uma cidade vai crescendo, novas áreas vão se tornando de interesse e valorizadas pelo mercado imobiliário. Em geral, situam-se em espaços que contenham amenidades socialmente construídas, sejam espaços construídos em lugares próximos a áreas verdes, próximos ou com vistas do mar, ou com infraestrutura que atenda aos interesses de uma determinada classe social. Para as classes sociais mais abastadas, é comum hoje nas cidades brasileiras que existam atividades comerciais e serviços especializados atendendo às demandas sociais desse segmento social. Há restaurantes mais caros, shopping centers com lojas de grife, serviços de estética e beleza sofisticados, lojas de automóveis de luxo etc. Assim, há um processo paradoxal capitalista, pois enquanto algumas áreas são valorizadas, em outras ocorre o processo contrário, de deterioração e desvalorização, que atingem os imóveis e atividades que se encontram nesses lugares. LucianaCruz Highlight 8 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Nesse sentido, a localização é fundamental numa cidade, e possibilita auferir uma renda diferencial, conceito este definido por Marx, que assim afirma: Onde quer que exista renda, a renda diferencial aparece por toda parte, obedece às mesmas leis que a renda diferencial agrícola. Onde quer que forças naturais sejam monopolizáveis e assegurem um sobrelucro ao industrial que as explora, seja uma queda d’água, uma mina rica, um pesqueiro abundante ou um terreno para construção bem localizado, aquele cujo título sobre uma parcela do globo terrestre o torna proprietário desses objetos da natureza subtrai esse sobrelucro, na forma de renda, ao capital em funcionamento. (MARX, 1988, p. 222). A renda diferencial é obtida por meio de uma localização diferenciada no espaço urbano. Embora para Marx a terra urbana em si não seja uma mercadoria, ganha valor pela localização e situação na qual se encontre. Assim,a própria paisagem pode valorizar ou desvalorizar um determinado imóvel, este sim uma mercadoria que estará envolvida pelas condições existentes onde se localize. Se um imóvel situa-se próximo ou com vista para o mar, terá mais valor do que um localizado a várias quadras de uma praia na Zona Sul do Rio de Janeiro, por exemplo. Então, é importante perceber que a localização e a situação em que um imóvel se encontra, bem como toda uma região dentro de uma cidade, podem ir mudando ao longo do tempo. O que é valorizado num período pode ser desvalorizado em outro e vice-versa, pois o processo é sempre dinâmico. O processo contrário, portanto, de desvalorização, poderá ocorrer na medida em que certas áreas da cidade perdem amenidades, caso de problemas de congestionamentos, barulho, poluição do ar ou porque suas formas espaciais não atendem mais aos conteúdos sociais do mundo atual. Como diz Milton Santos (2008a), as cidades têm formas-conteúdos de outros períodos da história, são rugosidades espaciais, que foram construídas em outros momentos e às vezes não atendem mais às necessidades ou condições atuais. Na definição do autor, rugosidade espacial é: Chamemos de rugosidade ao que fica do passado como forma, espaço construído, paisagem, o que resta do processo de supressão, acumulação, superposição, com que as coisas se substituem e acumulam em todos os lugares. As rugosidades se apresentam como formas isoladas ou como arranjos. (SANTOS, 2006, p. 140). As rugosidades são o legado da história que ficam nas formas espaciais da cidade. Como exemplo, podemos citar os prédios construídos em cidades brasileiras no início do século XX. Tais formas espaciais da época não requeriam espaços, por exemplo, para instalação de cabos de fibra ótica, que atualmente são fundamentais para a rapidez nos sistemas de informação. 9 Outra situação comum é a falta de espaços para estacionamento de carros no próprio prédio, já que não havia demanda tão grande para o automóvel como atualmente. Desse modo, essas formas-conteúdos do passado, essas rugosidades espaciais, vão sendo usadas, mas, em alguns casos, são desvalorizadas em relação a outros espaços que vão sendo lançados com formas espaciais que atendam a novas demandas sociais e territoriais, que sejam mais modernas. Glória da Anunciação Alves explica esse processo: A proliferação de centralidades, principalmente econômicas e/ ou produtivas, faz parte do processo de expansão da centralidade mas que, dialeticamente, promove a desvalorização dos centros tradicionais e ou históricos. Trata-se do fenômeno da dispersão dos centros que serve ao fortalecimento do processo de centralização