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Slides de Aula I (1)

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Prévia do material em texto

Profa. Ivy Ramirez
UNIDADE I
Estudos Disciplinares
Medievalização
do Espaço Urbano
 O modo de ocupação do espaço refere-se ao HABITAT = natureza do local em que os 
grupos humanos vivem e se organizam.
 A ocupação do espaço reflete o modo de vida, o processo de produção econômica e a 
modificação da paisagem.
 Assim, de acordo com a situação geográfica, o habitat pode ser rural e urbano.
 O habitat rural: relaciona-se ao modo de ocupação no solo rural, e às relações entre os 
habitantes e a exploração desse espaço.
 O habitat urbano: relativo à cidade, e às atividades comerciais e industriais.
 Destacamos que a cidade e o campo, rural e urbano, não estão em oposição 
e se complementam.
 A cidade se diferencia pela sua 
complexidade, com alto grau 
de relações e o fato de ser a 
sede de município.
O processo de urbanização
Fonte: Wikipedia Commons.
 Definição: a cidade é caracterizada como um organismo materialmente fechado, que se 
define no espaço pelo alto grau de interações que se estabelecem entre os seus 
habitantes e destes com o espaço em suas atividades.
Existem classificações diferentes para as cidades:
a) Quanto à sua origem: espontâneas ou naturais = surgiram da 
expansão de antigos aglomerados; de rotas de expedições 
(feitorias); ex.: Cabo Frio (RJ); Santa Cruz da Cabrália (BA); 
com a função de defesa (fortificações) como Fortaleza (CE); 
Natal (RN); entroncamento ferroviário como Mairinque e 
Bauru (SP); núcleo de colonização como Londrina, Maringá-
PR, Caxias do Sul (RS), Joinville (SC); arraiais 
de bandeirismo (corruptelas), como Poxoréu (MT), 
Aragarças (GO);
A cidade e as suas classificações
b) Cidades artificiais ou planejadas = foram edificadas mediante planos 
e projetos urbanísticos;
 Podemos citar, no Brasil: Teresina (PI), um projeto de 1851; Aracaju (SE), de 1858; Belo 
Horizonte (MG), de 1898;
 Goiânia (GO), de 1937; Brasília (DF), inaugurada em 1960; Palmas (TO), em 1990.
 No que se refere à evolução urbana, algumas cidades 
desapareceram por razões de ordem natural, como Pompeia 
(Itália) devido à erupção vulcânica, outras pelo alagamento 
para a construção de barragens, como Sobradinho, no Vale do 
rio São Francisco, cantadas na letra da música de Sá & 
Guarabira. Ou, ainda, a perda de funcionalidade por razões 
históricas ou econômicas, tais como: Bananal e Areias (Vale 
do Paraíba), Alcântara (MA).
A cidade e as suas classificações
A letra da música Sobradinho, do álbum Pirão de Peixe com 
Pimenta, de 1977, de Sá & Guarabyra, nos faz recordar de 
cidades que desapareceram:
 O homem chega, já desfaz a natureza
 Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
 O São Francisco lá pra cima da Bahia
 Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
 E passo a passo vai cumprindo a profecia do
beato que dizia que o sertão ia alagar. 
........................................................... 
 Adeus Remanso, Casa Nova, Santo Sé
 Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
 Debaixo d’ água lá se vai a vida inteira
 Por cima da cachoeira a gaiola vai subir
 Vai ter barragens no salto do Sobradinho
 E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
As cidades e as suas classificações
Fonte: Wikipedia Commons - Sá, Rodrix e 
Guarabyra - Teatro Municipal.
Fonte: Lyric Find.
 Quanto ao sítio urbano: área onde se encontra a cidade assentada.
Pode ser:
 *Acrópole (topo de morros) = Ex.: Atenas (Grécia), Salvador (BA), São Paulo, RJ;
 *Planície = Manaus (AM), Belém (PA);
 *Planalto = Brasília (DF), Cuiabá (MT);
 Montanha = Ouro Preto (MG), Campos do Jordão (SP);
 Insular (em ilhas) = São Luís (MA), Vitória (ES), Florianópolis (SC). 
 Aqui, vamos destacar as Edge Cities (cidades de entorno) fenômeno urbanístico que tem 
ocorrido, com mais frequência, na contemporaneidade resultantes de planejamento.
 Esse conceito foi criado pelo jornalista e escritor dos 
Estados Unidos, Joel Garreau, em sua obra Edge City: Life 
on the New Frontier, editada em 1991, na qual apresentava 
uma solução urbanística para os tempos modernos. São 
exemplos: Garden City NY (EUA), Alphaville, Tamboré, na 
região metropolitana de São Paulo. O nome “Alphaville” nos 
reporta em metáforas e conotações a um filme, definindo 
uma cidade sui generis governada por um computador, 
Alpha 60, que aboliu os sentimentos das pessoas.
Quanto à origem, como se classificam, ainda, as cidades
 Tratamos de uma função que se destaca como principal naquela cidade, embora a cidade 
possa exercer mais de uma função.
 Comercial: SP, Caruaru (PE), Campina Grande (PB), Feira de Santana (BA).
 Industrial: Volta Redonda (RJ), Cubatão (SP), São Bernardo (SP), Betim (MG).
 Religiosa: Aparecida (SP), Juazeiro do Norte (CE), Tambaú (SP).
 Estação de saúde: Campos do Jordão (SP), Araxá (MG), Serra Negra (SP) .
 Turística histórica: Ouro Preto (MG), Olinda (PE), Salvador (BA), Paraty (RJ).
 Turística balneária: Guarujá (SP), Torres (RS), Guarapari (ES), 
Cabo Frio (RJ).
