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Autores: Prof. Cláudia Ferretto Palladino Prof. Nelson Góes Lima Filho Colaboradores: Profa. Daniela Menezes da Silva Santos Prof. Santiago Valverde Profa. Rachel Niza Marketing internacional Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Professores conteudistas: Cláudia Ferretto Palladino / Nelson Góes Lima Filho Prof. Ms. Cláudia Ferretto Palladino Mestre em Administração de Empresas, pela PUC‑SP (2008), pós‑graduada (MBA) em E‑business, pela FGV‑Management (2001), e bacharel em Comunicação Social com habilitação em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing: SP (1986). Professora nos cursos superiores de tecnologia, de ensino a distância e de pós‑graduação da Universidade Paulista – UNIP, instituição em que atua desde 2003. Possui mais de 25 anos de experiência de atuação na área de Comunicação e Marketing em empresas brasileiras e multinacionais. Atualmente, presta assessoria em comunicação corporativa e marketing para empresas de segmentos diversos. Prof. Nelson Góes Lima Filho Nelson Góes Lima Filho é professor universitário na Universidade Paulista – UNIP, graduado e especializado em Marketing pela mesma universidade. Atua na área de hotelaria e turismo desde 1978 e já passou pelos seguintes cargos: agente de turismo na Maiorca Turismo, supervisor de posto na Carlson Wagonlit Travel; gerente de vendas e gerente de reservas na Best Western Brasil; gerente de qualidade na rede Best Western International; gerente comercial regional na Accor Hotéis; gerente comercial na Atlantica Hotels (Four Points Sheraton) e atual diretor comercial e de marketing na Rede Feller Hotéis. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P164m Palladino, Cláudia Ferreto. Marketing internacional. / Claúdia Ferreto Palladino, Nelson Góes Lima Filho. – São Paulo: Editora Sol, 2013. 152 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2‑063/13, ISSN 1517‑9230. 1. Marketing internacional. 2. Economia global. 3. Comunicação global. I. Lima Filho, Nelson Góes. II. Título. CDU 658.8 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Gustavo Guiral Cristina Z. Fraracio Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Sumário Marketing internacional APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 MARKETING GLOBAL OU INTERNACIONAL? ......................................................................................... 11 1.1 Globalização ........................................................................................................................................... 11 1.2 A economia do século XX e o desenvolvimento do mercado global .............................. 13 1.3 O capitalismo e o fim do socialismo ............................................................................................. 14 1.4 A década de 1990 e o contexto competitivo da globalização ........................................... 16 1.5 O mundo multipolar............................................................................................................................ 18 2 A ECONOMIA GLOBAL ................................................................................................................................... 19 2.1 Sistemas econômicos .......................................................................................................................... 19 2.2 As economias e as categorias de países do mercado global .............................................. 20 2.3 Comércio globalizado ......................................................................................................................... 21 2.4 Acordos de cooperação econômica .............................................................................................. 24 2.5 Razões para a integração – marketing global .......................................................................... 25 2.6 Blocos econômicos .............................................................................................................................. 26 Unidade II 3 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL .............................................................................................................. 34 3.1 Ambiente de marketing global ....................................................................................................... 34 3.2 Mercados internacionais ................................................................................................................... 36 3.3 Mercado cambial .................................................................................................................................. 37 3.4 Classificação dos mercados .............................................................................................................. 38 3.5 Como as empresas atuam no mercado global ......................................................................... 40 3.6 Estágios de desenvolvimento de mercado ................................................................................. 42 3.7 Renda per capita e concorrência ................................................................................................... 43 3.8 Ciclo do comércio do produto internacional ............................................................................ 44 3.9 Liderança e organização em operações globais ....................................................................... 46 4 TIPOS DE AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL .......................................................................................... 53 4.1 Ambiente social e cultural ................................................................................................................ 53 4.1.1 Sensibilidade ambiental ....................................................................................................................... 60 4.1.2 Teoria da difusão ..................................................................................................................................... 60 4.2 Ambientes político, jurídico e normativo ................................................................................... 62 4.2.1 Questões legais importantes.............................................................................................................. 67 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 4.3 Ambiente financeiro global e decisões de câmbio ................................................................. 68 4.3.1 Outras influências sobre o câmbio .................................................................................................. 70 Unidade III 5 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E SEGMENTAÇÃO EM MARKETING ................................................ 75 5.1 Pesquisa de mercado .......................................................................................................................... 77 5.2 Inteligência de marketing ................................................................................................................. 78 5.3 Segmentação, determinação de alvos e de fontes ................................................................. 79 5.3.1 A segmentação em mercados globais ............................................................................................ 79 5.3.2 Tipos de segmentação em marketing global ............................................................................... 80 5.4 Critérios para determinação de mercado‑alvo global .......................................................... 88 5.5 Ambiente competitivo internacional ........................................................................................... 89 6 ESTRATÉGIAS PARA MARKETING GLOBAL ............................................................................................ 90 6.1 O processo de exportação ................................................................................................................. 91 6.2 Políticas nacionais para exportação e importação ................................................................. 92 6.3 Seleção de mercados para exportação ........................................................................................ 93 6.4 Organização de empresas internacionais ................................................................................... 94 6.5 Estratégias globais para entrada no mercado .......................................................................... 95 6.5.1 Licenciamento .......................................................................................................................................... 95 6.5.2 Joint ventures (empreendimento conjunto) ................................................................................ 96 6.5.3 Controle acionário .................................................................................................................................. 