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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS 
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ANÁLISE 
 
 
 
 
 
 
 
UMA ANÁLISE DO MERCADO: 
A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020 
 
 
 
 
 
 
 
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus-AM 
2020 
 
 
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UMA ANÁLISE DO MERCADO: 
A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade de 
Estudos Sociais da Universidade Federal do 
Amazonas como requisito obrigatório à 
obtenção do título de Bacharela em Ciências 
Econômicas. 
 
 
 
Orientador: Professor Dr. Dimas José Lasmar 
 
 
 
 
 
 
Manaus-AM 
2020 
 
 
LOURRANY ELIZETE GOMES DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
UMA ANÁLISE DO MERCADO: 
A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 E DO COVID-19 EM 2020 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade de 
Estudos Sociais da Universidade Federal do 
Amazonas como requisito obrigatório à 
obtenção do título de Bacharela em Ciências 
Econômicas. 
Aprovado dia: 01/12/20. 
 
 
 BANCA EXAMINADORA 
 
 Prof. Dr. Dimas José Lasmar 
Orientador- Universidade Federal do Amazonas 
 
 Profa. Dra. Michele Lins Aracaty e Silva 
Examinadora- Universidade Federal do Amazonas 
 
 Prof. M. Sc. Jefferson Bezerra 
Examinador- Universidade Federal do Amazonas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos que me ajudaram ao longo desta 
caminhada, ao meu pai, minha avó, meu companheiro e 
principalmente aos meus filhos que são a razão do meu viver. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Para ser possível, a construção do conhecimento necessita não somente de boas técnicas e métodos, 
mas também de amizade e cooperação. 
Por isso agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este projeto 
de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final. 
Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida por me 
incentivarem e acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou. 
À meu parceiro de vida Luiz Rogério pelo seu amor incondicional e por compreender minha 
dedicação ao projeto de pesquisa. 
Um agradecimento especial à minha irmã Marcela que me ajudou dias e noites com a minha filha 
para que eu pudesse dar continuidade ao trabalho. 
Agradeço ao meu orientador Dimas Lasmar por me direcionar e aceitar o meu trabalho de pesquisa. 
Também quero agradecer à Universidade e a todos os professores que demonstraram estar 
comprometido com a qualidade e excelência do ensino. 
A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros desafios que 
enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo. 
E principalmente aos meus filhos Heloísa Valentina e Luiz Benício que agora fazem parte da minha 
vida e que me deram motivações ao final desta apresentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A pesquisa tem por finalidade analisar a situação do mercado financeiro como um todo durante a 
crise de 2008 e fazer uma relação com a nova crise do covid-19 surgida recentemente e que tem 
gerado uma repercussão mundial. Para tal estudo foi realizado um levantamento bibliográfico e 
documental numa pesquisa semi-qualitativa e com resultados apresentados em tabelas e gráficos. 
Após a quebra do tradicional banco americano Lehman Brothers as bolsas ao redor do mundo 
entraram em colapso, pois os investidores passaram a resgatar suas aplicações, diminuindo 
a liquidez no mercado. Ações despencaram, títulos foram desvalorizados e a população depende dos 
esforços governamentais para mudar a situação. Apesar de que muitos já estejam comparando a 
crise atual à recessão de 2008, a maioria dos pesquisadores não aceitam tal hipótese, e ainda dizem 
que a economia global se recuperará rapidamente na 2ª metade de 2020, contanto que até então o 
surto tenha se dissipado. São crises de natureza muito diferentes. A crise de 2008 foi muito mais 
severa porque o sistema financeiro global era muito mais frágil. O avanço da pandemia causada 
pelo coronavírus trouxe consigo uma crise econômica de escala global. O estudo revelou que mesmo 
que a crise resulte numa implosão profunda, em termos de produção, as chances de sair desta 
recessão mais cedo do que mais tarde são muito melhores do que a crise financeira passada. 
 
Palavras chave: Mercado Financeiro, Crise de 2008, Covid-19, Economia Mundial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The research aims to analyze the situation of the financial market as a whole during the 2008 crisis 
and to relate it to the new covid-19 crisis that has recently emerged and which has generated 
worldwide repercussions. For this study, a bibliographic and documentary survey was carried out 
in a semi qualitative research and with results presented in tables and graphs. After the bankruptcy 
of the traditional American Lehman Brothers bank, exchanges around the world collapsed, as 
investors began to redeem their investments, reducing liquidity in the market. Shares plummeted, 
bonds were devalued and the population depends on government efforts to change the situation. 
Although many are already comparing the current crisis to the 2008 recession, most researchers do 
not accept such a hypothesis, and still say that the global economy will recover quickly in the second 
half of 2020, provided that the outbreak has dissipated by then. They are crises of a very different 
nature. The 2008 crisis was much more severe because the global financial system was much more 
fragile. The advance of the coronavirus pandemic brought with it a global economic crisis. The 
study revealed that even if the coronavirus crisis results in a profound implosion, in terms of 
production, the chances of getting out of this recession sooner than later are much better than the 
2008 financial crisis. 
 
Keywords: Financial Market, 2008 Crisis, Covid-19, World Economy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Desenvolvimento da Crise de 2008……………………………………... 22 
Figura 2 - A importância da conscientização e prevenção no combate ao virus…... 29 
Figura 3 - ICSPE – Índice de preço de commodities (10/Jan/2020 = 100)………... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Investimento do Setor Público no Brasil 1995-2009………………… 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Participação do subprime nos empréstimos hipotecários…………… 23 
Gráfico 2 - Crescimento do PIB Mundial 2007-2012………………………….. 26 
Gráfico 3 - Operações de crédito do sistema financeiro Jan/2008-Nov/2009…... 36 
Gráfico 4 - DLSP (% do PIB) e taxa de câmbio 2008-2009…………………….. 38 
Gráfico 5 - Variação dos ativos da B3 desde Jan/2020………………………….. 42 
Gráfico 6 - Taxa de Desemprego Segundo as Grandes Regiões 2012-2020……. 44 
Gráfico 7 - Taxa de Desocupação na Crise de 2008…………………………… 46 
Gráfico 8 - Variação do PIB Durante as Crises…………………………………. 47 
Gráfico 9 - Ibovespa: Crise 2008 e 2020………………………………………... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento 
BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
CVM – Comissão de Valores Mobiliários 
IBOVESPA – Indicador do Desempenho Médio das Cotações das Ações 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IBRE - Instituto Brasileiro de Economia 
IACE - Indicador Antecedente Composto da Economia 
IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 
MEI – MicroEmpreendedores Individual 
OCDE - Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico 
OIT- Organização Internacional do Trabalho 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento 
SARS - Surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave 
SDI - Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura 
SCIELO- Scientific Electronic Library Online 
SIV - Veículos de Investimento Estruturados 
SPE - Secretaria de Política Econômica 
TCU - Tribunal de Contas da União 
USP - Universidade de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução……………………………………………………………………… 13 
1- Revisão de Literatura……………………………………………………….. 16 
1.1 Mercado Financeiro…………………………………………….…….. 16 
1.2 Mercado de Capitais….........…………………………………………. 17 
1.3 Bolsa de Valores…………….................……………………………... 19 
1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA…….........….. 20 
2- Crise Financeira Mundial em 2008………………………………………… 22 
2.1 Origem…………………………..…………………………………….. 22 
2.2 Causas e Consequências…......………………………………………... 25 
2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira……….......……………… 27 
3- A Crise Do Covid-19………………………………………………………… 29 
3.1 Origem……………………......……………………………………….. 29 
3.2 Combate Contra o Covid-19……………………...........……………… 
3.3 O Impacto do Covid-19 na Economia Brasileira……………………... 
29 
 31 
4- Metodologia………………………………………………………………….. 34 
4.1 Métodos de Pesquisa…………………………………..……………… 34 
4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa……………......……………………… 34 
4.3 Quanto aos Fins…….............………………………………………… 35 
 4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa……………… 35 
5- Resultados……………………………………………………………………. 36 
5. A política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008….... 36 
5.1.2 Política Monetária…….........……………………………………. 36 
5.1.3 Política Cambial………..........………………………………….. 38 
5.1.4 Política Fiscal……………………………..........……………….. 41 
5.2 Prejuízos Causados no Brasil pela Crise do Corona Virus…………… 44 
5.3 Diferenciar as duas Crises enfatizando o Impacto de cada uma……… 46 
5.3.1 Mercado de Trabalho…………………......……………………… 46 
5.3.2 Variação do PIB……......………………………………………… 49 
5.3.3 Variação do Índice Ibovespa……......……………………………. 52 
6- Conclusão…………………………………………………………………….. 54 
7- Referências…………………………………………………………………… 57 
 