e que implica uma valorização/desvalorização dos núcleos centrais em razão de uma funcionalidade definida por uma racionalidade econômica e pelo crescimento da população e da mancha urbana. A valorização de determinados locais é possível graças à desvalorização, mesmo que momentânea, de outras áreas centrais. Nessa lógica, empresas passam a se deslocar para os novos centros em razão das vantagens que lhes apresentam as incorporadoras: acesso fácil às vias de trânsito rápido, o que descomplica o escoamento da produção e a chegada de clientes; prédios com garagens permitindo o estacionamento de funcionários, clientes e representantes, que, no centro tradicional, sofrem restrições; edifícios modernos, capazes de incorporar as tecnologias de comunicações que alguns prédios do centro antigo só poderiam fazê-lo se sofressem mudanças estruturais [...] (ALVES, 2008, s/p.). Essa desvalorização, por exemplo, comum em áreas do centro antigo de algumas cidades do mundo, leva à existência de prédios inteiros que viram cortiços e tornam-se moradia popular. Sobretudo nas cidades que crescem rapidamente e onde são criadas novas centralidades. Isso é comum em grandes cidades no Brasil e no mundo. Então, as áreas centrais são comumente os lugares onde esse processo de valorização e desvalorização, e até revalorização, ocorre mais intensamente, e há diferentes atores sociais interessados nesses espaços. Os promotores imobiliários buscam valorizar tais áreas com novos empreendimentos comerciais e residenciais, enquanto aos mais pobres interessa que existam moradias nas quais eles possam viver, já que nas áreas centrais concentram-se muitos empregos e não teriam custos adicionais com transportes. Os promotores imobiliários, por meio de incorporadoras (que fazem o planejamento da obra), das construtoras, dos financiadores e dos atores da propaganda e publicidade preferem que tais espaços sejam valorizados, para auferirem maior renda, já que consideram o espaço como um recurso para obterem lucros. Já para os mais pobres que vivem em cortiços de áreas centrais, o espaço é visto com um abrigo, como afirma Milton Santos: 10 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Por outro lado, as situações resultantes nos possibilitam, a cada momento, entender que se faz mister considerar o comportamento de todos os homens, instituições, capitais e firmas. Os distintos atores não possuem o mesmo poder de comando, levando a uma multiplicidade de ações, fruto do convívio dos atores hegemônicos com os hegemonizados. Dessa combinação temos o arranjo singular dos lugares. Os atores hegemonizados têm o território como um abrigo, buscando constantemente se adaptar ao meio geográfico local, ao mesmo tempo em que recriam estratégias que garantam sua sobrevivência nos lugares. É neste jogo dialético que podemos recuperar a totalidade. (SANTOS, 2001, p. 108). A seguir, vamos discutir alguns conceitos usados pela Geografia para explicar alguns processos comuns nas cidades brasileiras e também no mundo. Requalificação, refuncionalização e gentrificação urbanas Há situações em algumas cidades, entre as quais podemos citar Los Angeles (EUA) e Barcelona (Espanha), onde ocorreram mudanças em algumas áreas, cujo processo é denominado por alguns autores (SMITH, 2007) de gentrificação. Gentrificação é um conceito que foi definido pela socióloga Ruth Glass, em 1964, por meio de uma pesquisa sobre a cidade de Londres, na Inglaterra, na qual se evidenciou uma dinâmica em alguns bairros operários da cidade, que passaram a ser ocupados posteriormente por parte de uma classe média, ou seja, houve uma mudança social urbana em termos de classe social e a substituição das classes populares por uma classe média ou média alta. Conforme explica Rigol (2005), gentrificação pode ter diferentes definições. Geralmente, o termo é aceito como um processo de mudança social urbana na qual algumas áreas da cidade são transformadas, tanto em sua morfologia e forma espacial quanto do ponto de vista das classes sociais que as habitam. O que é a gentrification continua sendo uma pergunta sem uma única resposta válida para todos os casos. Parece aceito, de qualquer modo, que se trata de um processo de mudança social urbana, no sentido de que determinadas áreas da cidade são transformadas tanto morfológica quanto socialmente. Mas, quais são as causas? Quais são as consequências? Quais atores participam? Qual é o papel nessas mudanças na transformação geral das cidades? Todas essas questões permanecem em aberto. (RIGOL, 2005, p. 99). Há situações nas quais os projetos de requalificação urbana, empreendidos pelo poder municipal, acabam valorizando a região e atraindo novos empreendimentos imobiliários que modificam os usos do território onde ocorrem tais mudanças. 