Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ANÁLISE UMA ANÁLISE DO MERCADO: A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020 LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA Manaus-AM 2020 LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA UMA ANÁLISE DO MERCADO: A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020 Monografia apresentada à Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas como requisito obrigatório à obtenção do título de Bacharela em Ciências Econômicas. Orientador: Professor Dr. Dimas José Lasmar Manaus-AM 2020 LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA UMA ANÁLISE DO MERCADO: A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020 Monografia apresentada à Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas como requisito obrigatório à obtenção do título de Bacharela em Ciências Econômicas. Aprovado dia: 01/12/20. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Dimas José Lasmar Orientador- Universidade Federal do Amazonas Profa. Dra. Michele Lins Aracaty e Silva Examinadora- Universidade Federal do Amazonas Prof. M. Sc. Jefferson Bezerra Examinador- Universidade Federal do Amazonas Dedico este trabalho a todos que me ajudaram ao longo desta caminhada, ao meu pai, minha avó, meu companheiro e principalmente aos meus filhos que são a razão do meu viver. AGRADECIMENTOS Para ser possível, a construção do conhecimento necessita não somente de boas técnicas e métodos, mas também de amizade e cooperação. Por isso agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este projeto de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final. Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida por me incentivarem e acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou. À meu parceiro de vida Luiz Rogério pelo seu amor incondicional e por compreender minha dedicação ao projeto de pesquisa. Um agradecimento especial à minha irmã Marcela que me ajudou dias e noites com a minha filha para que eu pudesse dar continuidade ao trabalho. Agradeço ao meu orientador Dimas Lasmar por me direcionar e aceitar o meu trabalho de pesquisa. Também quero agradecer à Universidade e a todos os professores que demonstraram estar comprometido com a qualidade e excelência do ensino. A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros desafios que enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo. E principalmente aos meus filhos Heloísa Valentina e Luiz Benício que agora fazem parte da minha vida e que me deram motivações ao final desta apresentação. RESUMO A pesquisa tem por finalidade analisar a situação do mercado financeiro como um todo durante a crise de 2008 e fazer uma relação com a nova crise do covid-19 surgida recentemente e que tem gerado uma repercussão mundial. Para tal estudo foi realizado um levantamento bibliográfico e documental numa pesquisa semi-qualitativa e com resultados apresentados em tabelas e gráficos. Após a quebra do tradicional banco americano Lehman Brothers as bolsas ao redor do mundo entraram em colapso, pois os investidores passaram a resgatar suas aplicações, diminuindo a liquidez no mercado. Ações despencaram, títulos foram desvalorizados e a população depende dos esforços governamentais para mudar a situação. Apesar de que muitos já estejam comparando a crise atual à recessão de 2008, a maioria dos pesquisadores não aceitam tal hipótese, e ainda dizem que a economia global se recuperará rapidamente na 2ª metade de 2020, contanto que até então o surto tenha se dissipado. São crises de natureza muito diferentes. A crise de 2008 foi muito mais severa porque o sistema financeiro global era muito mais frágil. O avanço da pandemia causada pelo coronavírus trouxe consigo uma crise econômica de escala global. O estudo revelou que mesmo que a crise resulte numa implosão profunda, em termos de produção, as chances de sair desta recessão mais cedo do que mais tarde são muito melhores do que a crise financeira passada. Palavras chave: Mercado Financeiro, Crise de 2008, Covid-19, Economia Mundial. ABSTRACT The research aims to analyze the situation of the financial market as a whole during the 2008 crisis and to relate it to the new covid-19 crisis that has recently emerged and which has generated worldwide repercussions. For this study, a bibliographic and documentary survey was carried out in a semi qualitative research and with results presented in tables and graphs. After the bankruptcy of the traditional American Lehman Brothers bank, exchanges around the world collapsed, as investors began to redeem their investments, reducing liquidity in the market. Shares plummeted, bonds were devalued and the population depends on government efforts to change the situation. Although many are already comparing the current crisis to the 2008 recession, most researchers do not accept such a hypothesis, and still say that the global economy will recover quickly in the second half of 2020, provided that the outbreak has dissipated by then. They are crises of a very different nature. The 2008 crisis was much more severe because the global financial system was much more fragile. The advance of the coronavirus pandemic brought with it a global economic crisis. The study revealed that even if the coronavirus crisis results in a profound implosion, in terms of production, the chances of getting out of this recession sooner than later are much better than the 2008 financial crisis. Keywords: Financial Market, 2008 Crisis, Covid-19, World Economy. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Desenvolvimento da Crise de 2008……………………………………... 22 Figura 2 - A importância da conscientização e prevenção no combate ao virus…... 29 Figura 3 - ICSPE – Índice de preço de commodities (10/Jan/2020 = 100)………... 32 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Investimento do Setor Público no Brasil 1995-2009………………… 40 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Participação do subprime nos empréstimos hipotecários…………… 23 Gráfico 2 - Crescimento do PIB Mundial 2007-2012………………………….. 26 Gráfico 3 - Operações de crédito do sistema financeiro Jan/2008-Nov/2009…... 36 Gráfico 4 - DLSP (% do PIB) e taxa de câmbio 2008-2009…………………….. 38 Gráfico 5 - Variação dos ativos da B3 desde Jan/2020………………………….. 42 Gráfico 6 - Taxa de Desemprego Segundo as Grandes Regiões 2012-2020……. 44 Gráfico 7 - Taxa de Desocupação na Crise de 2008…………………………… 46 Gráfico 8 - Variação do PIB Durante as Crises…………………………………. 47 Gráfico 9 - Ibovespa: Crise 2008 e 2020………………………………………... 49 LISTA DE ABREVIATURAS BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CVM – Comissão de Valores Mobiliários IBOVESPA – Indicador do Desempenho Médio das Cotações das Ações IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRE - Instituto Brasileiro de Economia IACE - Indicador Antecedente Composto da Economia IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo MEI – MicroEmpreendedores Individual OCDE - Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico OIT- Organização Internacional do Trabalho OMS – Organização Mundial da Saúde PAC - Programa de Aceleração do Crescimento SARS - Surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave SDI - Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura SCIELO- Scientific Electronic Library Online SIV - Veículos de Investimento Estruturados SPE - Secretaria de Política Econômica TCU - Tribunal de Contas da União USP - Universidade de São Paulo SUMÁRIO Introdução……………………………………………………………………… 13 1- Revisão de Literatura……………………………………………………….. 16 1.1 Mercado Financeiro…………………………………………….…….. 16 1.2 Mercado de Capitais….........…………………………………………. 17 1.3 Bolsa de Valores…………….................……………………………... 19 1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA…….........….. 20 2- Crise Financeira Mundial em 2008………………………………………… 22 2.1 Origem…………………………..…………………………………….. 22 2.2 Causas e Consequências…......………………………………………... 25 2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira……….......……………… 27 3- A Crise Do Covid-19………………………………………………………… 29 3.1 Origem……………………......……………………………………….. 29 3.2 Combate Contra o Covid-19……………………...........……………… 3.3 O Impacto do Covid-19 na Economia Brasileira……………………... 29 31 4- Metodologia………………………………………………………………….. 34 4.1 Métodos de Pesquisa…………………………………..……………… 34 4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa……………......……………………… 34 4.3 Quanto aos Fins…….............………………………………………… 35 4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa……………… 35 5- Resultados……………………………………………………………………. 36 5. A política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008….... 36 5.1.2 Política Monetária…….........……………………………………. 36 5.1.3 Política Cambial………..........………………………………….. 38 5.1.4 Política Fiscal……………………………..........……………….. 41 5.2 Prejuízos Causados no Brasil pela Crise do Corona Virus…………… 44 5.3 Diferenciar as duas Crises enfatizando o Impacto de cada uma……… 46 5.3.1 Mercado de Trabalho…………………......……………………… 46 5.3.2 Variação do PIB……......………………………………………… 49 5.3.3 Variação do Índice Ibovespa……......……………………………. 52 6- Conclusão…………………………………………………………………….. 