13 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A ocorrência de uma crise financeira pode-se entender como conturbações numa economia, 
fundamentadas por eventos econômicos. No fim do ano passado, havia uma esperança que se poderia ter um 
crescimento na economia em 2020. Essa expectativa já foi embora. Isso tem a ver com esse acidente 
internacional que está acontecendo. Essa coisa imprevisível, que é um vírus, uma infecção para a qual você 
não tem remédio e que pode se espalhar mais. Há três meses, a maior preocupação global era a guerra 
comercial entre Estados Unidos e China, mas hoje ninguém se lembra daquilo: a disseminação da 
Covid-19 mudou tudo no cenário mundial. 
O autor Paulo Mansur (2020) destaca que os mercados financeiros reagiram derrubando as 
bolsas de valores, valorizando o dólar e desvalorizando as commodities principalmente o petróleo 
diante da expectativa de forte retração da atividade econômica. Com a economia operando a um 
nível mais baixo os países que exportam commodities, podem ser impactados pela crise na China. 
A atividade econômica nesse país reflete em uma desaceleração no mundo todo como as exportações 
brasileiras, pois as empresas daqui que exportam terão um mercado menor para exportar, e essas 
empresas tendem a não crescer. Se as empresas não crescem, o Brasil não cresce, não gera renda e 
nem emprego. 
Apesar do distúrbio ter se originado na China, todos os dias milhares de novos casos e mortes 
resultante do vírus são registrados em vários países. A crise econômica mais grave enfrentada pela 
segunda maior economia do mundo nas últimas décadas traz advertências e lições para o mundo com a 
probabilidade de países como Alemanha e Estados Unidos entrarem em recessão. A epidemia atingiu os 
serviços e o consumo, já que o deslocamento de pessoas foi restringido, o que afetou companhias aéreas, 
hotéis, restaurantes e shopping centers. Com o coronavírus, as fábricas pararam de produzir, os turistas 
deixaram de viajar e o comércio encolheu. Tudo isso afeta a economia global. Podemos ter no Brasil 
e em outros países, aumento do preço de produtos pela redução da oferta de produtos. 
Segundo Fraga (2003) a economia brasileira na década de 2000 obteve diversas tentativas 
para retomar ao crescimento em virtude dos fatores favoráveis do cenário externo como por exemplo 
os preços de commodities em alta, ambiente interno relativamente estável e uma pequena ampliação 
do mercado doméstico. Com a crise de 2008, porém, o Brasil apresentou um processo de recessão 
intenso, entretanto curto e concentrado no setor industrial. Enquanto o PIB da indústria apresentou 
por dois trimestres seguidos quedas que ocorreram a taxas anualizadas superiores a 20%, a 
contratação no setor de serviços ocorreu a taxa anualizada de 10 % por apenas um trimestre. 
 
14 
 
A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil passou a ser afetado mais 
intensamente pela crise econômica mundial, esse efeito fez com que a equipe econômica do governo 
brasileiro passasse a implementar medidas para diminuir seus efeitos no país. Tais ações abrangeram 
as áreas fiscais e monetária, com aumento da disponibilidade de crédito e maior controle cambial. 
Comparar o dia de hoje com os episódios mais traumáticos de ontem é objetivo desse estudo. 
O trauma daquele setembro de 2008, quando o setor financeiro desabou, levando consigo o conjunto 
da economia, ainda continuam tão iminente no tempo e tão presentes no imaginário coletivo que é 
inevitável voltar àquela época. Apesar de não ter atingido em cheio o Brasil em um primeiro 
momento, a crise do subprime abalou o mercado financeiro mundial, trazendo sérias consequências 
tanto aos Estados Unidos quanto à Europa. Os setores mais prejudicados foram os financeiros, em 
um golpe que sacudiu a estrutura do capitalismo. 
A crise financeira do capitalismo, como era conhecida foi disseminada ao mundo no dia que 
ficou batizado como segunda-feira negra. Era 15 de setembro de 2008 quando o banco Lehman 
quebrou, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos. Por seguinte, as bolsas de 
valores despencaram, fazendo com que os governos de vários países anunciassem planos de socorro 
à economia, aplicando bilhões de dólares nos bancos. 
 Os reflexos da crise do Lehman Brothers sobre a economia brasileira, a partir de setembro de 
2008 foi bastante agudo e rápido: saída de captais estrangeiros aplicados em bolsa; redução de oferta 
de crédito externo para bancos e firmas; aumento das remessas de lucros e dividendos por parte de 
subsidiárias de empresas multinacionais; retração do mercado de crédito doméstico; e empoçamento 
de liquidez no mercado interbancário (PAULA, L.F.; PIRES, M.C.,2017). 
A reviravolta causada pelo surto da covid-19 reaviva lembranças da crise financeira global de 
2008 e 2009, com papos de recessão, queda nos mercados de ações, governos e bancos centrais 
afrouxando os cintos. A pandemia, que tem acabado com milhares de vidas por todos os continentes, 
praticamente paralisou a economia mundial, com milhões em quarentena e as cadeias de suprimento 
globais em estado de caos, por causa dos estragos extremos causados pelo vírus na China, a fábrica 
do mundo (WELLE, 2020) 
No Brasil, o mercado de trabalho passava por um momento favorável quando foi atingido pela 
crise, como se verifica pela taxa de desemprego, que se encontrava em 7,8% na média do terceiro 
trimestre de 2008 naquele período, o nível mais baixo desde o início da série calculada com a 
metodologia atual, iniciada em março de 2002, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego do 
Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (PME/IBGE). A mudança de percurso imposta pela 
crise ao desemprego no Brasil é o objeto de análise deste artigo, juntando-se a outros, ainda pouco 
numerosos, que abordam o tema. Pochmann (2010) mostra que o período que vai de outubro de 
https://www.stoodi.com.br/blog/2019/01/16/bolsa-de-valores/
https://www.stoodi.com.br/blog/2019/01/16/bolsa-de-valores/
https://www.stoodi.com.br/blog/2018/10/17/economia-tem-acento/
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-63512014000200265&script=sci_arttext&tlng=pt#B11
 
15 
 
2008 a março de 2009, encontra evidências de deterioração das condições do mercado de trabalho, 
como o aumento da informalidade e da rotatividade nos empregos assalariados formais. 
A partir da problematização e contextualização da temática da pesquisa propõe-se o estudo 
teórico e econômico da situação do Mercado Financeiro, levando em consideração as consequências 
da crise mundial de 2008 e a nova crise que está surgindo recentemente a covid-19. Dessa forma, 
apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: O coronavírus pode causar impactos com a mesma 
magnitude que a crise de 2008 causou ao sistema financeiro e mercado de trabalho global e 
brasileiro? 
Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral de descrever como a crise de 2008 
abalou o mercado financeiro levando em conta o contexto da política macroeconômica brasileira e 
se pode ser comparada a crise atual causada pela covid-19. Para alcançar o objetivo geral foram 
traçados os seguintes objetivos específicos: 
1. Analisar a política adotada pelo governo diante à crise de 2008. 
2. Explicar os danos causados no Brasil pela crise do Corona Vírus. 
3. Diferenciar as duas Crises enfatizando o impacto de cada uma. 
Este estudo evidenciou a importância do mercado de capitais na economia, demonstrando os 
mercados envolvidos, sua estrutura básica. É evidente a contribuição relevante do mercado de 
capitais para o desenvolvimento econômico das sociedades, pois o mercado acionário não 
acompanha, apenas, o crescimento da economia. Ele subsidia os meios necessários para vislumbrar 
índices e taxas futuras sobre o capital, a produtividade e a renda. Além disso, o mercado de capitais 
incentiva a filosofia da poupança e do investimento a longo prazo. 
O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e descritiva, desenvolvida com 
base em material já elaborado, estudos econômicos desenvolvidos por instituições como o Ibovespa, 
a OMS, a OCDE, artigos científicos utilizados do banco de dados dos periódicos CAPES e SCIELO, 
cujas publicações ocorreram entre o ano de 2008 até os dias atuais do ano de 2020. 
Para o melhor entendimento da organização deste trabalho a monografia está dividida em 
Introdução, no primeiro capítulo a Revisão de Literatura com a base conceitual de conceitos e 
definições, no capítulo seguinte a Metodologia, em que se descrevem o método da pesquisa, 
natureza da pesquisa, fins e instrumento de coleta. No capítulo seguinte, a Análise dos Dados e os 
Resultados da pesquisa. Na parte pós-textual estão relacionadas a Conclusão e Referências 
Bibliográfica utilizadas para a construção desta monografia. 
 
 
 
16 
 
 
1 REVISÃO DE LITERATURA 
 
Neste capítulo serão realizadas considerações a respeito do mercado financeiro e suas 
divisões, dando ênfase ao mercado de Capitais e a Bolsa de Valores. Esses dois últimos retratam o 
comportamento da economia de um país porque ela fomenta o reinvestimento do capital. Logo em 
seguida será tratada a crise de 2008 e a crise do covid-19. 
 
