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LEUCEMIA MIEOLOIDE AGUDA DEFINIÇÃO → A leucemia mieloide aguda (LLA) é uma neoplasia maligna (câncer), resultante da proliferação clonal de células progenitoras mieloides. → A etiologia dessa proliferação é causada pela alteração da célula-tronco, que provoca proliferação anormal de células progenitoras, associada à perda da capacidade de diferenciação dessas; → Com isso, ocasionando produção insuficiente de células sanguíneas maduras e normais, levando a um predomínio de células imaturas na medula óssea (mieloblastos). → A LMA apresenta oito subtipos distintos morfologicamente nominados de M0 a M7. EPIDEMIOLOGIA → Brasil tem 1,1 casos de LMA por 100 mil habitantes; → 90% das Leucemias são nos adultos (>60 anos); → 10% correspondem a crianças, sendo 15% desses, em crianças < 10 anos; → Mais comum no sexo masculino do que no feminino. ETIOLOGIA / FATORES DE RISCO → A causa da LMA, ainda é desconhecida. → Entretanto podemos associar com alguns fatores: o Radiação ionizante; o Quimioterapia prévia; Exposição ao benzeno; o Vírus oncogênicos (human T-lymphotropic virus type I [HTLV-I]; o Doenças genéticas: ▪ Síndrome de Down ▪ Anemia de Fanconi; ▪ Síndrome de Bloom. FISIOPATOLOGIA → A causa da leucemia mieloide aguda decorre de uma série de aberrações genéticas adquiridas na célula maligna, o mieloblasto. → Na hematopoiese normal, o mieloblasto é um precursor dos glóbulos brancos imaturos, que irá gradualmente induzir a maturação desses glóbulos brancos. → No entanto, na LMA, um único mieloblasto acumula modificações genéticas que "congelam" as células em seu estado imaturo, impedindo assim a diferenciação celular. → Essa mutação isoladamente não causa a leucemia; no entanto, quando está associada a outras mutações que perturbem o controle de proliferação celular, o resultado é o crescimento descontrolado de células imaturas, resultando então na leucemia mieloide aguda. → Os sintomas e sinais clínicos da LMA resultam do fato de que ocorre a duplicação dos mieloblastos, interferindo no desenvolvimento normal de células sanguíneas na medula óssea. Com isso, ocorre a dificuldade na produção das outras linhagens sanguíneas na medula óssea, levando a anemia e trombocitopenia. → Em casos raros, os doentes podem desenvolver sarcomas granulocíticos (é um tumor extramedular de células granulocíticas - glóbulos brancos) fora da medula óssea, o que pode causar sintomas diferentes dependendo de sua localização. QUADRO CLÍNICO → Os primeiros sintomas da LMA são, na maioria das vezes, inespecíficos e podem ser semelhantes a de outras doenças comuns. → Os sintomas iniciais incluem: o febre, fadiga; o perda de peso, perda de apetite; o falta de ar, anemia; o hematomas, petéquias; o dor óssea, dor nas articulações; o infecções frequentes. → Em alguns casos raros, o primeiro sinal clínico da doença é o desenvolvimento de uma massa tumoral fora da medula óssea (sarcoma granulocítico); → Muitas vezes o paciente pode não apresentar sintoma algum, bem como a leucemia pode ser descoberta durante exames sanguíneos de rotina. → O aumento do número de glóbulos brancos malignos interfere na produção normal na medula óssea (o paciente vai apresentar pancitopenia): o Leucopenia: tornando o paciente suscetível a infecções; o Redução de hemácias (anemia): causando fadiga, palidez e falta de ar. o Plaquetopenia: a falta de plaquetas leva à ocorrência de grandes hematomas ou hemorragias. → Alguns doentes podem apresentar edema gengival devido à infiltração de leucócitos no tecido. → Infiltração de órgãos e tecidos: o Hepatomegalia; o Esplenomegalia; o Linfadenopatia. → Sistema nervoso central o Cefaleia; o Convulsões; o Alterações visuais. DIAGNÓSTICO O primeiro indício, importante para o estabelecimento do diagnóstico da LMA, é