54 7- Referências…………………………………………………………………… 57 13 INTRODUÇÃO A ocorrência de uma crise financeira pode-se entender como conturbações numa economia, fundamentadas por eventos econômicos. No fim do ano passado, havia uma esperança que se poderia ter um crescimento na economia em 2020. Essa expectativa já foi embora. Isso tem a ver com esse acidente internacional que está acontecendo. Essa coisa imprevisível, que é um vírus, uma infecção para a qual você não tem remédio e que pode se espalhar mais. Há três meses, a maior preocupação global era a guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas hoje ninguém se lembra daquilo: a disseminação da Covid-19 mudou tudo no cenário mundial. O autor Paulo Mansur (2020) destaca que os mercados financeiros reagiram derrubando as bolsas de valores, valorizando o dólar e desvalorizando as commodities principalmente o petróleo diante da expectativa de forte retração da atividade econômica. Com a economia operando a um nível mais baixo os países que exportam commodities, podem ser impactados pela crise na China. A atividade econômica nesse país reflete em uma desaceleração no mundo todo como as exportações brasileiras, pois as empresas daqui que exportam terão um mercado menor para exportar, e essas empresas tendem a não crescer. Se as empresas não crescem, o Brasil não cresce, não gera renda e nem emprego. Apesar do distúrbio ter se originado na China, todos os dias milhares de novos casos e mortes resultante do vírus são registrados em vários países. A crise econômica mais grave enfrentada pela segunda maior economia do mundo nas últimas décadas traz advertências e lições para o mundo com a probabilidade de países como Alemanha e Estados Unidos entrarem em recessão. A epidemia atingiu os serviços e o consumo, já que o deslocamento de pessoas foi restringido, o que afetou companhias aéreas, hotéis, restaurantes e shopping centers. Com o coronavírus, as fábricas pararam de produzir, os turistas deixaram de viajar e o comércio encolheu. Tudo isso afeta a economia global. Podemos ter no Brasil e em outros países, aumento do preço de produtos pela redução da oferta de produtos. Segundo Fraga (2003) a economia brasileira na década de 2000 obteve diversas tentativas para retomar ao crescimento em virtude dos fatores favoráveis do cenário externo como por exemplo os preços de commodities em alta, ambiente interno relativamente estável e uma pequena ampliação do mercado doméstico. Com a crise de 2008, porém, o Brasil apresentou um processo de recessão intenso, entretanto curto e concentrado no setor industrial. Enquanto o PIB da indústria apresentou por dois trimestres seguidos quedas que ocorreram a taxas anualizadas superiores a 20%, a contratação no setor de serviços ocorreu a taxa anualizada de 10 % por apenas um trimestre. 14 A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil passou a ser afetado mais intensamente pela crise econômica mundial, esse efeito fez com que a equipe econômica do governo brasileiro passasse a implementar medidas para diminuir seus efeitos no país. Tais ações abrangeram as áreas fiscais e monetária, com aumento da disponibilidade de crédito e maior controle cambial. Comparar o dia de hoje com os episódios mais traumáticos de ontem é objetivo desse estudo. O trauma daquele setembro de 2008, quando o setor financeiro desabou, levando consigo o conjunto da economia, ainda continuam tão iminente no tempo e tão presentes no imaginário coletivo que é inevitável voltar àquela época. Apesar de não ter atingido em cheio o Brasil em um primeiro momento, a crise do subprime abalou o mercado financeiro mundial, trazendo sérias consequências tanto aos Estados Unidos quanto à Europa. Os setores mais prejudicados foram os financeiros, em um golpe que sacudiu a estrutura do capitalismo. A crise financeira do capitalismo, como era conhecida foi disseminada ao mundo no dia que ficou batizado como segunda-feira negra. Era 15 de setembro de 2008 quando o banco Lehman quebrou, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos. Por seguinte, as bolsas de valores despencaram, fazendo com que os governos de vários países anunciassem planos de socorro à economia, aplicando bilhões de dólares nos bancos. Os reflexos da crise do Lehman Brothers sobre a economia brasileira, a partir de setembro de 2008 foi bastante agudo e rápido: saída de captais estrangeiros aplicados em bolsa; redução de oferta de crédito externo para bancos e firmas; aumento das remessas de lucros e dividendos por parte de subsidiárias de empresas multinacionais; retração do mercado de crédito doméstico; e empoçamento de liquidez no mercado interbancário (PAULA, L.F.; PIRES, M.C.,2017). A reviravolta causada pelo surto da covid-19 reaviva lembranças da crise financeira global de 2008 e 2009, com papos de recessão, queda nos mercados de ações, governos e bancos centrais afrouxando os cintos. A pandemia, que tem acabado com milhares de vidas por todos os continentes, praticamente paralisou a economia mundial, com milhões em quarentena e as cadeias de suprimento globais em estado de caos, por causa dos estragos extremos causados pelo vírus na China, a fábrica do mundo (WELLE, 2020) No Brasil, o mercado de trabalho passava por um momento favorável quando foi atingido pela crise, como se verifica pela taxa de desemprego, que se encontrava em 7,8% na média do terceiro trimestre de 2008 naquele período, o nível mais baixo desde o início da série calculada com a metodologia atual, iniciada em março de 2002, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego do Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (PME/IBGE). A mudança de percurso imposta pela crise ao desemprego no Brasil é o objeto de análise deste artigo, juntando-se a outros, ainda pouco numerosos, que abordam o tema. Pochmann (2010) mostra que o período que vai de outubro de https://www.stoodi.com.br/blog/2019/01/16/bolsa-de-valores/ https://www.stoodi.com.br/blog/2019/01/16/bolsa-de-valores/ https://www.stoodi.com.br/blog/2018/10/17/economia-tem-acento/ https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-63512014000200265&script=sci_arttext&tlng=pt#B11 15 2008 a março de 2009, encontra evidências de deterioração das condições do mercado de trabalho, como o aumento da informalidade e da rotatividade nos empregos assalariados formais. A partir da problematização e contextualização da temática da pesquisa propõe-se o estudo teórico e econômico da situação do Mercado Financeiro, levando em consideração as consequências da crise mundial de 2008 e a nova crise que está surgindo recentemente a covid-19. Dessa forma, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: O coronavírus pode causar impactos com a mesma magnitude que a crise de 2008 causou ao sistema financeiro e mercado de trabalho global e brasileiro? Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral de descrever como a crise de 2008 abalou o mercado financeiro levando em conta o contexto da política macroeconômica brasileira e se pode ser comparada a crise atual causada pela covid-19. Para alcançar o objetivo geral foram traçados os seguintes objetivos específicos: 1. Analisar a política adotada pelo governo diante à crise de 2008. 2. Explicar os danos causados no Brasil pela crise do Corona Vírus. 3. Diferenciar as duas Crises enfatizando o impacto de cada uma. Este estudo evidenciou a importância do mercado de capitais na economia, demonstrando os mercados envolvidos, sua estrutura básica. É evidente a contribuição relevante do mercado de capitais para o desenvolvimento econômico das sociedades, pois o mercado acionário não acompanha, apenas, o crescimento da economia. Ele subsidia os meios necessários para vislumbrar índices e taxas futuras sobre o capital, a produtividade e a renda. Além disso, o mercado de capitais incentiva a filosofia da poupança e do investimento a longo prazo. O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e descritiva, desenvolvida com base em material já elaborado, estudos econômicos desenvolvidos por instituições como o Ibovespa, a OMS, a OCDE, artigos científicos utilizados do banco de dados dos periódicos CAPES e SCIELO, cujas publicações ocorreram entre o ano de 2008 até os dias atuais do ano de 2020. Para o melhor entendimento da organização deste trabalho a monografia está dividida em Introdução, no primeiro capítulo a Revisão de Literatura com a base conceitual de conceitos e definições, no capítulo seguinte a Metodologia, em que se descrevem o método da pesquisa, natureza da pesquisa, fins e instrumento de coleta. No capítulo seguinte, a Análise dos Dados e os Resultados da pesquisa. Na parte pós-textual estão relacionadas a Conclusão e Referências Bibliográfica utilizadas para a construção desta monografia. 16 1 REVISÃO DE LITERATURA Neste capítulo serão realizadas considerações a respeito do mercado financeiro e suas divisões, dando ênfase ao mercado de Capitais e a Bolsa de Valores. Esses dois últimos retratam o comportamento da economia de um país porque ela fomenta o reinvestimento do capital. Logo em seguida será tratada a crise de 2008 e a crise do covid-19. 