96 6.5.4 Aquisição .................................................................................................................................................... 97 6.5.5 Investimento direto ............................................................................................................................... 97 6.5.6 Fusão ............................................................................................................................................................ 97 6.5.7 Abordagens de marketing em mercados globais ....................................................................... 97 6.6 Parcerias estratégicas internacionais ........................................................................................... 97 6.7 Estratégias de expansão de mercado .........................................................................................100 6.8 Estágios de desenvolvimento de empresas .............................................................................101 6.9 Elementos estratégicos de vantagem competitiva ..............................................................102 6.10 Coca‑Cola: um exemplo de marketing global .....................................................................105 Unidade IV 7 MIX DE MARKETING GLOBAL ...................................................................................................................111 7.1 Decisões de produtos ........................................................................................................................111 7.1.1 Produtos locais ou globais? ...............................................................................................................111 7.1.2 Diferenciação por meio de serviços .............................................................................................. 113 7.1.3 Posicionamento .....................................................................................................................................114 7.1.4 Análise de nível de saturação de produtos em mercados globais .................................... 114 7.1.5 Design do produto ................................................................................................................................115 7.1.6 Estratégias de expansão de produtos ........................................................................................... 115 7.2 Decisões de preços .............................................................................................................................117 7.2.1 Objetivos e estratégias de determinação global de preços ................................................. 117 7.2.2 Objetivos de preço ................................................................................................................................ 118 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 7.2.3 Fatores determinantes das políticas de preços ......................................................................... 118 7.2.4 Estratégias de determinação de preços ....................................................................................... 119 7.3 Distribuição e canais .........................................................................................................................120 7.3.1 Canais de vendas e de distribuição utilizados no marketing internacional .............. 120 7.3.2 Critérios de escolha de canais de distribuição internacional ............................................ 127 7.3.3 Varejo global .......................................................................................................................................... 129 8 COMUNICAÇÃO GLOBAL ............................................................................................................................129 8.1 Propaganda global .............................................................................................................................130 8.1.1 Público‑alvo ........................................................................................................................................... 130 8.1.2 Objetivos das campanhas ..................................................................................................................131 8.1.3 Orçamento de comunicação ............................................................................................................131 8.1.4 Mídia ..........................................................................................................................................................131 8.1.5 Conteúdo de campanhas publicitárias globais ........................................................................ 132 8.1.6 Escolha da agência de propaganda .............................................................................................. 132 8.1.7 Criação ou tradução? ......................................................................................................................... 134 8.1.8 Restrições ................................................................................................................................................135 8.2 Vendas pessoais ...................................................................................................................................135 8.3 Promoção de vendas .........................................................................................................................136 8.4 Relações públicas ...............................................................................................................................138 9 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 APRESENTAÇÃO A disciplina de Marketing Internacional visa levar o aluno a entender os processos de internacionalização de empresas e as formulações estratégicas utilizadas pelas organizações para competir em âmbito global. Para isso, diversos temas serão abordados, a fim de que seja construída, ao longo deste estudo, a melhor compreensão da dinâmica de ambientes globalizados e também de mercados que, apesar de não terem condições de competir internacionalmente, são impactados pela força do marketing de empresas estrangeiras. Os temas que serão tratados aqui partem da evolução da economia no século XX até o momento atual, globalizado e inter‑relacionado, e discutem questões sociais, culturais, políticas e legais que envolvem a comercialização de produtos entre países e o estudo do mix de marketing para aplicação global. O objetivo deste livro‑texto, portanto, é contextualizar a função organizacional do marketing e seu papel no mercado competitivo global. A importância da disciplina para você, futuro gestor de marketing, é inquestionável, uma vez que já vivemos sem fronteiras mundiais, de tal maneira que o tamanho da empresa não mais constitua fator determinante para sua competição em amplitude internacional. Ao final de nossa empreitada, esperamos que você, aluno, esteja apto a gerenciar operações que, de alguma forma, estejam conectadas a negócios internacionais. Tenha um excelente aproveitamento! INTRODUÇÃO O crescimento econômico tem motivado a participação das empresas do mercado global e, por isso, o contexto da internacionalização do marketing tem sido alvo crescente de estudos e pesquisas no exterior. Não é de hoje, porém, que o comércio é realizado entre países. Novidade é o impacto disso nas organizações e na vida das pessoas, nunca antes tão amplo, sequer simultâneo. É bem provável que, em sua casa, o televisor seja coreano e seu aparelho de som, fabricado no Japão, talvez você esteja agora vestindo uma roupa confeccionada na China e ainda lendo este livro‑texto, enquanto toma um refrigerante estadunidense, sem contar hábitos que podem ser comuns a outras pessoas em diversos lugares do mundo. Você é, portanto, um indivíduo globalizado ou que, de todo modo, sente os efeitos da globalização. Desde o século XIX o mundo tem vivido grandes transformações decorrentes de importantes mudanças na ciência e na tecnologia, que imprimiram forte impacto não só na economia, mas também no modo de vida das pessoas: em suas formas de agir, comunicar e relacionar. 10 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Até meados do século XX, ou seja, até o final da Segunda Guerra Mundial, as empresas atendiam praticamente apenas a seus mercados internos (os domésticos); poucos países, como a Inglaterra, tinham condições de participar de forma ativa do comércio internacional, exportando seus produtos ou até mesmo, com suas empresas, fincando presença em outros países. Nas primeiras décadas do século XX, empresas, como Colgate, Palmolive‑Peet Company, Ford, General Motors, Chrysler, Pirelli, General Electric (GE), Nestlé, British‑American Tobacco, Singer, entre outras, já tinham instalado suas fábricas em nosso país. Hoje, pessoas de praticamente todo o mundo têm acesso a produtos e serviços produzidos e comercializados de forma padronizada em todos os continentes, graças a possibilidade da operação em um mercado que chamamos global. E é do mercado global e, mais especificamente, do modo de fazer marketing para além das nossas fronteiras, que trataremos neste livro‑texto, um movimento sem volta, do qual alguns países ainda não participam e, por isso, vivenciam incertezas sobre seu “desenvolvimento”. 