geralmente um resultado anormal em um hemograma. → Hemograma: o 50% dos casos apresentam leucocitose; o Presença de mieloblastos no sangue; o Anemia normocítica e normocrômica; o Trombocitopenia. → Provas de coagulação (leucemia promielocítica – M3): o Consumo de fatores plasmáticos devido a possibilidade de desenvolver CIVD (coagulação intravascular disseminada); o Alargamento das provas de coagulação (TT, TP e TTPa) o Redução de fibrinogênio; o Aumento dos produtos de degradação da fibrina; o Aumento do D-dímero. TT – tempo de trombina; TP – tempo de protrombina; TTPa – tempo de tromboplastina parcial ativada. D-DÍMERO: Produto da degradação de fibrina; É uma proteína que está envolvida com a formação do coágulo. Assim, quando existem alterações no processo de coagulação, é possível que exista uma maior quantidade de dímero-D circulante. A dosagem de dímero-D é normalmente indicada com o objetivo de descartar a possibilidade de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar. → Mielograma: o > 20% de mieloblastos; o Diminuição das células das outras linhagens (hemácias, plaquetas); o Displasias em alguns casos MIELOGRAMA É realizado através de uma punção e aspiração da medula óssea. → Diagnóstico Definitivo: o > 20% de mieloblastos em sangue periférico ou no mielograma; o Pela microscópia: ▪ Bastão de Auer – patognomonico da LMA. o Imunofenotipagem; o Citogenética – usada para diagnóstico e definição do prognóstico. IMUNOFENOTIPAGEM Uma técnica utilizada para se identificar qual o tipo exato de célula que compõe um determinado tecido, quando há dúvida diagnóstica. Na leucemia, quando as células brancas (linfócitos) são examinadas no microscópio comum, o examinador não tem como saber em detalhes se estas células são ou não da mesma família, pois são todas visualmente muito parecidas. O examinador só tem como saber se elas estão ou não estão elevadas em número, mas não tem como saber se são ou não do mesmo tipo. Para isso, geralmente a imunofenotipagem é utilizada. CITOGENÉTICA → Estuda a estrutura e função da célula, especialmente os cromossomos; → Indicados para investigar possíveis alterações cromossômicas, que auxiliam no diagnóstico e prognóstico de doenças hematológicas. CLASSIFICAÇÃO O estadiamento da maioria dos tipos de cânceres atribui estágios numerados para descrever sua extensão, com base no tamanho do tumor e na probabilidade de disseminação. Conhecer o estágio do tumor ajuda na definição do tipo de tratamento e no prognóstico do paciente. A leucemia mieloide aguda por outro lado, normalmente não forma massas tumorais, mas geralmente afeta toda a medula óssea e, em muitos casos, pode se espalhar para outros órgãos, como o fígado e baço. Sistema de estadiamento Britânico-Americano- Francês (FAB) → Da década de 1970; → Divide a LMA em subtipos, M0 a M7, com base no tipo de célula em que a leucemia se desenvolve e o grau de maturidade das células. FAB Nome M0 Leucemia mieloblástica aguda indiferenciada M1 Leucemia mieloblástica aguda com maturação mínima M2 Leucemia mieloblástica aguda com maturação M3 Leucemia promielocítica aguda M4 Leucemia mielomonocítica aguda M4 eos Leucemia mielomonocítica aguda com eosinofilia M5 Leucemia monocítica aguda M6 Leucemia eritroide aguda M7 Leucemia megacarioblástica aguda Sistema de estadiamento da Organização Mundial da Saúde → O sistema de estadiamento FAB, embora seja útil, não leva em consideração muitos dos fatores que hoje afetam o prognóstico do paciente. → O sistema da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizado recentemente em 2016, inclui alguns desses fatores para obter um melhor estadiamento da leucemia mieloide aguda. → O sistema de estadiamento da OMS divide a leucemia mieloide aguda em vários grupos: o Leucemia mieloideaguda com anormalidades genéticas; o