1.1 Mercado Financeiro 
 
O mercado financeiro representa uma parte do mercado na qual ocorre o intercâmbio de ativos 
financeiros, determinando seus preços, entre agentes superavitários e agentes deficitários. Esse 
mercado deve proporcionar um ambiente de troca transparente (obtenção de informações de maneira 
fácil e barata) e livre (sem limitações a entrada ou saída de compradores e vendedores, e liberdade 
para negociações e formação de preços), de modo que cumpra suas funções de estabelecer contato 
entre os agentes, proporcionando liquidez aos ativos com reduzidos prazos e custos de transação. 
Na economia de um país atuam agentes, como governo, empresas e famílias, entre os quais 
há uma dinâmica que os integra, como a compra e venda de ações e a regulamentação desse 
processo: “Podemos definir os mercados financeiros como o mecanismo ou ambiente através do 
qual se produz um intercâmbio de ativos financeiros e se determinam seus preços” 
(PINHEIRO,2014). 
De acordo com Assaf Neto (2014) os mercados financeiros oferecem uma gama de 
instrumentos financeiros com variados níveis de risco e retorno, o que possibilita a adequação das 
alternativas aos diferentes perfis de risco dos investidores, assim o investidor tem uma grande 
variedade de linhas de investimentos, que vão de baixo a alto risco de acordo com o perfil de cada 
investidor. 
Atualmente a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em conjunto com os mercados 
cambiais, são os maiores representantes dos mercados financeiros do planeta. Neles são negociados 
trilhões de dólares todos os dias. No mercado financeiro brasileiro, esse mesmo papel é cumprido 
pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, cujo principal índice é o Ibovespa. 
Segundo Assaf Neto (2014) o Mercado Financeiro é composto por 4 subdivisões: 
 Mercado de Capitais: A primeira trata-se do Mercado de Capitais, espaço em que valores 
mobiliários são negociados. É o mercado mais próximo aos investidores e, em grande parte, 
funciona como uma oportunidade de captar recursos. Nele são negociados títulos, ações e derivados 
 
17 
 
em bolsas de valores, sociedades corretoras e demais instituições financeiras. A CVM, Comissão 
de Valores Mobiliários, é o principal órgão fiscalizador do Mercado de Capitais. Nele podemos 
encontrar as Bolsas de Valores, ambientes em que todos os valores mobiliários são negociados. 
 Mercado de Crédito: É no Mercado de Crédito que são realizadas as operações de créditos, 
os financiamentos e tomadas de recursos para capital de giro ou até mesmo consumo. O Banco 
Central é a principal instituição que regulamenta esse mercado, ditando os juros básicos da 
economia, por meio da sua Política Monetária. O Mercado de Crédito trata-se do segmento mais 
presente na vida do consumidor. A partir dele que são possibilitados os créditos à pessoa 
física, como, por exemplo, os créditos consignados, cheque especial, cartões de crédito, leasing, 
dentre outros. A pessoa jurídica também faz parte dele, na contratação de um empréstimo para 
capital de giro, financiamento de máquinas, equipamentos ou no financiamento de projetos. 
 Mercado de Câmbio: O Mercado de Câmbio é muito presente na vida de quem viaja 
internacionalmente. Ao viajar, por exemplo, para os Estados Unidos, é necessário que convertamos 
o real em dólar e essa é apenas uma das tarefas desempenhadas pelo mercado cambial. Isto é, além 
da troca de moedas estrangeiras, o Mercado de Câmbio também possibilita o recebimento de 
pagamentos e transferências no exterior, a partir de cartões de créditos internacionais, por exemplo. 
 Mercado Monetário: A função do Mercado Monetário está em regular a quantidade de 
dinheiro em circulação. Nele se realizam financiamentos de curto ou curtíssimo prazo, além de 
negociações com títulos do Tesouro, papéis comerciais e certificado de depósito. Lembre-se de que 
a liquidez é uma das características que distinguem o Mercado Monetário do Mercado de Capitais. 
Esse último possui médio ou longo prazo em suas negociações. Já o monetário, como foi 
mencionado no parágrafo acima, tem como objetivo negócios de prazo bem curto. 
 
1.2 Mercado de Capitais 
 
De acordo com Assaf Neto (2014) o mercado de capitais pode ser explicado da seguinte forma: 
O mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento 
econômico. É o grande municiadorde recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação 
que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de 
recursos de longo prazo, ou seja, que apresentam déficit de investimento. 
Já para Pinheiro (2014) o mercado de capitais é considerado como um conjunto de instituições 
que negociam títulos de dívidas e de patrimônio objetivando a transferência do dinheiro das partes 
que estão negociando suas operações de compra e venda. O risco de valorização é relacionado com 
 
18 
 
a condição da empresa, risco este que é assumido pelo acionista. Por essa razão que o mercado 
acionário é considerado um investimento de risco. Além de ser considerado um investimento de alto 
risco, os investimentos no mercado de capitais são também de longo prazo. 
Além de ser considerado um investimento de alto risco, os investimentos no mercado de capitais 
são também de longo prazo. 
 
As operações no mercado de capitais usualmente são de longo prazo e podem envolver a 
compra de participação acionária no empreendimento. No mercado de capitais, os 
principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas (ações) ou de 
empréstimos feitos via mercado por empresas (debêntures conversíveis, bônus de 
subscrição etc.) sem participação de intermediários bancários (CAVALCANTE; MISUMI; 
RUDGE, 2005 p. 17). 
 
Em geral, no Brasil, o mercado de capitais tem sido representado pelo mercado acionário, uma 
vez que operações com títulos da dívida de longo prazo ficam praticamente restritas ao fornecimento 
por órgãos estatais e a financiamentos internacionais. 
O mercado de capitais é composto por bolsas de valores, sociedades corretoras e outras 
instituições financeiras autorizadas. Estas instituições negociam os principais ativos mobiliários do 
mercado de capitais, que são segundo (ASSAF NETO, 2014) 
Ações - constituem a menor parcela (fração) do capital social de uma sociedade anônima. 
São valores caracteristicamente negociáveis e distribuídos aos subscritores (acionistas) de 
acordo com a participação monetária efetivada. 
Debêntures - Títulos emitidos também por sociedades anônimas. Seus recursos são 
destinados principalmente para capital fixo das empresas e são remunerados em juros, 
participações nos lucros, etc. As debêntures são títulos de longo prazo. 
Comercial Papers - Notas promissórias de curto prazo, utilizados pelas empresas para 
financiar seu capital de giro. 
Indo além do crescimento econômico Pinheiro (2014) aborda o papel do mercado de capitais 
no desenvolvimento econômico. Observando os mercados financeiros e tomando como exemplo o 
mercado de crédito, é evidente que este canaliza os recursos dos poupadores para as oportunidades 
de negócios, promovendo o crescimento da economia, mas não necessariamente o seu 
desenvolvimento. 
O mercado de ações se divide em primário e secundário. O mercado primário se refere à 
entrada de recursos na empresa através da abertura de capital e subscrição de novas ações ao público, 
enquanto no mercado secundário acontecem as transações de compra e venda de ações, não 
ocorrendo alteração financeira na empresa. Em outras palavras, se o comprador no mercado 
 
19 
 
primário deseja converter suas aplicações em dinheiro, ele o fará no mercado secundário através das 
sociedades corretoras, que farão o processo de intermediação entre a compra e a venda das ações 
conforme diz (PINHEIRO, 2014). 
Através de sua estrutura o Mercado Financeiro, portanto, fornece o suprimento para as 
necessidades dos agentes econômicos, com financiamentos em médio e longo prazo para os capitais 
fixos e de giro e de prazo indeterminado para as que têm a emissão e subscrição de ações afirma 
(ASSAF NETO, 2014). 
 
1.3 Bolsa de Valores 
 
As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados e constituem-se como 
sociedades anônimas ou como sociedades civis sem fins lucrativos, nas quais o principal objetivo é 
“manter local adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações de 
compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente 
organizado e fiscalizado por seus membros e pela autoridade monetária” (CAVALCANTE; 
MISUMI; RUDGE, 2005). 
As Bolsas de Valores no mundo são o retrato fiel do comportamento da economia de um país. 
Por ser termômetro da economia e motivo de grandes especulações e consequentes crises que 
abalam fortemente as estruturas de um mercado. 
Segundo Garcia (2020) atualmente, as bolsas mais importantes do mundo são as dos Estados 
Unidos (New York e Nasdaq), Japão (Tóquio), Reino Unido (Londres), China (Hong Kong e 
Xangai), Canadá (Toronto), Alemanha (Frankfurt), Austrália (Sydney) e a Índia (Bombay). 
A bolsa é um mercado onde ações podem ser compradas e vendidas e que neste mercado os 
investidores concorrem com as instituições financeiras. Participam da bolsa variados tipos de 
pessoas físicas e jurídicas como tomadores de capitais, oferecedores de capitais e mediadores. A 
bolsa de valores tem como objetivos principais a facilitação do intercâmbio de fundos, a proporção 
da liquidez, a fixação do preço de títulos, de informar os investidores quanto a empresa que 
negociam, proporcionar a confiança desses investidores e de fazer a publicação dos preços e 
quantidade negociadas na bolsa. No Brasil têm autonomia na sua esfera de responsabilidade e atuam 
como delegadas do poder público (PINHEIRO, 2014). 
Segundo (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005), os objetivos da bolsa de valores são: 
a) manter local adequado à realização, entre corretores, de transações de compra e venda de títulos 
e valores mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos próprios membros, pela 
autoridade monetária e pela CVM. 
 
20 
 
 b) criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências administrativas 
necessárias à realização e liquidação pronta, segura e eficiente das operações efetuadas no recinto 
de negociação (pregão); 
c) organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o mecanismo de registro e liquidação 
das operações realizadas; 
 d) estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena 
liquidez do mercado de títulos e valores mobiliários; 
 e) fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades emissoras de títulos e valores 
mobiliários, das disposições legais e regulamentares, estatutárias e regimentais, que disciplinam as 
operações de bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis; 
f) dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão; 
g) assegurar aos investidores completa garantia pelos títulos e valores negociados; e 
 h) exercer outras atividades conexas e correlatas que lhe sejam permitidas por lei. 
O mercado acionário tem sido excelente alternativa para as empresas na captação de recursos, 
utilizado para expansão das mesmas, consequentemente gerando mais empregos e uma alternativa 
mais rentável de investimentos do que as aplicações de renda fixa, para pessoas físicas e instituições, 
Investir na bolsa de valores, é permitir que o dinheiro trabalhe pra você, afirma o palestrante Carlos 
Alberto Barbosa da Silva. 
 