11 Então, esse processo acaba levando novas classes sociais a morarem nesses lugares, produzindo, assim, um processo de gentrificação. Mas podem existir processos de gentrificação que não têm relação apenas com a dimensão econômica, como explica a geógrafa de Barcelona Nuria Benach (2005). Aprofundando o tema O Caso de Barcelona Outro exemplo barcelonês pode ilustrar essa fusão entre o material e o simbólico no espaço urbano. Na cidade de Barcelona, a imigração está aumentando de modomuito rápido nos últimos anos. Ainda representa uma porcentagem moderna com relação a outras cidades europeias (11% segundo as cifras oficiais de 2003), mas seu ritmo acelerado de crescimento a tem elevado a uma questão de primeira ordem sob numerosos pontos de vista, todos eles problematizados: social, econômico, político, cultural. Esses imigrantes, com os problemas derivados da dificuldade da sua própria condição mais os que as autoridades políticas lhes impõem com leis restritivas, tendem a se concentrar espacialmente em determinados bairros da cidade. Um dos que mostra maior concentração, notadamente de marroquinos e paquistaneses, é o centro histórico, uma área que se encontra, ao mesmo tempo, em processo de enobrecimento (gentrification). A luta desses imigrantes é pela sobrevivência material (econômica), política (para obter um status legal como residentes) e também simbólica (por meio de manifestações culturais, religiosas e de consumo), embora essa seja uma diferenciação que não sei se eles fariam. A vida cotidiana mostra como essas distinções são completamente úteis para explicar a vida urbana: as formas de sociabilidade, de intercâmbio cultural, de usos do espaço público como espaços de contato, como espaços de resistência etc. E, por outro lado, é verdade que nesse mesmo centro histórico no qual convivem os recém-chegados com os antigos residentes e os protagonistas de um processo muito visível de gentrification, têm interesses distintos para defender, nos que se funde irremediavelmente o econômico (por exemplo, os imobiliários ou, simplesmente, um local para habitar), com o cultural (que se converte em um recurso econômico, mas que expressa também uma maneira de viver baseada em valores culturais). Há alguns anos se tornou uma polêmica acirrada a propósito da interpretação dos processos de gentrification, com ênfase no econômico. Os anseios de alcançar chaves explicativas seguramente fizeram carregar excessivamente a balança ora para um ora para outro aspecto, se centrarmos no ponto de vista dos que vivem cotidianamente esses espaços, essa separação se torna claramente inútil. Fonte: Trecho literal extraído de BENACH, Núria. Perspectivas culturais para o estudo da cidade. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; CARRERAS, Carles (orgs). Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005, p. 77. No caso de Barcelona, fundem-se antigos moradores, os imigrantes, os interesses dos promotores imobiliários em valorizar as áreas centrais e, por outro lado, os diversos grupos sociais vivendo o seu cotidiano. Então se imbricam a dimensão social, cultural e econômica. Existem alguns termos que comumente são usados para tratar dessas mudanças urbanas, comumente em áreas centrais, que visam à valorização do espaço; são eles: revitalização, requalificação, refuncionalização etc. Em geral, tanto o poder público quanto os promotores imobiliários (construtoras, incorporadoras etc.) buscam criar termos que possam atrair novos residentes. Algo muito comum é dizer que aquela área que antes era deteriorada foi requalificada, afirmando suas novas qualidades. 12 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Como comenta Saint Clair Trindade Jr: Denominamos essas práticas de requalificação urbana pela própria natureza das mesmas, muito preocupadas em dar uma nova “qualidade” a esses espaços, comumente tidos como sem vida, com funções decadentes e fisicamente degenerados e, muitas vezes, sem perspectivas de inovação. Isso os torna, em consequência, desabilitados para os novos papéis destinados às cidades competitivas. Daí as adjetivações muito próprias reafirmadoras de toda uma lógica discursiva que faz parte dos interesses subjacentes a essas intervenções, como a ideia de “revitalização” (dar vida ao que não tem vida), “reabilitação” (habilitar um espaço que não está