1.1 Mercado Financeiro O mercado financeiro representa uma parte do mercado na qual ocorre o intercâmbio de ativos financeiros, determinando seus preços, entre agentes superavitários e agentes deficitários. Esse mercado deve proporcionar um ambiente de troca transparente (obtenção de informações de maneira fácil e barata) e livre (sem limitações a entrada ou saída de compradores e vendedores, e liberdade para negociações e formação de preços), de modo que cumpra suas funções de estabelecer contato entre os agentes, proporcionando liquidez aos ativos com reduzidos prazos e custos de transação. Na economia de um país atuam agentes, como governo, empresas e famílias, entre os quais há uma dinâmica que os integra, como a compra e venda de ações e a regulamentação desse processo: “Podemos definir os mercados financeiros como o mecanismo ou ambiente através do qual se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços” (PINHEIRO,2014). De acordo com Assaf Neto (2014) os mercados financeiros oferecem uma gama de instrumentos financeiros com variados níveis de risco e retorno, o que possibilita a adequação das alternativas aos diferentes perfis de risco dos investidores, assim o investidor tem uma grande variedade de linhas de investimentos, que vão de baixo a alto risco de acordo com o perfil de cada investidor. Atualmente a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em conjunto com os mercados cambiais, são os maiores representantes dos mercados financeiros do planeta. Neles são negociados trilhões de dólares todos os dias. No mercado financeiro brasileiro, esse mesmo papel é cumprido pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, cujo principal índice é o Ibovespa. Segundo Assaf Neto (2014) o Mercado Financeiro é composto por 4 subdivisões: Mercado de Capitais: A primeira trata-se do Mercado de Capitais, espaço em que valores mobiliários são negociados. É o mercado mais próximo aos investidores e, em grande parte, funciona como uma oportunidade de captar recursos. Nele são negociados títulos, ações e derivados 17 em bolsas de valores, sociedades corretoras e demais instituições financeiras. A CVM, Comissão de Valores Mobiliários, é o principal órgão fiscalizador do Mercado de Capitais. Nele podemos encontrar as Bolsas de Valores, ambientes em que todos os valores mobiliários são negociados. Mercado de Crédito: É no Mercado de Crédito que são realizadas as operações de créditos, os financiamentos e tomadas de recursos para capital de giro ou até mesmo consumo. O Banco Central é a principal instituição que regulamenta esse mercado, ditando os juros básicos da economia, por meio da sua Política Monetária. O Mercado de Crédito trata-se do segmento mais presente na vida do consumidor. A partir dele que são possibilitados os créditos à pessoa física, como, por exemplo, os créditos consignados, cheque especial, cartões de crédito, leasing, dentre outros. A pessoa jurídica também faz parte dele, na contratação de um empréstimo para capital de giro, financiamento de máquinas, equipamentos ou no financiamento de projetos. Mercado de Câmbio: O Mercado de Câmbio é muito presente na vida de quem viaja internacionalmente. Ao viajar, por exemplo, para os Estados Unidos, é necessário que convertamos o real em dólar e essa é apenas uma das tarefas desempenhadas pelo mercado cambial. Isto é, além da troca de moedas estrangeiras, o Mercado de Câmbio também possibilita o recebimento de pagamentos e transferências no exterior, a partir de cartões de créditos internacionais, por exemplo. Mercado Monetário: A função do Mercado Monetário está em regular a quantidade de dinheiro em circulação. Nele se realizam financiamentos de curto ou curtíssimo prazo, além de negociações com títulos do Tesouro, papéis comerciais e certificado de depósito. Lembre-se de que a liquidez é uma das características que distinguem o Mercado Monetário do Mercado de Capitais. Esse último possui médio ou longo prazo em suas negociações. Já o monetário, como foi mencionado no parágrafo acima, tem como objetivo negócios de prazo bem curto. 1.2 Mercado de Capitais De acordo com Assaf Neto (2014) o mercado de capitais pode ser explicado da seguinte forma: O mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento econômico. É o grande municiadorde recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de recursos de longo prazo, ou seja, que apresentam déficit de investimento. Já para Pinheiro (2014) o mercado de capitais é considerado como um conjunto de instituições que negociam títulos de dívidas e de patrimônio objetivando a transferência do dinheiro das partes que estão negociando suas operações de compra e venda. O risco de valorização é relacionado com 18 a condição da empresa, risco este que é assumido pelo acionista. Por essa razão que o mercado acionário é considerado um investimento de risco. Além de ser considerado um investimento de alto risco, os investimentos no mercado de capitais são também de longo prazo. Além de ser considerado um investimento de alto risco, os investimentos no mercado de capitais são também de longo prazo. As operações no mercado de capitais usualmente são de longo prazo e podem envolver a compra de participação acionária no empreendimento. No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas (ações) ou de empréstimos feitos via mercado por empresas (debêntures conversíveis, bônus de subscrição etc.) sem participação de intermediários bancários (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005 p. 17). Em geral, no Brasil, o mercado de capitais tem sido representado pelo mercado acionário, uma vez que operações com títulos da dívida de longo prazo ficam praticamente restritas ao fornecimento por órgãos estatais e a financiamentos internacionais. O mercado de capitais é composto por bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas. Estas instituições negociam os principais ativos mobiliários do mercado de capitais, que são segundo (ASSAF NETO, 2014) Ações - constituem a menor parcela (fração) do capital social de uma sociedade anônima. São valores caracteristicamente negociáveis e distribuídos aos subscritores (acionistas) de acordo com a participação monetária efetivada. Debêntures - Títulos emitidos também por sociedades anônimas. Seus recursos são destinados principalmente para capital fixo das empresas e são remunerados em juros, participações nos lucros, etc. As debêntures são títulos de longo prazo. Comercial Papers - Notas promissórias de curto prazo, utilizados pelas empresas para financiar seu capital de giro. Indo além do crescimento econômico Pinheiro (2014) aborda o papel do mercado de capitais no desenvolvimento econômico. Observando os mercados financeiros e tomando como exemplo o mercado de crédito, é evidente que este canaliza os recursos dos poupadores para as oportunidades de negócios, promovendo o crescimento da economia, mas não necessariamente o seu desenvolvimento. O mercado de ações se divide em primário e secundário. O mercado primário se refere à entrada de recursos na empresa através da abertura de capital e subscrição de novas ações ao público, enquanto no mercado secundário acontecem as transações de compra e venda de ações, não ocorrendo alteração financeira na empresa. Em outras palavras, se o comprador no mercado 19 primário deseja converter suas aplicações em dinheiro, ele o fará no mercado secundário através das sociedades corretoras, que farão o processo de intermediação entre a compra e a venda das ações conforme diz (PINHEIRO, 2014). Através de sua estrutura o Mercado Financeiro, portanto, fornece o suprimento para as necessidades dos agentes econômicos, com financiamentos em médio e longo prazo para os capitais fixos e de giro e de prazo indeterminado para as que têm a emissão e subscrição de ações afirma (ASSAF NETO, 2014). 1.3 Bolsa de Valores As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados e constituem-se como sociedades anônimas ou como sociedades civis sem fins lucrativos, nas quais o principal objetivo é “manter local adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus membros e pela autoridade monetária” (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005). As Bolsas de Valores no mundo são o retrato fiel do comportamento da economia de um país. Por ser termômetro da economia e motivo de grandes especulações e consequentes crises que abalam fortemente as estruturas de um mercado. Segundo Garcia (2020) atualmente, as bolsas mais importantes do mundo são as dos Estados Unidos (New York e Nasdaq), Japão (Tóquio), Reino Unido (Londres), China (Hong Kong e Xangai), Canadá (Toronto), Alemanha (Frankfurt), Austrália (Sydney) e a Índia (Bombay). A bolsa é um mercado onde ações podem ser compradas e vendidas e que neste mercado os investidores concorrem com as instituições financeiras. Participam da bolsa variados tipos de pessoas físicas e jurídicas como tomadores de capitais, oferecedores de capitais e mediadores. A bolsa de valores tem como objetivos principais a facilitação do intercâmbio de fundos, a proporção da liquidez, a fixação do preço de títulos, de informar os investidores quanto a empresa que negociam, proporcionar a confiança desses investidores e de fazer a publicação dos preços e quantidade negociadas na bolsa. No Brasil têm autonomia na sua esfera de responsabilidade e atuam como delegadas do poder público (PINHEIRO, 2014). Segundo (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005), os objetivos da bolsa de valores são: a) manter local adequado à realização, entre corretores, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos próprios membros, pela autoridade monetária e pela CVM. 20 b) criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências administrativas necessárias à realização e liquidação pronta, segura e eficiente das operações efetuadas no recinto de negociação (pregão); c) organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o mecanismo de registro e liquidação das operações realizadas; d) estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena liquidez do mercado de títulos e valores mobiliários; e) fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades emissoras de títulos e valores mobiliários, das disposições legais e regulamentares, estatutárias e regimentais, que disciplinam as operações de bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis; f) dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão; g) assegurar aos investidores completa garantia pelos títulos e valores negociados; e h) exercer outras atividades conexas e correlatas que lhe sejam permitidas por lei. O mercado acionário tem sido excelente alternativa para as empresas na captação de recursos, utilizado para expansão das mesmas, consequentemente gerando mais empregos e uma alternativa mais rentável de investimentos do que as aplicações de renda fixa, para pessoas físicas e instituições, Investir na bolsa de valores, é permitir que o dinheiro trabalhe pra você, afirma o palestrante Carlos Alberto Barbosa da Silva. 