 Estratégica-Militar: Resende (RJ), Pirassununga (SP), São 
José dos Campos (SP)-ITA.
Classificação de cidades em função urbana
 Também classificamos as cidades de acordo com uma HIERARQUIA = seu grau de 
influência em: megalópole, metrópole nacional, regional, cidade global, capital regional , 
centro regional e sub-regional). 
 Mas buscamos, na história, as definições de cidade ideal.
 Em 1585, uma peste matou quase a metade da população de Milão (Itália). No final dos anos 
de 1480, Leonardo da Vinci havia se transferido para esta cidade e, entre muitos dos seus 
projetos, dedicou-se a planejar a cidade ideal, um tema que também foi uma preocupação 
do Renascimento.
 Na Galleria Nazionale delle Marche, há um painel com a imagem da cidade ideal de Urbino.
 Também se destacou Le Corbusier 
e, no Brasil, Oscar Niemeyer 
e Lúcio Costa idealizam Brasília, 
inaugurada no dia 21 de abril 
de 1960.
Mas a cidade ideal já era imaginada no passado
Fonte: Museu Nacional Honestino Guimarães, 
Brasília - Projeto Oscar Niemeyer – 2007. 
 Conurbação: reunião espacial de duas ou mais cidades, formando um único aglomerado 
urbano, constituindo as regiões metropolitanas: Grande Manaus, Grande Belém, Grande 
Recife, Grande Brasília, Grande Curitiba, Grande Porto Alegre, Grande RJ e SP.
 Região polarizada: região planejada em torno da metrópole.
 Macrometrópole: classificação intermediária da megalópole, em que duas ou mais cidades 
constituem uma conurbação. Ex.: São Paulo e Campinas.
 As megalópoles mundiais: Japão (Tóquio, Nagoia, Osaka), Nordeste dos EUA (megalópole 
de Nova Iorque), uma possível megalopolização entre SP e RJ.
Alguns conceitos importantes
 Megacidade: cidades com mais de dez milhões de habitantes: Cidade do México; 
São Paulo; Mumbai e Délhi (Índia); Lagos (Nigéria); Tóquio (Japão); 
Nova Iorque (EUA).
Hierarquia urbana
 Na obra organizada por Ana Fani Alessandri Carlos, Glória Alves e Rafael Faleiros de Pádua 
(org.), publicada em 2017, são apresentadas várias temáticas que complementam as nossas 
considerações, sendo que o direito à cidade seria a base para a construção de políticas públicas, 
no sentido de reduzirem as desigualdades e as contradições na construção do espaço urbano.
 Já na década de 1960, o “direito à cidade” já se constituía em uma argumentação de Henri 
Lefebvre, para quem mudar de cidade tinha um significado transformador para alterar a ordem 
de muitas coisas.
 O termo sofreu uma banalização entre vários autores, mas em algo parece haver uma 
unanimidade, na questão das desigualdades, que responde em nome de um capitalismo 
globalizado e a interesses diversos.
 Na obra apontada, mencionam uma tendência 
comum, uma marca identitária dos governos 
neoliberais com políticas de austeridade no 
que se refere à temática urbana.
Cidades – Justiça espacial e o direito à cidade 
Henri Lefebvre,1971. Fonte: Wikipedia Commons.
O que é primordial para se viver em cidades: 
 *Moradia ou habitação;
 *Alimentação;
 *Saúde;
 *Trabalho;
 *Educação.
 A escola integra e contribui 
para a formação dos indivíduos.
A volta ao básico
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/educacao
 Em direitos sociais afetam a vida não só urbana, mas, também, de áreas rurais.
 A ausência dos investimentos públicos pode contribuir para a marginalização, a exclusão e a 
falta de segurança. 
 Temos, aqui, o “ingrediente” para a segregação urbana que pretendemos estudar.
 Esse “apartheid” vai apresentar as conotações bem amplas em um contexto urbano.
 Falamos, aqui, na apropriação dos lugares, o acesso à propriedade e ao solo urbano.
 A cidade enquanto segregação e destruição/construção de lugares, se insere na lógica da 
acumulação capitalista para a elaboração de um plano que permita alterar a função social da 
propriedade privada da terra.
Os cortes
Fonte: Pixabay.
O “desenho” de uma cidade capitalista é resultado do modo de produção capitalista que evoluiu 
de uma configuração espacial rural para a urbano-industrial, sem respeitar os limites da 
natureza e nem as pessoas que aí deveriam habitar. Estamos diante de uma situação de:
a) Solidariedade.
b) Igualdade.
c) Exclusão.
d) Inclusão.
e) Fraternidade.
Interatividade
Fonte: pxhere.com
O “desenho” de uma cidade capitalista é resultado do modo de produção capitalista que evoluiu 
de uma configuração espacial rural para a urbano-industrial, sem respeitar os limites da 
natureza e nem as pessoas que aí deveriam habitar. Estamos diante de uma situação de:
a) Solidariedade.
b) Igualdade.
c) Exclusão.
d) Inclusão.
e) Fraternidade.
Resposta
 Bloco II – O uso do termo “medievalização”.
 Uma analogia que fazemos ao modo de habitar da Era Medieval, em espaços fechados com 
o sentido de proteção, segurança.
 Aqui, nos referimos aos condomínios fechados ou núcleos, e comunidades que tentam se 
isolar de espaços maiores nas cidades, uma tendência para uma identidade específica, um 
pertencimento a uma “tribo urbana”.
Partimos de um questionamento: morar em um condomínio fechado vertical ou horizontal, em 
área urbana ou em favelas (comunidades), em loteamentos populares ou áreas excluídas, pela 
definição do IBGE (habitações subnormais), representam um tipo de pertencimento?
