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Profa. Ivy Ramirez UNIDADE I Estudos Disciplinares Medievalização do Espaço Urbano O modo de ocupação do espaço refere-se ao HABITAT = natureza do local em que os grupos humanos vivem e se organizam. A ocupação do espaço reflete o modo de vida, o processo de produção econômica e a modificação da paisagem. Assim, de acordo com a situação geográfica, o habitat pode ser rural e urbano. O habitat rural: relaciona-se ao modo de ocupação no solo rural, e às relações entre os habitantes e a exploração desse espaço. O habitat urbano: relativo à cidade, e às atividades comerciais e industriais. Destacamos que a cidade e o campo, rural e urbano, não estão em oposição e se complementam. A cidade se diferencia pela sua complexidade, com alto grau de relações e o fato de ser a sede de município. O processo de urbanização Fonte: Wikipedia Commons. Definição: a cidade é caracterizada como um organismo materialmente fechado, que se define no espaço pelo alto grau de interações que se estabelecem entre os seus habitantes e destes com o espaço em suas atividades. Existem classificações diferentes para as cidades: a) Quanto à sua origem: espontâneas ou naturais = surgiram da expansão de antigos aglomerados; de rotas de expedições (feitorias); ex.: Cabo Frio (RJ); Santa Cruz da Cabrália (BA); com a função de defesa (fortificações) como Fortaleza (CE); Natal (RN); entroncamento ferroviário como Mairinque e Bauru (SP); núcleo de colonização como Londrina, Maringá- PR, Caxias do Sul (RS), Joinville (SC); arraiais de bandeirismo (corruptelas), como Poxoréu (MT), Aragarças (GO); A cidade e as suas classificações b) Cidades artificiais ou planejadas = foram edificadas mediante planos e projetos urbanísticos; Podemos citar, no Brasil: Teresina (PI), um projeto de 1851; Aracaju (SE), de 1858; Belo Horizonte (MG), de 1898; Goiânia (GO), de 1937; Brasília (DF), inaugurada em 1960; Palmas (TO), em 1990. No que se refere à evolução urbana, algumas cidades desapareceram por razões de ordem natural, como Pompeia (Itália) devido à erupção vulcânica, outras pelo alagamento para a construção de barragens, como Sobradinho, no Vale do rio São Francisco, cantadas na letra da música de Sá & Guarabira. Ou, ainda, a perda de funcionalidade por razões históricas ou econômicas, tais como: Bananal e Areias (Vale do Paraíba), Alcântara (MA). A cidade e as suas classificações A letra da música Sobradinho, do álbum Pirão de Peixe com Pimenta, de 1977, de Sá & Guarabyra, nos faz recordar de cidades que desapareceram: O homem chega, já desfaz a natureza Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar O São Francisco lá pra cima da Bahia Diz que dia menos dia vai subir bem devagar E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o sertão ia alagar. ........................................................... Adeus Remanso, Casa Nova, Santo Sé Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir Debaixo d’ água lá se vai a vida inteira Por cima da cachoeira a gaiola vai subir Vai ter barragens no salto do Sobradinho E o povo vai-se embora com medo de se afogar. As cidades e as suas classificações Fonte: Wikipedia Commons - Sá, Rodrix e Guarabyra - Teatro Municipal. Fonte: Lyric Find. Quanto ao sítio urbano: área onde se encontra a cidade assentada. Pode ser: *Acrópole (topo de morros) = Ex.: Atenas (Grécia), Salvador (BA), São Paulo, RJ; *Planície = Manaus (AM), Belém (PA); *Planalto = Brasília (DF), Cuiabá (MT); Montanha = Ouro Preto (MG), Campos do Jordão (SP); Insular (em ilhas) = São Luís (MA), Vitória (ES), Florianópolis (SC). Aqui, vamos destacar as Edge Cities (cidades de entorno) fenômeno urbanístico que tem ocorrido, com mais frequência, na contemporaneidade resultantes de planejamento. Esse conceito foi criado pelo jornalista e escritor dos Estados Unidos, Joel Garreau, em sua obra Edge City: Life on the New Frontier, editada em 1991, na qual apresentava uma solução urbanística para os tempos modernos. São exemplos: Garden City NY (EUA), Alphaville, Tamboré, na região metropolitana de São Paulo. O nome “Alphaville” nos reporta em metáforas e conotações a um filme, definindo uma cidade sui generis governada por um computador, Alpha 60, que aboliu os sentimentos das pessoas. Quanto à origem, como se classificam, ainda, as cidades Tratamos de uma função que se destaca como principal naquela cidade, embora a cidade possa exercer mais de uma função. Comercial: SP, Caruaru (PE), Campina Grande (PB), Feira de Santana (BA). Industrial: Volta Redonda (RJ), Cubatão (SP), São Bernardo (SP), Betim (MG). Religiosa: Aparecida (SP), Juazeiro do Norte (CE), Tambaú (SP). Estação de saúde: Campos do Jordão (SP), Araxá (MG), Serra Negra (SP) . Turística histórica: Ouro Preto (MG), Olinda (PE), Salvador (BA), Paraty (RJ). Turística balneária: Guarujá (SP), Torres (RS), Guarapari (ES), Cabo Frio (RJ). Estratégica-Militar: Resende (RJ), Pirassununga (SP), São José dos Campos (SP)-ITA. Classificação de cidades em função urbana Também classificamos as cidades de acordo com uma HIERARQUIA = seu grau de influência em: megalópole, metrópole nacional, regional, cidade global, capital regional , centro regional e sub-regional). Mas buscamos, na história, as definições de cidade ideal. Em 1585, uma peste matou quase a metade da população de Milão (Itália). No final dos anos de 1480, Leonardo da Vinci havia se transferido para esta cidade e, entre muitos dos seus projetos, dedicou-se a planejar a cidade ideal, um tema que também foi uma preocupação do Renascimento. Na Galleria Nazionale delle Marche, há um painel com a imagem da cidade ideal de Urbino. Também se destacou Le Corbusier e, no Brasil, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa idealizam Brasília, inaugurada no dia 21 de abril de 1960. Mas a cidade ideal já era imaginada no passado Fonte: Museu Nacional Honestino Guimarães, Brasília - Projeto Oscar Niemeyer – 2007. Conurbação: reunião espacial de duas ou mais cidades, formando um único aglomerado urbano, constituindo as regiões metropolitanas: Grande Manaus, Grande Belém, Grande Recife, Grande Brasília, Grande Curitiba, Grande Porto Alegre, Grande RJ e SP. Região polarizada: região planejada em torno da metrópole. Macrometrópole: classificação intermediária da megalópole, em que duas ou mais cidades constituem uma conurbação. Ex.: São Paulo e Campinas. As megalópoles mundiais: Japão (Tóquio, Nagoia, Osaka), Nordeste dos EUA (megalópole de Nova Iorque), uma possível megalopolização entre SP e RJ. Alguns conceitos importantes Megacidade: cidades com mais de dez milhões de habitantes: Cidade do México; São Paulo; Mumbai e Délhi (Índia); Lagos (Nigéria); Tóquio (Japão); Nova Iorque (EUA). Hierarquia urbana Na obra organizada por Ana Fani Alessandri Carlos, Glória Alves e Rafael Faleiros de Pádua (org.), publicada em 2017, são apresentadas várias temáticas que complementam as nossas considerações, sendo que o direito à cidade seria a base para a construção de políticas públicas, no sentido de reduzirem as desigualdades e as contradições na construção do espaço urbano. Já na década de 1960, o “direito à cidade” já se constituía em uma argumentação de Henri Lefebvre, para quem mudar de cidade tinha um significado transformador para alterar a ordem de muitas coisas. O termo sofreu uma banalização entre vários autores, mas em algo parece haver uma unanimidade, na questão das desigualdades, que responde em nome de um capitalismo globalizado e a interesses diversos. Na obra apontada, mencionam uma tendência comum, uma marca identitária dos governos neoliberais com políticas de austeridade no que se refere à temática urbana. Cidades – Justiça espacial e o direito à cidade Henri Lefebvre,1971. Fonte: Wikipedia Commons. O que é primordial para se viver em cidades: *Moradia ou habitação; *Alimentação; *Saúde; *Trabalho; *Educação. A escola integra e contribui para a formação dos indivíduos. A volta ao básico Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/educacao Em direitos sociais afetam a vida não só urbana, mas, também, de áreas rurais. A ausência dos investimentos públicos pode contribuir para a marginalização, a exclusão e a falta de segurança. Temos, aqui, o “ingrediente” para a segregação urbana que pretendemos estudar. Esse “apartheid” vai apresentar as conotações bem amplas em um contexto urbano. Falamos, aqui, na apropriação dos lugares, o acesso à propriedade e ao solo urbano. A cidade enquanto segregação e destruição/construção de lugares, se insere na lógica da acumulação capitalista para a elaboração de um plano que permita alterar a função social da propriedade privada da terra. Os cortes Fonte: Pixabay. O “desenho” de uma cidade capitalista é resultado do modo de produção capitalista que evoluiu de uma configuração espacial rural para a urbano-industrial, sem respeitar os limites da natureza e nem as pessoas que aí deveriam habitar. Estamos diante de uma situação de: a) Solidariedade. b) Igualdade. c) Exclusão. d) Inclusão. e) Fraternidade. Interatividade Fonte: pxhere.com O “desenho” de uma cidade capitalista é resultado do modo de produção capitalista que evoluiu de uma configuração espacial rural para a urbano-industrial, sem respeitar os limites da natureza e nem as pessoas que aí deveriam habitar. Estamos diante de uma situação de: a) Solidariedade. b) Igualdade. c) Exclusão. d) Inclusão. e) Fraternidade. Resposta Bloco II – O uso do termo “medievalização”. Uma analogia que fazemos ao modo de habitar da Era Medieval, em espaços fechados com o sentido de proteção, segurança. Aqui, nos referimos aos condomínios fechados ou núcleos, e comunidades que tentam se isolar de espaços maiores nas cidades, uma tendência para uma identidade específica, um pertencimento a uma “tribo urbana”. Partimos de um questionamento: morar em um condomínio fechado vertical ou horizontal, em área urbana ou em favelas (comunidades), em loteamentos populares ou