1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA A Bovespa, atenta ao desenvolvimento tecnológico, é responsável por inúmeras iniciativas visando à qualidade dos serviços prestados aos investidores e companhias abertas que a equipara às bolsas dos grandes centros financeiros mundiais. Entre as iniciativas mais recentes, podemos destacar: Mega Bolsa, Home Broker, After-Market, Novo Mercado entre outros. Em 2001, com a finalidade de fortalecer o mercado acionário brasileiro e se preparar para a globalização dos negócios, a Bovespa concluiu um acordo histórico para integração de todas as bolsas brasileiras em torno de um único mercado de valores - o da Bovespa,explica (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005). O Índice Bovespa, é o principal indicador do desempenho médio, calculado em tempo real, “das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro” (BM&FBOVESPA, 2020). De acordo com Pinheiro (2014) o índice representa, através dos pontos, “o valor de uma carteira teórica de ações, à partir de uma aplicação hipotética, procurando aproximar-se da configuração real das negociações a vista, em lote padrão, na Bolsa de 21 Valores de São Paulo”. Essa carteira teórica é composta por papéis de ações que representam 80% de todo o volume transacionado na bolsa e serve como parâmetro para o mercado nacional e internacional. A BM&FBovespa tem ampla autonomia para exercer seus poderes de auto-regulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um ambiente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuar suas transações de compra e venda desses afirma (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005). Segundo Alvarenga (2018) a Bovespa bateu recorde e ganhou mais de 110 mil novos investidores em 2018, superando o número de investidores no Tesouro Direto, por exemplo. E tudo isso em pleno ano de eleições, onde geralmente a bolsa tende a ficar muito mais volátil. Após dois anos depois, em 28 de agosto de 2007, todos os detentores de títulos patrimoniais da BOVESPA e de ações da CBLC, transformaram-se em acionistas da BOVESPA Holding, após a desmutualização da BOVESPA ser aprovada. Em outubro do mesmo ano, tiveram início às negociações de ações da BOVESPA Holding no Novo Mercado (INFOMONEY, 2019) A BM&FBovespa é a terceira maior bolsa do mundo, estando a altura do porte do país, oferecendo excelentes condições de investimentos e financiamento a seus participantes, porém muito pouco utilizada pelo público nacional, sendo composta em sua maioria por capital estrangeiro (JORDÃO, 2014). As bolsas de valores brasileiras sempre tiveram forte presença do capital estrangeiro, que se caracterizou predominantemente especulativo, aproveitando-se de eventos episódicos para realização de lucros. O último boletim sobre o mercado de capitais da (ANBIMA 2014) mostra que cerca de 58,1% dos investidores da bolsa brasileira são estrangeiros (72,5% destes são americanos), 31% são investidores institucionais e 10,9% são pessoa física. Desse modo, o capital estrangeiro tem influenciado bastante o desempenho da bolsa. 22 2 A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL EM 2008 A crise do subprime, que foi nomeada também de crise bancária, crise de 2008, crise da bolha imobiliária, crise financeira, dentre outras definições, teve início em meados de 2007, mas só se tornou uma crise global em 2008 e representou uma mudança na história do capitalismo. Conforme Bresser-Pereira (2010) a crise de 2008 não começou, diferentemente do que costumam ser as crises financeiras nos países ricos, causada principalmente pela desregulação dos mercados financeiros e pela forte especulação. 2.1 Origem Analisando a Crise de 2008, de acordo com Bresser- Pereira (2010) ela está vinculada com a bolha financeira formada com o aumento de créditos e investimentos especulativos que motivaram diversas consequências para a economia, como foi abordado: A Crise Financeira de 2007-2008 está associada a dominação financeira, ou seja, a uma colisão política particular que se aproveitou da globalização comercial, ou seja, da abertura de todos os mercados e bens, para lograr também a globalização financeira e assim também enriquecer. Entretanto, esta estratégia terminaria, necessariamente em crise, porque era essencialmente irracional: porque pretendia substituir os Estado pelo mercado. Buscava, assim, contraditoriamente, voltar ao século XIX em que o Estado era mínimo, correspondendo a menos de 10% do PIB, ignorando que o Estado Social representa hoje 40 % do PIB (BRESSER- PEREEIRA, 2010 p. 200) A crise atual implica um aumento muito grande do crédito e, portanto, o aumento do débito, ou seja o endividamento das famílias, das empresas, dos bancos. Para se aumentar o débito tem que se aumentar o crédito, para se aumentar o crédito, tem que se aumentar o débito. A quantidade de moeda em circulação aumenta fortemente, o que mostra seu caráter endógeno. Até que, num certo momento inevitável, e que ninguém sabe exatamente quando, alguma coisa não muito importante faz com que, de repente os investidores, que estão especulando com dinheiro emprestado sejam obrigados a parar de endividar. E quando o fazem, os credores que estavam emprestando a belos juros também percebem que estavam ficando muito perigoso. De repente, inverte-se todo o processo e vem a crise (BRESSER- PEREIRA, 2010). Anos anteriores à crise os Estados Unidos vivenciavam época de prosperidade econômica, em conjunto com a baixa inflação e baixa taxa de juros. Em regra geral, todo o mundo ultrapassava uma fase de alta liquidez econômica. Por consequência das políticas de liberalização financeira adotadas, a concorrência entre as instituições aumentou demasiadamente. A soma da baixa taxa de juros com 23 o aumento da competitividade acarretou na redução da lucratividade nas operações financeiras tradicionais nos Estados Unidos (LIMA; DEUS, 2013). De acordo com Carvalho (2008) as condições da economia norte americana citada anteriormente, fez com que o país procurasse outros caminhos que lhe oferecessem maiores resultados. A primeira opção seria a oferta de empréstimos aos países emergentes. No entanto, com o desencadeamento das crises do México, Rússia e Brasil na década de 1990 a ação de empréstimos foi interrompida. A segunda opção seria o mercado imobiliário americano que se apresentava rentável e crescente. O cenário econômico estável e favorável possibilitou à muitas famílias a compra da casa própria com a utilização da hipoteca. Entretanto, para a conquista de maiores lucros, o mercado precisava se desenvolver. Figura 1 - Desenvolvimento da Crise de 2008 Fonte: Jus Brasil (2020) Assim, o mecanismo encontrado pelas instituições financeiras para ampliar a participação neste mercado seria dar crédito aos tomadores de empréstimo classificados como subprime. Sendo assim, tais tomadores de empréstimos firmavam contratos de hipotecas imobiliárias com as instituições, cujo a garantia era o próprio imóvel hipotecado (LIMA; DEUS, 2013) O que aconteceu com o crédito hipotecário americano foi uma legítima farra. Para que simples instrumentos financeiros como títulos hipotecários se transformassem em estruturas complexas 24 como CDOs sintéticos, foi necessário um aumento considerável dos empréstimos de alto risco (subprime) dentro dos empréstimos hipotecários, conforme apresentado no gráfico 1 (CINTRA E CAGNIN, 2007). Gráfico 1- Participação do subprime nos empréstimos hipotecários 1998-2007 Fonte: elaboração própria adaptado de Cintra E Cagnin (2007) O gráfico acima evidencia o movimento de crescimento considerável do subprime nas estruturas americanas, a partir de 2004. O caso analisado permite constatar desequilíbrios estruturais que evoluíram para um desastre econômico global, conforme expõem Gontijo (2011). Embora a crise financeira tenha origem ou nasça dos próprios desequilíbrios e das formas contraditórias de funcionamento dos mercados e do sistema econômico, seu ponto de partida se dá em arranjos mal estruturados para acomodar essas contradições e fricções, podendo ganhar velocidade e intensidade se as estruturas montadas nesses arranjos forem favoráveis para sua potencialização, tornando os efeitos de determinadaspolíticas econômicas inócuas para revertê-la e impedir que a economia caminhe para a recessão, antes que todos os estragos sejam por ela produzidos. Ainda em 2006 a economia norte americana já havia começado a retração e redução no consumo do mercado imobiliário: A partir de fevereiro de 2007, uma cadeia de eventos começou a revelar a fragilidade dos instrumentos e das estruturas financeiras: inadimplência das famílias subprime, com hipotecas com taxas de juros ajustadas ou flutuantes, execução de devedores inadimplentes, quedas nos preços dos imóveis, movimentos de saques em hedge funds, rebaixamento das notas de alguns produtos estruturados (FREITAS E CINTRA, 2007; P. 421) 2 ,4 2 ,1 2 ,4 2 ,6 3 ,4 5 ,3 1 1 ,5 1 3 ,2 1 3 ,5 1 4 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 25 O início da crise financeira geral pode ser dado a partir da crise dos subprimes ou, mais especificamente, das hipotecas. Essas foram proporcionadas a clientes com baixa qualidade de crédito. De acordo Bresser-Pereira (2010) as mesmas juntaram-se a títulos abstrusos e opacos, dificultando a avaliação dos compradores. Esse problema, ocorrido em um pequeno setor, não deveria ter tomado tamanha proporção. O impactante é que, nos anos anteriores, o sistema financeiro internacional foi unido a operações financeiras securitizadas, que possuíam uma relevante fragilidade; em suma, as suas novidades e inovações, que ocasionaram especulações, tornaram o sistema arriscado. 