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### Mecanismo de parto ● Quais são os períodos do trabalho de parto e suas características? ○ Período premonitório, pré-parto (não é propriamente fase clínica): ■ Início: 30 -36 semanas. ■ Descida do fundo uterino. ■ Formação do segmento uterino inferior. ■ Percepção das contrações uterinas pela gestante, por vezes com cólicas, podendo ser confundidas com trabalho de parto. ■ Aumento das secreções cervicais, com muco e, por vezes, raias de sangue. ■ Amolecimento, apagamento e centralização do colo. ■ Culmina na fase de pródromos de trabalho de parto (fase latente do trabalho de parto). ■ Duração da fase latente: 14 a 20 horas. ○ Período de dilatação (1º período do parto): ■ Inicia-se no início do trabalho de parto e termina no final da dilatação. Duração média: primíparas – 8 horas; multíparas – 5 horas. ■ Diagnóstico do início do trabalho de parto: contrações rítmicas, dolorosas, dilatação cervical de pelo menos 4 cm. ■ ○ Período expulsivo (2º período do parto): ■ Inicia-se com a dilatação total do colo uterino (10 cm) e termina com a expulsão total do concepto. ■ Diagnóstico do período expulsivo: ● Inspeção genital: a apresentação comprime o períneo, principalmente durante as contrações uterinas e os puxos maternos. ● Dilatação cervical: total (10 cm na gestação a termo). ● Contrações uterinas: 5/10 min durando 60-70 segundos. ● Desejo de evacuar, agitação. ● Esforços expulsivos maternos. ■ Altura da apresentação, variedade de posição: são variáveis, mas frequentemente a apresentação já se encontra insinuada. ■ Duração do período expulsivo: ● Nulíparas: 0,5 – 2,5 horas sem peridural e 1-3 horas com peridural; ● Multíparas: até uma hora sem peridural e duas horas com peridural. ○ Secundamento (3° período do parto): ■ Corresponde ao descolamento e à expulsão da placenta e das membranas ovulares. Ocorre entre 5 e 30 minutos após o período expulsivo. Prolongado quando maior que 30 minutos. ■ Formas de secundamento: ● Baudelocque-Schultze – mais comum. Hemorragia segue a saída da placenta. Saída pela face fetal; ● Baudelocque-Duncan – hemorragia precede ou acompanha a saída da placenta. Saída pela face materna. ● ○ 4º período do parto: ■ Do final do secundamento até uma hora após o parto. ■ Período de maior risco de hemorragias. ■ Hemostasia: miotamponagem (contração uterina), trombotamponagem (coagulação do sangue), indiferença miouterina e contração uterina "fixa". ● Quais são os tempos do mecanismo de parto e suas características? ○ INSINUAÇÃO → FLEXÃO → DESCIDA → ROTAÇÃO INTERNA → DESPRENDIMENTO → DEFLEXÃO → ROTAÇÃO EXTERNA → DESPRENDIMENTO DOS OMBROS ○ Principais → Insinuação - passagem do maior diâmetro transverso da apresentação pelos limites do estreito superior da bacia materna - entrada da bacia (estreito superior) é a primeira dificuldade a ser vencida. - como os maiores diâmetros do estreito superior são o transverso e oblíquo, o feto geralmente insinua em variedade transversa ou oblíqua (OEA a mais comum). - diagnóstico: feto atinge o plano das espinhas ciáticas, ou seja, a parte mais baixa da apresentação encontra-se ao plano 0 de DeLee. → Descida. - Com a progressão da descida fetal, o mesmo chegará ao ponto mais estreito da bacia, o estreito médio. → Desprendimento. - Última etapa para a liberação do polo cefálico fetal do canal do parto. → Rotação externa (ou restituição). - Uma vez fora da genitália, a cabeça realiza um movimento de 1/4 a 1/8 de circunferência, voltando o occipital para o lado onde se encontrava no momento da insinuação. Entenda: este movimento ocorre simultaneamente à rotação interna das espáduas, os quais atingem neste momento o estreito médio e ocupam o diâmetro transverso da bacia. A rotação dos ombros para o maior diâmetro do estreito médio (anteroposterior) permite sua passagem e é anunciada pela rotação externa da cabeça fetal. ● Acessórios → Flexão. - movimento complementar que possibilita a redução dos diâmetros da apresentação. - ao fletir a cabeça, o feto irá apresentar menores diâmetros à bacia, facilitando sua passagem. Caso a flexão não ocorra, espera-se mais dificuldade na progressão da descida fetal. - diagnóstico: palpação da fontanela posterior (lambda). Caso ela não seja palpada, define-se que ocorreu uma deflexão. → Rotação interna da cabeça. - rotação da cabeça fetal que permite orientar a sutura sagital no sentido anteroposterior da do estreito médio. - como no estreito médio o maior diâmetro da bacia é o