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BRUNA ALVES BASSO BATISTA- ODONTOLOGIA, UFMS. HERPESVÍRUS É uma família Herpesviridae, que causa infecções muito importantes. São mais de 100 espécies, porém nem todas afetam o homem (graças a Deus),somente 8 espécies afetam os humanos. Essas 8 espécies estão em 3 subfamílias, na qual recebe o sufixo ‘’virinae’’. Quanto às subfamílias: - Subfamilia Alfa: Herpes simplex- 1 (HSV-1 ou HHV-1) Herpes simplex-2 (HSV-2 ou HVV-2) 》tem características de causar danos a pele e mucosa Herpes humano tipo 5 (Varicela-Zoster vírus) - Subfamilia Beta: Herpesvirus humano tipo 5 (citomegalovirus) Herpesvírus humano tipo 6 》pele, mucosa e efeitos mais sistêmicos Herpesvírus humano tipo 7 - Subfamilia Gamma: Herpesvirus humano tipo 4 (Epstein-Barr virus) Herpesvírus humano tipo 8 (vírus do Sarcoma de Kaposi) 》mucosa e efeitos mais sistêmicos Características do vírus Possuem a características de serem envelopados. Possuem também o capsídeo icosaédrico. Pertencem a classe I de Baltimore (fita dupla de DNA) e tem a presença de tegumento, onde há a presença de algumas enzimas e proteínas. Propriedades gerais Ser envelopado é uma característica dos Herpesviridae, com isso, eles tendem a ser sensíveis a solventes lipídicos e instáveis no meio ambiente. A grande característica dessa família Herpesviridae é que eles estabelecem infecções latentes (não apresentando sinais e sintomas) com a ativação esporádica, estabelecendo surtos. Ou seja, o humano que já foi infectado uma vez, vai permanecer para sempre infectado, não havendo a cura. A eliminação do vírus pode ser contínua ou intermitente. Se o vírus estiver em sua forma ativa, e mesmo o indivíduo não apresentando sinais e sintomas, será foco de transmissão. O processo de reativação desse vírus é associado ao estresse (raios ultravioletas, menstruação , bebidas alcoólicas) e imunocomprometimento (diminuição das defesas imunológicas leva esse processo de reativação e muitas vezes pode vir a ser um caso mais drástico) . Essa família faz o processo de associação celular, ou seja, fazem com que uma célula se una a outra célula (sincício). Essa característica é importante, pois a partir do momento que eles fazem o sincício eles podem passar de uma célula para outra sem passar para o meio extracelular (é uma fuga contra o sistema imunológico). Esses vírus têm a capacidade ontogenética, ou seja, a capacidade de induzir a formação celular de células cancerígenas. A sua multiplicação ocorre no núcleo. E é um importante patógenos oportunista. Herpesvirus humano Tipos de infecções: ● Líticas- infecções na qual o vírus entra e leva a uma alteração celular, faz a morte celular e faz o processo de replicação; ● Latentes- quando acontece o processo de infecção lítica, eles ficam em um periodo de dormencia, aí ocorrem as recorrências; ● Persistentes- quando pode levar a um quadro crônico ou uma fase em que ela dá uma endurecida e depois volta a uma expansão e volta ser crônica. ● Imortalizantes- processo de transformações das células levando ao quadro de neoplasias. Alfaherpesvirinae Ciclo replicativo curto. Possui efeito citopático. Quando estão na fase lítica eles levam a parada metabólica da célula, inibição da síntese da célula hospedeira, leva ao processo de lise celular. As células alvos deles são as células epiteliais da pele e mucosas. Todos da espécie alphaherpesvirinae possuem processo de latência que ocorre em determinadas células e regiões. Mais especificamente a latência dos V. herpes humano 1.V Herpes simples 1, V. herpes humano 2.2V Herpes simples 2 e V. herpes humano 3.V Varicella-zoster, nos gânglios das raízes dorsais. Betaherpesvirinae Ciclo replicativo prolongado (desenvolve processo mais lentamente), por esse motivo não há efeito citopático direto (lento). As células alvo dessa espécie são os monócitos, linfócitos e células epiteliais. Sua latência é feita nos monócitos e linfócitos, nos quais os vírus que fazem parte são: V. herpes humano 5. Citomegalovírus, V. herpes humano 5 e V. herpes humano 7. Gamaherpesvirinae Não possui efeito citopático. Sua grande característica é sua capacidade de transformação de linfócitos, ou seja, eles podem induzir os linfócitos ao processo de imortalização , alterando assim, a capacidade de controle e, por isso, levando a um processo de neoplasia. As células alvo dessa espécie são os linfócitos B e células epiteliais. Sua latência é feita nos linfócitos B, nos quais os vírus que fazem parte são: V. herpes humano 4. V Epstein-Barr e V. herpes humano 8. Replicação viral No processo de absorção, as espículas no envelope viral têm a proteína GC e GD, nas quais vão se associar a receptores específicos que tem nas nossas células (heparan sulfato). Então, através da interação desses receptores com as proteínas ocorre o processo de adsorção. Feito esse processo de