2.2 Causas e Consequências Os vários anos de forte crescimento econômico nos Estados Unidos chegaram ao fim em 2007, quando as famílias já não eram capazes de financiar um novo aumento no consumo por meio de empréstimos, devido ao aumento dos preços dos imóveis ressalta Evans (2011). Quando o crédito bancário se esgotou, em outubro de 2008, na sequência da falência do Lehman Brothers, o investimento caiu abruptamente, e os Estados Unidos foram atingidos pela sua mais grave crise desde 1930. A série de falências, de intervenções e de vendas sobre pressão, como relata Carvalho (2009) espalhou a desconfiança. Não apenas no mercado financeiro, mas também na sociedade em geral, que passou a temer por suas economias. Os países emergentes sentiram o impacto da crise de 2008 gradualmente, basicamente em duas vertentes, por um lado no crédito, que foi dificultado no mercado interbancário e no fluxo dos bancos para as empresas e, por outro lado, na redução dos preços dos produtos básicos, utilizados para a exportação, como as commodities, que haviam atingido elevadas cotações no início de 2008 (DULCI, 2009). Singer destaca que, em momentos de crise econômica, a incerteza diante do cenário faz com que a população entesoure sua riqueza líquida no lugar de investi-la ou de colocá-la à disposição de quem tem interesse em aplica-la no sistema financeiro. Um momento delicado é a ocorrência da fuga de capitais, quando as filiais de transnacionais fazem a transferência de grande quantidade à matriz, objetivando cobrir prejuízos e cumprir obrigações: 26 A fuga de capitais reduz a disponibilidade de divisas, levando à desvalorização da moeda nacional ante as moedas que estão sendo retiradas do país e consequentemente a fortes pressões inflacionárias decorrentes da elevação dos preços de todos os produtos importados (SINGER, 2009, p. 97). Os efeitos da crise, inegavelmente, atingiram com intensidade a economia brasileira, como relata Costanzi (2009). Verifica-se sua atuação em três principais canais. Em primeiro lugar, houve uma forte contração no crédito, devido ao aumento da aversão ao risco, que afetou de forma intensa os setores de consumo que dependem significativamente do crédito. Em segundo, houve uma queda grandiosa nas expectativas, que impactou fortemente na queda dos investimentos sobre a indústria, afetando a produção de bens de capital. E em terceiro lugar, devido à recessão econômica mundial, houve a redução da quantidade física de exportação pelo Brasil, além disso, ocorreu uma redução dos preços dos produtos vendidos ao exterior. O colapso do Lehman Brothers gerou uma cadeia de falências de outras grandes financeiras incluindo a American International Group, a maior seguradora do mundo. Ele também levou a uma aguda instabilidade da crise no mercado monetário interbancário, o que resultou em um colapso quase total dos empréstimos bancários nos Estados Unidos, mesmo para as empresas renomadas. Assim, no início de outubro, a crise atingiu os mercados internacionais de ações, que perderam cerca de 20% do seu valor em uma semana, nos Estados Unidos, na Europa e até mesmo na Ásia, que, até aquele momento, tinha sido pouquíssimo atingida (EVANS, 2011). A crise de 2008, que ficou conhecida pela sua severidade dentre as economias capitalistas, como esclarece Bresser-Pereira (2010), foi considerada também uma crise social. Informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que o número de desempregados passou de 20 milhões para 50 milhões de pessoas no final de 2009. A crise financeira internacional fez com que as exportações brasileiras despencassem 22,2% em 2009, a maior queda desde que os dados passaram a ser registrados, em 1950. O resultado de US$ 152,2 bilhões em 2009 ficou abaixo da previsão do governo US$ 160 bilhões e bastante longe dos US$ 197,9 bilhões registrados no ano anterior, que foi recorde. A retração do comércio mundial também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mas, segundo Barral, o ritmo de queda tem diminuído, e a tendência é que o real valorizado e o próprio crescimento da economia estimulem o aumento das compras neste ano (FOLHA DE S. PAULO, 2010) O cenário macroeconômico sofreu significativas mudanças após a quebra do Lehman Brothers e da intensificação da crise financeira internacional, como descrevem Mesquita E Tóros (2010). A 27 crise atingiu o âmbito internacional e foi muito intensa, gerou um indício da escassez mundial de liquidez em dólares e piorou os termos de troca, devido à queda dos preços das commodities. Como se pode observar no gráfico abaixo o governo brasileiro conseguiu evitar uma deterioração mais drástica das expectativas, obtendo êxito na recuperação econômica a partir de meados de 2009. Vemos claramente que o crescimento da formação bruta de capital fixo e do consumo contribuiu para a recuperação da economia no segundo semestre. Gráfico 2 - Crescimento do PIB Mundial 2007-201 Fonte: FMI. Elaboração: Ideias Consultoria, 2012 Em resposta à restauração da confiança dos agentes e à ampliação do nível de utilização da capacidade instalada da indústria, o investimento cresceu de 17% do PIB (1º trimestre de 2009) para 20,5% no 3º trimestre de 2010. As exportações foram favorecidas pela forte melhora nos termos de troca, devido principalmente à retomada da economia chinesa em 2009 e à recuperação da economia mundial em 2010 (PAULA, L.F; PIRES, M.C, 2017) 2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira Os reflexos da crise sobre a economia brasileira se manifestaram de duas formas: i) através do mercado financeiro, com a livre mobilidade dos capitais, por exemplo, a compra e venda de ações, títulos da dívida pública, etc. e ii) através do comércio internacional, pois uma vez que a economia brasileira é muito dependente das exportações de commodities, a recessão que vem 28 tomando conta de alguns de seus parceiros comerciais, como EUA, Europa e Japão, a afeta diretamente (FILGUEIRAS, 2007). Os efeitos através do mercado financeiro se fizeram perceber principalmente por meio da queda da bolsa de valores, elevação do risco Brasil e desvalorização do câmbio. Filgueiras (2007) destaca que diante de um contexto de falta de controle dos fluxos de capitais a fuga de capitais das economiasem desenvolvimento é inevitável, é a dinâmica da especulação financeira, na busca por papéis mais seguros. Contudo, quando explodiu a crise nos EUA, o Brasil contava com boa reserva em dólares, da ordem de 160 bilhões em 2007, o que de certa forma reduziu a vulnerabilidade externa. Pochmann (2010) informa que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi reduzido em 9,9% em 2008. Contudo, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segundo semestre de 2009 indicou uma considerável recuperação econômica, não somente pela ocupação da capacidade instalada, mas também pelos investimentos e o PIB variou -0,3% em 2009, após um crescimento de 5,2% em 2008 e 6,1% em 2007. Essa desaceleração ocorreu de maneira diferente entre os setores econômicos. Os serviços cresceram 2,1%, com destaque para as atividades “intermediação financeira”, “serviços prestados à família e associativas e o crescimento do valor adicionado bruto gerado por “administração, saúde e educação públicas”. Os dados do Ministério do Desenvolvimento, os setores mais afetados pela crise foram as indústrias siderúrgica e automobilística. "A queda dos manufaturados é preocupante e reforça a necessidade de recuperar mercados importantes como os EUA e a América Latina", disse o secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral. A retração do comércio mundial também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mesmo com quedas similares nos dois sentidos do intercâmbio de mercadorias, a balança comercial brasileira encerrou 2009 com o pior desempenho da era Lula, com saldo de US$ 24,62 bilhões. Em 2008, o superávit havia sido de US$ 24,96 bilhões (FOLHA DE S. PAULO, 2010) De acordo com dados divulgados pelo IBGE (2020) a economia brasileira sente os reflexos da crise, com exceção do ano de 2010, que teve crescimento acima de 7%, mas não consegue manter um crescimento sistemático do seu Produto Interno Bruto. No primeiro ano da crise 2008 os efeitos sobre o PIB foram modestos e a economia conseguiu crescer acima de 5%. No entanto, no ano seguinte apresentou crescimento negativo, num momento de clara tendência de desaceleração da atividade econômica, ocasionado principalmente pela queda nas exportações brasileiras, diante da queda da demanda internacional de commodities, além da valorização do Real sofrida no período, o que fez com que o preço dos produtos brasileiros caísse juntamente com o lucro dos exportadores. 