Existe uma ética específica para cada espaço a se habitar?
Vamos procurar demonstrar ao longo de nossa aula:
O uso do termo “medievalização”
 A ordem global, o processo de produção econômica, a falta de políticas públicas 
em distintas áreas do Brasil e, de modo geral, em países da América Latina, ou melhor, nos 
países do Sul, levaram a novos arranjos espaciais acentuando as diferenças sociais no 
modo de habitar.
 Crescimento caótico (desorganizado) das metrópoles e regiões metropolitanas 
caracterizando a macrocefalia promoveram uma degradação da qualidade de vida nas áreas 
centrais, em função de vários problemas. Incluindo-se os existenciais e de relacionamentos.
Como resultante conduziram as pessoas a espaços contrastantes destinados aos moradores 
divididos pelo poder financeiro:
 *Os espaços “fortificados”, os condomínios que, ora 
denominamos como enclaves horizontais ou verticais;
 *Os espaços subnormais (favelas), também fortificadas 
em outro âmbito.
As alterações na ordem global e no modo de habitar
 As cidades cresceram e, com elas, os problemas de circulação, o trânsito caótico, a 
insegurança, poluição, atingindo toda a população.
 Outro problema foi a especulação imobiliária valorizando determinados espaços em 
prejuízo de outros.
 Áreas consideradas degradadas: encostas com riscos de deslizamentos, beira de córregos, 
que permitiram construções irregulares e núcleos favelados.
 Tais situações conduziram as pessoas de maior poder aquisitivo aos condomínios, e aquelas 
que não detinham condições às áreas e às habitações subnormais, pela classificação 
do IBGE.
 Também partimos da classificação proposta por Regina Araújo 
(geógrafa USP), de cidade “Legal” e cidade “Ilegal”. 
Ao se referir à segregação espacial urbana.
Justificativas
 De acordo com as informações obtidas pelo IBGE no Censo de 2010, a segregação espacial 
urbana era demonstrada pelo que chamamos de “cidade ilegal” em alta porcentagem, em 
direções que comprometeriam a questão ambiental promovendo desmatamentos e 
assoreamento, de rios e córregos sendo que esse fenômeno não é local nem se restringe 
ao Centro-Sul do Brasil, mas tem as suas repercussões em todas as regiões em maior 
e menor grau.
 As áreas “desprezadas” pela especulação imobiliária são as várzeas dos rios e dos córregos, 
poluídas e sujeitas a inundações, encostas de morros com declives acentuados sob o risco 
de desmoronamento, áreas de mananciais próximas a represas, com riscos de proliferação 
de doenças. Dados percentuais denotavam essa constatação.
 Em 2.856.180 domicílios, temos: 43,6% de habitações 
normais; 13,3% de favelas; 37,5% de loteamentos irregulares 
(SP) 5,6% de cortiços. 
Os dados comprovam
Fonte: IBGE, Censo 1990.
 Por outro lado, a “cidade legal” corresponde aos microespaços providos de melhores 
condições em áreas centrais, ou mesmo, mais afastadas dos centros urbanos, com os muros 
de proteção, guaritas, circuitos fechados de monitoramento, sistema de monitoramento 
policial, seguranças, cães de guarda, policiamento motorizado, entre outros aparatos que 
garantam a segurança e uma melhor qualidade de vida aos moradores. Digamos que uma 
“certa tranquilidade”.
Esta constatação levou autores como Martin e Shuman (1996), à seguinte afirmação:
 “A crescente distância entre ricos e pobres, e as explosões cada vez mais incontroladas da 
violência estão a dar lugar a uma nova estratégia de ‘apartheid social’, com a proliferação de 
condomínios fechados, milícias privadas e sofisticados sistemas de vigilância para proteção.”
O lado inverso
 Fenômeno urbanístico que teve o seu início na década de 1970, com o pioneirismo do 
condomínio Alphaville, em municípios da Grande São Paulo (Barueri e Santana do 
Parnaíba), e se espalhou para outros estados e cidades, inclusive com o modelo de 
habitar fora do Brasil.
 Trata-se de uma forma de segregação espacial, que alcançou muito sucesso entre as 
pessoas de maior renda, com novos modelos similares, inclusive com a transformação de 
áreas rurais ou suburbanas em áreas mais urbanizadas seguindo o padrão das edge cities.
 Porém constatam-se, no interior desses espaços, problemas existenciais e vivenciais, muitas 
vezes, com maior gravidade do que nas áreas periféricas. Os enclaves fortificados impõem a 
sua lógica, estabelecendo distâncias e muros irredutíveis entre os distintos grupos sociais.
O fenômeno das edge cities
Para o autor Duane Elgin (1993), a capacidade de comunicação encontra-se no cerne da vida 
humana e da sociedade (uma questão de empatia); se não pudermos nos comunicar com a 
eficiência, a própria civilização estará ameaçada. Em sua obra Simplicidade Voluntária, p. 137, 
faz uma argumentação que, com propriedade, se insere no âmbito do que falamos sobre os 
condomínios fechados ou enclaves fortificados:
 “... em muitas áreas urbanas, a forma de liderança do tipo 
chefe da cidade torna-se, novamente, um lugar comum 
transformando virtualmente inúmeros núcleos urbanos em 
feudos. Comunidades ricas tornam-se miniestados policiais 
particulares para proteger as suas propriedades das 
populações mais pobres, cada vez mais desesperadas e 
ressentidas enquanto todos lutam para manter à tona, a ordem 
social geral... e mergulha em profundo mal-estar psicológico, 
asfixiada pela burocracia... Um futuro no qual viver é pouco 
mais do que morrer.”
