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S_Maçonologia_A filosofia maçônica Valores, Virtudes, Verdades_A02

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Prof. Rodrigo Andrés de Souza Penaloza
A Filosofia Maçônica: 
Valores, Virtudes e 
Verdades
Aula 2
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Conversa Inicial
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1. Símbolo versus alegoria
2. Gênese do símbolo
3. Considerações finais
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Tema 1 - Símbolo 
versus alegoria
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Duas definições de Maçonaria no 
Ritual de Aprendiz:
Caráter público: A Ordem 
Maçônica é uma associação de 
homens sábios e virtuosos que 
se consideram irmãos entre si 
e cujo fim é viver em perfeita 
igualdade, intimamente unidos 
por laços de recíproca estima, 
confiança e amizade, 
estimulando-se uns aos outros 
na prática das virtudes. 
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Caráter privado: É um sistema 
de moral, velado por alegorias 
e símbolos. 
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Importância da simbologia:
Jules Boucher diz que Henry 
Thiriet, lamentando a 
negligência de muitos 
Maçons com relação ao 
estudo do simbolismo, 
escreveu em 1860: 
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Não consigo entender, a não ser 
como uma enfermidade do 
espírito, que se possa negar seja 
o valor, seja a necessidade do 
simbolismo em nossa Ordem. Os 
que se obstinam nessa atitude 
não percebem que estão 
negando, ao mesmo tempo, o 
caráter filosófico da Maçonaria e 
que, desse modo, privam-na de 
sua virtude essencial (Boucher, 
2006, p. 13).
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Mackey, no capítulo X de The 
Symbolism of Freemasonry, diz-
nos que a simbologia é o método 
de instrução mais antigo que 
existe 
Se a Maçonaria fosse apenas um 
conjunto articulado de símbolos 
com a intenção de transmitir 
ensinamentos morais, ela ficaria 
bem atrás das religiões e até 
mesmo de muitas convenções 
sociais não escritas
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A transmissão de 
ensinamentos morais deve 
ser, então, um caso particular 
dos objetivos maiores da 
simbologia maçônica. Como 
diz Wilmshurst (The Meaning 
of Masonry, 1927): 
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“É absurdo pensar que uma 
vasta organização como a 
Maçonaria foi estabelecida 
meramente para ensinar a 
homens crescidos do mundo o 
significado simbólico de umas 
poucas ferramentas simples 
de construtor ou imprimir 
sobre nós virtudes 
elementares tais como 
temperança e justiça”.
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Figueiredo (2006, verbete 
simbolismo): 
“O simbolismo maçônico pode 
ser dividido em duas 
categorias: emblemática e 
esquemática. A primeira 
transmite, por analogia, um 
sentido moral; a segunda 
comporta um significado mais 
intelectual, filosófico ou 
científico.”
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Alegoria: 
É aquilo que representa uma 
coisa para dar a ideia de 
outra por meio de uma 
ilação moral 
Uma característica 
importante da alegoria é a 
sua quase-imediata 
compreensão
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Símbolo:
É multívoco, pode dizer 
muitas coisas, não é de 
imediata compreensão, é 
vago, polissêmico
Pode, aparentemente, 
querer dizer uma coisa, mas, 
na verdade, o que quer dizer 
é outra
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Cumpre ao contemplador do 
símbolo compreender, 
praticamente do nada, o que 
ele significa. Por isso, a 
compreensão do símbolo é 
um processo privado e é 
resultado de uma catarse 
psíquica
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Analogia das camadas de 
cebola
São os significados dessas 
camadas interiores 
transmitidos por símbolos e 
apenas por símbolos?