11 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Unidade I 1 MARKETING GLOBAL OU INTERNACIONAL? Marketing internacional é o processo de planejamento e condução de transações além das fronteiras nacionais para criar intercâmbios que atendam aos objetivos dos indivíduos e organizações (CZINKOTA; RONKAINEN, 2008, p. 4). Há controvérsias em torno dos conceitos de marketing internacional e global. Alguns estudiosos estabelecem o mesmo para ambos os termos, como os da American Marketing Association (AMA), os quais definem marketing internacional como uma extensão rumo a outros países e continentes, transformando o processo de planejar e executar em multinacional. Já, para Keegan (2002), um dos teóricos a que nos afiliamos neste livro‑texto, marketing internacional transcende o de exportação, abrangendo o estudo do ambiente de marketing nos países em que se deseja atuar. Uma das diferenças entre o marketing doméstico e o global reside no escopo das atividades – a empresa que faz marketing global realiza importantes atividades de negócios fora do mercado de seu país de origem. Outra diferença é que o marketing global pressupõe conhecimento de conceitos, considerações e estratégias específicas a serem aplicadas com habilidade, juntamente com fundamentos de marketing universais, para assegurar o sucesso nos mercados globais (KEEGAN, 2000, p. 2). 1.1 Globalização O fenômeno da globalização é de ordem social e escala global. Ele pode ser explicado como um processo de integração de diversas nações de caráter econômico, social, cultural e político. O que impulsionou o processo de globalização foi o encurtamento de distâncias, decorrente de mudanças tecnológicas em diversos segmentos, principalmente nos meios de transportes e nas telecomunicações. A maior proximidade entre as nações favoreceu o capitalismo, então, os países desenvolvidos puderam expandir seus mercados para além de suas fronteiras, contornando a saturação de seus mercados internos. Portanto, o processo de globalização estreitou as relações comerciais, tanto entre os países como entre empresas, além de provocar a criação de blocos econômicos. 12 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I Lembrete Globalização é a integração dos povos do mundo a partir da troca de conhecimentos, ideias, transações comerciais e financeiras e culturais. E quando tudo isso começou? Miglioli (2008) considera o início da globalização a partir das grandes navegações e descobertas marítimas, ainda nos séculos XV e XVI, momento em que os europeus puderam estabelecer relações comerciais e culturais com povos do oriente, levando a Europa a conhecer não só a cultura, mas também diversos novos de tipos produtos, como especiarias, alimentos, tecidos etc., e ainda novos territórios foram descobertos, como a América e Oceania. Mas a globalização toma corpo, de fato, no final do século XX, quando o termo foi inventado, após os avanços da tecnologia da informação, que resultaram em grandes vantagens para os países que puderam participar desse movimento, renovando ideias, mobilizando diversas tecnologias, encurtando distâncias com o término de muitas das barreiras alfandegárias, além da obtenção e da troca de informações com maior rapidez e em tempo real. A globalização está multiplicando a riqueza e desencadeandoforças produtivas numa escala sem precedentes. Tornou universais valores como a democracia e a liberdade. Envolve diversos processos simultâneos: a difusão internacional da notícia, redes como a internet, o tratamento internacional de temas como o meio ambiente e direitos humanos e a integração global (CARDOSO, 1996, p. 82). Porém, ainda há países que não conseguiram ou não desenvolveram condições de integrar‑se aos processos globalizados e, por esse motivo, sofrem com situações desvantajosas, como: • entrada de capital especulativo: quando os investidores internacionais apenas se aproveitam das taxas oferecidas pelas instituições financeiras sem realizar nenhum investimento produtivo local; • enfrentamento de concorrência aguçada: capital intelectual baixo e pouca oferta de infraestrutura inviabilizam a comercialização dos produtos nacionais no mercado internacional. Como consequência, tais países estão provavelmente condenados ao atraso e à desconexão com o restante do mundo. Observação Segundo o dicionário Larousse (Mondialisation, [s. d.]), mundialização (termo para globalização, em francês) é a doutrina que visa realizar a unidade política do mundo em uma comunidade humana única. 13 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL 1.2 A economia do século XX e o desenvolvimento do mercado global Assim que a Segunda Guerra Mundial termina, em 1945, as nações vencedoras decidem, na Conferência de Potsdam, na Alemanha, dividir esse país de leste a oeste, em quatro zonas. Com tal divisão, União Soviética (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS), Inglaterra, Estados Unidos e França passaram a possuir, cada uma, um pedaço da nação derrotada. Da mesma forma, a capital Berlim também foi dividida a leste entre russos, estadunidenses e ingleses. (VASCONCELLOS; MANSANI, 2013) Saiba mais Para saber mais, leia a edição especial da revista Veja sobre a Segunda Guerra Mundial Revista Veja. Série Especial (Veja na História). Disponível em: <http:// veja.abril.com.br/especiais_online/segunda_guerra/index_flash.html/>. Acesso em: 25 jun. 2015. Vasconcellos e Mansani (2013) comentam que a União Soviética, em virtude de seu papel na derrota nazista, em 1945, transformou o leste europeu em uma grande área ocupada, alegando a necessidade de manter a segurança em suas fronteiras. Surgia, assim, a “Cortina de Ferro” que dividiu a Europa em duas zonas geopolíticas: a ocidental (capitalista), liderada pelos EUA, e a Oriental (socialista), pela União Soviética. Observação “Cortina de Ferro” foi expressão usada para designar a separação da Europa em duas partes: a ocidental e a oriental. O termo, que já havia sido pronunciado por outros políticos europeus, foi empregado por Winston Churchill em um discurso proferido em 1946, para referir‑se à URSS (NUNES, 2005). Diante desse contexto, iniciava a Guerra Fria, pois estava claro o antagonismo entre os Estados Unidos e a União Soviética em relação a seus projetos para as zonas ocupadas. A partir de então, segundo Horta (2013), os Estados Unidos tentaram frear a União Soviética, armando o ocidente com arsenais nucleares e envolvendo‑se em conflitos, como a Guerra do Vietnã (1959‑1975) e a das Coreias (1950–1953), enquanto a União Soviética, por sua vez, transformava áreas do leste em governos pró‑soviéticos, controlados com autoritarismo (os países socialistas tinham governo próprio, mas eram forçados ao alinhamento com a União Soviética), mecanismos de auxílio financeiro (países com problemas de produção eram sustentados pela União Soviética) e cooperação econômica (países em melhor condição eram parceiros comerciais dos excedentes de produção). 14 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I O equilíbrio da Guerra Fria provocou uma corrida armamentista que colocou os dois países em posição de destruir o mundo, principalmente com armas nucleares que serviam como eficazes mecanismos de controle. A existência da União Europeia, hoje, bem como de diversos outros blocos econômicos mundiais, é fruto do cenário Pós‑segunda Guerra. Uma Europa que, ao longo dos séculos, teve Estados ora aliando‑se, ora destruindo‑se em guerras religiosas e territoriais, e chegou, ao final da Segunda Guerra, à conclusão de que estava não apenas arrasada, mas também localizada no meio do caminho entre URSS e EUA. O antigo sonho de alguns idealistas de unir as nações europeias e, com isso, fortalecer cada uma delas começou a tomar corpo e urgência. Em outras palavras, prevaleceu a lógica de que não dá para constituir inimigos entre si enquanto houver inimigos comuns maiores em outros continentes. E o melhor meio de promover a união foi o comércio. Saiba mais Para entender melhor a Guerra Fria, assista ao filme a seguir: 13 DIAS que abalaram o mundo. Dir. Roger Donaldson. Estados Unidos da América: Beacon Pictures, 2000. 145 minutos. 1.3 O capitalismo e o fim do socialismo No início do século XX, o sistema capitalista repartia‑se em duas classes: a burguesia (os detentores do capital) e o proletariado (a classe trabalhadora). Hoje, a configuração não é a mesma: a mudança no mercado, as novas profissões, as terceirizações e as participações dos empregados na condução das empresas produziram uma sociedade capitalista bem mais complexa (RAMALHO; MOREIRA, 2010). Lembrete Das trocas comerciais e transformações no mercado, surgiram o salário e as divisões técnicas do trabalho. Weber (2006) aponta que o sistema capitalista começou a consolidar‑se a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, quando a mecanização da produção substituiu as manufaturas. A mecanização, por meio da implementação das linhas de produção, alavancou o volume de mercadorias produzidas. O avanço tecnológico iniciado na Revolução Industrial se estendeu a outros setores, como siderurgia e transportes (com os navios e as locomotivas a vapor), que foram primordiais para o transporte de matérias‑primas e escoamento da produção. 