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1 ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS Visita Técnica a Praias Reflexivas e Dissipativas ITAJAÍ / MAIO 2019 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 4 4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 4 5. DESCRIÇÃO DOS PONTOS ................................................................................ 6 5.1 PRAIA DE CABEÇUDAS ........................................................................................ 7 5.2 PRAIA DA ATALAIA .............................................................................................. 9 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 11 6.1 PRAIA DE CABEÇUDAS ...................................................................................... 11 6.2 PRAIA DA ATALAIA ............................................................................................ 13 7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 15 3 1. INTRODUÇÃO De acordo com a definição de Muehe (1994, p.291), as praias são depósitos de sedimentos, mais comumente arenosos, acumulados por ação de ondas que, por apresentar alta mobilidade, se ajustam às condições de ondas e maré atuando como um importante elemento de proteção do litoral. Sendo assim, são ambientes compostos basicamente de água e areia onde a dinâmica de ondas e marés determinará sua estrutura e classificação. A praia é um dos ecossistemas mais frágeis do planeta e resulta da interação entre fatores oceanográficos, hidrológicos, climáticos, geológicos e antrópicos (Borzone & Souza, 1997, p.197- 212). Conforme o grau de intensidade dos fatores físicos, as praias podem ser classificadas quanto à morfodinâmica em dois estados extremos, dissipativos e reflexivos. O estado dissipativo caracteriza-se por baixa declividade, perfil suave, extensa zona de surfe com ondas quebrando longe da faixa entre marés e se dissipando por toda essa área. O estado reflexivo caracteriza-se por acentuada declividade e forte exposição ao hidrodinamismo, com ondas quebrando diretamente na faixa entre marés (Short & Whight, 1983, p.133-144). Dessa forma, as praias podem ser classificadas como dissipativa ou reflexiva, no qual, ambos possuem diferenças no declive, granulometria, oxigênio, entre outros aspectos. O relatório consiste na análise de características importantes na classificação de praias, as quais pode ser dissipativa ou reflexiva. As praias classificadas como dissipativas tem pouca declividade, são mais expostas apresentando uma extensa região de quebramento de ondas a qual é de baixa energia, e a menor granulometria (areia fina). Já as praias que são classificadas como reflexiva possui grande declividade, podendo ser instáveis, ocorre a quebra das ondas sobre a face da praia, e sua granulometria é maior. 4 2. OBJETIVOS Analisar a estrutura dos ambientes marinhos, dando ênfase em praias, com o propósito de distinguir e descrever praias reflexivas e praias dissipativas, evidenciando suas principais diferenças. 3. ÁREA DE ESTUDO No dia 18 de junho de 2019, foi realizada uma saída à campo pelos acadêmicos da disciplina de Ecossistemas Aquáticos, ministrada pelo professor Dr. Paulo R. Schwingel. A visita ocorreu no município de Itajaí - SC, onde foram feitas análises em 2 praias, conforme demarcado na figura 1, sendo estas com diferentes características, uma delas com aspectos de praias reflexivas e a outra com aspectos de praias dissipativas. Tendo como intuito definir as características que as tornem reflexivas ou dissipativas. 4. MATERIAIS E MÉTODOS Nesses dois ambientes foram analisados fatores para serem comparados ao final da análise, como: 1) Presença de organismos vivos na areia; Figura 1. Localização das praias de Cabeçudas e da Atalaia no município de Itajaí (SC). Fonte: Google Earth,2019. 