1.4 Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA 
 
A Bovespa, atenta ao desenvolvimento tecnológico, é responsável por inúmeras iniciativas 
visando à qualidade dos serviços prestados aos investidores e companhias abertas que a equipara às 
bolsas dos grandes centros financeiros mundiais. Entre as iniciativas mais recentes, podemos 
destacar: Mega Bolsa, Home Broker, After-Market, Novo Mercado entre outros. Em 2001, com a 
finalidade de fortalecer o mercado acionário brasileiro e se preparar para a globalização dos 
negócios, a Bovespa concluiu um acordo histórico para integração de todas as bolsas brasileiras em 
torno de um único mercado de valores - o da Bovespa,explica (CAVALCANTE; MISUMI; 
RUDGE 2005). 
O Índice Bovespa, é o principal indicador do desempenho médio, calculado em tempo real, 
“das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações 
brasileiro” (BM&FBOVESPA, 2020). De acordo com Pinheiro (2014) o índice representa, através 
dos pontos, “o valor de uma carteira teórica de ações, à partir de uma aplicação hipotética, 
procurando aproximar-se da configuração real das negociações a vista, em lote padrão, na Bolsa de 
 
21 
 
Valores de São Paulo”. Essa carteira teórica é composta por papéis de ações que representam 80% 
de todo o volume transacionado na bolsa e serve como parâmetro para o mercado nacional e 
internacional. 
A BM&FBovespa tem ampla autonomia para exercer seus poderes de auto-regulamentação 
sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas no Banco Central 
do Brasil e na CVM. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um ambiente 
transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente através 
das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuar suas transações 
de compra e venda desses afirma (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE 2005). 
Segundo Alvarenga (2018) a Bovespa bateu recorde e ganhou mais de 110 mil novos 
investidores em 2018, superando o número de investidores no Tesouro Direto, por exemplo. E tudo 
isso em pleno ano de eleições, onde geralmente a bolsa tende a ficar muito mais volátil. 
Após dois anos depois, em 28 de agosto de 2007, todos os detentores de títulos patrimoniais 
da BOVESPA e de ações da CBLC, transformaram-se em acionistas da BOVESPA Holding, após 
a desmutualização da BOVESPA ser aprovada. Em outubro do mesmo ano, tiveram início às 
negociações de ações da BOVESPA Holding no Novo Mercado (INFOMONEY, 2019) 
A BM&FBovespa é a terceira maior bolsa do mundo, estando a altura do porte do país, 
oferecendo excelentes condições de investimentos e financiamento a seus participantes, porém 
muito pouco utilizada pelo público nacional, sendo composta em sua maioria por capital estrangeiro 
(JORDÃO, 2014). 
As bolsas de valores brasileiras sempre tiveram forte presença do capital estrangeiro, que se 
caracterizou predominantemente especulativo, aproveitando-se de eventos episódicos para 
realização de lucros. O último boletim sobre o mercado de capitais da (ANBIMA 2014) mostra que 
cerca de 58,1% dos investidores da bolsa brasileira são estrangeiros (72,5% destes são americanos), 
31% são investidores institucionais e 10,9% são pessoa física. Desse modo, o capital estrangeiro 
tem influenciado bastante o desempenho da bolsa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
2 A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL EM 2008 
 
A crise do subprime, que foi nomeada também de crise bancária, crise de 2008, crise da bolha 
imobiliária, crise financeira, dentre outras definições, teve início em meados de 2007, mas só se 
tornou uma crise global em 2008 e representou uma mudança na história do capitalismo. Conforme 
Bresser-Pereira (2010) a crise de 2008 não começou, diferentemente do que costumam ser as crises 
financeiras nos países ricos, causada principalmente pela desregulação dos mercados financeiros e 
pela forte especulação. 
 
2.1 Origem 
Analisando a Crise de 2008, de acordo com Bresser- Pereira (2010) ela está vinculada com a 
bolha financeira formada com o aumento de créditos e investimentos especulativos que motivaram 
diversas consequências para a economia, como foi abordado: 
 
A Crise Financeira de 2007-2008 está associada a dominação financeira, ou seja, a uma 
colisão política particular que se aproveitou da globalização comercial, ou seja, da abertura 
de todos os mercados e bens, para lograr também a globalização financeira e assim também 
enriquecer. Entretanto, esta estratégia terminaria, necessariamente em crise, porque era 
essencialmente irracional: porque pretendia substituir os Estado pelo mercado. Buscava, 
assim, contraditoriamente, voltar ao século XIX em que o Estado era mínimo, 
correspondendo a menos de 10% do PIB, ignorando que o Estado Social representa hoje 40 
% do PIB (BRESSER- PEREEIRA, 2010 p. 200) 
 
 
A crise atual implica um aumento muito grande do crédito e, portanto, o aumento do débito, 
ou seja o endividamento das famílias, das empresas, dos bancos. Para se aumentar o débito tem que 
se aumentar o crédito, para se aumentar o crédito, tem que se aumentar o débito. A quantidade de 
moeda em circulação aumenta fortemente, o que mostra seu caráter endógeno. Até que, num certo 
momento inevitável, e que ninguém sabe exatamente quando, alguma coisa não muito importante 
faz com que, de repente os investidores, que estão especulando com dinheiro emprestado sejam 
obrigados a parar de endividar. E quando o fazem, os credores que estavam emprestando a belos 
juros também percebem que estavam ficando muito perigoso. De repente, inverte-se todo o processo 
e vem a crise (BRESSER- PEREIRA, 2010). 
Anos anteriores à crise os Estados Unidos vivenciavam época de prosperidade econômica, em 
conjunto com a baixa inflação e baixa taxa de juros. Em regra geral, todo o mundo ultrapassava uma 
fase de alta liquidez econômica. Por consequência das políticas de liberalização financeira adotadas, 
a concorrência entre as instituições aumentou demasiadamente. A soma da baixa taxa de juros com 
 
23 
 
o aumento da competitividade acarretou na redução da lucratividade nas operações financeiras 
tradicionais nos Estados Unidos (LIMA; DEUS, 2013). 
De acordo com Carvalho (2008) as condições da economia norte americana citada 
anteriormente, fez com que o país procurasse outros caminhos que lhe oferecessem maiores 
resultados. A primeira opção seria a oferta de empréstimos aos países emergentes. No entanto, com 
o desencadeamento das crises do México, Rússia e Brasil na década de 1990 a ação de empréstimos 
foi interrompida. A segunda opção seria o mercado imobiliário americano que se apresentava 
rentável e crescente. O cenário econômico estável e favorável possibilitou à muitas famílias a 
compra da casa própria com a utilização da hipoteca. Entretanto, para a conquista de maiores lucros, 
o mercado precisava se desenvolver. 
 
Figura 1 - Desenvolvimento da Crise de 2008 
 
Fonte: Jus Brasil (2020) 
 
Assim, o mecanismo encontrado pelas instituições financeiras para ampliar a participação 
neste mercado seria dar crédito aos tomadores de empréstimo classificados como subprime. Sendo 
assim, tais tomadores de empréstimos firmavam contratos de hipotecas imobiliárias com as 
instituições, cujo a garantia era o próprio imóvel hipotecado (LIMA; DEUS, 2013) 
O que aconteceu com o crédito hipotecário americano foi uma legítima farra. Para que simples 
instrumentos financeiros como títulos hipotecários se transformassem em estruturas complexas 
 
24 
 
como CDOs sintéticos, foi necessário um aumento considerável dos empréstimos de alto risco 
(subprime) dentro dos empréstimos hipotecários, conforme apresentado no gráfico 1 (CINTRA E 
CAGNIN, 2007). 
 
Gráfico 1- Participação do subprime nos empréstimos hipotecários 1998-2007 
 
Fonte: elaboração própria adaptado de Cintra E Cagnin (2007) 
 
O gráfico acima evidencia o movimento de crescimento considerável do subprime nas 
estruturas americanas, a partir de 2004. O caso analisado permite constatar desequilíbrios estruturais 
que evoluíram para um desastre econômico global, conforme expõem Gontijo (2011). Embora a 
crise financeira tenha origem ou nasça dos próprios desequilíbrios e das formas contraditórias de 
funcionamento dos mercados e do sistema econômico, seu ponto de partida se dá em arranjos mal 
estruturados para acomodar essas contradições e fricções, podendo ganhar velocidade e intensidade 
se as estruturas montadas nesses arranjos forem favoráveis para sua potencialização, tornando os 
efeitos de determinadaspolíticas econômicas inócuas para revertê-la e impedir que a economia 
caminhe para a recessão, antes que todos os estragos sejam por ela produzidos. 
Ainda em 2006 a economia norte americana já havia começado a retração e redução no 
consumo do mercado imobiliário: 
 
A partir de fevereiro de 2007, uma cadeia de eventos começou a revelar a fragilidade dos 
instrumentos e das estruturas financeiras: inadimplência das famílias subprime, com 
hipotecas com taxas de juros ajustadas ou flutuantes, execução de devedores inadimplentes, 
quedas nos preços dos imóveis, movimentos de saques em hedge funds, rebaixamento das 
notas de alguns produtos estruturados (FREITAS E CINTRA, 2007; P. 421) 
 
2
,4
2
,1 2
,4 2
,6
3
,4
5
,3
1
1
,5
1
3
,2
1
3
,5 1
4
1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7
 
25 
 
 
 
O início da crise financeira geral pode ser dado a partir da crise dos subprimes ou, mais 
especificamente, das hipotecas. Essas foram proporcionadas a clientes com baixa qualidade de 
crédito. De acordo Bresser-Pereira (2010) as mesmas juntaram-se a títulos abstrusos e opacos, 
dificultando a avaliação dos compradores. Esse problema, ocorrido em um pequeno setor, não 
deveria ter tomado tamanha proporção. O impactante é que, nos anos anteriores, o sistema financeiro 
internacional foi unido a operações financeiras securitizadas, que possuíam uma relevante 
fragilidade; em suma, as suas novidades e inovações, que ocasionaram especulações, tornaram o 
sistema arriscado. 
 