Características especiais
 O conceito de identidade é complexo e não oferece definições conclusivas. As sociedades 
modernas, em plena crise de identidadecultural, estão se fragmentando, sendo difícil 
explicitar o seu pertencimento. A escola permite caracterizar um pertencimento a um 
determinado grupo social identitário, dando ao aluno um status de pertencimento e inclusão.
Uma questão de identidade
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/educacao
 O autor Stuart Hall (2003), em sua obra A identidade cultural na pós-Modernidade, afirma 
que o sujeito pós-moderno não tem identidade fixa: ele assume identidades diferentes, 
vivenciando-as temporariamente.
 A busca da felicidade e da satisfatória qualidade de vida e bem-estar, implica na adequação 
entre os valores objetivos e subjetivos, estabelecendo vínculos de vários tipos. A construção 
de condomínios sejam eles verticais ou horizontais, e loteamentos fechados, compõe um 
quadro onde se combinam os espaços segregados fragmentados e heterogêneos, interesses 
capitalistas (especulação imobiliária) e valorização/desvalorização do solo urbano, por sua 
vez eles, dependem de políticas públicas, e decisões e permissões ambientais.
Definições teóricas sobre o tema
 Maurício Ribeiro da Silva (2003) em seu texto O Espaço sem Corpo: a Vida na 
Superfície das Imagens, fala a respeito do homem contemporâneo encontrar-se na 
intersecção de dois mundos: o mundo do corpo e o mundo da imagem, padecendo 
de males por não reconhecer a si mesmo, nem o seu lugar nem o seu tempo. Fala em 
velocidade imposta pelos meios midiáticos. Na cidade, a despeito do desenvolvimento 
das tecnologias de comunicação e de transporte, cada vez mais, somos incapazes de 
nos movimentar, e é patente que, a despeito das tecnologias de comunicação que 
facilitam a troca de informações, sob o ponto de vista do entendimento, a humanidade, 
como um todo, se comunica menos...” se refere à organização do espaço e do tempo, 
a proposta da arquitetura e do urbanismo.
Definições teóricas sobre o tema
Segue Maurício Ribeiro (2003, p. 3):
 “... As medidas de distância convertem-se em medidas do tempo, assim como a rapidez 
converte-se em superação do espaço... com comunicações à distância (internet, celulares), 
como superações do distanciamento linear do corpo, organiza-se um novo modo de vida 
onde nem o tempo e nem o espaço configuram-se como o sistema preferencial das trocas 
simbólicas.”
 Paul Virilio/Sylvere Lotringer (1984, p. 1-8) falam na 
militarização do cotidiano – a vida é uma guerra ao 
perguntarem: onde é que nós vamos parar? Quiséssemos 
apenas comunicar a angústia que nos toma o corpo todo por 
nos encontrarmos em pleno voo cego, em movimento 
turbilhonar. Sem marcos, sem indicadores, sem direção, sem 
chão, boias-frias de um caminhão lotado, em disparada pelas 
estradas do mundo contemporâneo...”. Torna-se urgente o 
questionamento da ciência, precisamente em momentos 
de crise.
Obras que abordam a nossa temática
Quando nos referimos nas sociedades modernas à dificuldade em estabelecer uma identidade 
cultural, nos referimos à dificuldade do indivíduo em explicitar o seu grupo de pertencimento. 
Assim, para Stuart Hall, isso significa que o sujeito pós-moderno:
a) Tem identidade fixa.
b) Não tem identidade fixa, assumindo várias identidades.
c) É dotado de muita ética.
d) Identifica-se, facilmente, com os demais.
e) Não apresenta um padrão de identidade.
Interatividade
Quando nos referimos nas sociedades modernas à dificuldade em estabelecer uma identidade 
cultural, nos referimos à dificuldade do indivíduo em explicitar o seu grupo de pertencimento. 
Assim, para Stuart Hall, isso significa que o sujeito pós-moderno:
a) Tem identidade fixa.
b) Não tem identidade fixa, assumindo várias identidades.
c) É dotado de muita ética.
d) Identifica-se, facilmente, com os demais.
e) Não apresenta um padrão de identidade.
Resposta
Nossa proposta de análise dos “enclaves fortificados” é a de caracterizar um tipo de 
pertencimento específico que se distingue de outros lugares habitados, existe uma identidade, 
assim como há fora dos “muros”. O que nos faz recordar uma fala de Cristovam Buarque:
 “O Brasil se formou fazendo muros e não pontes entre os 
seus habitantes. No começo os muros separavam os 
negros dos brancos, a casa-grande da senzala. Hoje, 
separam as favelas e os condomínios, os shoppings e as 
ruas dos centros das cidades, há um muro separando as 
classes sociais. Até a justiça é separada de um lado, 
justiça dos pobres que prende quem rouba comida no 
supermercado; de outro, aquela que deixa livre os que 
roubam milhões. Porém, quando, de modo excepcional, 
rico vai preso, há um muro separando as cadeias comuns 
para uns e a especial para outros.”.
A ética em habitar um lugar
O conteúdo apresentado nos faz recordar, também, de uma cidade 
“especial”, tal qual a intenção primordial dos condomínios fechados, 
por similaridade, mas há de se questionar esse “especial” ou 
singular, no contexto urbano ou urbanístico:
 O Plano Urbanístico de Brasília apresenta características 
semelhantes às das cidades ideais criadas por Le Corbusier 
(arquiteto modernista suíço, 1887-1965). As similaridades 
explícitas entre elas e Brasília são: a ausência de cruzamentos 
de vias expressas; as unidades de moradias em superquadras 
residenciais com jardins e dependências coletivas; prédios 
administrativos, financeiros e comerciais em torno do cruzamento 
central; a zona de recreação rodeando a cidade. O pedigree de 
Brasília é evidente. (HOLSTON, J. 1993, p. 38);
Ao que se referia o autor ao classificar Brasília como sendo uma 
cidade que tem pedigree? Por similaridade assim, se apresentam 
alguns enclaves urbanos? Uma “cidade especial”;
 Algumas características: planejamento; ordenamento territorial; 
beleza arquitetônica; paisagismo; suposta segurança.