áreas excluídas, pela definição do IBGE (habitações subnormais), representam um tipo de pertencimento? Existe uma ética específica para cada espaço a se habitar? Vamos procurar demonstrar ao longo de nossa aula: O uso do termo “medievalização” A ordem global, o processo de produção econômica, a falta de políticas públicas em distintas áreas do Brasil e, de modo geral, em países da América Latina, ou melhor, nos países do Sul, levaram a novos arranjos espaciais acentuando as diferenças sociais no modo de habitar. Crescimento caótico (desorganizado) das metrópoles e regiões metropolitanas caracterizando a macrocefalia promoveram uma degradação da qualidade de vida nas áreas centrais, em função de vários problemas. Incluindo-se os existenciais e de relacionamentos. Como resultante conduziram as pessoas a espaços contrastantes destinados aos moradores divididos pelo poder financeiro: *Os espaços “fortificados”, os condomínios que, ora denominamos como enclaves horizontais ou verticais; *Os espaços subnormais (favelas), também fortificadas em outro âmbito. As alterações na ordem global e no modo de habitar As cidades cresceram e, com elas, os problemas de circulação, o trânsito caótico, a insegurança, poluição, atingindo toda a população. Outro problema foi a especulação imobiliária valorizando determinados espaços em prejuízo de outros. Áreas consideradas degradadas: encostas com riscos de deslizamentos, beira de córregos, que permitiram construções irregulares e núcleos favelados. Tais situações conduziram as pessoas de maior poder aquisitivo aos condomínios, e aquelas que não detinham condições às áreas e às habitações subnormais, pela classificação do IBGE. Também partimos da classificação proposta por Regina Araújo (geógrafa USP), de cidade “Legal” e cidade “Ilegal”. Ao se referir à segregação espacial urbana. Justificativas De acordo com as informações obtidas pelo IBGE no Censo de 2010, a segregação espacial urbana era demonstrada pelo que chamamos de “cidade ilegal” em alta porcentagem, em direções que comprometeriam a questão ambiental promovendo desmatamentos e assoreamento, de rios e córregos sendo que esse fenômeno não é local nem se restringe ao Centro-Sul do Brasil, mas tem as suas repercussões em todas as regiões em maior e menor grau. As áreas “desprezadas” pela especulação imobiliária são as várzeas dos rios e dos córregos, poluídas e sujeitas a inundações, encostas de morros com declives acentuados sob o risco de desmoronamento, áreas de mananciais próximas a represas, com riscos de proliferação de doenças. Dados percentuais denotavam essa constatação. Em 2.856.180 domicílios, temos: 43,6% de habitações normais; 13,3% de favelas; 37,5% de loteamentos irregulares (SP) 5,6% de cortiços. Os dados comprovam Fonte: IBGE, Censo 1990. Por outro lado, a “cidade legal” corresponde aos microespaços providos de melhores condições em áreas centrais, ou mesmo, mais afastadas dos centros urbanos, com os muros de proteção, guaritas, circuitos fechados de monitoramento, sistema de monitoramento policial, seguranças, cães de guarda, policiamento motorizado, entre outros aparatos que garantam a segurança e uma melhor qualidade de vida aos moradores. Digamos que uma “certa tranquilidade”. Esta constatação levou autores como Martin e Shuman (1996), à seguinte afirmação: “A crescente distância entre ricos e pobres, e as explosões cada vez mais incontroladas da violência estão a dar lugar a uma nova estratégia de ‘apartheid social’, com a proliferação de condomínios fechados, milícias privadas e sofisticados sistemas de vigilância para proteção.” O lado inverso Fenômeno urbanístico que teve o seu início na década de 1970, com o pioneirismo do condomínio Alphaville, em municípios da Grande São Paulo (Barueri e Santana do Parnaíba), e se espalhou para outros estados e cidades, inclusive com o modelo de habitar fora do Brasil. Trata-se de uma forma de segregação espacial, que alcançou muito sucesso entre as pessoas de maior renda, com novos modelos similares, inclusive com a transformação de áreas rurais ou suburbanas em áreas mais urbanizadas seguindo o padrão das edge cities. Porém constatam-se, no interior desses espaços, problemas existenciais e vivenciais, muitas vezes, com maior gravidade do que nas áreas periféricas. Os enclaves fortificados impõem a sua lógica, estabelecendo distâncias e muros irredutíveis entre os distintos grupos sociais. O fenômeno das edge cities Para o autor Duane Elgin (1993), a capacidade de comunicação encontra-se no cerne da vida humana e da sociedade (uma questão de empatia); se não pudermos nos comunicar com a eficiência, a própria civilização estará ameaçada. Em sua obra Simplicidade Voluntária, p. 137, faz uma argumentação que, com propriedade, se insere no âmbito do que falamos sobre os condomínios fechados ou enclaves fortificados: “... em muitas áreas urbanas, a forma de liderança do tipo chefe da cidade torna-se, novamente, um lugar comum transformando