5 2) Presença de H2O na areia; 3) Vegetação; 4) Formações das ondas; 5) Declive. Para os estudos desses parâmetros foram utilizados os seguintes materiais: 1) Pá; 2) Régua; 3) Cano de PVC (200mm); 4) Redes (4mm); 5) GPS. A pá foi utilizada para auxiliar o processo de escavação em ambas as praias (figura 2), com o objetivo de definir em que profundidade há água, essa técnica foi realizada a 3 metros de distância do mar, sendo que a presença de água é de grande importância na oxigenação do ambiente. A profundidade de cada escavação foi medida sendo diferente em cada local. Figura 2. Processo de escavação. Fonte: Os autores 6 O cano de PVC serviu para assessorar na retirada da areia (figura 3), também a uma distância de 3 metros do mar, a uma profundidade de 20 cm da superfície coletando-se um volume de aproximadamente 6.283 cm³, foi utilizada a rede para o deposito da areia retirada com o cano. Essa areia foi então lavada no mar, sendo assim, a rede funcionava como uma peneira. Esse processo tem a finalidade de encontrar organismos presentes na areia assim como analisar a granulometria. Figura 3. Retirada da amostra de areia. Fonte: Os autores. 5. DESCRIÇÃO DOS PONTOS A primeira praia visitada é chamada de praia de Cabeçudas, situada no município de Itajaí, Santa Catarina, com a latitude de 26º 55”571’ e longitude de 48º 37” 813’. A praia de Cabeçudas não possui declive totalmente acentuado, porém, por motivos de deslocamento, optou-se por estudar a praia de Cabeçudas. E pode ser considera uma praia reflexiva. A segunda praia visitada é chamada de praia do Atalaia, também situada no município de Itajaí, Santa Catarina, com latitude 26º 54” 858’ e longitude de 48º 32” 272’. Caracteriza-se por possuir pequeno declive, tornando-se uma praia dissipativa. 7 5.1 PRAIA DE CABEÇUDAS Situada no município de Itajaí - SC, esta praia não possui declive totalmente acentuado como as praias de Taquaras e Barra Velha, porém, por motivos de deslocamento, optou-se por estudar a praia de Cabeçudas. Dessa forma devido ao fato de que a energia da onda atinge a areia próxima a praia, esta situação faz com que ela remobilize os grãos que possuem um diâmetro menor, tornando-se assim, um ambiente instável, que tem o seu perfil alterado em poucos instantes, desta forma, a granulometria encontrada no local, possui uma espessura maior como pode se observar na figura que há rocha e a areia não é totalmente compactada. Figura 4. Praia de Cabeçudas, Itajaí-SC, onde se observa as ondas quebrarem mais próximas da praia (18/06/2019). Fonte: Os autores. Ter declive mais acentuado significa que o mar possui poucas ondulações. As ondulações encontram o banco de areia e quebram na praia, pois as ondas são formadas pelas forças do vento contra a água que fica no fundo, formando assim, um giro, à medida que aumenta a intensidade dos ventos, aumenta o distúrbio causado na superfície das águas, formando-se então as ondas ascendentes. Na praia de Cabeçudas os costões rochosos, onde facilmente observam-se alguns organismos que habitam nas condições oferecidas pelo mesmo. Ao depender das propriedades locais onde o costão está situado, a distribuição dos organismos é diferente, nesse tipo de local os organismos 8 distribuem-se em faixas horizontais, cada um de acordo com suas adaptações. Denomina-se zonação, o nome dado a tal distribuição dos organismos, as faixas mostram claramente a dominância de determinada espécie em sua área de fixação, como é possível observarnas figuras, em zonas altas para médias é possível encontrar organismos bivalves e crustáceos (figura 4), e em zonas médias e baixas estão distribuídos crustáceos e algas (figura 5). Figura 5. Distribuição de organismo em zonas mais altas para médias do costão rochoso na praia de Cabeçudas, Itajaí-SC (18/06/2019).. Fonte: Os autores. 9 Figura 6. Distribuição de organismo em zonas médias e baixas do costão rochoso na praia de Cabeçudas, Itajaí-SC (18/06/2019). Fonte: Os autores. A ocupação da rocha ocorre pela fixação das algas verdes, que oferecem abrigo e alimento às larvas de cracas e mexilhões. Há intensa competição de espaço por essas duas espécies. Diferentes organismos fixam-se nas rochas, de acordo com seus padrões de zonação, que dependem do nível das marés, da luminosidade, da transparência da água e da profundidade em que a luz penetra. 