A cidade modernista 
Le Corbusier, 1964. Fonte: Wikipedia Commons.
 A busca de lugares supostamente “seguros” para se viver, os espaços reservados, podem 
trazer surpresas e manifestações inesperadas da parte dos moradores que buscam a paz 
para serem felizes. Vamos voltar aos conceitos geográficos: o solo urbano é uma mercadoria 
que permite, em sua apropriação, distinguir as classes sociais e as hierarquias.
Ao lermos um anúncio: 
Breve lançamento, antecipe-se!
A vida como ela é 
Residencial Alphaville Campinas. Fonte: 
Wikipedia Commons.
 Não poderíamos imaginar que ocorrem outros tipos de problemas, os psicossociais e 
existenciais, pois a vida é sempre mais do que uma mera convivência social. Pois existem 
conflitos reais entre o ser humano singular e a sociedade, e esta, com os ambientes.
A crescente concentração populacional em áreas urbanas, os movimentos migratórios 
decorrentes e a própria dinâmica constituem-se em problemas contemporâneos. Como 
analogia, apresentamos a letra da música Minha alma (a paz que eu não quero), do O Rappa, 
como exemplo:
 A minha alma tá armada
 E apontada para a cara do sossego
 Pois paz sem voz paz sem voz
 Não é paz é medo
 Às vezes eu falo com a vida
 Às vezes é ela quem diz
 Qual a paz que eu não quero
 Conservar para tentar ser feliz
 As grades do condomínio são para trazer proteção
 Mas também trazem a dúvida se é você que 
“tá” nessa prisão
Os problemas sociais e as opções de moradia
 Longe de se restringirem ao Brasil e às suas regiões metropolitanas, os condomínios 
fechados horizontais e verticais, assim como os loteamentos fechados, já trazem esse tipo 
de moradias, em parte significativa, de médias e grandes cidades, e, também, em países da 
América Latina: México, Chile, Argentina, Uruguai, entre outros.
Os problemas sociais e as opções de moradia
 A sofisticação imposta pelo modelo capitalista teria levado à adoção de um modelo de 
habitar diferenciado e similar aos modelos implantados em países do Norte rico, como nos 
Estados Unidos, as Edge Cities ou New Towns, representando os enclaves fortificados.
 Há, nessecontexto, o interesse e a lógica da especulação imobiliária, defendendo lemas, tais 
como: segurança, qualidade ambiental e, supostamente, a melhor qualidade de vida.
 Esses espaços, muitas vezes, são como ilhas cercadas de áreas degradadas e habitações 
precárias no seu entorno.
 Nas palavras do geógrafo Milton Santos (1965), já encontrávamos elementos que 
reforçavam as contradições urbanas: “A cidade é, antes de tudo, definida por suas 
funções e por um gênero de vida, ou, mais simplesmente, por 
certa paisagem que reflete, ao mesmo tempo, essas funções, 
esse gênero de vida, e os elementos menos visíveis e 
inseparáveis da noção de cidade: passado histórico ou forma 
de civilização, concepção e mentalidade dos seus 
habitantes... As cidades nos países subdesenvolvidos (hoje, 
os do Sul), em um mundo globalizado, se confundem com o 
país no qual se encontram inseridas”.
Problematização
 Como afirma Eduardo Gianetti, a felicidade está dentro de cada um de nós, em suas obras 
Autoengano (2005) e Felicidade (2002); voltando à Geografia, não é o lugar somente, não é 
o espaço fortificado ou não, mas todo um conjunto que envolve as satisfações materiais, 
corporais ou físicas, e existenciais que podem estar, contidas ou não, na vida, na riqueza ou 
na pobreza. A ideia pode estar vinculada a um “falso engano” gerando e ampliando os 
problemas psicossociais.
 Em 1848, na obra Manifesto Comunista, Karl Marx e Engels já apontavam que a burguesia 
não poderia existir sem revolucionar, incessantemente, os instrumentos de produção e, por 
conseguinte, as relações sociais (e complementamos as de consumo e sobrevivência). 
Problematização
Novas tendências da urbanização
Fonte: 
https://www.shutterstock.com/pt/image-
photo/frankfurt-main-skyline-793527118
Em contraste com a imagem, anteriormente apresentada, de uma cidade de arranha-céus e 
edificações bem apresentadas, surgem as formas de habitação precárias em áreas, ainda, 
desprezadas pela especulação imobiliária, ou seja:
 Margens de córregos; áreas sujeitas a enchentes; encostas de declives acentuados sob os 
riscos de desmoronamento, áreas de riscos ambientais. As áreas periféricas alteram as 
condições de vida e de sobrevivência, expondo as pessoas a riscos ambientais e a carências 
existenciais, devido à falta de saneamento básico, água com potabilidade, riscos de doenças 
pela proliferação de ratos e insetos, deposição inadequada de lixo, entre muitas outras e, 
acima de tudo, à ausência de investimentos para as melhorias pelo Poder Público.
 George Simmel, já em 1989, afirmava que a metrópole 
interfere na vida mental e no número de relações que se 
consegue estabelecer, e a sociedade complexa promove 
outro tipo de solidariedade.