virtualmente inúmeros núcleos urbanos em feudos. Comunidades ricas tornam-se miniestados policiais particulares para proteger as suas propriedades das populações mais pobres, cada vez mais desesperadas e ressentidas enquanto todos lutam para manter à tona, a ordem social geral... e mergulha em profundo mal-estar psicológico, asfixiada pela burocracia... Um futuro no qual viver é pouco mais do que morrer.” Características especiais O conceito de identidade é complexo e não oferece definições conclusivas. As sociedades modernas, em plena crise de identidadecultural, estão se fragmentando, sendo difícil explicitar o seu pertencimento. A escola permite caracterizar um pertencimento a um determinado grupo social identitário, dando ao aluno um status de pertencimento e inclusão. Uma questão de identidade Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/educacao O autor Stuart Hall (2003), em sua obra A identidade cultural na pós-Modernidade, afirma que o sujeito pós-moderno não tem identidade fixa: ele assume identidades diferentes, vivenciando-as temporariamente. A busca da felicidade e da satisfatória qualidade de vida e bem-estar, implica na adequação entre os valores objetivos e subjetivos, estabelecendo vínculos de vários tipos. A construção de condomínios sejam eles verticais ou horizontais, e loteamentos fechados, compõe um quadro onde se combinam os espaços segregados fragmentados e heterogêneos, interesses capitalistas (especulação imobiliária) e valorização/desvalorização do solo urbano, por sua vez eles, dependem de políticas públicas, e decisões e permissões ambientais. Definições teóricas sobre o tema Maurício Ribeiro da Silva (2003) em seu texto O Espaço sem Corpo: a Vida na Superfície das Imagens, fala a respeito do homem contemporâneo encontrar-se na intersecção de dois mundos: o mundo do corpo e o mundo da imagem, padecendo de males por não reconhecer a si mesmo, nem o seu lugar nem o seu tempo. Fala em velocidade imposta pelos meios midiáticos. Na cidade, a despeito do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e de transporte, cada vez mais, somos incapazes de nos movimentar, e é patente que, a despeito das tecnologias de comunicação que facilitam a troca de informações, sob o ponto de vista do entendimento, a humanidade, como um todo, se comunica menos...” se refere à organização do espaço e do tempo, a proposta da arquitetura e do urbanismo. Definições teóricas sobre o tema Segue Maurício Ribeiro (2003, p. 3): “... As medidas de distância convertem-se em medidas do tempo, assim como a rapidez converte-se em superação do espaço... com comunicações à distância (internet, celulares), como superações do distanciamento linear do corpo, organiza-se um novo modo de vida onde nem o tempo e nem o espaço configuram-se como o sistema preferencial das trocas simbólicas.” Paul Virilio/Sylvere Lotringer (1984, p. 1-8) falam na militarização do cotidiano – a vida é uma guerra ao perguntarem: onde é que nós vamos parar? Quiséssemos apenas comunicar a angústia que nos toma o corpo todo por nos encontrarmos em pleno voo cego, em movimento turbilhonar. Sem marcos, sem indicadores, sem direção, sem chão, boias-frias de um caminhão lotado, em disparada pelas estradas do mundo contemporâneo...”. Torna-se urgente o questionamento da ciência, precisamente em momentos de crise. Obras que abordam a nossa temática Quando nos referimos nas sociedades modernas à dificuldade em estabelecer uma identidade cultural, nos referimos à dificuldade do indivíduo em explicitar o seu grupo de pertencimento. Assim, para Stuart Hall, isso significa que o sujeito pós-moderno: a) Tem identidade fixa. b) Não tem identidade fixa, assumindo várias identidades. c) É dotado de muita ética. d) Identifica-se, facilmente, com os demais. e) Não apresenta um padrão de identidade. Interatividade Quando nos referimos nas sociedades modernas à dificuldade em estabelecer uma identidade cultural, nos referimos à dificuldade do indivíduo em explicitar o seu grupo de pertencimento. Assim, para Stuart Hall, isso significa que o sujeito pós-moderno: a) Tem identidade fixa. b) Não tem identidade fixa, assumindo várias identidades. c) É dotado de muita ética. d) Identifica-se, facilmente, com os demais. e) Não apresenta um padrão de identidade. Resposta Nossa proposta de análise dos “enclaves fortificados” é a de caracterizar um tipo de pertencimento específico que se distingue de outros lugares habitados, existe uma identidade, assim como há fora dos “muros”. O que nos faz recordar uma fala de Cristovam Buarque: “O Brasil se formou fazendo muros e não pontes entre os seus habitantes. No começo os muros separavam os negros dos brancos, a casa-grande da senzala. Hoje, separam as favelas e os condomínios, os shoppings e as ruas dos centros das cidades, há um muro separando as classes sociais. Até a justiça é separada de um lado, justiça dos pobres que prende quem rouba comida no supermercado; de outro, aquela que deixa livre os que roubam milhões. Porém, quando, de modo excepcional, rico vai preso, há um muro separando as cadeias comuns para uns e a especial para outros.”