5.2 PRAIA DA ATALAIA A praia da Atalaia situada no município de Itajaí, SC, esta é caracterizada por possuir pequeno declive, areia mais úmida e escura que é explicada pela matéria orgânica que está em decomposição, é considerada uma praia estável e de baixa energia. As ondas dessa praia quebram afastadas da face praia, assim as mesmas não possuem mais energia para chegar até áreas mais distantes conforme é possível observar na figura 6. 10 Figura 7. Dinâmica da praia da Atalaia, Itajaí-SC, onde se observa as ondas quebrarem mais afastadas da praia (18/06/2019). Fonte: Os autores. Vale destacar ainda, que como este tipo de praia também não tem energia suficiente para remover os grãos mais finos, torna-se esta, ideal para a prática de esportes como se observa na imagem 7, pela baixa dinâmica e compactação dos sedimentos, devido à baixa evaporação que há pelos interstícios dos grãos que a torna mais úmida. Esse tipo de praia possui grande quantidade de água no substrato com profundidades muito pequenas, podendo então ser facilmente encontrada, isso significa que a taxa de oxigênio no substrato é muito alta, consequentemente havendo organismos vivos. Figura 8. A praia da Atalaia, Itajaí-SC, é ideal para a prática de esportes (18/06/2019). Fonte: Os autores. 11 Quando retirada amostras de areia do local, observam-se inúmeros tubos de poliquetas, vermes aquáticos que vivem na areia, e percebe-se que esses organismos vivem a aproximadamente 5 cm de profundidade, um forte indício da alta concentração de água e oxigênio na areia. É possível encontrar outras espécies de organismos vivos na areia como é o caso do marisco, apesar de na época em que foi realizado a visita, ser uma época em que há menor distribuição de organismos na praia. 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES Através dos conteúdos estudados em aula e a visita técnica, pode-se descrever e especificar diversos parâmetros e atributos das duas praias em questão. E por meio destes obter parâmetros resultados e discussões. Apesar dos dois ambientes se localizarem na mesma enseada, ambos possuem características distintas, conforme descritas a seguir. 6.1 PRAIA DE CABEÇUDAS Praias reflexivas são caracterizadas por se estabelecerem em regiões protegidas, com declive acentuado, incidência de ondas sobre a face da praia, baixa biomassa, nível da água no substrato muito baixo devido ao espaço entre os grãos ser maior, como é o caso da primeira praia estudada, praia de Cabeçudas. Neste tipo de praia, a biomassa é praticamente nula, pois apresenta pouca concentração de oxigênio no sedimento, consequência de uma alta energia de ondas e um perfil instável. Por meio escavação realizada, foi permitido identificar que a água é de difícil acesso, em relação a uma praia dissipativa. Tendo em vista que foi cavado 35 cm de areia para encontrar água. Concluindo assim que este fator se deu devido ao declive acentuado da praia, comprovando assim a baixa concentração de água no substrato, por esta possuir uma maior granulometria o que propicia a evaporação da água. Em seguida foi realizado uma análise para constatar se há presença de organismos vivos na areia, assim como a granulometria. Análise esta que comprovou a baixa existência dos mesmos, pois tal praia não possui características adequadas para a sobrevivência de organismos, além de ter bastante dinâmica pela sua granulometria o que impede os organismos de se manterem no local. Observa- 12 se na figura 9 que permaneceu sedimentos com tamanhos significativos, além de restos de organismos. Figura 9. Análise da presença de organismo e da granulometria na praia de Cabeçudas, Itajaí- SC (18/06/2019). Fonte: Os autores. O declive acentuado desta praia é o principal influente da baixa presença de organismos, pois como a concentração de água é menor no substrato, diminuindo a presença de oxigênio, fatores estes que são determinantes para crescimento e sobrevivência dos mesmos, o que torna a areia mais clara devida a baixa concentração de matéria orgânica. Em relação à biomassa, foi constatado que não apresenta baixa presença desta na Praia de Cabeçudas, além de uma concentração de oxigênio muito pequena no seu sedimento, em relação a outra área de estudo, tendo como consequência uma chance mínima de sobrevivência de organismos no local. 