adsorção, ocorre uma interação desses receptores e aí ocorre o processo de fusão. Então, a entrada deles, por serem envelopados, é pelo processo de fusão. Nesse processo entra o tegumento (com enzimas e proteínas) e também o nucleocapsídeo. O nucleocapsídeo vai estar interagindo com o núcleo, onde ele vai injetar o DNA viral. A transcrição e tradução ocorre em três fases: Imediata (alfa); Precoce (beta) e Tardia (gama). Assim que o DNA é injetado vai passar por um processo de ciclização (DNA fica circular), esse DNA já faz a transcrição do RNAm que vai para o citoplasma e já é traduzida as chamadas proteínas imediatas que são importantes para o processo de replicação do RNA. O RNAm vai para a fase precoce onde vai sintetizar as enzimas. Após isso, vai ocorrer um processo de replicação do RNA. Na última fase ocorre a síntese do RNAm tardio para a produção das proteínas tardias (fase gama). Feito isso, muitas dessas proteínas que são necessárias para o processo de adsorção (AGPC, AGPD) vão ser expostas na membrana do complexo de golgi, após isso ocorre o processo de montagem e vai haver um brotamento utilizando a membrana do núcleo, envolvimento do nucleocapsídeo. Quando ele sai do núcleo, ocorre uma perda desse envelope e ocorre a formação de um outro envelope, no qual é constituído da membrana do complexo de golgi e proteínas. Aí ocorre esse processo de envelopamento, aí ele vai se tornar uma vesícula e vai ser eliminado por exocitose. Latência A infecção primária é a primeira vez que o vírus tem contato com a célula. Há fatores dessa infecção que ativam esse vírus, aí ocorre a expressão do gene alfa, beta e gama, replicação do genoma, forma novos vírus e, com isso, se forma uma infecção produtiva. Nesse processo o indivíduo pode ser sintomático ou não, mas de qualquer forma se esse processo estiver ativado vai haver a produção de vírus (infecção produtiva). Tendo essa infecção produtiva, estará produzindo vírus e, por isso, estará sendo foco de transmissão. Quando o vírus entra, a expressão do gene alfa é bloqueada, então não expressa nem o gene e nem as proteínas imediatas, e aí ocorre a expressão do Lat (fragmento de RNA), ficando latente no genoma celular. Se o vírus for reativado, começa a produção de novos vírus. A grande características desses vírus é que eles podem fazer o processo retrógrado, no caso das espécies beta, eles entram no neurônios sensoriais , fazem o transporte retrógrado para chegar até os gânglios. Lá nos gânglios eles produzem as LATs e essas LATs se ligam ao DNA celular, fazendo com que esse vírus entre em período de latência. Os LATs ficam na forma de epssoma (material genético não integrado a um cromossomo) e podem ficar durante muito tempo ou a vida inteira. Patogenia: HSV-1 e HSV-2 São transmitidos por contato direto, com a mucosa, saliva, secreções geniturinárias e sangue. Quanto a porta de entrada o HSV-1 está relacionado com a herpes oral, então sua porta de entrada é a mucosas oral e o HSV-2 é mais relacionado com a herpes genital, portanto sua porta de entrada é genital. O controle da infecção se dá pela resposta imune celular, com a produção de linfócitos CD8 que levao controle da infecção, diminuindo o vírus e controlando. Mas o que faz com que ocorra o dano histológico é a resposta imune. Formas clínicas: HSV-1 e HSV-2 A não presença de sintomas não significa que não há infecção. Se for realizado o teste de anticorpos para HSV-1 e HSV-2 e não foram encontrados anticorpos, significa que é uma infecção primária. Porém, se for encontrado significa que é uma infecção inicial, mas não primária. De maneira geral, o que temos é que da cintura para cima é característica do tipo 1. Abaixo da cintura é característica do tipo 2. OBS: o indivíduo que possui herpes genital pode passar para o bebe (herpes neonatal). ⬇ ● Oral: O indivíduo pode sentir prurido, eritema, a região oral pode ficar dormente, febre. Esse é o período prodrômico. Após esse período, há a doença propriamente dita, onde há a formação de pápulas que são vesículas cheias de líquido que possam estar com pus, com isso, elas estouram, viram uma crosta e depois ocorre uma reepitelização. Essas lesões podem se dar na língua, regiões mais limitadas da boca. lábios. gengiva. É contagiosa, pois as vesículas estão cheias de vírus, por isso, é altamente contagiosa. É válido lembrar também que, mesmo não apresentando essas lesões, não significa que o indivíduo não possa ter o vírus. ● Genital: feridas na região genital, nas quais podem ulcerar, o indivíduo pode apresentar dor, incômodo, coceira. OBS: Se o indivíduo for ter relação sexual sem preservativo e a região estiver ulcerada, pode facilitar a entrada do HIV . Epidemiologia Possuem distribuição mundial, pois a transmissão é muito facilitada, podendo se adquirir por beijo, compartilhamento de copo, escova de dente, pois são coisas