 
2.2 Causas e Consequências 
 
Os vários anos de forte crescimento econômico nos Estados Unidos chegaram ao fim em 2007, 
quando as famílias já não eram capazes de financiar um novo aumento no consumo por meio de 
empréstimos, devido ao aumento dos preços dos imóveis ressalta Evans (2011). Quando o crédito 
bancário se esgotou, em outubro de 2008, na sequência da falência do Lehman Brothers, o 
investimento caiu abruptamente, e os Estados Unidos foram atingidos pela sua mais grave crise 
desde 1930. 
A série de falências, de intervenções e de vendas sobre pressão, como relata Carvalho (2009) 
espalhou a desconfiança. Não apenas no mercado financeiro, mas também na sociedade em geral, 
que passou a temer por suas economias. Os países emergentes sentiram o impacto da crise de 2008 
gradualmente, basicamente em duas vertentes, por um lado no crédito, que foi dificultado no 
mercado interbancário e no fluxo dos bancos para as empresas e, por outro lado, na redução dos 
preços dos produtos básicos, utilizados para a exportação, como as commodities, que haviam 
atingido elevadas cotações no início de 2008 (DULCI, 2009). 
Singer destaca que, em momentos de crise econômica, a incerteza diante do cenário faz com 
que a população entesoure sua riqueza líquida no lugar de investi-la ou de colocá-la à disposição de 
quem tem interesse em aplica-la no sistema financeiro. Um momento delicado é a ocorrência da 
fuga de capitais, quando as filiais de transnacionais fazem a transferência de grande quantidade à 
matriz, objetivando cobrir prejuízos e cumprir obrigações: 
 
 
 
26 
 
A fuga de capitais reduz a disponibilidade de divisas, levando à desvalorização da moeda 
nacional ante as moedas que estão sendo retiradas do país e consequentemente a fortes 
pressões inflacionárias decorrentes da elevação dos preços de todos os produtos importados 
(SINGER, 2009, p. 97). 
 
 
 
Os efeitos da crise, inegavelmente, atingiram com intensidade a economia brasileira, como 
relata Costanzi (2009). Verifica-se sua atuação em três principais canais. Em primeiro lugar, houve 
uma forte contração no crédito, devido ao aumento da aversão ao risco, que afetou de forma intensa 
os setores de consumo que dependem significativamente do crédito. Em segundo, houve uma queda 
grandiosa nas expectativas, que impactou fortemente na queda dos investimentos sobre a indústria, 
afetando a produção de bens de capital. E em terceiro lugar, devido à recessão econômica mundial, 
houve a redução da quantidade física de exportação pelo Brasil, além disso, ocorreu uma redução 
dos preços dos produtos vendidos ao exterior. 
O colapso do Lehman Brothers gerou uma cadeia de falências de outras grandes financeiras 
incluindo a American International Group, a maior seguradora do mundo. Ele também levou a uma 
aguda instabilidade da crise no mercado monetário interbancário, o que resultou em um colapso 
quase total dos empréstimos bancários nos Estados Unidos, mesmo para as empresas renomadas. 
Assim, no início de outubro, a crise atingiu os mercados internacionais de ações, que perderam cerca 
de 20% do seu valor em uma semana, nos Estados Unidos, na Europa e até mesmo na Ásia, que, até 
aquele momento, tinha sido pouquíssimo atingida (EVANS, 2011). 
A crise de 2008, que ficou conhecida pela sua severidade dentre as economias capitalistas, 
como esclarece Bresser-Pereira (2010), foi considerada também uma crise social. Informações da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que o número de desempregados passou de 
20 milhões para 50 milhões de pessoas no final de 2009. 
A crise financeira internacional fez com que as exportações brasileiras despencassem 22,2% 
em 2009, a maior queda desde que os dados passaram a ser registrados, em 1950. O resultado de 
US$ 152,2 bilhões em 2009 ficou abaixo da previsão do governo US$ 160 bilhões e bastante longe 
dos US$ 197,9 bilhões registrados no ano anterior, que foi recorde. A retração do comércio mundial 
também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mas, 
segundo Barral, o ritmo de queda tem diminuído, e a tendência é que o real valorizado e o próprio 
crescimento da economia estimulem o aumento das compras neste ano (FOLHA DE S. PAULO, 
2010) 
O cenário macroeconômico sofreu significativas mudanças após a quebra do Lehman Brothers 
e da intensificação da crise financeira internacional, como descrevem Mesquita E Tóros (2010). A 
 
27 
 
crise atingiu o âmbito internacional e foi muito intensa, gerou um indício da escassez mundial de 
liquidez em dólares e piorou os termos de troca, devido à queda dos preços das commodities. 
Como se pode observar no gráfico abaixo o governo brasileiro conseguiu evitar uma 
deterioração mais drástica das expectativas, obtendo êxito na recuperação econômica a partir de 
meados de 2009. Vemos claramente que o crescimento da formação bruta de capital fixo e do 
consumo contribuiu para a recuperação da economia no segundo semestre. 
 
Gráfico 2 - Crescimento do PIB Mundial 2007-201
 
Fonte: FMI. Elaboração: Ideias Consultoria, 2012 
 
 Em resposta à restauração da confiança dos agentes e à ampliação do nível de utilização da 
capacidade instalada da indústria, o investimento cresceu de 17% do PIB (1º trimestre de 2009) para 
20,5% no 3º trimestre de 2010. As exportações foram favorecidas pela forte melhora nos termos de 
troca, devido principalmente à retomada da economia chinesa em 2009 e à recuperação da economia 
mundial em 2010 (PAULA, L.F; PIRES, M.C, 2017) 
 
2.3 Os Efeitos da Crise na Economia Brasileira 
 
Os reflexos da crise sobre a economia brasileira se manifestaram de duas formas: i) através 
do mercado financeiro, com a livre mobilidade dos capitais, por exemplo, a compra e venda de 
ações, títulos da dívida pública, etc. e ii) através do comércio internacional, pois uma vez que a 
economia brasileira é muito dependente das exportações de commodities, a recessão que vem 
 
28 
 
tomando conta de alguns de seus parceiros comerciais, como EUA, Europa e Japão, a afeta 
diretamente (FILGUEIRAS, 2007). 
Os efeitos através do mercado financeiro se fizeram perceber principalmente por meio da 
queda da bolsa de valores, elevação do risco Brasil e desvalorização do câmbio. Filgueiras (2007) 
destaca que diante de um contexto de falta de controle dos fluxos de capitais a fuga de capitais das 
economiasem desenvolvimento é inevitável, é a dinâmica da especulação financeira, na busca por 
papéis mais seguros. Contudo, quando explodiu a crise nos EUA, o Brasil contava com boa reserva 
em dólares, da ordem de 160 bilhões em 2007, o que de certa forma reduziu a vulnerabilidade 
externa. 
Pochmann (2010) informa que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi reduzido em 9,9% 
em 2008. Contudo, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segundo 
semestre de 2009 indicou uma considerável recuperação econômica, não somente pela ocupação da 
capacidade instalada, mas também pelos investimentos e o PIB variou -0,3% em 2009, após um 
crescimento de 5,2% em 2008 e 6,1% em 2007. Essa desaceleração ocorreu de maneira diferente 
entre os setores econômicos. Os serviços cresceram 2,1%, com destaque para as atividades 
“intermediação financeira”, “serviços prestados à família e associativas e o crescimento do valor 
adicionado bruto gerado por “administração, saúde e educação públicas”. 
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, os setores mais afetados pela crise foram as 
indústrias siderúrgica e automobilística. "A queda dos manufaturados é preocupante e reforça a 
necessidade de recuperar mercados importantes como os EUA e a América Latina", disse o 
secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral. A retração do comércio mundial 
também derrubou em 25% as importações, que fecharam o ano em US$ 127,637 bilhões. Mesmo 
com quedas similares nos dois sentidos do intercâmbio de mercadorias, a balança comercial 
brasileira encerrou 2009 com o pior desempenho da era Lula, com saldo de US$ 24,62 bilhões. Em 
2008, o superávit havia sido de US$ 24,96 bilhões (FOLHA DE S. PAULO, 2010) 
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (2020) a economia brasileira sente os reflexos 
da crise, com exceção do ano de 2010, que teve crescimento acima de 7%, mas não consegue manter 
um crescimento sistemático do seu Produto Interno Bruto. No primeiro ano da crise 2008 os efeitos 
sobre o PIB foram modestos e a economia conseguiu crescer acima de 5%. No entanto, no ano 
seguinte apresentou crescimento negativo, num momento de clara tendência de desaceleração da 
atividade econômica, ocasionado principalmente pela queda nas exportações brasileiras, diante da 
queda da demanda internacional de commodities, além da valorização do Real sofrida no período, 
o que fez com que o preço dos produtos brasileiros caísse juntamente com o lucro dos exportadores. 
 
 
29 
 
3 A CRISE DA COVID-19 
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que vivemos uma pandemia do novo 
coronavírus, chamado de Sars-Cov-2. “Nas últimas duas semanas, o número de casos de Covid-19, 
Provocada pelo vírus fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou. 
Temos mais de 118 mil infecções em 114 nações, sendo que 4 291 pessoas morreram”, justificou 
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (VEJA, 2020). 
 