29 3 A CRISE DA COVID-19 A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que vivemos uma pandemia do novo coronavírus, chamado de Sars-Cov-2. “Nas últimas duas semanas, o número de casos de Covid-19, Provocada pelo vírus fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou. Temos mais de 118 mil infecções em 114 nações, sendo que 4 291 pessoas morreram”, justificou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (VEJA, 2020). 3.1 Origem Um surto de pneumonia de causa desconhecida foi detectado em Wuhan (província de Hube i), na China, e relatada pela primeira vez ao Escritório local da OMS em 31 de dezembro de 2019. O surto foi causado por uma nova cepa de coronavírus, posteriormente rotulado como coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2). A doença causada por esse vírus foi denominada de Covi-19. Segundo a Anvisa (2020) o coronavírus pertence a uma grande família de vírus, comuns em diferentes espécies de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus podem infectar humanos e depois se disseminar entre pessoas como o que ocorre na Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e na Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). De acordo com o virologista Paulo Eduardo Brandão, expert em coronavírus e professor da Universidade de São Paulo (USP), há duas hipóteses mais documentadas: na primeira, o vírus foi entrando em contato aos poucos com a espécie humana e criando estratégias para fazer o salto. Na segunda, ele teria vindo mais “pronto” de um morcego e feito a transmissão interespécie de modo mais acelerado. 3.2 Combate contra a Covid-19 Até o momento, não existem tratamentos antivirais específicos e comprovados para a COVID- 19. O objetivo mais importante é controlar fontes infecciosas. O governo chinês rapidamente iniciou medidas seriais, como isolar Wuhan e toda a província de Hubei, melhorando o monitoramento e a notificação de informações sobre epidemias, além de detectar, isolar e curar pacientes. Mais de 8000 médicos e enfermeiros de outras províncias foram para a província de Hubei e começaram a https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/coronavirus https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/coronavirus https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/ http://portal.fmvz.usp.br/ 30 combater a doença com a equipe médica local. Ao mesmo tempo, dois hospitais com 2600 leitos no total foram construídos em Wuhan para pacientes confirmados e suspeitos ressalta (YANG, SHANG, & RAO, 2020). A corrida pela descoberta de uma vacina e os testes com medicamentos potenciais contra o vírus têm mobilizado pesquisadores no mundo todo. O economista Pedro Miranda, um dos autores do estudo, demonstra preocupação caso uma única empresa produza a vacina contra o novo coronavírus. “Se não houver uma articulação entre os países, há o risco de termos dificuldades para imunizar a população mundial contra a Covid-19 porque a empresa detentora da patente poderá não conseguir produzir em quantidade suficiente para atender a demanda mundial, a exemplo do que aconteceu no início da pandemia com respiradores e ventiladores pulmonares, máscaras e outros equipamentos necessários ao combate dessa doença”. Figura 2 - A importância da conscientização e prevenção no combate ao vírus Fonte: Prefeitura de Jahu (2020) A COVID-19 confirma a dinâmica de securitização da saúde global. A pandemia foi abordada no quadro de uma ameaça à vida das pessoas e ao funcionamento regular das sociedades. Não se tratou de uma securitização da doença, que para a maioria dos infetados é assintomática ou de sintomatologia moderada. Porém, a COVID-19 apresenta uma taxa de letalidade mais elevada do que a da gripe A; tem um período de incubação de 1 a 14 dias; e é transmitida comunitariamente (e possivelmente durante o período assintomático) por gotículas de tosse e expetoração, e também por contato com superfícies ou objetos contaminados 6,7. Dadas essas especificidades, observou-se, isto sim, uma securitização da circulação de pessoas e do contato social, ou seja, dos fatores que 31 poderiam levar a um crescimento exponencial do número de casos graves e, em consequência, ao colapso dos serviços de assistência. Ainda segundo (YANG, SHANG, & RAO, 2020) a quarentena doméstica é a melhor escolha para os residentes, no entanto, o bloqueio generalizado pode inevitavelmente trazer um efeito psicológico, portanto é recomendável aconselhamento e popularização em saúde mental. Por fim, devemos dizer que o que fizemos hoje não é apenas controlar o COVID-19, mas, mais importante, criar um sistema de segurança para evitar surtos semelhantes no futuro. O presidente Jair Bolsonaro prorrogou o prazo de redução das alíquotas de tributos sobre medicamentos e produtos usados no combate à covid-19. Ele editou um decreto que mantém a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). A economia pode ser estimulada por meio de políticas monetária e fiscal (ampliação de benefícios e transferência de renda, renegociação de dívidas a estados e municípios, garantia de recursos para a saúde para a aquisição e aplicação de testes, aquisição de leitos, contrataçãode mais colaboradores, recursos para a pesquisa para vacina e medicamentos) e creditícia (expansão de crédito e ampliação do prazo de amortização de dívidas para pessoas físicas e jurídicas) (INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ – IE, 2020) A proposta da equipe do Governo Bolsonaro é de promover a retomada da atividade econômica partir de uma agenda de reformas, com ênfase na consolidação fiscal e combate à má alocação de recursos. Pretende-se promover a abertura econômica, as privatizações e concessões, a reforma tributária, a revisão das desonerações e subsídios públicos, a aprovação do Projeto de Lei do saneamento básico, promoção de energia mais eficiente, desburocratização, redução do desemprego e pobreza por meio da criação de empresas, entre outras (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020) 3.3 O impacto da Covid-19 na Economia Brasileira De acordo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (2020) foram analisado os efeitos do coronavírus (Covid-19) na economia brasileira, além de estimativas de impacto no crescimento do PIB em 2020 o ministério selecionou os principais canais pelos quais a epidemia pode afetar o desempenho da economia: redução das exportações; queda no preço de commodities e piora nos termos de troca; interrupção da cadeia produtiva de alguns setores; 32 queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras; e redução no fluxo de pessoas e mercadorias. A importância econômica da China, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é muito maior hoje do que era no período da epidemia de SARS, ocorrida em 2003. A China concentrou em 2018 aproximadamente 18% do PIB mundial (ajustado pela paridade do poder compra) e é o destino de quase 30% de tudo que o Brasil exporta atualmente. Além disso, o país oriental produz mais de 20% de todos os bens intermediários manufaturados que são consumidos no mundo. A paralisação, ainda que parcial, da produção e exportação de tais bens já está reverberando nas cadeias globais de produção, e pode ampliar os efeitos negativos da epidemia. No mês de março de 2020, foram adotadas medidas de isolamento social implementadas com o intuito de desacelerar a taxa de contaminação da população e, consequentemente, evitar o colapso do sistema de saúde. O governo brasileiro previa que os impactos do COVID-19 na economia brasileira seriam redução das exportações, queda no preço de commodities e, consequentemente, piora nos termos de troca, interrupção da cadeia produtiva de alguns setores, queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras, e redução no fluxo de pessoas e mercadorias (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020). Apesar dos esforços de contenção da doença no território chinês e redução expressiva no número de novos casos no país, houve notável propagação da Covid-19 em outros países nos últimos dias, aumentando as incertezas globais sobre a dimensão e término da epidemia. Houve forte reação nos preços de ativos e aumento na aversão ao risco, inclusive no Brasil. Tem-se observado que governos e bancos centrais pelo mundo estão promovendo medidas para atenuar os impactos negativos da epidemia. Ainda assim, alguns países, como a Itália, já adotaram medidas de contenção da epidemia que irão provocar desaceleração no ritmo de atividade no curto prazo afirma a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia. De acordo com o World Bank (2020), esta será uma recessão econômica mais profunda do que a crise financeira mundial de 2008-2009 e a crise da dívida da América Latina nos anos 1980. O cenário econômico brasileiro atual era de superação da crise de 2014/2017, a qual foi originada por uma combinação de choques de oferta e demanda, devido a erros de política econômica. Estes fatores provocaram uma redução do crescimento da economia brasileira e incertezas sobre a solvência das finanças públicas (BARBOSA FILHO, 2017) Apesar da retomada da produção industrial e dos investimentos, as vendas do comércio ainda seguem em queda na comparação com igual período de 2019: depois de uma queda de cerca de 20% no primeiro trimestre, houve uma redução do ritmo de queda, mas em julho a variação ainda era negativa (1,1%). Em livro recente