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Aula 10 - Vaginoses

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Aula 10 - Vaginoses 
 O ambiente vaginal é um ecossistema dinâmico onde interagem bactérias, fungos, secreções de 
diversas origens, transudatos e células esfoliadas. Normalmente, a vagina é colonizada predominantemente 
por bactérias com características próprias, os Lactobacillus produtores de peróxido, responsáveis por um pH 
ácido, que serve como barreira para o desenvolvimento de bactérias patogênicas. 
 O estrógeno, em mulheres em fase reprodutiva, faz com que o epitélio vaginal se torne maduro e se 
diferencie em células ricas em glicogênio. Os lactobacilos de Doderlein promovem a metabolização deste 
glicogênio em ácido láctico, conferindo um pH menor que 4,5 à vagina. Este pH ácido, juntamente com o 
Peróxido de Hidrogênio (H2O2) e bacteriocinas, também produzidos pelos lactobacilos, conferem a 
proteção natural da vagina, inibindo o crescimento de microrganismos. 
 
♦ Vaginose Bacteriana 
 • Ocorre desequilíbrio da microbiota com aumento do número de bactérias anaeróbicas e diminuição 
dos bacilos de Dördelein. 
 • O diagnóstico é clínico - laboratorial 
 - Pobreza de Leucócitos → hemolisina → inibição da quimiotaxia: A pobreza de leucócitos 
nos esfregaços pode ser explicada pela presença de hemolisina (liberada pela Gardnerella), que, por sua vez, 
teria uma ação de inibição da quimiotaxia. 
 - Produção de succinato → proliferação dos anaeróbios: A associação intensa entre o 
desequilibrio e a Gardnerella se deve ao fato da mesma produzir succinato, importante para a 
proliferação dos anaeróbios. 
 - O microambiente anormal seria constituído por: 
 - pH alcalino (>4,5) 
- Redução do número de Lactobacillus produtores de peróxido 
- Proliferação de anaeróbios 
 • Sintomatologia: corrimento com odor fétido, odor este oriundo da volatilização de aminas pútridas 
produzidas pelos anaeróbios. 
 • Quadro citológico: Microbiota composta por cocobacilos (Gardnerella) e/ou bacilos curvos 
(Mobilunculus), que formam uma "nuvem de bactérias" cobrindo boa parte do esfregaço e, por vezes, 
ocupam o citoplasma de algumas células (bacilos supracitoplasmáticos). A pobreza de leucócitos chama 
atenção, mas eventualmente pode não ocorrer. 
 Não apresenta características de um processo inflamatório como, por exemplo, infiltrado leucocitário 
e alterações degenerativas. 
 • Critérios para o diagnóstico de vaginose bacteriana. Pelo menos três dos quatro critérios: 
1. Corrimento homogêneo e fino 
 
2. Teste das aminas (teste do KOH 10%) positivo → Gota da solução de KOH 10% + 
gota do corrimento → odor de peixe podre → aminas (putrescina e cadaverina) → 
vaginose bacteriana. 
3. Bacilos supracitoplasmáticos sugestivos de Gardnerella vaginalis/ Mobiluncus sp na 
microscopia 
4. pH vaginal > 4,5 
 Ocorrendo três de quatro critérios observados, pode-se estabelecer o diagnóstico de vaginose 
bacteriana em 90% das mulheres acometidas 
 
• Etiologia: Em 1984 substituiu o termo VAGINITE INESPECÍFICA. A sua etiologia é 
desconhecida. 
 • Na flora normal ocorre o predomínio de lactobacilos (90%) e detrimento de outros micro-
organismos (10%) incluindo um conjunto de anaeróbios. Na vaginose bacteriana ocorre o contrário, 
pouca quantidade de lactobacilos e predomínio de outros elementos bacterianos. 
 
• Micro-organismos envolvidos na etiologia das vaginoses bacterianas 
 - Gardnerella vaginalis: "células guia", "células indicadoras" ou "clue cell". 
 - Bacteróides sp (fragilis) 
- Prevotella 
- Porphyromonas 
 - Cocos anaeróbios 
 - Mycoplasma hominis – 5 a 10% (normal) e 65 a 75% (Vaginose Bacteriana) 
 - Ureaplasma Urealyticum - Mycoplasmas - quando em grandes quantidades pode causar uretrites. 
São bactérias pleomórficas (ora bacilos, ora cocos), não possuem parede celular; podem ser evidenciados em 
esfregaços. 
 - Mobiluncus: "células cabeludas", "porco-espinho" ou "comma cell" 
 Mobiluncus curtisii – Gram variável – curto 
 Mobiluncus mulieris – Gram negativo - longo 
 Para diferencia-los é necessário muita prática laboratorial. 
 Para identificação é necessário cultura. 
 
• Infecções do trato genital superior: Endometrites, Salpingites (tubas uterinas), Doenças 
inflamatórias pélvicas, morbidade pós - histerectomia. 
 - Na gravidez: Endometrite pós-parto, aminionites, prematuridade (Rupturas pré-termo de 
membranas) 
 
 • Tratamento: 
 - Metronidazol 500mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias; ou Metronidazol Gel a 0,75%, 1 
aplicador vaginal (5g), 1 vez ao dia, por 7 dias; ou Metronidazol 2g, VO, dose única; ou Tinidazol 2g, 
VO, dose única; ou Secnidazol 2g, VO, dose única; ou Tianfenicol 2,5g/ dia, VO, por 2 dias; ou 
Clindamicina 300mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias; ou Clindamicina creme a 2%, 1 aplicador à noite, 
por 7 dias 
 • Tratamento para gestantes 
 - Clindamicina 300mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias; ou Metronidazol 250mg, VO, de 8/8 
horas, por 7 dias (somente após completado o primeiro trimestre); Metronidazol 2g, VO dose única 
(somente após completado o primeiro trimestre); ou Metronidazol Gel a 0,75%, 1 aplicador vaginal 
(5g), 2 vezes ao dia, por 5 dias (uso limitado em gestantes, tendo em vista insuficiência de dados 
quanto ao seu uso nesta população). 
 
♦ Vaginose Citolítica 
 • Definição: Desequilíbrio da microbiota vaginal, com abundante crescimento de Lactobacillus e 
citólise excessiva. 
 • Sintomatologia: corrimento, prurido e ardor. 
 • Quadro citológico: citólise intensa, co numerosas células escamosas intermediárias lisadas, em 
meio a incontáveis núcleos desnudos. A pobreza de leucócitos é patente. Citológico sem aspecto de 
inflamação. 
 • Critérios diagnóstico para vaginose citolítica 
 - Corrimento e prurido 
 - pH < 4,5 (pH ácido) 
 - Citologia evidenciando quadro citolítico. 
 - Ausência de patógenos (principalmente leveduras) → No laudo deve constar: processo de 
citólise + ausência de levedura. 
 • Tratamento: alcalinização do ambiente vaginal, com a finalidade de aumentar o pH e quebra o ciclo 
vicioso que leva a superpopulação lactobacilar. 
 • Quando presença de leucócitos → associação com outro patógenos. 
 LEMBRANDO - PROCESSO DE CITÓLISE: Os lactobacilos irão consumir o glicogênio presente 
nas células intermediárias (destruição do citoplasma, presença de núcleos desnudos), convertendo o 
glicogênio em glicose e ácido láctico, ocasionando a acidificação da vagina

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