habilitado), “regeneração” (reconstituir a propriedade). (TRINDADE JR., 2010, p. 198). O problema é que com a valorização das áreas centrais e do processo de requalificação, as classes populares muitas vezes são expulsas dessas regiões à medida que estas se valorizam e que sobem os preços dos imóveis para venda e para aluguel. Isso gera conflito de interesses dos diferentes atores sociais e leva os mais pobres a viverem distantes do centro, e nas áreas centrais é onde se concentram mais empregos. Eduardo Yágizi (2005) faz uma distinção entre renovação urbana, que para o autor é uma mudança dos prédios, por exemplo, que podem ser demolidos e construídos outros novos, e requalificação, que é um conceito mais amplo. Para o autor, renovar + revitalizar = requalificar, ou seja, as mudanças de estrutura (dos prédios), de sua renovação, mas também as transformações nos usos dos equipamentos e dos edifícios, tudo isto junto seria requalificação. Eduardo Yázigi assim conceitua os termos: A requalificação urbana acontece em três situações geográficas: pontualmente, linearmente ou por zonas como produtos de um plano explícito, conforme o caso. A renovação é sempre precedida da demolição de edifícios ou conjuntos, a revitalização é a operação que muda a função do edifício ou do espaço urbanístico, sem grandes alterações estruturais e a urbanização é o movimento que cria a cidade, na medida em que esta avança sobre o meio natural. Mas em ciências humanas, urbanização significa antes mudança do padrão de sobrevivência, o momento social em que o homem passa a independer do trabalho rural para seu sustento. Em vista de melhor distinção, chamarei de urbanização territorial o avanço físico da cidade, guardando o significado das ciências sociais na forma consagrada. Embora seja pouco comentado entre os teóricos, é preciso lembrar ainda que, tanto renovação quanto revitalização podem ocorrer subterraneamente e que a disposição de infraestruturas em tubulações são também autênticos casos de mudança. (YÁZIGI, 2005, p. 83). O que para Yágizi é denominado de revitalização, outros como Roberto Lobato Corrêa (2010) denominam de refuncionalização. Optamos nesta unidade pelo uso da expressão refuncionalização. 13 Além das áreas centrais mais antigas, os espaços próximos aos portos comumente são zonas das cidades que muitas vezes são deterioradas. Há vários casos pelo mundo onde passaram por transformação, passando a ser destinadas ao entretenimento e lazer. Esse foi o caso da região portuária de Nova York, nos EUA, e de Copenhagen, na Dinamarca. Alguns espaços são refuncionalizados, ou seja, antigas formas espaciais passam a ter novos usos. Caso, por exemplo, de antigos galpões ou casarões que passam a ser espaços de atividades comerciais e de serviços urbanos, com restaurantes, bares, casas de show, etc. Sobre esse processo, Roberto Lobato Corrêa comenta: Fala-se em refuncionalização de formas espaciais, uma mudança que se tornou bastante frequente no capitalismo avançado. A refuncionalização se constitui, em parte, em um dos meios pelos quais as inovações se efetivam, utilizando-se do espaço já construído. Desse modo a refuncionalização minimiza a força da “destruição criadora”, contribuindo para que, com menores custos, o capitalismo, incessantemente inovador, possa caminhar. Há, assim, uma dialética entre refuncionalização e “destruição criadora”, entre permanência e mudança, entre o antigo e o novo. A refuncionalização assegura, assim, o valor funcional de algumas formas espaciais antigas e resgata o valor simbólico de outras, constituindo-se em prática corrente. (CORRÊA, 2010, p. 153). Figura 1: Refuncionalização de casarão –Salvador - Bahia Fonte: Vivian Fiori, 2012 14 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Esse apelo do antigo, do que foi refuncionalizado, acaba atraindo moradores da própria cidade e, em alguns casos, também turistas. Isso ocorreu em cidades como Recife, Salvador e Fortaleza, no Nordeste brasileiro. Na imagem de Salvador (Figura 1), um antigo casarão passou a ter outra função, não maispara moradia como anteriormente, e sim como um restaurante-café, situado no centro da cidade. Outro exemplo é o “Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura” (vide Figura 2), situado no bairro de Iracema, em Fortaleza, onde houve uma união dos antigos casarões do bairro de Iracema, refuncionalizados, agora com uso para restaurantes, com construções mais modernas, coexistindo antigas formas com as novas. Para isso, houve investimento na construção de vários equipamentos culturais e de entretenimento; entre eles citamos um planetário, um museu de arte contemporânea, um cinema, um anfiteatro, coexistindo com os antigos casarões, refuncionalizados, transformados em bares, cafés e restaurantes. Figura 2: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura - Fortaleza Fonte: Vivian Fiori, 2014 Desse modo, o principal interesse desses eventos e processos de requalificação e refuncionalização em voga em muitas cidades pelo mundo é o de atrair novos investimentos e também turistas, e mesmo moradores das cidades- alvo dessas transformações urbanas de valorização do espaço. 