Maçonaria, religiões e Escolas 
de Mistérios
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Quidquid recipitur ad modum 
recipientis recipitur
Hierarquia de símbolos
Necessidade dos graus
συμβολή
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Tema 2 - Gênese do 
símbolo
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A gênese do símbolo é 
explicada pelo esquema 
biológico da adaptação
Adaptação 
= 
acomodação + assimilação 
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Assimilação: 
É o captar-se do ambiente o 
que é assimilável aos e pelos 
esquemas mentais
É um movimento de fora para 
dentro
Acomodação: 
Disposição dos esquemas 
mentais ao ambiente 
Um movimento de dentro para 
fora
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Há duas variantes quanto ao 
grau de acomodação versus
assimilação
Acomodação > assimilação 
 imitação
Assimilação > acomodação 
 símbolo
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νοῦς (noûs)
espírito, alma, razão, 
pensamento, mas num 
sentido universal
distingue-se do pensamento 
discursivo (λόγος)
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νόησις (nóesis)
É o exercício do νοῦς, a 
atividade da apreensão 
intelectual e do pensamento
É a intenção de tender-se 
para um objeto
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νόημα (nóema)
É o conteúdo dessa 
atividade, o sentido objetivo 
da intencionalidade noética
(os aspectos objetivos da 
percepção)
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Acomodação > assimilação 
imitação
Os esquemas noéticos
(esquemas do pensamento) 
tendem a ser como os 
esquemas noemáticos (dos 
aspectos objetivos da 
percepção do mundo 
externo) aos quais buscam 
adaptar-se. Temos, assim, a 
imitação. 
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Assimilação > acomodação 
símbolo
Quando, quanto a um fato, a 
assimilação supera a 
acomodação, então o fato tem 
notas que, embora não se 
adequem totalmente a este ou 
àquele esquema noético, 
adequam-se, por assimilação, 
a outros esquemas noéticos. 
Temos, assim, o símbolo.
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Quadrado maior = mente; cada 
célula é um esquema do 
pensamento (e.g., cadeira); 
triângulo = objeto
assimilação ⇒ símbolo
esquemas noéticos
acomodação ⇒ imitação
aspecto inconsciente
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O triângulo representa um objeto 
qualquer, e.g., um símbolo 
maçônico, como o Sol, a Lua ou o 
Delta Luminoso
Os três vértices envoltos em 
círculos representam as notas ou 
aspectos que descrevem esse 
objeto 
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Se o objeto considerado é a 
figura:
Então suas notas ou aspectos 
podem, num primeiro momento, 
ser duas: “um círculo” com “um 
ponto central”.
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Quando acomodamos perfeitamente 
esquemas noéticos de nossa mente 
às notas que compõem o objeto, 
identificamos o objeto com alguma 
imagem que já temos em nossa 
mente.
esquemas noéticos
acomodação ⇒ imitação
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Se, quanto ao círculo com o ponto 
central, fizéssemos apenas uma 
acomodação de nossos esquemas 
noéticos ao esquema noemático
dessa figura, então diríamos que se 
trata de “um círculo e seu ponto 
central”. 
A acomodação acarreta imitação. 
esquemas noéticos
acomodação ⇒ imitação
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Considere, mais uma vez, um 
objeto qualquer (círculo com 
ponto central), como o 
representado pelo quadrado 
pequeno à esquerda no 
diagrama:
Os quatro vértices representam 
as notas ou aspectos do objeto. 
Nossa mente captou apenas dois 
deles.
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Quando interpretamos esse 
objeto simbolicamente, 
buscamos em nossa mente 
esquemas noéticos que se 
assemelhem às notas 
captadas. No diagrama, isso é 
representado pela ligação de 
mais de um esquema noético
ao objeto.
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e.g., um esquema noético pode 
ser o conceito “círculo com um 
ponto central”, mas o segundo 
pode ser “o Sol como fonte 
emanadora de Luz” 
Esse segundo esquema ilustra 
bem a assimilação, a associação 
de uma semelhança
O “círculo com o ponto central” é 
semelhante ao Sol, isto é, sugere 
uma semelhança conceptual com 
o Sol 
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Pelo seu contorno geométrico, 
pelo giro do compasso, o Sol é 
um disco no céu 
O ponto central sugere o 
ponto de apoio do compasso 
ao se traçar a circunferência 
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É desse ponto que emana a 
circunferência, que sugere a 
ideia de que o Princípio 
Criador emana sua Luz em 
todas as direções: o símbolo 
representa o Criador em seu 
aspecto de provedor da vida.
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Já estamos saindo da pura 
imitação e caminhando em 
direção ao símbolo.
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Note que há, também, uma 
ligação com um esquema que 
representa o aspecto 
inconsciente, que é um noético
inconsciente.