Novas tendências da urbanização e relações sociais
 O argumento mais usado para justificar a vida na metrópole e nas grandes cidades é o de 
que elas oferecem mais “oportunidades”, geralmente, pensando em termos de trabalho.
 Félix Guattari (1989) articulou três registros ecológicos (mental, social e físico) para uma 
revisão ético-estética do que denominamos como práxis humana (vivência) em variados 
domínios e, a partir de sua argumentação, constatamos que a metrópole ou uma grande 
cidade interfere, não só na vida mental e no número de relações interpessoais, mas nesses 
momentos atuais acentua o uso da internet, e de suas formas de comunicação e 
relacionamentos, criando um outro tipo de solidariedade, uma nova forma de vínculos entre 
as pessoas, o que implica em isolamento e atua na subjetividade. 
 Assim, melhorar a qualidade de vida não implica, 
necessariamente, apenas, em residir em um lugar fechado.
 Na Idade Média, os “feudos” tratavam de assegurar uma 
possível invasão dos “bárbaros”. Daí, nossa metáfora é a de 
que os condomínios fechados são “enclaves” fortificados para 
evitar as invasões. (RAMIREZ, I. M., 2018).
A vida na metrópole
 A globalização estabeleceu uma separação do poder, e uma postura política e de relações 
interpessoais atípicas. 
 Vivemos uma situação excludente, sem parecer ser.
 Haja vista os conflitos, de distintas origens: simbólicos, religiosos, territoriais, intolerâncias.
 Convivemos, também, com os problemas ambientais ou ecológicos, com perdas de biomas 
e de espécies, a degradação dos rios, a poluição atmosférica.
 Viver na modernidade, para Guiddens (1991), configura-se como uma cultura de risco, na 
qual a subjetividade seria influenciada por aspectos globais e ambientais, entre outros, como 
as relações interpessoais, familiares, mentais, sexuais, que contribuem para aumentar o 
estresse e as tensões, que afetam a vida cotidiana e os modos de vida.
 Reportando-nos a Freud (1927, 1996, p. 11-63), diríamos que: 
“nem a felicidade nem a liberdade são incompatíveis com a 
civilização, cujo desenvolvimento está ligado à opressão, à 
restrição, ao recalque de pulsões de vida e de morte, para 
uma satisfação socialmente aceitável”.
Viver na modernidade
 Existem grandes desafios quando nos referimos a essa temática, inclusive, muitas vezes, 
não é a falta de vontade, mas de oportunidade e condições financeiras, entre outras.
Existem, no caso do Brasil, problemas a enfrentar: 
 As distâncias geográficas para o acesso às escolas;
 Falta de aparelhamento;
 Investimentos de órgãos públicos;
 Falta de professores;
 Falta de incentivo familiar;
 O jovem no mercado de trabalho.
Nesse contexto, a formação do indivíduo e a escolaridade são importantes
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/educacao
 Podemos citar, nas cidades, dois tipos de enclaves (que, agora, chamamos de áreas de 
isolamento, de refúgio): os espaços artificiais (condomínios fechados) e aqueles que reúnem 
a massa populacional de menor poder aquisitivo (as favelas, os cortiços, os loteamentos 
clandestinos, as áreas de mananciais, as áreas degradadas).
 Enfim, a “cidade legal” e a “cidade ilegal”.
Aqui, cabem algumas definições (tendo, por base, as classificações do IBGE):
 Cortiços: habitações compartilhadas concentradas na porção central da cidade;
 Favelas: habitações em autoconstruções precárias, formando 
núcleos e verdadeiros bairros em áreas não atingidas, ainda, 
pela especulação imobiliária, em que o Poder Público realiza, 
em algumas delas, obras de 
infraestrutura, como uma 
forma de não se responsabilizar 
em lhes oferecer habitações 
regulares. 
Os tipos de enclaves urbanos
Favela da Rocinha. Fonte: Wikipedia Commons.
Em 1887, o Exército brasileiro esmagou a Revolta de Canudos. Na Bahia, os soldados 
acampavam em chapadas e platôs, onde crescia o arbusto chamado faveleiro, típico da 
caatinga. Retornando ao Rio de Janeiro, receberam do governo o usufruto de terrenos nos 
morros, onde ergueram as suas moradias (em barracos), o que passou a ser conhecido como:
a) Cortiços.
b) Loteamentos clandestinos.
c) Edge cities.
d) Favelas.
e) Vilas.
Interatividade
Em 1887, o Exército brasileiro esmagou a Revolta de Canudos. Na Bahia, os soldados 
acampavam em chapadas e platôs, onde crescia o arbusto chamado faveleiro, típico da 
caatinga. Retornando ao Rio de Janeiro, receberam do governo o usufruto de terrenos nos 
morros, onde ergueram as suas moradias (em barracos), o que passou a ser conhecido como:
a) Cortiços.
b) Loteamentos clandestinos.
c) Edge cities.
d) Favelas.
e) Vilas.
Resposta
 Ao voltarem e se instalarem nos morros, os soldados passaram a conviver aglomerados, 
como o faziam na Bahia; essa lembrança os fez denominar essa forma de habitar, de favela, 
habitações rústicas e precárias. Essa é uma hipótese da origem da palavra.
 Devemos destacar que ela só é usada no Brasil; em países de língua francesa utiliza-se o 
termo bidonvilles (cidades de lata); em países de língua hispânica usam os termos ranchitos, 
barriadas, poblaciones; e,em inglês, as palavras usadas são slums e bustees.
 O que chama a atenção é o fato delas representarem as áreas e as populações excluídas e, 
muitas vezes, degradadas e ilegais, que não atendem ao aparato jurídico das normas de 
ocupação do espaço urbano.