15 Patrimônio e a cidade no Brasil A definição do que é patrimônio histórico, arquitetônico, turístico, cultural e ambiental numa área urbana é algo complexo. Do ponto de vista legal, formal, dependerá de um processo atribuído por órgãos preservacionistas, em alguns casos com apoio de entidades civis e econômicas e do poder público. O patrimônio pode ser material (ex. prédios, conjuntos arquitetônicos) e imaterial (ex. música). Do ponto de vista mundial, existe a chancela da UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), que define os patrimônios da humanidade mediante um processo de seleção. Tais órgãos nacionais ou da UNESCO procuram valorizar a materialidade de conjuntos arquitetônicos, monumentos, entre outros elementos da paisagem urbana que sejam considerados significativos e representativos da história, da arquitetura de uma determinada cidade. Figura 3: Torre de Belém, Lisboa, Portugal: patrimônio mundial da humanidade. Fonte: Vivian Fiori, 2011 Esse é o caso da Torre de Belém (vide Figura 3) em Lisboa, que é um patrimônio representativo do nacionalismo português, da época em que Portugal era uma potência global, no início da Idade Moderna (século XV), a partir das Grandes Navegações. Tornou-se um patrimônio mundial e isso a valoriza ainda mais, sendo visitada por inúmeros turistas que viajam à cidade de Lisboa, em Portugal. 16 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Criam-se discursos sobre a relevância do patrimônio material, atraindo a população local e os turistas. O patrimônio é extremante simbólico e cria uma identidade que é apropriada cultural e economicamente também. Como explica a geógrafa Gabrielli Cifelli: Neste sentido, considera-se o patrimônio material como principal objeto representado na tentativa de criação de uma imagem- síntese das cidades analisadas. Por meio das narrativas imagéticas e discursivas produzidas a seu respeito, o patrimônio se apresenta, principalmente, como signo de identidade, memória, cultura e tradição, de modo que os seus interpretantes o considerem como um importante referencial mnemônico e identitário, digno de ser apreciado e valorizado. (CIFELLI, p. 123). O city marketing apropria-se da existência do patrimônio para “vender” a cidade e seus patrimônios para o turista, criando uma imagem da cidade, geralmente veiculada na mídia a partir de alguns símbolos, signos e ícones. Ao se tratar, por exemplo, do Rio de Janeiro, nos vem a imagem do Cristo Redentor; ou ao se falar de Paris, a imagem da Torre Eiffel; de Salvador, a do Pelourinho; ou seja, o que nos lembramos dessas cidades num primeiro momento tem relação com o patrimônio e com a identidade que é criada pelos setores do marketing e da propaganda. A escolha de um patrimônio a ser tombado é uma definição também política e ideológica, pois é mais comum que se considere “histórico” aquilo que é representativo da elite, caso de museus, teatros municipais, casarões das famílias mais abastadas, igrejas etc. Sobre essa questão, a pesquisadora Maria Tereza Duarte Paes Luchiari comenta: Quando nos referimos à preservação do patrimônio cultural (natural, edificado ou imaterial), remetemo-nos a um processo histórico seletivo de atribuição de valores às formas e às práticas culturais que engendram intervenções, decisões e escolhas balizadas por um projeto político que a estrutura social de cada tempo constrói. Por isto os bens culturais tombados como patrimônio representam, tradicionalmente, os grupos sociais hegemônicos (a arquitetura colonial, os palácios, as pirâmides, as igrejas, entre outros). Só recentemente os artefatos e os bens simbólicos da cultura popular (as vilas operárias, o artesanato, as tradições imateriais) ganharam prestígio de patrimônio cultural – ainda que estes tenham um valor secundário como capital cultural e na construção da identidade nacional, denotando maior ênfase à escala das culturas locais. É esta construção social, dinâmica no processo histórico, que elege, em cada