3.1 Origem 
 
Um surto de pneumonia de causa desconhecida foi detectado em Wuhan (província de Hube
i), na China, e relatada pela primeira vez ao Escritório local da OMS em 31 de dezembro de 2019. 
O surto foi causado por uma nova cepa de coronavírus, posteriormente rotulado como coronavírus 
2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2). A doença causada por esse vírus foi 
denominada de Covi-19. 
Segundo a Anvisa (2020) o coronavírus pertence a uma grande família de vírus, comuns em 
diferentes espécies de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os 
coronavírus podem infectar humanos e depois se disseminar entre pessoas como o que ocorre na 
Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e na Síndrome Respiratória Aguda Grave 
(SARS). 
De acordo com o virologista Paulo Eduardo Brandão, expert em coronavírus e professor 
da Universidade de São Paulo (USP), há duas hipóteses mais documentadas: na primeira, o vírus 
foi entrando em contato aos poucos com a espécie humana e criando estratégias para fazer o salto. 
Na segunda, ele teria vindo mais “pronto” de um morcego e feito a transmissão interespécie de 
modo mais acelerado. 
 
 
3.2 Combate contra a Covid-19 
 
Até o momento, não existem tratamentos antivirais específicos e comprovados para a COVID-
19. O objetivo mais importante é controlar fontes infecciosas. O governo chinês rapidamente iniciou 
medidas seriais, como isolar Wuhan e toda a província de Hubei, melhorando o monitoramento e a 
notificação de informações sobre epidemias, além de detectar, isolar e curar pacientes. Mais de 8000 
médicos e enfermeiros de outras províncias foram para a província de Hubei e começaram a 
https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/coronavirus
https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/coronavirus
https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/
http://portal.fmvz.usp.br/
 
30 
 
combater a doença com a equipe médica local. Ao mesmo tempo, dois hospitais com 2600 leitos 
no total foram construídos em Wuhan para pacientes confirmados e suspeitos ressalta (YANG, 
SHANG, & RAO, 2020). 
A corrida pela descoberta de uma vacina e os testes com medicamentos potenciais contra o 
vírus têm mobilizado pesquisadores no mundo todo. O economista Pedro Miranda, um dos autores 
do estudo, demonstra preocupação caso uma única empresa produza a vacina contra o novo 
coronavírus. “Se não houver uma articulação entre os países, há o risco de termos dificuldades para 
imunizar a população mundial contra a Covid-19 porque a empresa detentora da patente poderá não 
conseguir produzir em quantidade suficiente para atender a demanda mundial, a exemplo do que 
aconteceu no início da pandemia com respiradores e ventiladores pulmonares, máscaras e outros 
equipamentos necessários ao combate dessa doença”. 
 
Figura 2 - A importância da conscientização e prevenção no combate ao vírus 
 
Fonte: Prefeitura de Jahu (2020) 
 
A COVID-19 confirma a dinâmica de securitização da saúde global. A pandemia foi abordada 
no quadro de uma ameaça à vida das pessoas e ao funcionamento regular das sociedades. Não se 
tratou de uma securitização da doença, que para a maioria dos infetados é assintomática ou de 
sintomatologia moderada. Porém, a COVID-19 apresenta uma taxa de letalidade mais elevada do 
que a da gripe A; tem um período de incubação de 1 a 14 dias; e é transmitida comunitariamente (e 
possivelmente durante o período assintomático) por gotículas de tosse e expetoração, e também por 
contato com superfícies ou objetos contaminados 6,7. Dadas essas especificidades, observou-se, isto 
sim, uma securitização da circulação de pessoas e do contato social, ou seja, dos fatores que 
 
31 
 
poderiam levar a um crescimento exponencial do número de casos graves e, em consequência, ao 
colapso dos serviços de assistência. 
Ainda segundo (YANG, SHANG, & RAO, 2020) a quarentena doméstica é a melhor escolha 
para os residentes, no entanto, o bloqueio generalizado pode inevitavelmente trazer um efeito 
psicológico, portanto é recomendável aconselhamento e popularização em saúde mental. Por fim, 
devemos dizer que o que fizemos hoje não é apenas controlar o COVID-19, mas, mais importante, 
criar um sistema de segurança para evitar surtos semelhantes no futuro. 
O presidente Jair Bolsonaro prorrogou o prazo de redução das alíquotas de tributos sobre 
medicamentos e produtos usados no combate à covid-19. Ele editou um decreto que mantém a 
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); a Contribuição para os Programas de 
Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e a Contribuição 
para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). 
A economia pode ser estimulada por meio de políticas monetária e fiscal (ampliação de 
benefícios e transferência de renda, renegociação de dívidas a estados e municípios, garantia de 
recursos para a saúde para a aquisição e aplicação de testes, aquisição de leitos, contrataçãode mais 
colaboradores, recursos para a pesquisa para vacina e medicamentos) e creditícia (expansão de 
crédito e ampliação do prazo de amortização de dívidas para pessoas físicas e jurídicas) 
(INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ – IE, 2020) 
A proposta da equipe do Governo Bolsonaro é de promover a retomada da atividade 
econômica partir de uma agenda de reformas, com ênfase na consolidação fiscal e combate à má 
alocação de recursos. Pretende-se promover a abertura econômica, as privatizações e concessões, a 
reforma tributária, a revisão das desonerações e subsídios públicos, a aprovação do Projeto de Lei 
do saneamento básico, promoção de energia mais eficiente, desburocratização, redução do 
desemprego e pobreza por meio da criação de empresas, entre outras (MINISTÉRIO DA 
ECONOMIA, 2020) 
 
 
3.3 O impacto da Covid-19 na Economia Brasileira 
 
De acordo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (2020) foram 
analisado os efeitos do coronavírus (Covid-19) na economia brasileira, além de estimativas de 
impacto no crescimento do PIB em 2020 o ministério selecionou os principais canais pelos quais a 
epidemia pode afetar o desempenho da economia: redução das exportações; queda no preço 
de commodities e piora nos termos de troca; interrupção da cadeia produtiva de alguns setores; 
 
32 
 
queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras; e redução no fluxo de pessoas e 
mercadorias. 
A importância econômica da China, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é muito maior 
hoje do que era no período da epidemia de SARS, ocorrida em 2003. A China concentrou em 2018 
aproximadamente 18% do PIB mundial (ajustado pela paridade do poder compra) e é o destino de 
quase 30% de tudo que o Brasil exporta atualmente. Além disso, o país oriental produz mais de 20% 
de todos os bens intermediários manufaturados que são consumidos no mundo. A paralisação, ainda 
que parcial, da produção e exportação de tais bens já está reverberando nas cadeias globais de 
produção, e pode ampliar os efeitos negativos da epidemia. 
No mês de março de 2020, foram adotadas medidas de isolamento social implementadas com 
o intuito de desacelerar a taxa de contaminação da população e, consequentemente, evitar o colapso 
do sistema de saúde. O governo brasileiro previa que os impactos do COVID-19 na economia 
brasileira seriam redução das exportações, queda no preço de commodities e, consequentemente, 
piora nos termos de troca, interrupção da cadeia produtiva de alguns setores, queda nos preços de 
ativos e piora das condições financeiras, e redução no fluxo de pessoas e mercadorias 
(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020). 
Apesar dos esforços de contenção da doença no território chinês e redução expressiva no 
número de novos casos no país, houve notável propagação da Covid-19 em outros países nos últimos 
dias, aumentando as incertezas globais sobre a dimensão e término da epidemia. Houve forte reação 
nos preços de ativos e aumento na aversão ao risco, inclusive no Brasil. Tem-se observado que 
governos e bancos centrais pelo mundo estão promovendo medidas para atenuar os impactos 
negativos da epidemia. Ainda assim, alguns países, como a Itália, já adotaram medidas de contenção 
da epidemia que irão provocar desaceleração no ritmo de atividade no curto prazo afirma a 
Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia. 
De acordo com o World Bank (2020), esta será uma recessão econômica mais profunda do 
que a crise financeira mundial de 2008-2009 e a crise da dívida da América Latina nos anos 1980. 
O cenário econômico brasileiro atual era de superação da crise de 2014/2017, a qual foi originada 
por uma combinação de choques de oferta e demanda, devido a erros de política econômica. Estes 
fatores provocaram uma redução do crescimento da economia brasileira e incertezas sobre a 
solvência das finanças públicas (BARBOSA FILHO, 2017) 
Apesar da retomada da produção industrial e dos investimentos, as vendas do comércio ainda 
seguem em queda na comparação com igual período de 2019: depois de uma queda de cerca de 20% 
no primeiro trimestre, houve uma redução do ritmo de queda, mas em julho a variação ainda era 
negativa (1,1%). Em livro recente organizado pelo Centro de Pesquisa de Política Econômica 
 
33 
 
(“Mitigando a crise econômica COVID: agir rápido e fazer o que for preciso”), diversos economistas 
comungam da proposta de relaxamento orçamentário e ação direta do Estado para atenuar o colapso 
econômico durante o isolamento. 
 