organizado pelo Centro de Pesquisa de Política Econômica 33 (“Mitigando a crise econômica COVID: agir rápido e fazer o que for preciso”), diversos economistas comungam da proposta de relaxamento orçamentário e ação direta do Estado para atenuar o colapso econômico durante o isolamento. Figura 3 - ICSPE – Índice de preço de commodities (10/Jan/2020 = 100) Fonte: Bloomberg (2020) Conforme o gráfico acima o indicador proprietário de preço de commodities (ICSPE) que sintetiza o movimento dos preços internacionais das principais commodities, recuou aproximadamente 15% desde o primeiro óbito. A queda do índice aponta que os produtos mais afetados foram petróleo, café, carne bovina e minério de ferro. Vale destacar que a queda recente no preço do petróleo, decorrente de um conflito acerca do nível de produção acordado pelos maiores produtores, também aumentou a volatilidade nos mercados e provocou um movimento global de aversão a risco, com forte reação negativo dos preços de ativos. No livro As Seis Lições, Ludwig Von Misses (2018, p. 52) o autor lembra que nas políticas econômicas passadas não ocorreram milagres. A recuperação da Alemanha depois de sua derrota e destruição na Segunda Guerra Mundial foi histórica. Mas não houve milagre. Houve tão somente a aplicação dos princípios da economia do livre mercado, dos métodos do capitalismo. Todo país pode experimentar o mesmo “milagre” de recuperação econômica, embora deva insistir em que a recuperação é fruto da adoção de políticas econômicas sólidas. 34 4 METODOLOGIA Neste capítulo, abordaremos os métodos utilizados na elaboração desta pesquisa. Serão detalhados especificamente: o Método de Pesquisa, a Natureza da pesquisa, os Fins e os Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa. 4.1 Métodos de Pesquisa Com relação à metodologia aplicada na pesquisa, foram utilizados os métodos de pesquisa bibliográfica e documental, com o objetivo exploratório, findando em a uma análise qualitativa. Sua principal vantagem reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, isto porque ela tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema, conforme Gil (2013). O Estudo apresenta peculiaridades por ser bem recente, envolve fontes ainda em fase de pesquisa, porque os efeitos da crise ainda persistem e podem ter resultados indeterminados até que não se sinta mais seus efeitos. Então, entendeu-se que os materiais mais importantes são as pesquisas bibliográficas e documentais. 4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa A abordagem da pesquisa classifica-se em quali-quantitativa, pois trata-se um processo do qual, partindo de dados constatados, infere-se a uma verdade geral ou universal (LAKATOS; MARCONI, 2007). É uma pesquisa qualitativa por levantamentos dos dados históricos, econômicos e sociais e é uma pesquisa quantitativa por levantar dados numéricos a respeito dos fenômenos estudados, como informações composta pelas variáveis: Taxa de Desemprego, Taxa de Câmbio, PIB, Exportações e Importações. Foram utilizadas diversas bases de dados como o IBOVESPA, o IBGE e o IACE que possibilitassem calcular a retração das atividades em tempo real. Esses indicadores foram retirados de diversas fontes que apresentam frequência diária ou semanal, como dados de produção de empresas, emissão de notas fiscais, indicadores de associações e notícias de produção setorial ou empresarial. Adicionalmente, foi disponibilizada pela Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura indicadores que mostram o desempenhosetorial. 35 4.3 Quanto aos Fins De acordo com Gil (2013), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias”, e com base nesse conceito, o trabalho foi desenvolvido, com vista a esclarecer, através de revisões bibliográficas, documentais, e em sites diversos, as características do mercado financeiro relacionando o impacto da crise de 2008 e a crise do momento atual. Sendo considerada também uma pesquisa explicativa, devido o levantamento de dados realizado para explicar a variação do desemprego do Brasil. Os sites do IBGC, da CVM e da BM&FBovespa foram acessados para a obtenção de quadros, dados históricos, entre outras informações sobre o mercado financeiro brasileiro. Utilizou-se as informações dos sites das companhias pertencentes ao universo pesquisado para a caracterização destas. 4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa Para a Crise de 2008 será apresentada a Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008 por meio de Instrumentos de Políticas Econômicas: i. Política Monetária; ii. Política Cambial; e iii. Política Fiscal. Dentro dessa análise a variação da produção das Indústrias, do Comércio e dos Serviços nos permitirão acompanhar o comportamento conjuntural no País. Tais Índices Econômicos serão tratados como procedimento metodológico afim de mensurar impactos e obter medidas governamentais para ambas as crises. Em seguida serão destacados os Danos causados no Brasil pela Crise do Corona Vírus por meio da análise do Mercado Financeiro e o Ibovespa, onde se estudou os principais contratos de commodities da B3 com o intuito de observar o desempenho do Mercado como parâmetro de rentabilidade na fase do coronavírus. Por fim serão analisadas as Diferenças das duas Crises de acordo com: ii.Mercado de Trabalho (Taxa de Desemprego); ii.Variação do Produto Interno Bruto (PIB) e iii.Variação do Índice Ibovespa no Mercado Financeiro com o intuito de prever projeções de melhoria para o momento em que o Brasil se encontra. Esses dados referentes ao segundo trimestre de 2020 foram coletados do IBGE, o órgão federal responsável por prover todas as informações estatísticas oficiais do país. Os dados resultantes desta pesquisa foram tabulados no Excel e serão demonstrados na forma de gráficos e tabelas com as devidas interpretações e discussões. 36 5 RESULTADOS Com o intuito de atender aos objetivos propostos para esta pesquisa, buscou-se identificar os aspectos do Mercado Financeiro. Em síntese, os resultados do período analisado devem ser creditados em maior ou menor grau ao comportamento dos agentes privados, às ações do governo através de seu conjunto de políticas públicas e às condições vigentes no cenário internacional. 5.1 A Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008 A crise financeira do subprime e o colapso do sistema financeiro, principalmente após a falência do banco Lehman Brothers no terceiro trimestre de 2008, desencadearam múltiplas consequências para os países que mantinham relações com os EUA. A economia brasileira estava menos vulnerável ao colapso do sistema financeiro dos EUA (ALMEIDA, 2010). Os grandes bancos nacionais não tiveram perdas significativas. Havia um elevado nível de reservas internacionais, evitando uma crise grave no balanço de pagamentos. No Brasil, a crise foi levada a público oficialmente em 2009, tendo como impacto imediato a redução da liquidez internacional e a escassez de linhas de crédito. O governo Lula agiu adotando diversas políticas anticíclicas de corte Keynesiano, que evitaram que a recessão se aprofundasse. Com os dados apresentados na prestação de contas do Governo da República de 2009 e baseado em informações de órgãos específicos, o TCU analisou qual foi o impacto da atuação do governo para uma gradual recuperação da economia do país, observada a partir do segundo trimestre de 2009, quando houve uma reversão da queda do PIB. Como resultado, o PIB caiu apenas 0,2%, conforme demonstrado na análise relativa ao desempenho da economia. A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil começou a sentir mais fortemente o impacto da crise econômica mundial, o governo brasileiro implementou várias medidas para diminuir seus efeitos no país. Essas ações abrangeram as áreas monetária, cambial e fiscal. 5.1.2 Política Monetária Para amenizar a crise, o governo obteve várias ações monetárias e creditícias que contribuíram para aumentar a liquidez na economia, resultando na diminuição da taxa de juros real em 2009, tais como a redução dos depósitos compulsórios do sistema bancário e o aumento da oferta de crédito. 