15 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL O aumento estrondoso da produção instigou uma oferta de bens para o mercado muito maior que a procura, causando queda nos preços. O excedente de produtos provocou a queda vertiginosa do valor das ações dos grandes investidores na bolsa de valores de Nova Iorque: o conhecido crack (quebra) de 1929. Segundo Prado (2011), essa crise desembocou na grande depressão de 1930. Seus efeitos foram sentidos no mundo inteiro, de acordo com a situação econômica de cada país naquele momento – no Brasil e em alguns outros, ela acelerou o processo de industrialização. Para contornar a crise, os países passaram a elaborar planos econômicos, injetando recursos por meio da construção de grandes obras públicas, controlando as finanças e os preços, ditando as regras no mercado de trabalho e nacionalizando setores estratégicos – daí a denominação “capitalismo de Estado”, período que vai dos anos 1930 (Grande Depressão) aos 1970. Observação Após a Segunda Guerra Mundial (1939‑1945), o crescimento capitalista foi retomado sobre novas bases, reativando a produção e a circulação de mercadorias. Vianna (1993) aponta que a chamada Velha Ordem Mundial, iniciada após a Segunda Guerra Mundial, foi caracterizada pela bipolaridade geopolítica regida por União Soviética e EUA. Os dois polos (socialista e capitalista) disputavam a supremacia, naturalmente sem admitir qualquer perda. Porém ocorreu de o socialismo não evoluir como o esperado por seus defensores. Apesar da gratuidade da educação e da assistênciamédica, o que se viu, no âmbito econômico, foi desalentador, uma vez que não atendeu às expectativas da população. Nas práticas empregadas por esse socialismo, todos os trabalhadores tiveram direito aos mesmos recursos (alimentos, vestuário etc.), mas, evidentemente, não disporiam de chances de crescimento individual, pois o princípio de equanimidade regia a justiça social. Ora, qual incentivo teria um trabalhador para o esforço, se todos os demais que não se esforçassem tanto ganhariam o mesmo valor? Em razão disso, a produção das fábricas e das fazendas socialistas não teria sido um exemplo de eficiência, porquanto não houvesse incentivo. Isso teria provocado falta de produtos agrícolas e manufaturados, aumentando as filas nos pontos de abastecimento e, por isso, a necessidade de racionamento de produtos. Do ponto de vista da liberdade de expressão, não eram permitidas manifestações e não havia liberdade de imprensa, nem de qualquer outra forma, em razão do autoritarismo. A União Soviética e vários países satélites fecharam‑se até para o turismo. Apenas burocratas e poucos privilegiados desfrutavam de benefícios. Além disso, grande parte do orçamento era destinado a armamentos (principalmente nucleares) que demandavam alto custo de implantação e manutenção. Os anos de 1980 foram fatídicos para a economia mundial, chegando a ser chamados de “década perdida”, segundo Segrillo (2004). Foi nesse período que Mikhail Gorbachev, então secretário geral do 16 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I Partido Comunista da União Soviética, instaurou a Perestroika (reestruturação político‑econômica) e a Glasnost (transparência), retirando todo o suporte aos países parceiros socialistas, incluindo o financeiro. Tais países passaram, então, a enfrentar estagnação do desenvolvimento econômico, uma vez que os repasses financeiros da “mãe Rússia” minguaram até o desaparecimento. A “obsolescência industrial” (falta de modernização tecnológica por falta de investimentos), o excessivo privilégio dos burocratas e as dificuldades de abastecimento de produtos básicos concorreram para afundar o sistema socialista instalado pela União Soviética. O socialismo foi minguando desde 1991, quando Perestroika deu lugar às negociações que resultaram na fragmentação da União Soviética e na constituição da CEI (Comunidade de Estados Independentes), que tinha por objetivo apenas as integrações econômica e bélica. Lembrete A fragmentação da União Soviética ocorreu com a separação de Estados que eram comandados pela Rússia, como Ucrânia, Estônia, Letônia e Lituânia, entre outros. Com o fim da luta socialismo versus capitalismo, aquele estendeu seu reinado quase absoluto pelo mundo, com as exceções apenas de China, Cuba e Coreia do Norte (muito embora a China atualmente promova ambos os sistemas em seu território). 1.4 A década de 1990 e o contexto competitivo da globalização Assim, na década de 1990, as profundas modificações que já afetavam as grandes economias desde os anos de 1950 e a fragmentação da URSS resultaram na chamada “Nova Ordem Mundial” (VIANNA, 1993). Na Nova Ordem Mundial, a bipolaridade União Soviética versus Estados Unidos da América foi substituída pela multipolaridade, de modo que, hoje, ao menos três grandes blocos lideram a economia mundial: União Europeia, Estados Unidos da América e Japão (este último, com seus aliados orientais do Apec). Esses três blocos são os que controlam a maior parte dos investimentos mundiais, seguidos por outros, surgidos no decorrer dos anos, como o Mercosul. A Nova Ordem Mundial foi impulsionada pela velocidade da tecnologia, que provocou mudanças de âmbito mundial sem parâmetros na história. Nem poderia ser diferente, sobretudo por conta da nova era que se anunciava: a da Tecnologia da Informação (TI), disseminada rapidamente por meio das crescentes facilidades de comunicação (telefonia e dados). A rapidez do conhecimento conduzido pela TI e pela comunicação transformou praticamente todos os campos de atividade: economia, finanças, cultura, tecnologia (em todos os segmentos), informação e transmissão de dados: teria sido a maior revolução de costumes e de processos de que se tem notícias. A partir de então, o mundo comunica‑se em tempo real. 17 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Pochman (2000) indica que a mudança atingiu todos os setores da economia, a ponto de modificar a Divisão Internacional do Trabalho – DIT, que teve início no século XVI, durante o período colonial, quando as relações econômicas eram desiguais – a metrópole (capital que dominava as colônias) recebia matérias‑primas e exportava produtos manufaturados para as colônias; desse modo, as vantagens eram todas da metrópole, que podia investir na manufatura e no aprimoramento tecnológico, enquanto as colônias, além de oferecerem a matéria‑prima a preço inferior, compravam produtos manufaturados por preços desvantajosos. Até a Segunda Guerra Mundial (1945) a Velha DIT, ou DIT Clássica, mantinha as características do pacto colonial. Países subdesenvolvidos: produtos primários (matérias‑primas e alimentos) Países desenvolvidos: produtos industrializados, capitais, empréstimos e alguns investimentos Figura 1 – Antiga Divisão Internacional do Trabalho – DIT Após a Segunda Guerra, alguns países subdesenvolvidos industrializaram‑se a partir das condições fomentadas pela globalização, alterando o sistema de produtividade mundial. Países subdesenvolvidos industrializados (periféricos): produtos primários, industrializados, capitais, lucros, royalties e juros Países desenvolvidos (centrais): produtos industrializados, capitais, empréstimos e alguns investimentos Figura 2 – Nova Divisão Internacional do Trabalho – DIT A partir da nova DIT, a situação mudou: a produção das grandes empresas passou a ser feita em suas filiais (multinacionais) nos países subdesenvolvidos, que antes funcionavam apenas como exportadores de matérias‑primas. Pochman (2000) pondera que os países subdesenvolvidos ofereciam menores custos, graças a mão de obra barata, menos encargos sociais, vantajosos incentivos fiscais e infraestrutura de transporte e comunicação. Assim, as empresas envolvidas puderam aumentar seus lucros e multiplicar a variedade de produtos. Observação A mudança da divisão do trabalho foi causada por pesados impostos, elevados encargos sociais e altos salários nos países‑sede das grandes multinacionais, ou seja, era economicamente viável transferir a produção para uma filial cujo país oferecesse mão de obra mais barata, além de outras 18 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I vantagens. Por exemplo, a Volkswagen iniciou sua produção no Brasil, em 1957, no bairro do Ipiranga, São Paulo, fabricando a Kombi (CAPUTO; MELO, 2009). A diferença de custo de mão de obra entre Brasil e Alemanha contribuiu para tal decisão. Uma vez que a localização geográfica da produção industrial e de serviços diversifica‑se, muitos países que eram fornecedores de alimentos e de matérias‑primas tornaram‑se produtores e exportadores de produtos industrializados. Países como México, Argentina, Brasil, África do Sul, Índia, China e os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan) encaixavam‑se nas condições de países subdesenvolvidos industrializados. 