. A ética em habitar um lugar O conteúdo apresentado nos faz recordar, também, de uma cidade “especial”, tal qual a intenção primordial dos condomínios fechados, por similaridade, mas há de se questionar esse “especial” ou singular, no contexto urbano ou urbanístico: O Plano Urbanístico de Brasília apresenta características semelhantes às das cidades ideais criadas por Le Corbusier (arquiteto modernista suíço, 1887-1965). As similaridades explícitas entre elas e Brasília são: a ausência de cruzamentos de vias expressas; as unidades de moradias em superquadras residenciais com jardins e dependências coletivas; prédios administrativos, financeiros e comerciais em torno do cruzamento central; a zona de recreação rodeando a cidade. O pedigree de Brasília é evidente. (HOLSTON, J. 1993, p. 38); Ao que se referia o autor ao classificar Brasília como sendo uma cidade que tem pedigree? Por similaridade assim, se apresentam alguns enclaves urbanos? Uma “cidade especial”; Algumas características: planejamento; ordenamento territorial; beleza arquitetônica; paisagismo; suposta segurança. A cidade modernista Le Corbusier, 1964. Fonte: Wikipedia Commons. A busca de lugares supostamente “seguros” para se viver, os espaços reservados, podem trazer surpresas e manifestações inesperadas da parte dos moradores que buscam a paz para serem felizes. Vamos voltar aos conceitos geográficos: o solo urbano é uma mercadoria que permite, em sua apropriação, distinguir as classes sociais e as hierarquias. Ao lermos um anúncio: Breve lançamento, antecipe-se! A vida como ela é Residencial Alphaville Campinas. Fonte: Wikipedia Commons. Não poderíamos imaginar que ocorrem outros tipos de problemas, os psicossociais e existenciais, pois a vida é sempre mais do que uma mera convivência social. Pois existem conflitos reais entre o ser humano singular e a sociedade, e esta, com os ambientes. A crescente concentração populacional em áreas urbanas, os movimentos migratórios decorrentes e a própria dinâmica constituem-se em problemas contemporâneos. Como analogia, apresentamos a letra da música Minha alma (a paz que eu não quero), do O Rappa, como exemplo: A minha alma tá armada E apontada para a cara do sossego Pois paz sem voz paz sem voz Não é paz é medo Às vezes eu falo com a vida Às vezes é ela quem diz Qual a paz que eu não quero Conservar para tentar ser feliz As grades do condomínio são para trazer proteção Mas também trazem a dúvida se é você que “tá” nessa prisão Os problemas sociais e as opções de moradia Longe de se restringirem ao Brasil e às suas regiões metropolitanas, os condomínios fechados horizontais e verticais, assim como os loteamentos fechados, já trazem esse tipo de moradias, em parte significativa, de médias e grandes cidades, e, também, em países da América Latina: México, Chile, Argentina, Uruguai, entre outros. Os problemas sociais e as opções de moradia A sofisticação imposta pelo modelo capitalista teria levado à adoção de um modelo de habitar diferenciado e similar aos modelos implantados em países do Norte rico, como nos Estados Unidos, as Edge Cities ou New Towns, representando os enclaves fortificados. Há, nessecontexto, o interesse e a lógica da especulação imobiliária, defendendo lemas, tais como: segurança, qualidade ambiental e, supostamente, a melhor qualidade de vida. Esses espaços, muitas vezes, são como ilhas cercadas de áreas degradadas e habitações precárias no seu entorno. Nas palavras do geógrafo Milton Santos (1965), já encontrávamos elementos que reforçavam as contradições urbanas: “A cidade é, antes de tudo, definida por suas funções e por um gênero de vida, ou, mais simplesmente, por certa paisagem que reflete, ao mesmo tempo, essas funções, esse gênero de vida, e os elementos menos visíveis e inseparáveis da noção de cidade: passado histórico ou forma de civilização, concepção e mentalidade dos seus habitantes... As cidades nos países subdesenvolvidos (hoje, os do Sul), em um mundo globalizado, se confundem com o país no qual se encontram inseridas”. Problematização Como afirma Eduardo Gianetti, a felicidade está dentro de cada um de nós, em suas obras Autoengano (2005) e Felicidade (2002); voltando à Geografia, não é o lugar somente, não é o espaço fortificado ou não, mas todo um conjunto que envolve as satisfações materiais, corporais ou físicas, e existenciais que podem estar, contidas ou não, na vida, na riqueza ou na pobreza. A ideia pode estar vinculada a um “falso engano” gerando e ampliando os problemas psicossociais. Em 1848, na obra Manifesto Comunista, Karl Marx e Engels já apontavam que a burguesia não poderia existir sem revolucionar, incessantemente, os instrumentos de produção e, por conseguinte, as relações sociais (e complementamos as de consumo e sobrevivência). Problematização Novas tendências da