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A célula, aspecto inconsciente, 
denota a capacidade da alma 
(noûs > lógos) de atribuir um 
significado ao objeto por meio de 
uma intuição psíquica que não é 
explicada pela mente racional.
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Finalizando
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Quanto mais o maçom se 
exercita na interpretação dos 
símbolos, mais esquemas 
noéticos são desenvolvidos e 
maior se torna sua capacidade 
interpretativa
A metáfora das camadas da 
cebola fica mais clara
Considerações finais
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Eis a razão pela qual é 
absolutamente necessário que o 
Maçom sededique a cada grau com 
toda a seriedade possível, de modo 
a exaurir, dentro de seus próprios 
limites, toda sua capacidade 
interpretativa, adquirindo, então, 
etapa por etapa, uma profundidade 
maior de conhecimento sobre si 
mesmo, sobre o mundo e sobre a 
divindade. 
O ensinamento moral torna-se, 
assim, mero corolário. 
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Todos os graus possuem a mesma 
importância. Apenas os níveis 
interpretativos são diferentes 
Cada grau é uma camada da cebola 
Resumindo: O símbolo é tudo 
quanto está em lugar de outro, sem 
acomodação atual à presença desse 
outro. Com este aquele tem 
semelhança e é por meio daquele 
que queremos transmitir essa 
presença não atual
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Recorde o adágio: quidquid
recipĭtur ad modum recipiēntis
recipĭtur. O símbolo indica, com sua 
formalidade, em estado limitado 
(pela limitação do recipiente), a 
referência a uma forma em estado 
superior
Por isso, o símbolo é 
hierarquicamente inferior ao 
simbolizado 
Daí que pode haver uma hierarquia 
de símbolos, donde a necessidade 
dos graus 
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Pela ausência da prática 
interpretativa dos símbolos nos 
graus anteriores, o Maçom 
permanece limitado, como 
recipiente, e capta, assim, uma 
parte menor da imensa riqueza 
contida no símbolo 
É como se, por não haver 
trabalhado, tivesse menos 
riqueza para usufruir de todas as 
comodidades disponíveis
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A deficiência de compreensão é 
compensada pela capacidade 
simbólica. Fora da via simbólica, 
o homem sente a angústia do 
vazio, pois a simbologia é parte 
inerente à natureza humana 
Jung dizia que o símbolo não é 
uma alegoria nem um sinal, mas 
a imagem de um conteúdo em 
sua maior parte transcendente à 
consciência
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Não há composição entre 
símbolo e simbolizado, ou seja, o 
símbolo não tem, não possui, 
parte do simbolizado, ele apenas 
aponta notas do simbolizado 
sugeridas pelo esquema 
noemático (o que o símbolo 
aponta não é do seu ser, mas do 
seu ter) 
Se houvesse tal composição, 
haveria idolatria, ou seja, o 
símbolo tomaria o lugar do 
simbolizado 
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O termo alegoria vem de 
ἀλληγορία (alēgoría), que 
significa “descrição de uma coisa 
sob a imagem de outra” 
A proximidade da alegoria com o 
objeto simbolizado é muito 
maior 
A do símbolo com o simbolizado 
não é. συμβάλλω (symbálō)
significa, literalmente, “lanço 
junto” (convergindo)
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Jâmblico (De Mysterĭis Aegyptĭis, 
VII, 2[250]), assim alertou 
quanto à disposição mental para 
a interpretação dos símbolos:
“Ouve, portanto, também, a 
interpretação intelectual dos 
símbolos, de acordo com o 
pensamento egípcio, bane a 
imagem das coisas simbólicas, 
que depende da imaginação e do 
ouvir dizer, e eleva-te em 
direção à verdade intelectual”.
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Ἄκουε δὴ οὖν καὶ κατὰ τὸν τῶν
Αἰγιπτίον νοῦν τὴν τῶν 
συμβόλων νοερὰν 
διερμήνευσιν, ἀϕεὶς μὴν τὸ ἀπὸ
τῆς ϕαντασίας καὶ τῆς ἀκοῆς 
εἴδωλον αὐτῶν τῶν 
συμβολικῶν, ἐπὶ δὲ τὴν νοερὰν 
ἀλήθειαν ἑαυτὸν ἐπαναγαγών.
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