1.5 O mundo multipolar Viana (1993) comenta que as superpotências (União Soviética e EUA) eram assim consideradas em razão de seu arsenal nuclear, e não pela vantagem econômica anunciada. A nação armada era tida comoo futuro da humanidade. A França e a Inglaterra, embora dispondo de uma economia no mesmo nível das potências e com arsenal nuclear, não eram mais consideradas superpotências desde os anos 1960. A União Soviética, apoiando‑se em seu armamento nuclear, proclamava‑se superpotência, embora não possuísse um status industrial como o dos Estados Unidos. Mas a ideologia e a influência na Europa oriental faziam o ocidente conferir‑lhe lugar de igual potência, tanto industrial quanto econômica. A desmistificação da União Soviética foi selada no governo Gorbatchev, com a Glasnost e a Perestroika, mas a derrocada da Rússia foi causada de fato pela economia, que não evoluiu (SEGRILLO, 2004). O fim do comunismo teve um efeito inesperado, já que era o ponto de equilíbrio entre as superpotências: sem a rivalidade, somem as superpotências. Os Estados Unidos ainda são a potência militar mais expressiva do mundo: a guerra do Golfo Pérsico e a invasão no Iraque, por exemplo, ostentam essa superioridade armamentista, mas, à sombra de toda essa brutalidade, resta o crescimento pífio (ou mesmo um declínio a olhos vistos) da prosperidade e do bem‑estar social do país. O envio de suas tropas ao Golfo só foi possível com a insistência de que outros países também arcassem com os custos da guerra, coisa que, no passado, os Estados Unidos jamais fariam, pois lhes custariam, como de certa maneira lhes custou então, a renúncia à exclusividade de superpotência mundial. Os olhos voltaram‑se para a economia como parâmetro de grandeza, quando várias nações, como Coreia do Norte, Índia e Paquistão, tiveram acesso a armamentos nucleares (muito embora com limitada possibilidade de ação geográfica). Em contrapartida, países industrializados diversificaram a compra de matéria‑prima, não mais se dirigindo a um único fornecedor. 19 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Segundo Aguiar (2014), a multipolaridade mundial pós‑guerra fria é medida, hoje, pela capacidade econômica de cada país – o que envolve atributos diversos, como disponibilidade de capitais, tecnologia (seus avanços e investimentos), mão de obra (qualificada), produtividade (meios, investimentos, estudos) e comércio (interno e externo) – relacionada à conquista de mercado e concorrência. Isso explica a elevação do Japão e da Alemanha à categoria de potências e, ao mesmo tempo, a queda da Rússia, que está em crise social, política e econômica, pois, embora ainda possua um respeitável arsenal nuclear, além de reservas de petróleo e gás natural, conta com um setor industrial decadente, obsoleto e pouco produtivo. Porém surgiu um novo participante: a China é a economia que mais cresce atualmente, porque, além de dispor da maior população mundial, abre um gigantesco mercado consumidor com mão de obra barata, motivos pelos quais se torna atraente para investidores estrangeiros, a despeito de seus problemas políticos e sociais entravarem a alavancada econômica eficaz. Contribui para esse crescimento, o fato de a China adotar simultaneamente dois sistemas econômicos: o capitalismo (em poucas regiões, como Hong Kong) e o comunismo (no resto do país). Nesse momento, os países mais poderosos do mundo são: Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, por sua importância na globalização mundial e regional. 2 A ECONOMIA GLOBAL 2.1 Sistemas econômicos Keegan (2005) descreve a aplicação de três diferentes tipos de sistemas econômicos. A classificação dos sistemas econômicos dá‑se pela forma de distribuição de recursos pelo mercado, pela distribuição do poder central ou forma de comando da nação e pela distribuição pode sistemas mistos. • Alocação/dotação por mercados: — baseia‑se nos consumidores; — trata‑se de uma democracia econômica, isto é, o que é consumido depende do poder de compra e das escolhas dos consumidores; — o Estado assume o papel de promotor da concorrência e assegura a defesa do consumidor; — Europa ocidental, Japão e EUA são exemplos de economias predominantemente de mercado. • Alocação comandatária: — sistema que dá ao Estado amplos poderes para o atendimento dos interesses da população, inclusive o de decidir o que será produzido e de que forma; — o consumidor é livre para gastar seu dinheiro com o que está disponível no mercado interno, porém não para utilizar as variáveis do mix de marketing (produto, preço, canais de distribuição e comunicação), uma vez que há pouca diferenciação entre os produtos e quase nenhuma ação 20 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I de comunicação comercial, além de as vendas serem feitas pelo governo. Países como Índia, China e as repúblicas que fizeram parte da antiga União Soviética – adotantes desse tipo de sistema por muito tempo – estão em plena reforma econômica, com o objetivo de fazer a transição para o Sistema de Distribuição pelo Mercado, restando Cuba, em contraposição a esse movimento, que, apesar das últimas negociações com o governo estadunidense, ainda permanece como um dos últimos redutos do Sistema de Distribuição pelo Poder Central. • Sistema misto: em realidade, ressalve‑se, não há sistemas puros. O tipo de distribuição é avaliado pela proporção do sistema refletida no PIB. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OECD, essa proporção varia entre 32% (EUA) e 64% (Suécia), ou seja, nos EUA, predomina o Sistema de Distribuição pelo Mercado e, na Suécia, o Sistema de Distribuição pelo Poder Central. 2.2 As economias e as categorias de países do mercado global O PIB (Produto Interno Bruto) per capita é referência para medir o estágio em que se situam os mercados globais. O cálculo é simples: divide‑se o valor do PIB de um país por sua população. Há críticas orientadas contra a utilização do PIB per capita, como Sposati (1996) explica: tal medida mensura a realidade pela média, e não por sua distribuição real. Mesmo assim, é uma unidade de medida largamente utilizada para comparar mercados. Quadro 1 – Descrição do padrão do Banco Mundial das categorias de países em relação à renda média da população: Países de baixa renda (países pré‑industriais) • PIB per capita menor que US$ 825,00. • Mercados limitados para todos os produtos, porém não apresentam ameaça competitiva significativa. • Industrialização limitada. • Alta porcentagem da população voltada para a agricultura de subsistência. • Altas taxas de natalidade. • Baixas taxas de alfabetização. • Muita dependência de ajuda estrangeira. • Instabilidade política e intranquilidade social. • Concentração: Sul do deserto do Saara – África. Países de renda média‑baixa (países menos “desenvolvidos”) • PIB per capita entre US$ 826 e 3,255. • Em processo inicial de industrialização (a produção atende ao mercado interno em expansão – vestuário, pneus, material de construção, alimentos industrializados). • Força de trabalho barata e motivada. • O baixo custo da mão de obra e o interesse em trabalhar ameaçam o crescimento do consumo interno porque desviam os trabalhadores para as indústrias maduras (de brinquedos, vestuário entre outros), que já estão padronizadas e que precisam de mão de obra intensiva, contribuindo para a vantagem competitiva das organizações contratantes (estrangeiras). 21 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Países de renda média‑alta (países emergentes, em “desenvolvimento” ou em fase de industrialização) • PIB per capita entre US$ 3,256 e 10,065. • Razões para a diminuição do número de trabalhadores dedicados à agricultura: migração do trabalhadorpara o setor industrial e urbanização. • Faixa salarial em elevação, crescimento das taxas de alfabetização e do nível de educação em função da atividade industrial. • Porém salários ainda inferiores aos dos países industrializados. • Crescimento econômico rápido, impulsionado pelas exportações e consequente forte concorrência entre os países dessa categoria. Países de alta renda (“desenvolvidos”, “adiantados”, industrializados, pós‑industriais ou de “primeiro mundo”) • PIB per capita superior a US$ 10,666. • O nível de renda foi atingido devido ao processo de crescimento econômico sustentado (exceto nos países ricos em função do petróleo). • Fatores preponderantes para a economia: — setor de serviços com papel hegemônico na economia; — intercâmbio de informações; — valorização do conhecimento dos trabalhadores, acima mesmo do capital, fundamentada na crença de que as oportunidades de mercado estão fortemente relacionadas às inovações. • Principais características: — orientação para o futuro; — valorização das relações interpessoais; — predominância de produtos básicos nos domicílios. • O crescimento das organizações torna‑se mais difícil frente aos desafios de superação impostos. Keegan e Green (2006) explicam que Daniel Bell, de Harvard, foi o primeiro a usar a expressão “países pós‑industriais”, defendendo a ideia de que as diferenças entre os países de alta renda superam a seus níveis de renda, pois elas se estabelecem nas fontes de inovação tecnológica baseadas no conhecimento. Países inviáveis • Sofrem com graves problemas econômicos, sociais e políticos, sem atração para investimentos. • Tais problemas podem ter origem em eventos que fogem ao controle, como guerras, intempéries (terremotos, tsunamis e outras ações das forças da natureza), problemas políticos (golpes de Estado e má administração pública). • Alguns desses países já estiveram em fase de crescimento, mas foram assolados por lutas e acabaram por ter seu território dividido em novas nações. • Alguns exemplos: — Etiópia: país em que boa parte da população sofre com a fome. — Haiti: foi solapado por péssimos governos e devastado por graves terremotos. Adaptado de: Pigozzo (2012). 