 
Figura 3 - ICSPE – Índice de preço de commodities (10/Jan/2020 = 100) 
 
Fonte: Bloomberg (2020) 
 
Conforme o gráfico acima o indicador proprietário de preço de commodities (ICSPE) que 
sintetiza o movimento dos preços internacionais das principais commodities, recuou 
aproximadamente 15% desde o primeiro óbito. A queda do índice aponta que os produtos mais 
afetados foram petróleo, café, carne bovina e minério de ferro. Vale destacar que a queda recente 
no preço do petróleo, decorrente de um conflito acerca do nível de produção acordado pelos maiores 
produtores, também aumentou a volatilidade nos mercados e provocou um movimento global de 
aversão a risco, com forte reação negativo dos preços de ativos. 
No livro As Seis Lições, Ludwig Von Misses (2018, p. 52) o autor lembra que nas políticas 
econômicas passadas não ocorreram milagres. A recuperação da Alemanha depois de sua derrota e 
destruição na Segunda Guerra Mundial foi histórica. Mas não houve milagre. Houve tão somente a 
aplicação dos princípios da economia do livre mercado, dos métodos do capitalismo. Todo país pode 
experimentar o mesmo “milagre” de recuperação econômica, embora deva insistir em que a 
recuperação é fruto da adoção de políticas econômicas sólidas. 
 
34 
 
4 METODOLOGIA 
 
Neste capítulo, abordaremos os métodos utilizados na elaboração desta pesquisa. Serão 
detalhados especificamente: o Método de Pesquisa, a Natureza da pesquisa, os Fins e os Indicadores 
para a Análise dos Resultados da Pesquisa. 
 
4.1 Métodos de Pesquisa 
 
Com relação à metodologia aplicada na pesquisa, foram utilizados os métodos de pesquisa 
bibliográfica e documental, com o objetivo exploratório, findando em a uma análise qualitativa. Sua 
principal vantagem reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de 
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, isto porque ela tem 
por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema, 
conforme Gil (2013). 
O Estudo apresenta peculiaridades por ser bem recente, envolve fontes ainda em fase de 
pesquisa, porque os efeitos da crise ainda persistem e podem ter resultados indeterminados até que 
não se sinta mais seus efeitos. Então, entendeu-se que os materiais mais importantes são as pesquisas 
bibliográficas e documentais. 
 
4.2 Quanto à Natureza da Pesquisa 
 
A abordagem da pesquisa classifica-se em quali-quantitativa, pois trata-se um processo do 
qual, partindo de dados constatados, infere-se a uma verdade geral ou universal (LAKATOS; 
MARCONI, 2007). É uma pesquisa qualitativa por levantamentos dos dados históricos, econômicos 
e sociais e é uma pesquisa quantitativa por levantar dados numéricos a respeito dos fenômenos 
estudados, como informações composta pelas variáveis: Taxa de Desemprego, Taxa de Câmbio, 
PIB, Exportações e Importações. 
Foram utilizadas diversas bases de dados como o IBOVESPA, o IBGE e o IACE que 
possibilitassem calcular a retração das atividades em tempo real. Esses indicadores foram retirados 
de diversas fontes que apresentam frequência diária ou semanal, como dados de produção de 
empresas, emissão de notas fiscais, indicadores de associações e notícias de produção setorial ou 
empresarial. Adicionalmente, foi disponibilizada pela Secretaria de Desenvolvimento da 
Infraestrutura indicadores que mostram o desempenhosetorial. 
 
 
35 
 
4.3 Quanto aos Fins 
 
De acordo com Gil (2013), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade 
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias”, e com base nesse conceito, o trabalho foi 
desenvolvido, com vista a esclarecer, através de revisões bibliográficas, documentais, e em sites 
diversos, as características do mercado financeiro relacionando o impacto da crise de 2008 e a crise 
do momento atual. Sendo considerada também uma pesquisa explicativa, devido o levantamento de 
dados realizado para explicar a variação do desemprego do Brasil. 
Os sites do IBGC, da CVM e da BM&FBovespa foram acessados para a obtenção de quadros, 
dados históricos, entre outras informações sobre o mercado financeiro brasileiro. Utilizou-se as 
informações dos sites das companhias pertencentes ao universo pesquisado para a caracterização 
destas. 
 
4.4 Indicadores para a Análise dos Resultados da Pesquisa 
 
Para a Crise de 2008 será apresentada a Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à 
Crise de 2008 por meio de Instrumentos de Políticas Econômicas: i. Política Monetária; ii. Política 
Cambial; e iii. Política Fiscal. Dentro dessa análise a variação da produção das Indústrias, do 
Comércio e dos Serviços nos permitirão acompanhar o comportamento conjuntural no País. Tais 
Índices Econômicos serão tratados como procedimento metodológico afim de mensurar impactos e 
obter medidas governamentais para ambas as crises. 
Em seguida serão destacados os Danos causados no Brasil pela Crise do Corona Vírus por 
meio da análise do Mercado Financeiro e o Ibovespa, onde se estudou os principais contratos de 
commodities da B3 com o intuito de observar o desempenho do Mercado como parâmetro de 
rentabilidade na fase do coronavírus. 
Por fim serão analisadas as Diferenças das duas Crises de acordo com: ii.Mercado de Trabalho 
(Taxa de Desemprego); ii.Variação do Produto Interno Bruto (PIB) e iii.Variação do Índice 
Ibovespa no Mercado Financeiro com o intuito de prever projeções de melhoria para o momento em 
que o Brasil se encontra. 
Esses dados referentes ao segundo trimestre de 2020 foram coletados do IBGE, o órgão 
federal responsável por prover todas as informações estatísticas oficiais do país. Os dados 
resultantes desta pesquisa foram tabulados no Excel e serão demonstrados na forma de gráficos e 
tabelas com as devidas interpretações e discussões. 
 
 
36 
 
 
5 RESULTADOS 
 
Com o intuito de atender aos objetivos propostos para esta pesquisa, buscou-se identificar os 
aspectos do Mercado Financeiro. Em síntese, os resultados do período analisado devem ser 
creditados em maior ou menor grau ao comportamento dos agentes privados, às ações do governo 
através de seu conjunto de políticas públicas e às condições vigentes no cenário internacional. 
 
5.1 A Política adotada pelo Governo Brasileiro diante à Crise de 2008 
 
A crise financeira do subprime e o colapso do sistema financeiro, principalmente após a 
falência do banco Lehman Brothers no terceiro trimestre de 2008, desencadearam múltiplas 
consequências para os países que mantinham relações com os EUA. 
A economia brasileira estava menos vulnerável ao colapso do sistema financeiro dos EUA 
(ALMEIDA, 2010). Os grandes bancos nacionais não tiveram perdas significativas. Havia um 
elevado nível de reservas internacionais, evitando uma crise grave no balanço de pagamentos. 
No Brasil, a crise foi levada a público oficialmente em 2009, tendo como impacto imediato a 
redução da liquidez internacional e a escassez de linhas de crédito. O governo Lula agiu adotando 
diversas políticas anticíclicas de corte Keynesiano, que evitaram que a recessão se aprofundasse. 
Com os dados apresentados na prestação de contas do Governo da República de 2009 e 
baseado em informações de órgãos específicos, o TCU analisou qual foi o impacto da atuação do 
governo para uma gradual recuperação da economia do país, observada a partir do segundo trimestre 
de 2009, quando houve uma reversão da queda do PIB. Como resultado, o PIB caiu apenas 0,2%, 
conforme demonstrado na análise relativa ao desempenho da economia. 
A partir do último quadrimestre de 2008, quando o Brasil começou a sentir mais fortemente 
o impacto da crise econômica mundial, o governo brasileiro implementou várias medidas para 
diminuir seus efeitos no país. Essas ações abrangeram as áreas monetária, cambial e fiscal. 
 
5.1.2 Política Monetária 
 
Para amenizar a crise, o governo obteve várias ações monetárias e creditícias que contribuíram 
para aumentar a liquidez na economia, resultando na diminuição da taxa de juros real em 2009, tais 
como a redução dos depósitos compulsórios do sistema bancário e o aumento da oferta de crédito. 
 
37 
 
Também foram adotadas medidas, já a partir de outubro de 2008, para evitar problemas de 
liquidez nas instituições financeiras nacionais. A partir de dados do TCU o Banco Central do Brasil 
disponibilizou para os grandes bancos R$ 24 bilhões para fins de compra de carteira de bancos 
menores com problemas de liquidez e de solvência. Além disso, o Banco do Brasil e a Caixa 
Econômica Federal foram autorizados a comprar ações e participações de instituições financeiras 
nacionais. A Caixa também obteve autorização para comprar ações de empresas construtoras com 
problemas de liquidez. 
Outra medida importante foi a redução da taxa básica de juros a partir de janeiro de 2009, que 
saiu de um patamar de 13,75% ao ano (a.a.) no início daquele ano, para 8,75% em julho. 
 