tempo, as formas dignas de preservação e as funções que elas devem acolher. (LUCHIARI, 2005, p. 96 - 97) 17 Entretanto, cabe ressaltar que todas as partes da cidade são históricas, todos os bairros, toda construção humana é histórica e não apenas alguns lugares, prédios ou conjuntos arquitetônicos. Como as cidades são dinâmicas e vão mudando ao longo do tempo, há sempre novos usos para os antigos espaços, prédios etc.; muitos são refuncionalizados, trazendo um novo uso e função para espaços que se tornam patrimônio. Um problema decorrente do tombamento é que não se podem modificar as estruturas e fachadas de um prédio tombado e alguns proprietários de edifícios tombados às vezes querem auferir renda com o espaço, realizar obras e reformá-lo ou até demoli-lo para construir edifícios novos, daí o conflito entre o tombamento e os interesses existentes dos diversos atores sociais. Saiba Mais O que é tombamento? O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, estadual ou municipal. Os tombamentos federais são responsabilidade do IPHAN e começam pelo pedido de abertura do processo, por iniciativa de qualquer cidadão ou instituição pública. O objetivo é preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo a destruição e/ou descaracterização de tais bens. Pode ser aplicado aos bens móveis e imóveis, de interesse cultural ou ambiental. É o caso de fotografias, livros, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, cidades, regiões, florestas, cascatas etc. Somente é aplicado aos bens materiais de interesse para a preservação da memória coletiva. O processo de tombamento, após avaliação técnica preliminar, é submetido à deliberação das unidades técnicas responsáveis pela proteção aos bens culturais brasileiros. Caso seja aprovada a intenção de proteger um determinado bem, seja cultural ou natural, é expedida uma notificação ao seu proprietário. Essa notificação significa que o bem já se encontra sob proteção legal, até que seja tomada a decisão final, depois de o processo ser devidamente instruído, ter a aprovação do tombamento pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e a homologação ministerial publicada no Diário Oficial. O processo é concluído com a inscrição no Livro do Tombo e a comunicação formal do tombamento aos proprietários. Fonte: Texto literal extraído de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao. do?id=17738&sigla=Institucional&retorno=paginaInstitucional>. Acesso em: 27 abr. 2015. Para isso, é necessário verificar o que está no projeto de tombamento. Se uma escada é representativa de um período da história, da arquitetura etc. e estiver no projeto aprovado que ela tem de ser preservada, conforme suas característicasoriginais, ela não poderá ser transformada. Entra em cena a figura do restaurador. Restaurar não é a mesma coisa que reformar um edifício, pois o restauro busca trazer as formas originais, não o modificando em sua essência. Os custos de restaurar um edifício são bastante elevados e, em geral, requerem patrocínios para viabilizar o projeto de restauração. http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=15026&retorno=paginaIphan 18 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio O Teatro Municipal, situado na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, por exemplo, passou por uma nova restauração, sendo reinaugurado em 2010, assim como casarões e igrejas em Salvador (vide Figura 4), cujos financiamentos geralmente ocorrem com parceria público-privada. Figura 4: Igreja em processo de restauração –Salvador - Bahia Fonte: Vivian Fiori, 2012 Tanto restaurar como reformar tem custo, assim como a manutenção de antigos espaços é cara. Por isso, muitos edifícios deterioram-se sem ter uma manutenção adequada. Há casos de casas, prédios e casarões abandonados, que do ponto de vista das leis brasileiras teriam de ter uma finalidade de uso social. Saiba Mais Ouro Preto: patrimônio da humanidade A relevância da cidade se deu tanto pelos aspectos históricos, por ter sido palco da Inconfidência Mineira, considerada como o primeiro movimento de emancipação do Brasil, e pelo barroco colonial, tido por décadas como uma arte genuinamente brasileira, expressa tanto na arquitetura, quanto na escultura e na pintura das igrejas. Entre seus principais executores destaca-se António Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, considerado na época o mais célebre e importante artista brasileiro. A relevância histórica e cultural de Ouro Preto advém da importância econômica da cidade como centro da produção aurífera na