2.3 Comércio globalizado Costa (2011) ressalta que o mundo teve de aprender, de forma rápida, uma nova maneira de comercializar e a prática de acordos multilaterais que surgiram desde a criação do Acordo Geral de Tarifas e Comércio – Gatt, em 1947. Essa entidade foi criada após a Segunda Guerra Mundial para melhorar as relações econômicas internacionais e, com isso, diminuir o risco de novas guerras – afinal, não vale a pena bombardear um país que é um grande fornecedor ou um grande cliente. 22 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I As regras estabelecidas pelo Gatt facilitavam as trocas comerciais entre seus 120 países membros. Porém, um princípio básico para todos dizia que qualquer vantagem envolvendo tarifas aduaneiras concedidas bilateralmente deveria estender‑se a todos os signatários. Observação Tarifas aduaneiras são as taxas e tarifas pagas quando um produto passa pela fronteira de um país. Em função da insatisfação dos países signatários a respeito de subsídios que deveriam abranger todas as modalidades referentes ao comércio internacional, foi proposta a Rodada do Uruguai. A pretensão do Gatt era incorporar outros setores, como agricultura, serviços, têxteis, investimentos e a tentativa de deter o protecionismo (investimentos que dificultavam a expansão de todos). Esse evento, que teve como uma de suas principais metas a redução dos subsídios agrícolas e contemplou a realização de oito reuniões, teve início em 1986 e terminou em 1994, resultando na criação da Organização Mundial do Comércio – OMC, uma entidade com o status compatível ao do FMI, sob a chancela da Organização das Nações Unidas – ONU, que substituiu o Gatt. A OMC começou a funcionar e as discussões passaram, então, a dar‑se entre blocos comerciais. Com a informatização e sua explosão nos anos 1990, o nível de produção mostrou um desenvolvimento acentuado (leia‑se tecnologia aplicada e avançada). Da mesma maneira, a mão de obra empregada, que antes servia ao setor secundário, também serve agora ao terciário, momento esse em que se faz notável intensa migração. Almeida, Silva e Angelo (2013) caracterizam os setores dessa forma: • Setor primário: oscilante, dependente do tempo (natureza), pois contempla a matéria‑prima em seu estado bruto; é relacionado a extrativismo, agricultura, mineração, pecuária, caça, pesca etc. – aqui, produzir e exportar não implica necessariamente em grandes lucros. • Setor secundário: o da industrialização, responsável pela produção; aqui, a matéria‑prima sai de seu estado bruto para transformar‑se em alimentos industrializados, roupas, calçados, máquinas, produtos eletrônicos, automóveis, casas etc.; nesse ponto, agrega‑se o valor estimado da produção ao lucro de repasse de mercadorias – os grandes países, munidos de alta tecnologia e grau de desenvolvimento elevado, concentram grande parte de sua economia nesse setor. • Setor terciário: nele, situam‑se as prestações de serviços a terceiros, como comércio, educação, saúde, informática, transportes, alimentação, turismo, serviços bancários, administrativos, telecomunicação, economia informal etc.; a partir da globalização, esse foi o setor que mais se 23 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL desenvolveu, uma vez que os serviços estão intimamente ligados ao desenvolvimento do século XX, empregando a maior parte da mão de obra especializada – é o setor mais preocupado com capacitação e qualificação, de modo que grande parte do setor secundário estende suas atividades para a prestação de serviços. O setor terciário deixou claro o quão importante e essencial tornou‑se a mão de obra qualificada na época em que o trabalhador deixou de ser apenas uma mola na engrenagem, passando a exercer trabalhos criativos, ajustando‑se aos novos tempos. O grande desafio agora é capacitar, levar conhecimento tecnológico para as empresas e reduzir o número de excluídos, que ainda é muito grande. O alcance da globalização é muito extenso, abrangendo do mais simples brinquedo a mais avançada tecnologia. O comércio mundializado nada mais é que a troca de produtos para suprir mercados. Portanto, essa troca de produtos, em escala global, faz as economias ficarem cada vez mais interdependentes, transformando espaços produtivos e a própria sociedade. Almeida, Silva e Angelo (2013) afirmam que, nesse tipo de comércio, devemos considerar os diversos tipos de transferência de produtos: • interna (comércio local), à volta do fornecedor (comércio regional); • no território onde o produto é produzido (comércio nacional); e • também a importação e a exportação (comércio internacional). O valor do produto praticado no mercado agrega as várias etapas pelas quais ele passa, desde a industrialização até o consumo final; nesse intervalo, incluem‑se o distribuidor, as grandes lojas (atacadistas) e o pequeno comerciante, o qual recebe o produto com o preço já praticamente pré‑determinado para ser repassado ao mercado final, que é o consumidor. Segundo a OMC, as maiores potências são responsáveis por 60% das trocas mundiais (União Europeia, Estados Unidos e Japão). Somadas aos países de alta renda, sua predominância no mercado mundial sobe para 77%. A União Europeia é responsável, também, por 40% das exportações do mundo. Dadas a importância e a dimensão de suas economias, o Japão, os Estados Unidos e a União Europeia mantêm relações comerciais com o mundo eentre si. Assim, a Europa tem dirigido suas atenções para a África, ao passo que o Oriente Médio tem procurado a atenção do comércio asiático – em especial, do Japão – e ainda firmado alguns acordos com o Mercosul. Os Estados Unidos voltaram‑se para o continente americano, mas não pretendem abandonar seu comércio regional na Europa. O Japão, com estreitos laços na Ásia e no Pacífico, faz parte da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), a qual congrega os tigres asiáticos (Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul) e até mesmo os EUA. 24 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I Já a China é considerada um caso à parte: sua surpreendente economia, que teve um crescimento do PIB superior a 10% por vários anos seguidos, fez dela o país com o maior crescimento econômico no mundo. 2.4 Acordos de cooperação econômica A cooperação econômica, que se pode dar desde um acordo entre duas ou mais nações para a redução de barreiras comerciais até a integração econômica completa entre duas ou mais economias nacionais, vem acontecendo desde o término da Segunda Guerra Mundial e tem provocado crescente interesse junto a diversas nações graças aos êxitos obtidos pela União Europeia. Quadro 2 – Principais acordos de cooperação Gatt • Estabelecido em 1947, reunindo 148 nações. • Iniciativa global e multilateral, com o objetivo de promover o comércio entre seus membros, combater práticas protecionistas e regular, provisoriamente, as relações comerciais internacionais por meio de políticas aduaneiras, normas e concessões tarifárias. • Êxitos: — Conseguiu para os países integrantes maior liberdade para comercializar seus produtos; — Mediou 300 disputas comerciais durantes seus primeiros 50 anos de existência, apesar de não ter o poder de fazer seus membros cumprirem leis e a parte derrotada ter o direito de ignorar a decisão da entidade. — Deu origem à OMC. OMC • Fundada em 1995, com sede em Genebra, Suíça, reunindo 76 países. • Trata‑se de um fórum para negociações sobre comércio com o objetivo de promover discussões e alcançar soluções para problemas comerciais. • Lida com as regras do comércio entre as nações em âmbito global. As políticas econômicas e as legislações dos países promovem uma aproximação (aliança), a partir da qual pode surgir um bloco econômico, proporcionando crescimento entre seus componentes. Trata‑se do processo de integração econômica (SCHWEIG; EVANGELISTA; NIQUE, 2009), que pode ser classificado em: • Zonas de preferência: países próximos estabelecem acordos com o objetivo de promover o comércio entre si, por meio de concessões tarifárias ou não tarifárias para algumas categorias de produtos. • Área de livre comércio: como estágio mais avançado disso, os países estabelecem acordos implicando eliminação de barreiras alfandegárias entre si para algumas categorias de produtos, mas mantendo suas próprias políticas comerciais em relação ao resto do mundo – o Nafta exemplifica esse modelo. • União aduaneira: a integração econômica avança mais um estágio, pois, a partir de uma área de livre comércio, adotam‑se uma Tarifa Externa Comum (barreiras alfandegárias idênticas entre si) e uma política comercial única em relação a produtos originários de países externos – dela, o Mercosul é um exemplo. 