que podem conter secreções e transmitir o vírus todos esses vírus são características do homem, assim o reservatório é exclusivamente humano. A maneira de prevenir a infecção é a profilaxia, com o uso de métodos de barreira (luvas, preservativos…), cesárea (para não contaminar o bebe), para esses vírus (HSV-1 e HSV-2) não possui vacinas e o controle se dá com antivirais (controle das reativações). Patogenia: Varicella-Zoster-VZV Essa é uma espécie que também faz parte da subfamília alfa herpesviridae. A principal forma de contaminação é a de secreções respiratórias, ou seja, transmitidos por gotículas (aerossóis), pois o processo de replicação primário do vírus é no trato respiratório e linfáticos regionais. Quando ocorre essa replicação, começa um processo de viremia primária e esses vírus vão para a rede sanguínea e, assim, eles chegam em órgãos (fígado, baço). Nesses órgãos ocorre uma replicação secundária, e vão se encaminhar a pele e mucosas provocando a varicela (catapora). Dessa forma, após essa manifestação primária, esse vírus entra em estado de latência neuronal (gânglios) e anos depois pode ocorrer uma reativação chamada de “Zoster”. OBS: essa reativação pode estar relacionada com a idade do indivíduo, quanto mais velha mais propenso. OBS: A varicela pode se espalhar em todo o corpo, inclusive no couro cabeludo. ● Reativação: o vírus vai sair do gânglio e vai se manifestar nas áreas adjacentes; O transporte do vírus através do neurônio é dolorido; geralmente, somente a região que é inervado pelo nervo que o transportal vai ocorrer a reativação e as manifestações clínicas, por isso é diferente da varicela que acomete todo o corpo. OBS: existe uma reativação na região maxilofacial, com a reativação no nervo trigêmeo (V par), provocando manifestação no palato duro e mole e nas bochechas se for no 2º ramo. se for no 3º ramo, acomete a língua, região atrial-temporal e outras. Além disso, pode estar presente no nervo facial (VII) e no nervo glossofaríngeo (IX) que vai acometer faringe, epiglote, aritenóides e outros. O Zoster pode provocar dor crônica. ● Epidemiologia do VZV: É uma infecção frequente na infância; sua transmissão é por via respiratória; A grande diferença dessa infecção é que existe vacina, faz parte da tetra viral que está no calendário de imunização, além de existir uma imunização passiva nos indivíduos imunodeprimidos. Em pacientes com o vírus do HIV, que são imunodeprimidos, a zoster muitas vezes não se reprime a uma região, assim, se dissemina pelo corpo. ● Tratamento: Para todos da subfamília alfa herpesviridae são utilizados a Aciclovir/Penciclovir, que são antivirais que atuam inibindo a enzima DNA polimerase viral. Valaciclovir e Famciclovir apresentam uma maior biodisponibilidade. Esses antivirais penetram somente nas células infectadas. Beta herpesviridae: citomegalovírus (CMV) São vírus presentes no sangue, tecidos ou secreções infectadas; O CMV produz uma infecção produtiva nas células epiteliais e de outros tipos. É um vírus muito comum e presente que produz, geralmente, infecções subclínicas que não apresentam sintomas. O grande problema é em casos de imunodepressão, onde esse quadro permite as recorrências e quadros clínicos mais graves. ● Clinico: - No indivíduo imunocompetente: a primoinfecção é, normalmente, inaparente; e em alguns casos pode provocar sintomas da síndrome da mononucleose. - No indivíduo imunodeprimido: seja uma primoinfecção ou uma reativação pode causar uma série de problemas, como: pneumonia, esofagite, colite, meningites, encefalite, hepatites, retinite, tudo vai depender na região da reativação ou da primoinfecção. Em mulheres grávidas que tiverem uma primoinfecção as manifestações clínicas são mais graves no bebe, pode levar quadros surdez/retardo mental e doença de inclusão citomegálica. Se for uma infecção recidiva, os efeitos sobre o bebe é bem menores, geralmente assintomáticos, mas pode haver casos de prematuridade com problemas de hepatite e pneumonia. Transmissão: contato direto (oral/respiratório, sexual, transfusões, transplantes e vertical). Gama herpesviridae: Epstein-Barr vírus Esse vírus está relacionado com os linfócitos B, tendo como principal característica a mononucleose. A sua principal forma de contaminação é através da saliva e está associado a formação de neoplasias (capacidade de transformação celular). Vírus Herpes humano 8 (Gamaherpesvirinae) Tem sido associado ao sarcoma de Kaposi (muito característico da AIDS). O sarcoma de Kaposi é um tipo de câncer que deixa cores escuras (marrons) na pele e mucosas. Não se sabe se o Vírus herpes humano tipo 8 desenvolve os quadros de sarcoma de kaposi, mas 95% dos casos de pacientes com esse sarcoma possuem o vírus tipo 8, mas não se tem certeza se é esse vírus que determina a condição patológica.
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