Gráfico 3 - Operações de crédito do sistema financeiro Jul/2008-Nov/2009 
 
 
 
Fonte: Banco Central (BC), 2020 
 
Segundo Freitas (2008) entre os dias 23 de setembro e 13 de novembro de 2008, o BCB 
promoveu dez alterações nas regras do compulsório, em geral, inócuas, “dada a preferência pela 
liquidez dos bancos e a possibilidade de aplicação, líquida, rentável e de baixíssimo risco, em títulos 
públicos” Enquanto tais medidas não surtiam efeito, os principais bancos públicos (BB, CAIXA e 
BNDES) foram chamados a suprir o mercado de crédito brasileiro, de modo a tentar a contração de 
crédito oriunda dos bancos privados. A diminuição dos recolhimentos compulsórios pode contribuir 
 
38 
 
para o aumento da oferta de crédito e a redução do spread bancário, mas a fixação de suas alíquotas 
varia em função da política monetária. 
Além da redução dos compulsórios, os bancos foram autorizados a utilizar até 40% de seus 
recolhimentos compulsórios sobre depósitos a prazo para compra de direitos creditórios no mercado 
interbancário (Circular BCB nº 3.407, de 2 de outubro de 2008), limite que foi aumentado para 70% 
(Circular BCB nº 3.411, de 13 de outubro de 2008). Também foi autorizada a dedução da base de 
cálculo do recolhimento compulsório sobre depósitos a vista e do adiantamento voluntário de até 
sessenta contribuições mensais do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) (Circular BCB nº 3.416, de 
24 de outubro de 2008), cujo estatuto foi alterado para aumentar sua flexibilidade na realização de 
depósitos e na aquisição de direitos creditórios de instituições financeiras e sociedades de 
arrendamento mercantil (Resolução CMN nº 3.656, de 17 de dezembro de 2008). 
Algumas das modificações sobre a regulamentação do compulsório para depósitos a prazo, 
eram medidas que tinham por meta garantir a solidez do sistema bancário, como a autorização de 
uso de até 40% dos recursos do compulsório sobre os depósitos a prazo para a aquisição de 
instituições financeiras. O objetivo era estimular as instituições maiores a adquirir instituições de 
pequeno e médio porte – as mais afetadas pela crise. Também entra neste grupo de medidas a 
autorização dada para que o BB e a CAIXA adquirissem instituições financeiras em dificuldade. 
 
 
5.1.3 Política de Câmbio 
 
Entre as medidas que visavam conter a crise cambial, as principais foram as intervenções do 
BCatravés de operações de venda de dólares no mercado à vista e também através de leilões de 
venda com compromisso de recompra. Essas intervenções, no entanto, não impediram que a taxa de 
câmbio atingisse a cotação de R$ 2,51/US$ em 8 de dezembro de 2008, depois de ter fechado o mês 
de agosto em R$ 1,63/US$ (ou seja, com desvalorização de 54%). O estoque de reservas 
internacionais, apesar disso, pouco se alterou, passando de US$ 207,5 bilhões em setembro de 2008 
para US$ 203 bilhões no mês seguinte, fechando dezembro do mesmo ano com um saldo de US$ 
206,8 bilhões. 
Embora a taxa de câmbio tenha aumentado consideravelmente no último trimestre de 2008 
(US$1,00 valia cerca de R$1,60 em agosto e alcançou R$2,40 em dezembro), a situação se 
normalizou no primeiro trimestre de 2009, aos poucos o Real voltou a se valorizar frente ao Dólar 
e a taxa de câmbio aproximou-se gradativamente do nível pré-crise. E o governo brasileiro vinha 
 
39 
 
obtendo superávits primários no orçamento da União, o que tinha permitido reduzir a dívida pública 
e dava margem de manobra diante das turbulências do mercado. 
De acordo com Freitas (2008), houve depreciação da taxa de câmbio de 22,7%, entre 15 de 
setembro e 15 de outubro de 2008. As exportações foram fortemente afetadas, bem como os setores 
de construção civil, automóveis, agricultura, queda de produção de móveis e eletrodomésticos. Estes 
setores sofreram sobremaneira consequências por serem os maiores dependentes de crédito 
internacional do país; e, uma vez que os EUA, maior credor internacional, entra em crise, os 
primeiros setores afetados são os mais dependentes (LIMA E DEUS, 2013). 
Segundo relatório do Banco Central (2020) o principal fator que contribuiu para a elevação 
da dívida líquida do setor público em 4,5 p.p. do PIB no acumulado do ano de 2009 foram os juros 
nominais, que participaram com 5,4 p.p. do PIB. Entretanto, não apenas os juros foram o principal 
vilão. A valorização cambial, de 33,9% no ano – que se notabilizou como a maior valorização 
cambial de todo o planeta – contribuiu outros 2,5 p.p. do PIB. A política cambial não foi utilizada 
como mecanismo compensatório para as perdas no comércio exterior, contribuindo, assim, para 
tornar a indústria nacional menos dinâmica e mais primarizada. Como é grande o peso da indústria 
na arrecadação – tendo correspondido, em 2008, a 45,7% – o baixo desempenho recente deste setor 
derrubou a receita de tributos, reduzindo, por consequência, o superávit primário. Tal resultado 
primário, que em períodos anteriores compensava a conta de juros, puxando para baixo o indicador 
da dívida líquida, em 2009, entretanto, em função, dentre outros motivos, da pressão do câmbio 
sobre as receitas de tributos, impactou menos, tendo contribuído para reduzir a relação dívida/ PIB 
em 2,1 p.p. do PIB. 
O outro impacto causado pelo câmbio vem do seu efeito sobre as reservas internacionais. Para 
se delinear a magnitude desse impacto, segundo o relatório do BC, no acumulado do ano até 
setembro, a dívida líquida cresceu em R$ 74,5 bilhões em função da valorização cambial de 23,92%. 
Esse processo tem sua explicação na redução do valor, em reais, das reservas internacionais e, 
portanto, na perda de valor do ativo do governo central. Quanto mais o câmbio se valoriza, menor 
é o valor em reais das reservas internacionais do país (que são denominadas em dólares e 
representam uma parcela significativa dos ativos financeiros públicos). Tais ativos, por sua vez, são 
deduzidos da dívida bruta para se obter a dívida líquida do setor público. Desse modo, a perda de 
valor do ativo reservas internacionais faz com que a dívida líquida total do setor público aumente. 
O gráfico 4 mostra as trajetórias opostas do câmbio apreciado e da dívida líquida do setor 
público (DLSP) 
 
 
 
40 
 
Gráfico 4 - DLSP (% do PIB) e taxa de câmbio 2008-2009 
 
 
Fonte: Banco Central, 2010. 
 
O superávit primário é, assim, pouco eficiente para conter o processo de elevação do 
endividamento público, porque o crescimento da dívida é, fundamentalmente, consequência do 
pagamento de juros e da acentuada valorização cambial. Para que o superávit primário produzisse 
o efeito de conter o crescimento da dívida líquida seria necessário que fosse excessivamente 
elevado. Numa conjuntura de baixo dinamismo econômico, entretanto, é excessivamente 
sacrificante impor à população o alto custo social da preservação do resultado primário, tendo em 
vista que o crescimento da dívida é, em grande medida, de origem cambial e monetária, que 
representam retornos financeiros dos quais a maioria dos cidadãos não retira nenhum proveito. 
A direção da causalidade do fenômeno de expansão do endividamento público dá-se, portanto, 
a partir da política monetária e cambial determinando o aperto fiscal e tem o poder de anular, 
parcialmente, os impactos positivos de outras políticas macroeconômicas como crédito, 
investimento público, SM e bolsa-família. 
A variação da taxa de câmbio tem impactos diretos e indiretos sobre os preços da economia, 
o que provoca a variação dos custos e, portanto, dos preços. Vários autores mostram que o canal do 
câmbio tem sido significativamente mais importante para o controle da inflação que um eventual 
controle da demanda agregada (CARDOSO & VIEIRA, 2004; KREGEL, 2004; FERREIRA & 
JAIME JR, 2005; NOGUEIRA JR., 2007; BRAGA, 2011; BASTOS, 2011). 
 
 
 
41 
 
 
5.1.4 Política Fiscal 
 
A resposta mais contundente do governo brasileiro à crise financeira está nas medidas fiscais. 
Entre as medidas de desonerações fiscais, a primeira foi anunciada ainda no ano de 2008, 
beneficiando o setor automotivo, seguido dos setores produtores de eletrodomésticos de linha 
branca, de material de construção e, no final de 2009, do setor moveleiro. Para viabilizar o pacote 
de desonerações fiscais sem que o governo devesse incorrer em um programa de corte de gastos 
públicos o governo brasileiro também anunciou a redução da meta de superávit primário de 4,3% 
para 2,5% do PIB para 2009. 
Na área fiscal, o Ministério da Fazenda reduziu impostos que incidem sobre a produção de 
veículos, materiais de construção, móveis e eletrodomésticos. Em paralelo, o governo federal 
também ampliou investimentos em obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do 
Crescimento (PAC). E foi lançado um programa de construção de casas populares – o programa 
habitacional “Minha Casa, Minha Vida” –, que impulsionou o crescimento da construção civil. 
Além disso, foi mantida a política de valorização do salário mínimo legal (aumento de 12% em 
janeiro de 2009), que ajudou a preservar a renda das famílias num momento de elevação do 
desemprego. E foi incrementado o orçamento dos programas de transferência de renda, que 
protegem as famílias mais pobres e ajudam a sustentar o comércio em pequenos municípios. Esse 
conjunto de políticas contribuiu para a rápida recuperação da economia. 
Além disso o governo federal aumentou os recursos destinados ao Programa Bolsa Família 
(atingiu 12,4 milhões de famílias beneficiadas, com um gasto de 0,4% do PIB, em 2009) e ampliou 
o número de parcelas do Seguro Desemprego para os trabalhadores demitidos entre novembro de 
2008 e fevereiro de 2009 nos segmentos industriais mais afetados pela crise. 
Quanto aos investimentos realizados pelo Estado, mantiveram-se, sem dúvida, em baixos 
patamares durante os últimos 15 anos. O peso das estatais federais tem se acentuado de forma 
significativa no investimento total do governo desde 2004. O verdadeiro impacto do investimento 
público é, portanto, muito superior e mais complexo do que aquele frequentemente abordado, o que 
exige uma análise mais rigorosa e que vá além da contabilidade pública tradicional. 
A teoria macroeconômica coloca o investimento como o elemento mais importante da 
demanda agregada para explicar as flutuações econômicas de curto prazo, dada a relativa

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