25 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL • Mercado comum: a partir de uma União Aduaneira, os Estados participantes estabelecem a livre circulação de pessoas, bens, mercadorias, serviços, capitais e fatores produtivos. • União econômica: a partir do mercado comum, os estados participantes adotam a mesma política econômica e substituem suas moedas por outra única – a União Europeia alcançou, atualmente, esse estágio de integração. • Integração econômica total: avançando da União Econômica, os Estados participantes adotam a mesma legislação e são administrados por autoridades supranacionais – eis o objetivo, em longo prazo, da União Europeia. 2.5 Razões para a integração – marketing global Segundo Keegan e Green (2006), o intenso crescimento da economia mundial, nas últimas décadas, é resultado da interação dinâmica de forças propulsoras e restritivas, e as mudanças no ambiente empresarial resultaram em novas formas de negociar. Acompanhe, no quadro a seguir, as forças propulsoras e restritivas listadas pelos autores. Quadro 3 – Forças propulsoras e restritivas Forças Propulsoras Acordos econômicos regionais Aceleraram a integração global. Necessidades de desejos dos mercados Identificação de pontos comuns à natureza humana usados para criar oportunidades que pudessem atender a mercados globais. Tecnologia Aproximação de mercados graças à tecnologia da informação, que favoreceu a comercialização de produtos padronizados. Melhorias de comunicação e transporte Colaboraram para o encurtamento das distâncias físicas para pessoas e produtos, favorecendo a distribuição de produtos e o turismo. Custos de desenvolvimento de produtos A possibilidade de atendimento a vários mercados resulta em atendimento de demandas maiores, o que viabiliza investimento para o desenvolvimento de novos produtos. Qualidade Maiores demandas diluem mais os investimentos em desenvolvimento de produtos, findando em margens maiores que podem ser dedicadas à melhoria de sua qualidade. Tendências econômicas mundiais O crescimento econômico gera mais oportunidades de investimentos, reduz a resistência da entrada de empresas estrangeiras, porque faculta maior desenvolvimento e crescimento, fomentando desregulamentações e privatizações que criam outras novas oportunidades de negócio. Alavacagem Empresas globais têm a capacidade de desenvolver alavancagens, como: transferência de experiência, economias de escala, utilização de recursos e desenvolvimento de estratégias globais. Forças Restritivas Miopia administrativa e cultura organizacional Insistência em replicar práticas de sucesso no país de origem, desconsiderando características dos mercados locais, falta de integração dos escalões superiores com as subsidiárias e outros fatores que impedem melhoria de conhecimento dos mercados locais e absorção de experiência. Controles nacionais Na tentativa de proteger seus mercados, os países impõem ações que restringem as operações internacionais das empresas, como controle de acesso a incentivos, imposição de barreiras tarifárias etc. 26 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I 2.6 Blocos econômicos Além das iniciativas multilaterais do Gatt e da OMC, países de várias regiões do mundo uniram‑se para estabelecer acordos de cooperação econômica na forma de blocos: Acordo de Livre Comércio da América do Norte – Nafta Bloco econômico formado pelos Estados Unidos, Canadá e México. Entre seus objetivos, estão: • garantir aos países participantes uma situação de livre‑comércio, derrubando as barreiras alfandegárias, facilitando o comércio de mercadorias entre os países‑membros; • reduzir os custos comerciais entre os países‑membros; • ajustar a economia desses países, para ganhar competitividade no cenário de globalização econômica; • aumentar as exportações de mercadorias e serviços entre os países‑membros; • população total dos países do bloco: 444 milhões de habitantes (2014). Mercado Comum Centro-Americano – MCCA Bloco econômico composto por cinco países da América Central: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Entre seus objetivos, estão: • criar e implementar estratégias que visem à integração econômica entre os paísesdo bloco; • aumentar o comércio entre os países‑membros; • criar acordos comerciais entre o MCCA e outros países ou blocos econômicos; • integração monetária. População total dos países do bloco: 38 milhões de habitantes (2013). Comunidade Andina (antigo Pacto Andino) Bloco econômico composto por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Entre seus objetivos, estão: • integração comercial, econômica e política entre os países componentes; • facilitar o processo de integração regional visando à formação de um mercado comum latino‑americano; 27 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL • promover o desenvolvimento equilibrado e harmonioso dos países‑membros, por meio da integração e da cooperação econômica e social; • reduzir as diferenças de desenvolvimento entre os países integrantes; • melhorar a posição dos países do bloco no contexto econômico global. População total dos países do bloco: 120 milhões de habitantes (2014). Nafta MCCA CEI SADC Comunidade Andina União Européia Mercosul Figura 3 –Blocos Econômicos segundo o IBGE (2011) Mercado Comum do Sul – Mercosul Projeto de integração em fase de União Aduaneira, composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, e Venezuela, abrange dimensões econômicas, políticas e sociais. Entre seus objetivos, estão: • constituir um mercado comum. • livre circulação de bens, serviços e fatores de produção entre os países do bloco; • estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial conjunta em relação a terceiros; • coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os países do bloco; • compromisso em harmonizar a legislação nas áreas pertinentes, a fim de fortalecer o processo de integração. População total dos países do bloco: 280 milhões de habitantes (2014). 28 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I Comunidade do Caribe – Caricom Bloco de cooperação econômica e política, formado por Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago. Seus objetivos são: • promover o livre comércio, o fluxo livre do trabalho e do capital; e • coordenar a agricultura, a indústria e política externa entre os membros. População total dos países do bloco: 14,6 milhões de habitantes (2014). Associação das Nações do Sudeste Asiático – Asean Bloco econômico de livre‑comércio composto por Brunei Darussalam, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã. Seus principais objetivos são: • acelerar o crescimento econômico, o progresso social e o desenvolvimento cultural na região; e • promover a paz e a estabilidade, por meio do respeito e da justiça entre os países integrantes. População total dos países do bloco: 626 mil habitantes (2013). Myanmar Thailand Cambodia Singapore Singapore Philippines Vietnam Brunei Darussalam Indonesia Laos Figura 4 – Países participantes do Asean União Europeia – EU Bloco econômico, político e social na fase de união econômica. Os países integrantes são Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Romênia e Suécia. Seus objetivos principais são: 29 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL • reduzir as barreiras comerciais entre as nações membro; • livre trânsito de pessoas e produtos dentro da união e sujeitos a tarifas uniformes; • união econômica e monetária, com uma moeda comum – o euro; • padronização dos produtos e normatizações. População total dos países do bloco: 502 milhões de habitantes (2014). Observação A Europa ainda é constituída de nações individuais com diferenças de língua, religião, costumes, sistemas jurídicos etc. Seus cidadãos costumeiramente ostentam profundo orgulho da sua identidade nacional. Conselho de Cooperação Regional dos Países do Golfo – GCC Organização de integração econômica em fase de União Aduaneira que reúne seis estados do Golfo Pérsico: Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait. Seu objetivo principal é coordenar a integração entre os Estados membros quanto a economia, comércio, turismo, legislação e pesquisa científica. Resumo Nesta unidade, vimos que o crescimento econômico tem conduzido as empresas ao mercado global e, apesar de o comércio entre países ser realizado há muito tempo, hoje, o impacto da globalização nas organizações, bem como na vida das pessoas, é tanto mais amplo quanto simultâneo. A globalização é um fenômeno de ordem social e escala global, possuindo caráter econômico, social, cultural e político, tendo sido impulsionada pelo encurtamento de distâncias decorrente dos avanços tecnológicos, principalmente nos transportes e nas telecomunicações. O resultado foi a aproximação das nações, a consolidação do capitalismo, a expansão dos negócios dos países desenvolvidos para o exterior de forma a contornar a saturação dos mercados internos, o estreitamento das relações comerciais entre os países e empresas, além da criação de blocos econômicos. 