urbanização Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image- photo/frankfurt-main-skyline-793527118 Em contraste com a imagem, anteriormente apresentada, de uma cidade de arranha-céus e edificações bem apresentadas, surgem as formas de habitação precárias em áreas, ainda, desprezadas pela especulação imobiliária, ou seja: Margens de córregos; áreas sujeitas a enchentes; encostas de declives acentuados sob os riscos de desmoronamento, áreas de riscos ambientais. As áreas periféricas alteram as condições de vida e de sobrevivência, expondo as pessoas a riscos ambientais e a carências existenciais, devido à falta de saneamento básico, água com potabilidade, riscos de doenças pela proliferação de ratos e insetos, deposição inadequada de lixo, entre muitas outras e, acima de tudo, à ausência de investimentos para as melhorias pelo Poder Público. George Simmel, já em 1989, afirmava que a metrópole interfere na vida mental e no número de relações que se consegue estabelecer, e a sociedade complexa promove outro tipo de solidariedade. Novas tendências da urbanização e relações sociais O argumento mais usado para justificar a vida na metrópole e nas grandes cidades é o de que elas oferecem mais “oportunidades”, geralmente, pensando em termos de trabalho. Félix Guattari (1989) articulou três registros ecológicos (mental, social e físico) para uma revisão ético-estética do que denominamos como práxis humana (vivência) em variados domínios e, a partir de sua argumentação, constatamos que a metrópole ou uma grande cidade interfere, não só na vida mental e no número de relações interpessoais, mas nesses momentos atuais acentua o uso da internet, e de suas formas de comunicação e relacionamentos, criando um outro tipo de solidariedade, uma nova forma de vínculos entre as pessoas, o que implica em isolamento e atua na subjetividade. Assim, melhorar a qualidade de vida não implica, necessariamente, apenas, em residir em um lugar fechado. Na Idade Média, os “feudos” tratavam de assegurar uma possível invasão dos “bárbaros”. Daí, nossa metáfora é a de que os condomínios fechados são “enclaves” fortificados para evitar as invasões. (RAMIREZ, I. M., 2018). A vida na metrópole A globalização estabeleceu uma separação do poder, e uma postura política e de relações interpessoais atípicas. Vivemos uma situação excludente, sem parecer ser. Haja vista os conflitos, de distintas origens: simbólicos, religiosos, territoriais, intolerâncias. Convivemos, também, com os problemas ambientais ou ecológicos, com perdas de biomas e de espécies, a degradação dos rios, a poluição atmosférica. Viver na modernidade, para Guiddens (1991), configura-se como uma cultura de risco, na qual a subjetividade seria influenciada por aspectos globais e ambientais, entre outros, como as relações interpessoais, familiares, mentais, sexuais, que contribuem para aumentar o estresse e as tensões, que afetam a vida cotidiana e os modos de vida. Reportando-nos a Freud (1927, 1996, p. 11-63), diríamos que: “nem a felicidade nem a liberdade são incompatíveis com a civilização, cujo desenvolvimento está ligado à opressão, à restrição, ao recalque de pulsões de vida e de morte, para uma satisfação socialmente aceitável”. Viver na modernidade Existem grandes desafios quando nos referimos a essa temática, inclusive, muitas vezes, não é a falta de vontade, mas de oportunidade e condições financeiras, entre outras. Existem, no caso do Brasil, problemas a enfrentar: As distâncias geográficas para o acesso às escolas; Falta de aparelhamento; Investimentos de órgãos públicos; Falta de professores; Falta de incentivo familiar; O jovem no mercado de trabalho. Nesse contexto, a formação do indivíduo e a escolaridade são importantes Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/educacao Podemos citar, nas cidades, dois tipos de enclaves (que, agora, chamamos de áreas de isolamento, de refúgio): os espaços artificiais (condomínios fechados) e aqueles que reúnem a massa populacional de menor poder aquisitivo (as favelas, os cortiços, os loteamentos clandestinos, as áreas de mananciais, as áreas degradadas). Enfim, a “cidade legal” e a “cidade ilegal”. Aqui, cabem algumas definições (tendo, por base, as classificações do IBGE): Cortiços: habitações compartilhadas concentradas na porção central da cidade; Favelas: habitações em autoconstruções precárias, formando núcleos e verdadeiros bairros em áreas não atingidas, ainda, pela especulação imobiliária, em que o Poder Público realiza, em algumas delas, obras de infraestrutura, como uma forma de não se responsabilizar em lhes oferecer habitações regulares. Os tipos de enclaves urbanos Favela da Rocinha. Fonte: Wikipedia Commons. Em 1887, o Exército brasileiro esmagou a Revolta de Canudos. Na Bahia, os soldados acampavam em chapadas e platôs, onde crescia o arbusto chamado faveleiro, típico da caatinga. Retornando ao Rio de Janeiro, receberam do governo o usufruto de terrenos nos morros, onde ergueram as