37 Também foram adotadas medidas, já a partir de outubro de 2008, para evitar problemas de liquidez nas instituições financeiras nacionais. A partir de dados do TCU o Banco Central do Brasil disponibilizou para os grandes bancos R$ 24 bilhões para fins de compra de carteira de bancos menores com problemas de liquidez e de solvência. Além disso, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal foram autorizados a comprar ações e participações de instituições financeiras nacionais. A Caixa também obteve autorização para comprar ações de empresas construtoras com problemas de liquidez. Outra medida importante foi a redução da taxa básica de juros a partir de janeiro de 2009, que saiu de um patamar de 13,75% ao ano (a.a.) no início daquele ano, para 8,75% em julho. Gráfico 3 - Operações de crédito do sistema financeiro Jul/2008-Nov/2009 Fonte: Banco Central (BC), 2020 Segundo Freitas (2008) entre os dias 23 de setembro e 13 de novembro de 2008, o BCB promoveu dez alterações nas regras do compulsório, em geral, inócuas, “dada a preferência pela liquidez dos bancos e a possibilidade de aplicação, líquida, rentável e de baixíssimo risco, em títulos públicos” Enquanto tais medidas não surtiam efeito, os principais bancos públicos (BB, CAIXA e BNDES) foram chamados a suprir o mercado de crédito brasileiro, de modo a tentar a contração de crédito oriunda dos bancos privados. A diminuição dos recolhimentos compulsórios pode contribuir 38 para o aumento da oferta de crédito e a redução do spread bancário, mas a fixação de suas alíquotas varia em função da política monetária. Além da redução dos compulsórios, os bancos foram autorizados a utilizar até 40% de seus recolhimentos compulsórios sobre depósitos a prazo para compra de direitos creditórios no mercado interbancário (Circular BCB nº 3.407, de 2 de outubro de 2008), limite que foi aumentado para 70% (Circular BCB nº 3.411, de 13 de outubro de 2008). Também foi autorizada a dedução da base de cálculo do recolhimento compulsório sobre depósitos a vista e do adiantamento voluntário de até sessenta contribuições mensais do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) (Circular BCB nº 3.416, de 24 de outubro de 2008), cujo estatuto foi alterado para aumentar sua flexibilidade na realização de depósitos e na aquisição de direitos creditórios de instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil (Resolução CMN nº 3.656, de 17 de dezembro de 2008). Algumas das modificações sobre a regulamentação do compulsório para depósitos a prazo, eram medidas que tinham por meta garantir a solidez do sistema bancário, como a autorização de uso de até 40% dos recursos do compulsório sobre os depósitos a prazo para a aquisição de instituições financeiras. O objetivo era estimular as instituições maiores a adquirir instituições de pequeno e médio porte – as mais afetadas pela crise. Também entra neste grupo de medidas a autorização dada para que o BB e a CAIXA adquirissem instituições financeiras em dificuldade. 5.1.3 Política de Câmbio Entre as medidas que visavam conter a crise cambial, as principais foram as intervenções do BCatravés de operações de venda de dólares no mercado à vista e também através de leilões de venda com compromisso de recompra. Essas intervenções, no entanto, não impediram que a taxa de câmbio atingisse a cotação de R$ 2,51/US$ em 8 de dezembro de 2008, depois de ter fechado o mês de agosto em R$ 1,63/US$ (ou seja, com desvalorização de 54%). O estoque de reservas internacionais, apesar disso, pouco se alterou, passando de US$ 207,5 bilhões em setembro de 2008 para US$ 203 bilhões no mês seguinte, fechando dezembro do mesmo ano com um saldo de US$ 206,8 bilhões. Embora a taxa de câmbio tenha aumentado consideravelmente no último trimestre de 2008 (US$1,00 valia cerca de R$1,60 em agosto e alcançou R$2,40 em dezembro), a situação se normalizou no primeiro trimestre de 2009, aos poucos o Real voltou a se valorizar frente ao Dólar e a taxa de câmbio aproximou-se gradativamente do nível pré-crise. E o governo brasileiro vinha 39 obtendo superávits primários no orçamento da União, o que tinha permitido reduzir a dívida pública e dava margem de manobra diante das turbulências do mercado. De acordo com Freitas (2008), houve depreciação da taxa de câmbio de 22,7%, entre 15 de setembro e 15 de outubro de 2008. As exportações foram fortemente afetadas, bem como os setores de construção civil, automóveis, agricultura, queda de produção de móveis e eletrodomésticos. Estes setores sofreram sobremaneira consequências por serem os maiores dependentes de crédito internacional do país; e, uma vez que os EUA, maior credor internacional, entra em crise, os primeiros setores afetados são os mais dependentes (LIMA E DEUS, 2013). Segundo relatório do Banco Central (2020) o principal fator que contribuiu para a elevação da dívida líquida do setor público em 4,5 p.p. do PIB no acumulado do ano de 2009 foram os juros nominais, que participaram com 5,4 p.p. do PIB. Entretanto, não apenas os juros foram o principal vilão. A valorização cambial, de 33,9% no ano – que se notabilizou como a maior valorização cambial de todo o planeta – contribuiu outros 2,5 p.p. do PIB. A política cambial não foi utilizada como mecanismo compensatório para as perdas no comércio exterior, contribuindo, assim, para tornar a indústria nacional menos dinâmica e mais primarizada. Como é grande o peso da indústria na arrecadação – tendo correspondido, em 2008, a 45,7% – o baixo desempenho recente deste setor derrubou a receita de tributos, reduzindo, por consequência, o superávit primário. Tal resultado primário, que em períodos anteriores compensava a conta de juros, puxando para baixo o indicador da dívida líquida, em 2009, entretanto, em função, dentre outros motivos, da pressão do câmbio sobre as receitas de tributos, impactou menos, tendo contribuído para reduzir a relação dívida/ PIB em 2,1 p.p. do PIB. O outro impacto causado pelo câmbio vem do seu efeito sobre as reservas internacionais. Para se delinear a magnitude desse impacto, segundo o relatório do BC, no acumulado do ano até setembro, a dívida líquida cresceu em R$ 74,5 bilhões em função da valorização cambial de 23,92%. Esse processo tem sua explicação na redução do valor, em reais, das reservas internacionais e, portanto, na perda de valor do ativo do governo central. Quanto mais o câmbio se valoriza, menor é o valor em reais das reservas internacionais do país (que são denominadas em dólares e representam uma parcela significativa dos ativos financeiros públicos). Tais ativos, por sua vez, são deduzidos da dívida bruta para se obter a dívida líquida do setor público. Desse modo, a perda de valor do ativo reservas internacionais faz com que a dívida líquida total do setor público aumente. O gráfico 4 mostra as trajetórias opostas do câmbio apreciado e da dívida líquida do setor público (DLSP) 40 Gráfico 4 - DLSP (% do PIB) e taxa de câmbio 2008-2009 Fonte: Banco Central, 2010. O superávit primário é, assim, pouco eficiente para conter o processo de elevação do endividamento público, porque o crescimento da dívida é, fundamentalmente, consequência do pagamento de juros e da acentuada valorização cambial. Para que o superávit primário produzisse o efeito de conter o crescimento da dívida líquida seria necessário que fosse excessivamente elevado. Numa conjuntura de baixo dinamismo econômico, entretanto, é excessivamente sacrificante impor à população o alto custo social da preservação do resultado primário, tendo em vista que o crescimento da dívida é, em grande medida, de origem cambial e monetária, que representam retornos financeiros dos quais a maioria dos cidadãos não retira nenhum proveito. A direção da causalidade do fenômeno de expansão do endividamento público dá-se, portanto, a partir da política monetária e cambial determinando o aperto fiscal e tem o poder de anular, parcialmente, os impactos positivos de outras políticas macroeconômicas como crédito, investimento público, SM e bolsa-família. A variação da taxa de câmbio tem impactos diretos e indiretos sobre os preços da economia, o que provoca a variação dos custos e, portanto, dos preços. Vários autores mostram que o canal do câmbio tem sido significativamente mais importante para o controle da inflação que um eventual controle da demanda agregada (CARDOSO & VIEIRA, 2004; KREGEL, 2004; FERREIRA & JAIME JR, 2005; NOGUEIRA JR., 2007; BRAGA, 2011; BASTOS, 2011). 41 5.1.4 Política Fiscal A resposta mais contundente do governo brasileiro à crise financeira está nas medidas fiscais. Entre as medidas de desonerações fiscais, a primeira foi anunciada ainda no ano de 2008, beneficiando o setor automotivo, seguido dos setores produtores de eletrodomésticos de linha branca, de material de construção e, no final de 2009, do setor moveleiro. Para viabilizar o pacote de desonerações fiscais sem que o governo devesse incorrer em um programa de corte de gastos públicos o governo brasileiro também anunciou a redução da meta de superávit primário de 4,3% para 2,5% do PIB para 2009. Na área fiscal, o Ministério da Fazenda reduziu impostos que incidem sobre a produção de veículos, materiais de construção, móveis e eletrodomésticos. Em paralelo, o governo federal também ampliou investimentos em obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E foi lançado um programa de construção de casas populares – o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” –, que impulsionou o crescimento da construção civil. Além disso, foi mantida a política de valorização do salário mínimo legal (aumento de 12% em janeiro de 2009), que ajudou a preservar a renda das famílias num momento de elevação do desemprego. E foi incrementado o orçamento dos programas de transferência de renda, que protegem as famílias mais pobres e ajudam a sustentar o comércio em pequenos municípios. Esse conjunto de políticas contribuiu para a rápida recuperação da economia. Além disso o governo federal aumentou os recursos destinados ao Programa Bolsa Família (atingiu 12,4 milhões de famílias beneficiadas, com um gasto de 0,4% do PIB, em 2009) e ampliou o número de parcelas do Seguro Desemprego para os trabalhadores demitidos entre novembro de 2008 e fevereiro de 2009 nos segmentos industriais mais afetados pela crise. Quanto aos investimentos realizados pelo Estado, mantiveram-se, sem dúvida, em baixos patamares durante os últimos 15 anos. O peso das estatais federais tem se acentuado de forma significativa no investimento total do governo desde 2004. O verdadeiro impacto do investimento público é, portanto, muito superior e mais complexo do que aquele frequentemente abordado, o que exige uma análise mais rigorosa e que vá além da contabilidade pública tradicional. A teoria macroeconômica coloca o investimento como o elemento mais importante da demanda agregada para explicar as flutuações econômicas de curto prazo, dada a relativa
Compartilhar