Leucemia mieloide aguda com alterações relacionadas à mielodisplasia; o Leucemia mieloide aguda relacionada a quimioterapia ou radioterapia prévia; o Leucemia mieloide aguda não especificadas. PROGNÓSTICO A leucemia mieloide aguda é uma doença potencialmente curável; a chance de cura de um paciente depende diretamente da quantidade de fatores de prognóstico acumulados por este. → Idade > 60 anos: é um fator de mau prognóstico. Quanto maior à idade, menor a sobrevida. o Devido o aumento de comorbidades e maior acúmulo de mutações. → Leucocitose: quanto maior é o número de leucócitos acima do nível normal, pior é o prognóstico do paciente. → Patologias anteriores: O prognóstico também é mais negativo quando a doença evoluiu a partir de uma síndrome mielodisplásica preexistente e quando o paciente já fez uso de terapia citotóxica anteriormente (quimioterapia anterior). → Cariótipo das células leucêmicas: → É o indicador mais forte do desfecho clínico. Com base nos rearranjos cromossômicos específicos, o paciente pode ser divido em 1 dos 3 grupos clínicos: favorável, intermediário e ruim. Anomalias Genéticas: → Presença de muitas mutações diferentes; TRATAMENTO → O tratamento consiste em quimioterapia, e está dividido em duas fases: o Fase de indução; o Fase pós-remissão (ou consolidação terapêutica). → O objetivo da fase de indução é conseguir uma remissão completa, reduzindo a quantidade de células leucêmicas. Já o objetivo da fase de consolidação é eliminar qualquer resíduo da doença que não tenha sido detectado com a finalidade de se obter a cura. FASE DE INDUÇÃO DA REMISSÃO → Também chamada de fase 3+7; → É feito em 1 ou 2 ciclos do esquema quimioterápico: → Por 3 dias é usado um agente antracíclico; → Logo após, é feito por 7 dias o uso de citarabina. CONSOLIDAÇÃO DA REMISSÃO → Composta por 2 a 4 ciclos de citarabina em altas doses; → Ou pelo transplante de medula óssea (TMO) alogênico, caso haja fatores de mau prognóstico ou falha na indução. TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA Existem dois tipos principais de transplante de medula: autólogo e alogênico. No transplante autólogo, as próprias células-tronco hematopoiéticas do paciente são removidas antes que a quimioterapia ou radioterapia seja administrada, e, então, são armazenadas para posterior uso. Após a quimioterapia ou a radiação estar finalizada, as células colhidas são infundidas no paciente. No transplante alogênico, as células-tronco hematopoiéticas vêm de um doador, idealmente um irmão(a) com uma composição genética semelhante. Se o paciente não tem um doador aparentado compatível, medula óssea de uma pessoa não aparentada e com uma composição genética semelhante pode ser usada. O sangue de cordão umbilical também pode ser usado, uma vez que ele é rico em células-tronco hematopoiéticas. PACIENTE COM LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA (M3) → É realizado a manutenção. → Consiste em administrar uma baixa dose de determinada droga quimioterápica durante meses ou anos após a consolidação. EFEITOS COLATERAIS → Os quimioterápicos não só atacam as células cancerosas, mas também células normais, o que pode levar a efeitos colaterais. → Os efeitos colaterais dependem do tipo de medicamento, da dose administrada e da duração do tratamento. → Os efeitos colaterais comuns à maioria dos medicamentos quimioterápicos podem incluir: o Perda de cabelo. o Inflamações na boca. o Perda de apetite. o Náuseas e vômitos. o Diarreia ou constipação. o Infecções, devido a diminuição dos glóbulos brancos. o Hematomas ou hemorragias, devido a diminuição das plaquetas. o Fadiga, devido a diminuição dos glóbulos vermelhos. → Estes efeitos são geralmente de curto prazo e tendem a desaparecer ao término do tratamento.
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