A singularidade do termo
 A ordem econômica global mudou; após a década de 1990, houve a mundialização das 
relações econômicas; o campo e a cidade passaram a atuar, conjuntamente, em termos de 
produção e de consumo.
 As relações econômicas foram ampliadas, no entanto, ocorreu uma exclusão social e uma 
mudança no ordenamento territorial.
 Ocorreram similaridades globais em questões de sustentabilidade e qualidade de vida.
 O ordenamento do espaço urbano e a qualidade de vida foram, fortemente, modificados.
 A qualidade de vida vem sendo alterada em países ricos e pobres, ou os do Norte e do Sul.
 A distribuição de renda está, cada vez mais, concentrada e a desigualdade impera.
Mudança na ordem mundial e ordenamento territorial
 Os riscos aos quais se expõem os citadinos são de distintas ordens, desde os ambientais 
aos psicossociais, segurança, entre outros.
 As opções tratam de subverter as sensações de desconforto e os riscos que interferem 
no cotidiano.
 O que está em jogo, também, é a questão financeira e a especulação imobiliária promovendo 
a valorização da terra e do modo de habitar, agravando o acesso a determinados tipos de 
moradias para as pessoas mais carentes, privilegiando àquelas com melhores condições ou 
que apresentam ganhos compatíveis à nova realidade de acesso aos bens imóveis.
 Caldeira (1992), nos remete, em sua obra, que: “o fascínio que 
a casa unifamiliar isolada exerce, na grande maioria da 
população, não é recente, ele nos remete à villa renascentista. 
No século XIX, esta tipologia foi reafirmada através de 
reformadores sociais para as classes trabalhadoras, 
respaldadas pelas propostas higienistas, primeiro na Europa 
e, também, no Brasil.”
Os problemas ambientais e sociais, e as opções de moradia
 Caldeira (1992), nos remete também a Guerrand (1992), quando escreve sobre “Espaços 
Privados”, In: A História da Vida Privada: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra 
Mundial”, organizado por Michelle Perrot e nos faz recordar da obra de HOMEM, M. C. N. O 
palacete paulistano, 1996 (versão que corresponde aos palacetes do final do século XIX e 
início do século XX), período de expansão da cafeicultura.
 Mas, historicamente, a questão da segurança nos faz recordar do modo de habitar 
renascentista, os espaços medievais das vilas e dos castelos. 
 Do aprisionamento do espaço e da busca de segurança para evitar ataques, surgem 
os “enclaves”.
 O processo de urbanização brasileiro estaria associado ao 
êxodo rural, devido ao contingente de trabalhadores expulsos 
do campo que afluíram às cidades, buscando assegurar uma 
sobrevivência mais digna aos seus familiares.
Problematização
Novas tendências da urbanização
Fonte: 
https://www.shutterstock.com/pt/image-
photo/frankfurt-main-skyline-793527118
 “(...) A partir do final da Segunda Guerra Mundial, a extensão do assalariamento, o acesso 
por ônibus à terra distante e barata da periferia das cidades, a industrialização dos materiais 
básicos de construção, somadas à crise do aluguel e às frágeis políticas habitacionais dos 
Estados, tornaram o trinômio loteamento popular/autoconstrução/forma predominante de 
assentamento, o residencial da classe trabalhadora” (CALDEIRA, 2000).
Em contraste com a imagem, anteriormente apresentada, de uma cidade de arranha-céus e 
edificações bem apresentadas, surgem as formas de habitação precárias em áreas, ainda, 
desprezadas pela especulação imobiliária, ou seja:
 Margens de córregos; áreas sujeitas a enchentes; encostas de 
declives acentuados sob os riscos de desmoronamento, áreas 
de riscos ambientais. De acordo com Regina Araújo (USP), a 
esse conjunto de loteamentos clandestinos, as favelas e os 
cortiços, denominamos de “cidade ilegal”, aquela que não 
atende ao aparelho jurídico de normas sobre a ocupação 
do espaço urbano. 
Novas tendências da urbanização
 O que inferimos é que a evolução do sistema capitalista globalizado intensificou o modo de 
habitar áreas urbanas de maneira singular. Deteriorando as condições, até então, 
consideradas insatisfatórias para o que podemos chamar de um bom modo de viver.
 As opções estão vinculadas à disponibilidade de renda em termos de ordenamento 
do espaço. 
 As novas tendências urbanas dependem, acima de tudo, da satisfação das necessidades 
sociais e pessoais, porém, variam de acordo com os grupos sociais e de suas possibilidades.
Para Guiddens (1991):
 A modernidade é um conjunto que abrange o estilo, o 
costume de vida ou a organização social, relacionando-os 
a um determinado momento histórico, em uma associação 
entre o espaço e o tempo. Viver na modernidade, 
configura-se como uma cultura de riscos, na qual a 
subjetividade é influenciada por aspectos globais, 
inclusive ambientais.
Novas tendências urbanas
 Concluímos que eles impõem uma lógica, sua ética em habitar, há uma segregação espacial 
e, muitas vezes, pessoais. 
 O contraste é visível nos enclaves de luxo, nos mais equipados e na periferia imediata, 
ambos têm o “direito à cidade”, embora em análises realizadas os autores constatam marcas 
identitárias de governos neoliberais, em crise financeira, nos quais os indicadores e os 
mapas definem as desigualdades.
O que podemos exemplificar pela desigualdade digital em época de crise, no Brasil:
A internet aproxima as pessoas (através de vínculos de vários tipos), citamos como exemplo:
 7% não têm acesso;
 42% nas regiões Norte e Nordeste.
Quanto às funções:
 48% cultos religiosos;
 84% música;
 73% filmes e séries;
 60% acesso a shows.