anteroposterior, o feto deve alocar seu maior diâmetro (sutura sagital) neste sentido. - diagnóstico: o ponto de referência fetal será palpado próximo à sínfise púbica (OP) ou próximo ao sacro (OS). A rotação geralmente ocorre para posicionar o feto em OP, sempre pelo caminho mais curto a ser percorrido. → Deflexão. - Uma vez que o canal do parto apresenta uma curvatura superior, o feto precisa defletir a cabeça para conseguir exteriorizá-la. → Desprendimento dos ombros. - Primeiro ocorre a liberação do ombro anterior e, em seguida, a liberação do ombro posterior. ○ ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente ao acompanhante no trabalho de parto? ○ Suporte psicológico, suporte para deambulação, massagens e outras atividades que possam ajudar no processo de dilatação ○ É direito da gestante ter a presença do acompanhante ○ Intermediador entre médico e a gestante, podendo avisar os profissionais sobre possíveis intercorrências que podem estar ocorrendo. ○ Ajuda a detectar sinais de alerta. ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente a posição e deambulação no trabalho de parto? ○ Posição que a paciente deseja (mais confortáveis para ela) ○ Deambulação deve ser estimulada, não sendo incentivado acessos e outros dispositivos que possam restringir a mobilidade da gestante. ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente a restrição dietética no trabalho de parto? ○ Não deve haver restrição dietética ZERO para as pacientes que irão progredir para o parto vaginal ○ Deve ser desestimuladas dietas muito sólidas e motivadas as mais fluidas ○ Podem ingerir líquidos, de preferência soluções isotônicas ao invés de somente água ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente a redução da dor - métodos farmacológicos e não farmacológicos no trabalho de parto? ○ Não farmacológico: banho morno, massagens, músicas, hipnose, audio-analgesia e aromaterapia ○ Farmacológicos: analgesia inalatória (NO - efeitos adversos), analgesia IM e EV (NÃO ROTINA opoides), antieméticos, ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente ao uso de ocitocina no trabalho de parto? ○ Falha de progresso ○ Uso de ocitocina após a ruptura das membranas irá diminuir o tempo para o parto mas não influenciará no tipo de parto ou outros desfechos. ○ Ocitocina irá aumentar a freqüência e intensidade das contrações e que a criança deverá ser monitorada continuamente ou com mais freqüência ○ Assegurar que os incrementos na dose não sejam mais frequentes do que a cada 30 minutos. Aumentar a dose de ocitocina até haver 4-5 contrações em 10 minutos. ○ Realizar exame vaginal 4 horas após o início da ocitocina: - se a dilatação cervical aumentou menos que 2 cm após 4 horas, uma revisão obstétrica adicional deve ser realizada para avaliar a necessidade de cesariana; - Se a dilatação cervical aumentou 2 cm ou mais após 4 horas, continuar observação do progresso do parto ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente ao amniotomia no trabalho de parto? ○ Suspeita de falha de progresso no 1° estágio do trabalho de parto → amniotomia se as membranas estiverem íntegras. ○ Explicar o procedimento e avisar que irá diminuir o trabalho de parto por cerca de 1 hora e pode aumentar a intensidade e dor das contrações. ○ Se a amniotomia for ou não realizada, realizar um exame vaginal após 2 horas e confirmar falha de progressose a dilatação progredir menos que 1 cm. ○ Se as membranas estiverem íntegras e o diagnóstico de falha de progresso for confirmado, aconselhar à mulher a ser submetida a uma amniotomia e repetir o exame vaginal 2 horas após, independente do estado das membranas. ● Quais as orientações para a assistência ao primeiro período do parto referente ao monitorização fetal no trabalho de parto? ○ Ausculta intermitente ○ Realizar a ausculta antes, durante e imediatamente após uma contração, por pelo menos 1 minuto e a cada 30 minutos, registrando como uma taxa única; ○ Registrar acelerações e desacelerações se ouvidas; ○ Palpar o pulso materno se alguma anormalidade for suspeitada para diferenciar os batimentos fetais e da mãe. ● No período expulsivo, quais as orientações assistenciais referentes ao posicionamento? ○ Deve-se desencorajar a mulher a ficar em posição supina, decúbito dorsal horizontal, ou posição semi-supina ○ Deve ser incentivada a adotar qualquer outra posição que ela achar mais confortável incluindo as posições de cócoras, lateral ou quatro apoios ● No período expulsivo, quais as orientações