primeira metade do século XVIII. A exploração do minério fez da cidade um importante centro urbano e cultural da colônia, resultando na criação de condições propícias para o fomento à arte e à cultura, expressa por meio de suas expressões arquitetônicas e pelas artes plásticas. A decadência da exploração aurífera na segunda metade do século XVIII e a estagnação econômica da cidade influenciou na preservação de suas expressões artísticas e culturais, fato que culminou no reconhecimento do seu valor patrimonial na década de 1930 do século XX. (Fonte: Trecho literal extraído de CIFELLI, Gabrielle. Imagem, representação e dinâmica territorial do turismo em Ouro Preto e no Pelourinho – Salvador. Coimbra, Universidade de Coimbra, e-cadernos CES, 15, 2012, p. 125.). LucianaCruz Highlight 19 Com a nova legislação urbana, do Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), há alguns instrumentos urbanísticos que podem ser usados para tentar preservar os patrimônios, sejam formalmente constituídos (tombados) ou não. A criação das Zonas Especiais de Preservação Cultural (ZEPEC) nos Planos Diretores das cidades é um início importante na preservação de patrimônios de relevância histórica, arquitetônica, social e cultural. Pode ser um bairro, uma região da cidade, uma rua etc. Podem ser utilizados alguns instrumentos urbanísticos, previstos no Estatuto da Cidade, que poderão ajudar nesse processo de preservação. Entre eles destacamos: Isenção tributária do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para quem restaurar, conservar ou recuperar bens tombados; “Transferência do direito de construir”, que segundo o Estatuto da Cidade, permite, desde que autorizado no Plano Diretor, que o proprietário de imóvel urbano, público ou privado, exerça em outro local o direito a construir para que se preservem bens, quando o imóvel for de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural. Desse modo, no lugar de reformar ou construir no próprio local, o proprietário ganha o direito de construir em outro local. Desse modo, é importante dar uso aos patrimônios tombados, pois senão acabam abandonados ou deteriorados e não cumprindo a concepção a que foram destinados, ou seja, a de preservação do patrimônio urbano. Por outro lado, é importante reiterar que outros espaços, além daqueles representativos da elite, também devem ser preservados, caso de vilas operárias, entre outros. Finalizando, nesta unidade evidenciamos que existem vários processos que valorizam e desvalorizam áreas das cidades e que existem diferentes interesses dos atores sociais nessas situações. Discutimos também conceitos de gentrificação, requalificação, refuncionalização urbanas, entre outros, que nos ajudam a compreender a dinâmica das cidades no Brasil e no mundo. 20 Unidade: Valorização do Espaço Urbano e o Patrimônio Material Complementar Para aprofundamento dos temas discutidos nesta unidade sugerimos: Vídeos: Dvteca Arte na Escola. Restauração de prédios antigos. Documentário. Disponível em: http://artenaescola.org.br/dvdteca/catalogo/dvd/140/. Acesso em: 27 abr. 2015. Leituras: CIFELLI, Gabrielle. Imagem, representação e dinâmica territorial do turismo em Ouro Preto e no Pelourinho – Salvador. Coimbra, Universidade de Coimbra, e-cadernos CES, 15, 2012, p. 118 - 141. Disponível em: http://www.ces.uc.pt/e-cadernos/media/ecadernos15/06.%20Gabrielle%20Cifelli.pdf. Acesso em: 16 mai. 2014. SAPIENZA, Tarcísio Tatit. Restauração de prédios antigos. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2006. Disponível em: http://artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_pdf_140.pdf. Acesso em: 12 abr. 2015. 21 Referências A ALVES, Glória da Anunciação. Papel do patrimônio nas políticas de revalorização do espaço urbano. X Colóquio Internacional de Geocrítica Diez Años de Cambios en El Mundo, En La Geografía Y En Las Ciencias Sociales, 1999 -2008. Barcelona, 26 - 30 de maio de 2008. BENACH, Núria. Perspectivas culturais para o estudo da cidade. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; CARRERAS, Carles (orgs). Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005. BRASIL. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Brasília, Presidência da República - Casa Civil. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257. htm>. Acesso em: 20 mai. 2010 CIFELLI, Gabrielle. Imagem, representação e dinâmica territorial do turismo em Ouro Preto e no Pelourinho – Salvador. Coimbra, Universidade de Coimbra, e-cadernos CES, 15, 2012, p. 118 - 141. 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