Os enclaves fortificados
Podemos apontar algumas dimensões:
 Social;
 Econômica;
 Ecológica;
 Geográfica;
 Cultural.
 Esses aspectos não podem ser isolados; nem o urbano nem o 
rural fogem dos problemas, principalmente, os ambientais, 
reportando, diretamente, à Geografia em aspectos 
climáticos, balanço de energia, balanço hídrico, uso do 
solo, queimadas e desmatamentos.
 Todas essas questões interferem na qualidade de vida em 
ambos os espaços e na sua ocupação.
Sustentabilidade social
 Devemos ter em conta que a qualidade ambiental é um fenômeno tanto pessoal, quanto 
coletivo; os interesses, as motivações que se encontram dentro desse processo podem 
variar entre os grupos, como a saúde, e os riscos pessoais e familiares, os problemas que 
afetam a saúde pública, decorrentes da poluição atmosférica, o lixo e a sua deposição, 
derrames de produtos tóxicos, de acidentes ambientais como os das barragens, poluição dos 
rios, entre muitos mais que poderíamos mencionar.
 Se alguns grupos sociais habitam os enclaves de luxo (as 
Edge Cities ou New Towns) ou outros tipos de condomínios 
mais populares, tratam de se resguardar, buscando a 
qualidade de vida. Por outro lado, aqueles que vivem nas 
periferias imediatas, não puderam optar por condições 
melhores, pois as suas oportunidades não são as mesmas e 
vivem nos enclaves desprezados, em uma autossegregação.
A ideia de individual e coletivo
Nossa proposta de avaliar os impactos diretos e indiretos, na forma de habitar, no arranjo 
espacial e no modo de viver, está relacionada às estratégias utilizadas pelos agentes da 
produção para comercializar os espaços e o seu consumo. Esta proposta envolve:
a) Somente a condição social das pessoas.
b) Apenas a condição financeira em cargos de alto nível.
c) Somente a condição intelectual e a formação familiar.
d) A especulação imobiliária, as condições pessoais e a valorização dos espaços.
e) A vontade das pessoas de viverem em lugares melhores.
Interatividade
Nossa proposta de avaliar os impactos diretos e indiretos, na forma de habitar, no arranjoespacial e no modo de viver, está relacionada às estratégias utilizadas pelos agentes da 
produção para comercializar os espaços e o seu consumo. Esta proposta envolve:
a) Somente a condição social das pessoas.
b) Apenas a condição financeira em cargos de alto nível.
c) Somente a condição intelectual e a formação familiar.
d) A especulação imobiliária, as condições pessoais e a valorização dos espaços.
e) A vontade das pessoas de viverem em lugares melhores.
Resposta
 Podemos encerrar nossas considerações afirmando que os “enclaves fortificados” reservam 
grandes surpresas, assim como em núcleos subnormais (favelas, ocupações irregulares), 
não só no que se refere à organização espacial e estrutural, e à organização territorial, bem 
como às questões existenciais e psicossociais. Todos habitam, fisicamente, um espaço 
dentro, mas social e espiritualmente fora da cidade, fora do “enclave”. (BAUMAN, 2003).
Surpresas
 BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: 
Zahar, 2003.
 CALDEIRA, T. P. do R. Cidade dos muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. 
SP: EDUSP, 2000.
 CARDOSO, C. M. O.; RAMIREZ, I. M. S. R. Trabalho de Curso (UNIP), 2017. Apresentado 
no Encontro Nacional da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB), na UFPB, em João 
Pessoa, pela Profª. Ivete Ramirez no XIX Encontro nacional de Geógrafos - Pensar e Fazer a 
Geografia Brasileira no Século XXI: escalas, conflitos socioespaciais e crise estrutural na 
Nova Geopolítica Mundial, sob o título: Medievalização do Espaço: os enclaves fortificados 
em condomínios fechados da Grande São Paulo. 
 CARLOS, A. F. A; ALVES, G.; PÁDUA, R. F. de (Orgs.). Justiça 
espacial e o direito à cidade. São Paulo: Ed. Contexto, 2017.
 ELGIN, D. Simplicidade voluntária: em busca de um estilo de 
vida exteriormente simples, mas interiormente rico. São Paulo: 
Cultrix, 1993.
Referências
 FREUD, S. O mal-estar da civilização. OB. v. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 65-148.
 FREUND, S. O futuro de uma ilusão. OB, v. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 11-63.
 GIANETTI, E. Autoengano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 67-109.
 GIANETTI, E. Felicidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 23-30.
 GUATTARI, F. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1995.
 GUIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: UNESP, 1991.
 HALL, S. A identidade cultural na pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
 HOLSTON, J. A cidade modernista: uma crítica de Brasília e a sua utopia. São Paulo: 
Cia. das Letras, 1993.
Referências
 LEFEBVRE, H. The production of Space. Cambridge: Blackwell, 1991.
 MARTIN, P. H.; SCHUMANN, H. A armadilha da globalização. 5. ed. São Paulo: Globo, 
1996.
 RIBEIRO, F. P. Tese de doutorado FAU-USP. Os paradigmas neoliberal e ambiental na 
construção da cidade contemporânea: tramas e tendências do discurso hegemônico da 
sustentabilidade na Europa e no Brasil, SP/França, 2014.
 SANTOS, M. A cidade nos países subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Editora Civilização 
Brasileira, 1965.
 SILVA. M. R. da. O espaço sem corpo: a vida na superfície das imagens. 2003.
 VIRILIO, P.; LOTRINGER, S. Guerra Pura: a militarização do 
cotidiano. Tradução de Elza Miné e Laymert Garcia dos Santos. 
São Paulo: Brasiliense, 1984.
Referências
ATÉ A PRÓXIMA!

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