suas moradias (em barracos), o que passou a ser conhecido como: a) Cortiços. b) Loteamentos clandestinos. c) Edge cities. d) Favelas. e) Vilas. Interatividade Em 1887, o Exército brasileiro esmagou a Revolta de Canudos. Na Bahia, os soldados acampavam em chapadas e platôs, onde crescia o arbusto chamado faveleiro, típico da caatinga. Retornando ao Rio de Janeiro, receberam do governo o usufruto de terrenos nos morros, onde ergueram as suas moradias (em barracos), o que passou a ser conhecido como: a) Cortiços. b) Loteamentos clandestinos. c) Edge cities. d) Favelas. e) Vilas. Resposta Ao voltarem e se instalarem nos morros, os soldados passaram a conviver aglomerados, como o faziam na Bahia; essa lembrança os fez denominar essa forma de habitar, de favela, habitações rústicas e precárias. Essa é uma hipótese da origem da palavra. Devemos destacar que ela só é usada no Brasil; em países de língua francesa utiliza-se o termo bidonvilles (cidades de lata); em países de língua hispânica usam os termos ranchitos, barriadas, poblaciones; e,em inglês, as palavras usadas são slums e bustees. O que chama a atenção é o fato delas representarem as áreas e as populações excluídas e, muitas vezes, degradadas e ilegais, que não atendem ao aparato jurídico das normas de ocupação do espaço urbano. A singularidade do termo A ordem econômica global mudou; após a década de 1990, houve a mundialização das relações econômicas; o campo e a cidade passaram a atuar, conjuntamente, em termos de produção e de consumo. As relações econômicas foram ampliadas, no entanto, ocorreu uma exclusão social e uma mudança no ordenamento territorial. Ocorreram similaridades globais em questões de sustentabilidade e qualidade de vida. O ordenamento do espaço urbano e a qualidade de vida foram, fortemente, modificados. A qualidade de vida vem sendo alterada em países ricos e pobres, ou os do Norte e do Sul. A distribuição de renda está, cada vez mais, concentrada e a desigualdade impera. Mudança na ordem mundial e ordenamento territorial Os riscos aos quais se expõem os citadinos são de distintas ordens, desde os ambientais aos psicossociais, segurança, entre outros. As opções tratam de subverter as sensações de desconforto e os riscos que interferem no cotidiano. O que está em jogo, também, é a questão financeira e a especulação imobiliária promovendo a valorização da terra e do modo de habitar, agravando o acesso a determinados tipos de moradias para as pessoas mais carentes, privilegiando àquelas com melhores condições ou que apresentam ganhos compatíveis à nova realidade de acesso aos bens imóveis. Caldeira (1992), nos remete, em sua obra, que: “o fascínio que a casa unifamiliar isolada exerce, na grande maioria da população, não é recente, ele nos remete à villa renascentista. No século XIX, esta tipologia foi reafirmada através de reformadores sociais para as classes trabalhadoras, respaldadas pelas propostas higienistas, primeiro na Europa e, também, no Brasil.” Os problemas ambientais e sociais, e as opções de moradia Caldeira (1992), nos remete também a Guerrand (1992), quando escreve sobre “Espaços Privados”, In: A História da Vida Privada: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial”, organizado por Michelle Perrot e nos faz recordar da obra de HOMEM, M. C. N. O palacete paulistano, 1996 (versão que corresponde aos palacetes do final do século XIX e início do século XX), período de expansão da cafeicultura. Mas, historicamente, a questão da segurança nos faz recordar do modo de habitar renascentista, os espaços medievais das vilas e dos castelos. Do aprisionamento do espaço e da busca de segurança para evitar ataques, surgem os “enclaves”. O processo de urbanização brasileiro estaria associado ao êxodo rural, devido ao contingente de trabalhadores expulsos do campo que afluíram às cidades, buscando assegurar uma sobrevivência mais digna aos seus familiares. Problematização Novas tendências da urbanização Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image- photo/frankfurt-main-skyline-793527118 “(...) A partir do final da Segunda Guerra Mundial, a extensão do assalariamento, o acesso por ônibus à terra distante e barata da periferia das cidades, a industrialização dos materiais básicos de construção, somadas à crise do aluguel e às frágeis políticas habitacionais dos Estados, tornaram o trinômio loteamento popular/autoconstrução/forma predominante de assentamento, o residencial da classe trabalhadora” (CALDEIRA, 2000). Em contraste com a imagem, anteriormente apresentada, de uma cidade de arranha-céus e edificações bem apresentadas, surgem as formas de habitação precárias em áreas, ainda, desprezadas pela especulação imobiliária, ou seja: Margens de córregos; áreas sujeitas a enchentes; encostas de declives acentuados sob os riscos de desmoronamento, áreas de riscos ambientais. De acordo com Regina Araújo (USP), a esse conjunto de loteamentos clandestinos, as favelas e os cortiços, denominamos