assistenciais referentes aos puxos? ○ Realização de puxos espontâneos. Desincentivados puxos dirigidos ○ Se puxo espontâneo ineficaz ou se solicitado pela mulher → suporte, mudança de posição, esvaziamento da bexiga e encorajamento ○ Se dilatação cervical completa → puxo adiado por pelo menos 1 hora ou mais, se a mulher o desejar, exceto se a mulher quiser realizar o puxo ou a cabeça do bebê estiver visível. ○ Após 1 hora a mulher → puxo durante as contrações. ● No período expulsivo, quais as orientações assistenciais referentes à proteção perineal? ○ Aplicar compressas mornas no períneo ○ Técnica de ‘mãos sobre’ (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal) e a técnica de ‘mãos prontas’ (com as mãos sem tocar o períneo e a cabeça fetal, mas preparadas para tal) → facilita o parto espontâneo. ● No período expulsivo, quais as orientações assistenciais referentes à episiotomia? ○ Não realizar de rotina ○ Indicação deve ser justificada ○ Médio-lateral originando na fúrcula vaginal e direcionada para o lado direito, com um ângulo do eixo vertical entre 45 e 60 graus ○ Assegurar analgesia efetiva antes da realização ● Quando fazer o clampeamento do cordão? Justifique. ○ Entre 1 a 5 minutos ou de forma fisiológica quando cessar a pulsação, exceto se houver alguma contra indicação em relação ao cordão ou necessidade de reanimação neonatal. ○ Maior aporte sanguíneo da placenta para o feto e menos incidência de anemia ● O que é contato pele a pele e quais os benefícios maternos e fetais, promovidos por essa prática? ○ Contato pele-a-pele imediato com a criança logo após o nascimento ○ Colonização da pele da criança com a flora materna, troca de calor, início precoce do aleitamento → eixo neurológico da mãe → ocitocina → promove contração e involução uterina e previne hemorragia materna no 4° momento do parto ● Quais os cuidados que devo ter ao assistir o desprendimento de uma placenta? ○ Pinçamento do cordão umbilical próximo à vulva, e com o descolamento da placenta o local de pinçamento se distancia (sinal de Ahlfeld); ○ Tração intermitente discreta do cordão umbilical, que não será transmitida ao fundo uterino quando a placenta estiver descolada (sinal de Fabre) ou inversamente, a percussão do fundo uterino não é propagada ao cordão umbilical (sinal de Strassmann); ○ Esforço voluntário da paciente. ○ Elevação do corpo uterino através da palpação abdominal não acompanhada da movimentação do cordão umbilical (sinal de Kustner); ○ Administrar ocitocina IV ○ Examinar a placenta e membranas: avaliar suas condições, estrutura, integridade e vasos umbilicais ● Quanto tempo demora para sair uma placenta? ○ Ocorre entre 10 e 20 minutos após o período expulsivo ○ Prolongado quando ultrapassa 30 minutos. ● Quais as formas de desprendimento da placenta ? ○ Baudelocque-Schultze: a implantação placentária encontra-se no fundo uterino (corporal). É a forma mais frequente de implantação (75% dos casos), onde a placenta exterioriza-se pela face fetal em forma de guarda-chuva, com o sangramento surgindo após a saída da placenta ○ Baudelocque-Duncan: a implantação placentária ocorreu nas paredes laterais uterinas (25% dos casos) e a exteriorização da mesma ocorre pela borda inferior, com o sangramento precedendo a saída da placenta ○ ● Quais os sinais clínicos de hipotonia uterina pós-parto? ○ Sangramento vaginal que, não necessariamente, é volumoso; moderado e contínuo, até o momento em que se verifica hipovolemia importante. ○ Exame físico: útero subinvoluído, acima da cicatriz umbilical, flácido e depressível ● Quais as medicações usadas, manobras e demais abordagens feitas para melhora do quadro de hipotonia uterina? ○ Medidas gerais: ■ Acesso venoso calibroso com infusão rápida de 2.000 a 3.000 ml de SF 0,9% ou Ringer lactato; ■ Cateter vesical de demora para controle do débito urinário (manter DU >30 ml/h); ■ Reserva de hemoderivados; ■ Massagem do fundo uterino com a mão esquerda associada ao toque vaginal com a mão direita que procura realizar elevação e anteversoflexão do útero = manobra de Hamilton ○ Medicações: ■ Uterotônicos: ocitocina, metilergonovina, misoprostol ■ Ácido tranexâmico (agente antifibrinolítico) ■ Prostaglandinas intramiometriais ou venosas ○ Tamponamento: balão de Bakri, sonda de Foley ○ ○ Cirurgia: ligadura das artérias uterinas, suturas de B-Lynch, ligadura das artérias hipogástricas, embolização seletiva das artérias uterinas, histerectomia ○
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