30 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I Nesse cenário, as empresas desenvolvem seu marketing internacional, que é o processo de planejar e conduzir transações entre os países para trocas que atendam aos objetivos dos indivíduos e organizações. O sistema capitalista começou a consolidar‑se a partir do século XVIII na Inglaterra, com a Revolução Industrial, alavancando o volume de mercadorias produzidas, o que redundou em queda dos preços e incentivo do consumo. O crack (quebra) da bolsa de valores de Nova Iorque de 1929 foi ocasionado pelo excedente de produtos, fazendo decair vertiginosa o valor das ações dos grandes investidores. Os efeitos foram sentidos no mundo inteiro. Para contornar a Grande Depressão da década de 1930, os países passaram a injetar recursos por meio de grandes obras públicas, controlar as finanças e os preços. No fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido ideologicamente entre socialismo (liderado pela União Soviética) e capitalismo (pelos EUA). Esse mundo bipolar foi chamado de Velha Ordem Mundial, e um de seus principais acontecimentos foi a Guerra Fria. Já na década de 1980, Mikhail Gorbachev, líder da União Soviética, instaurou a Perestroika (reestruturação político‑econômica) e a Glasnost (transparência), retirando todo o suporte aos países parceiros socialistas, os quais tiveram seu desenvolvimento econômico estagnado. Em 1991, ocorre a fragmentação da União Soviética. Surge, assim, a Nova Ordem Mundial, quando cai a bipolaridade União Soviética versus Estados Unidos, cedendo cenário à multipolaridade, com a liderança de três grandes blocos: União Europeia, Estados Unidos da América e Japão/Apec. O Produto Interno Bruto – PIB – per capita mede o estágio em que estão os mercados globais, tornando‑se, desse modo, um dos parâmetros possíveis de análise do potencial do mercado, dentre outros. Seu cálculo é baseado na renda média da população e, com base nesse índice, o Banco Mundial categoriza os países. O comércio globalizado implicou uma nova maneira de comercializar, propiciando, assim, acordos multilaterais, desde a criaçãodo Acordo Geral de Tarifas e Comércio – Gatt, em 1947. Ele foi substituído pela Organização Mundial do Comércio – OMC, uma entidade com o status compatível ao do FMI, sob a chancela da Organização das Nações Unidas – ONU. 31 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL A cooperação econômica, acordo entre duas ou mais nações para a redução de barreiras comerciais até a integração econômica completa, vem acontecendo desde o término da Segunda Guerra Mundial e promove aproximações que podem resultar em blocos econômicos, como União Europeia, Nafta, Apec e Mercosul, entre outros. As economias dos países são intrinsecamente ligadas, porém os mercados devem ser considerados individualmente, devido ao poder de compra da população e a força da moeda local. O poder de compra dos países desenvolvidos é obviamente superior ao dos países em desenvolvimento, mas nem por isso estes deixam de ser atraentes, principalmente em função de produtos que já atingiram estágios de maturidade nos países mais desenvolvidos. Ao se analisar a renda de um país, a atenção deve estar voltada para a estrutura de sua economia. Uma renda relativamente alta não implica necessariamente poder de compra alto. Na China, por exemplo, a renda é baixa, mas o custo de vida também o é, de modo que as pessoas dispõem do suficiente para o consumo. Já os diversos mercados mundiais podem situar‑se em diferentes estágios do processo de internacionalização: estágio 1: marketing doméstico; 2: marketing de exportação; 3: marketing internacional; 4: marketing multinacional; e 5: marketing global. Conhecer a renda individual é importante quando a empresa deseja expandir seus mercados, pois ela fundamenta a decisão de participar ou não do mercado, bem como, em caso afirmativo, a elaboração das estratégias específicas. Para produtos de preço mais baixo, a população é um indicador de potencial do mercado, porém, para os produtos de valor mais alto, a renda é o indicador de potencial mais importante. O comércio também passa por estágios, assim como os produtos, resultando em ciclos, que são analisados com base em como os países reagem em relação ao lançamento e à adoção de produtos. A opção por participar de negócios em âmbito global exige que as empresas desenvolvam alto nível de liderança em seus mercados. O que diferencia uma empresa global de outras é sua capacidade de formulação e implementação de estratégias globais que tragam como resultado alto grau de aprendizado, alta capacidade de responder demandas e forte empenho de seus colaboradores. 32 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade I Dependendo dos níveis de crescimento alcançados, as atividades de coordenação e de direção das empresas internacionais atingem maior ou menor complexidade. As funções de direção podem ficar nas mãos de diversas pessoas que, por sua vez, podem estar alocadas em departamentos e divisões diversas, estruturadas conforme a operação deve acontecer. Exercícios Questão 1. A Nova Ordem que se estabeleceu com o fim da Guerra Fria e com a dissolução do socialismo real, inicialmente no Leste Europeu com a desintegração da URSS, e depois no restante do mundo, colocou em xeque a Velha Ordem vigente a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Leia as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. I – Uma das causas da desintegração da URSS foi a “obsolescência industrial”. II – A Perestroika (reestruturação político‑econômica) e a Glasnost (transparência) eram programas de ajuda financeira da URSS aos países parceiros socialistas. III – Coreia do Sul é um dos países que permanecem socialistas até hoje. É correto apenas o que se destaca na afirmativa: A) Todas as afirmativas estão corretas. B) III. C) II. D) I. E) Nenhuma das alternativas anteriores estão corretas. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I) Afirmativa correta. Justificativa: obsolescência industrial é a falta de modernização tecnológica por ausência de investimentos e que, junto com o excessivo privilégio dos burocratas e as dificuldades de abastecimento de produtos básicos, ajudou a afundar o sistema socialista instalado pela União Soviética. 33 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL II) Afirmativa incorreta. Justificativa: a Perestroika (reestruturação político‑econômica) e a Glasnost (transparência) tiraram todo o suporte aos países parceiros socialistas, incluindo a ajuda financeira. Tais países passaram, então, a enfrentar estagnação do desenvolvimento econômico, uma vez que os repasses financeiros da “mãe Rússia” diminuíram até o desaparecimento. III) Afirmativa incorreta. Justificativa: com o fim da luta capitalismo versus socialismo, o capitalismo estendeu seu reinado quase absoluto pelo mundo, com as exceções apenas de China, Cuba e Coreia do Norte (muito embora a China atualmente promova ambos os sistemas em seu território). Questão 2. A União Europeia tem enorme relevância no comércio mundial. Tendo aproximadamente 500 milhões de pessoas (consideradas um mercado único e de alta qualificação), a UE tornou‑se a maior região econômica da Terra, a maior exportadora de bens e serviços e o mais importante destino comercial de quase uma centena de países, inclusive o Brasil. A existência da União Europeia é fruto do cenário pós‑Segunda Guerra. Ao longo dos séculos, a Europa teve estados ora se aliando, ora se destruindo em guerras religiosas e territoriais e, ao fim da Segunda Guerra, percebeu que estava não só arrasada, mas localizada no meio do caminho entre EUA e URSS: a UE floresceu em meio à Guerra Fria. Leia as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. I – A Guerra Fria foi o antagonismo entre a Europa e a União Soviética. II – Na Guerra Fria, a União Soviética transformava áreas do leste em governos pró‑soviéticos controlados com autoritarismo. III – O equilíbrio entre os lados opostos da Guerra Fria provocou uma corrida armamentista. É correto apenas o que se destaca na(s) afirmativa(s): A) Todas as afirmativas estão corretas. B) I e II. C) I e III. D) II e III. E) II. Resposta desta questão na plataforma.
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