de “cidade ilegal”, aquela que não atende ao aparelho jurídico de normas sobre a ocupação do espaço urbano. Novas tendências da urbanização O que inferimos é que a evolução do sistema capitalista globalizado intensificou o modo de habitar áreas urbanas de maneira singular. Deteriorando as condições, até então, consideradas insatisfatórias para o que podemos chamar de um bom modo de viver. As opções estão vinculadas à disponibilidade de renda em termos de ordenamento do espaço. As novas tendências urbanas dependem, acima de tudo, da satisfação das necessidades sociais e pessoais, porém, variam de acordo com os grupos sociais e de suas possibilidades. Para Guiddens (1991): A modernidade é um conjunto que abrange o estilo, o costume de vida ou a organização social, relacionando-os a um determinado momento histórico, em uma associação entre o espaço e o tempo. Viver na modernidade, configura-se como uma cultura de riscos, na qual a subjetividade é influenciada por aspectos globais, inclusive ambientais. Novas tendências urbanas Concluímos que eles impõem uma lógica, sua ética em habitar, há uma segregação espacial e, muitas vezes, pessoais. O contraste é visível nos enclaves de luxo, nos mais equipados e na periferia imediata, ambos têm o “direito à cidade”, embora em análises realizadas os autores constatam marcas identitárias de governos neoliberais, em crise financeira, nos quais os indicadores e os mapas definem as desigualdades. O que podemos exemplificar pela desigualdade digital em época de crise, no Brasil: A internet aproxima as pessoas (através de vínculos de vários tipos), citamos como exemplo: 7% não têm acesso; 42% nas regiões Norte e Nordeste. Quanto às funções: 48% cultos religiosos; 84% música; 73% filmes e séries; 60% acesso a shows. Os enclaves fortificados Podemos apontar algumas dimensões: Social; Econômica; Ecológica; Geográfica; Cultural. Esses aspectos não podem ser isolados; nem o urbano nem o rural fogem dos problemas, principalmente, os ambientais, reportando, diretamente, à Geografia em aspectos climáticos, balanço de energia, balanço hídrico, uso do solo, queimadas e desmatamentos. Todas essas questões interferem na qualidade de vida em ambos os espaços e na sua ocupação. Sustentabilidade social Devemos ter em conta que a qualidade ambiental é um fenômeno tanto pessoal, quanto coletivo; os interesses, as motivações que se encontram dentro desse processo podem variar entre os grupos, como a saúde, e os riscos pessoais e familiares, os problemas que afetam a saúde pública, decorrentes da poluição atmosférica, o lixo e a sua deposição, derrames de produtos tóxicos, de acidentes ambientais como os das barragens, poluição dos rios, entre muitos mais que poderíamos mencionar. Se alguns grupos sociais habitam os enclaves de luxo (as Edge Cities ou New Towns) ou outros tipos de condomínios mais populares, tratam de se resguardar, buscando a qualidade de vida. Por outro lado, aqueles que vivem nas periferias imediatas, não puderam optar por condições melhores, pois as suas oportunidades não são as mesmas e vivem nos enclaves desprezados, em uma autossegregação. A ideia de individual e coletivo Nossa proposta de avaliar os impactos diretos e indiretos, na forma de habitar, no arranjo espacial e no modo de viver, está relacionada às estratégias utilizadas pelos agentes da produção para comercializar os espaços e o seu consumo. Esta proposta envolve: a) Somente a condição social das pessoas. b) Apenas a condição financeira em cargos de alto nível. c) Somente a condição intelectual e a formação familiar. d) A especulação imobiliária, as condições pessoais e a valorização dos espaços. e) A vontade das pessoas de viverem em lugares melhores. Interatividade Nossa proposta de avaliar os impactos diretos e indiretos, na forma de habitar, no arranjoespacial e no modo de viver, está relacionada às estratégias utilizadas pelos agentes da produção para comercializar os espaços e o seu consumo. Esta proposta envolve: a) Somente a condição social das pessoas. b) Apenas a condição financeira em cargos de alto nível. c) Somente a condição intelectual e a formação familiar. d) A especulação imobiliária, as condições pessoais e a valorização dos espaços. e) A vontade das pessoas de viverem em lugares melhores. Resposta Podemos encerrar nossas considerações afirmando que os “enclaves fortificados” reservam grandes surpresas, assim como em núcleos subnormais (favelas, ocupações irregulares), não só no que se refere à organização espacial e estrutural, e à organização territorial, bem como às questões existenciais e psicossociais. Todos habitam, fisicamente, um espaço dentro, mas social e espiritualmente fora da cidade, fora do “enclave”. (BAUMAN, 2003). Surpresas BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. CALDEIRA, T. P. do R. Cidade dos muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. SP: EDUSP, 2000. CARDOSO, C. M. 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