13 6.2 PRAIA DA ATALAIA Já as praias dissipativas são mais expostas, apresentam uma extensa região de quebramento de ondas, onde a energia vai se dissipando, com isso na face da praia a energia de ondas é baixa com granulometria mais fina e pouca declividade. Esse tipo de praia apresenta uma diversidade maior por apresentarem uma produtividade primária alta, pode-se constatar isso pelo fato da areia ser mais escura, indicando uma produtividade alta, pela presença de matéria orgânica. Ao ser realizada a mesma análise, porém na praia de Atalaia, certificou-se que a presença de água na areia é mais abundante comparada com a praia de Cabeçudas, pois com apenas 10 cm de profundidade em relação a superfície, foi possível encontrar água. Já que esta praia possui um suave declive e uma granulometria fina, sendo assim, a água fica retida mais próxima à superfície. No processo de escavação se notou são formados blocos, onde foi possível se verificar os tubos de poliquetas, que são organismos presentes neste tipo de praia (figura 10). O fato de a água estar mais próxima da superfície, favorece a disseminação de organismos vivos na areia, podendo então serem facilmente encontrados. Figura 10. Tubos de poliqueta observados nos blocos de areia, na praia da praia da Atalaia, Itajaí- SC (18/06/2019). Fonte: Os autores 14 A etapa da realização da análise para constatar se há presença de organismos vivos na areia, e da granulometria. Foi verificada a presença de organismos na areia, pois esta praia possui características adequadas para a sobrevivência de organismos, além de ter um sedimento mais compactado e fino com pouca mobilização, sendo que na peneiração só restaram restos de organismos e organismo vivos e pouquíssimo sedimentos como se observa na figura 11. Figura 11. Análise da presença de organismo e da granulometria na praia da Atalaia, Itajaí- SC (18/06/2019). Fonte: Os autores. Outra forte característica de praias dissipativas é a presença de grandes bancos de organismos bivalves, que são dificilmente de encontrados nas praias reflexivas. Nestas, são mais comuns a presença de espécies de crustáceos, os quais possuem eficientes mecanismos de escavação, favorecendo a escavação nestas praias de sedimentos grosseiros. 15 7. CONCLUSÃO No decorrer de todo o estudo adquirido em sala de aula, foi possível complementar com a visita técnica relatada anteriormente, podendo assim, compreender e conhecer de uma forma mais técnica as praias reflexivas e dissipativas e observarque ambas as praias se comportam de maneira diferente, dependendo inteiramente de seu declive. Assim a praia do Atalaia foi classificada como dissipativa, por conter pouca energia, baixo declive, uma alta biomassa e uma grande decomposição de matéria orgânica assim deixando sua areia mais escura. Desta forma, é possível concluir que as praias dissipativas, como por exemplo a praia do Atalaia, possuem condições favoráveis a sobrevivência de organismos, comparadas as praias reflexivas. As praias dissipativas apresentam areia fina que retêm mais água em seus poros depois que a maré recua, por outro lado, praias com granulometria maior (praias reflexivas) permitem o escoamento da água mais rápido, no entanto, o tamanho do grão da areia é um fator fundamental para a existência de organismos. Já a praia de Cabeçudas pode ser classificada como reflexiva, por conter alta energia, maior declividade e por não encontrarmos a presença de organismos, verificamos também que areia é bem mais clara que a anterior, por não obter decomposição de matéria orgânica. Portanto, em relação às suas características, a praia da Atalaia que foi o primeiro ponto é classificada como praia dissipativa e o segundo ponto que foi em Cabeçudas, é classificado como uma praia reflexiva. 16 8. REFERÊNCIAS BORZONE, C. A. & SOUZA, J. R. B. Estrutura da macrofauna bêntonica no supra, meso e infralitoral de uma praia arenosa do sul do Brasil. Oecologia Brasiliensis. Rio de Janeiro, p. 197-212, 1997. MUEHE. Geomorfologia. 1994; 2ed, cap. 6, pp. 291. SHORT A.D.; WRIGHT, L.D. Physical variability of sandy beaches. In: McLachlan A & Th Erasmus (eds) Sandy beaches as ecosystems. 1983, p.133-144.
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