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Cantigas Trovadorescas. Autor: Amanda Vitoria da Silva. Introdução. O trovadorismo nasce em um contexto pós-reconquista do território português que estava sob domínio mourisco, na primeira metade do século XII. Por mais contraditório o momento vivido pela nação, foi dessa forma que essa produção literária teve início e teve seu apogeu já na segunda metade do século XIII. Como teorias de origem para as cantigas trovadorescas, podem-se citar três: arábica, que acredita que as cantigas tenham surgido com base na cultura árabe; autóctone, que acredita na origem folclórica; medievo, na qual a origem seria na literatura latina vinda na luz da idade média; a litúrgica, que considera o movimento como consequência da poesia religiosa. Vale salientar que nenhuma dessas três é considerada completamente correta tendo em vista que uma complementa a outra. O surgimento do termo trovador, provem do provençal troubadour que tinha ligação com o verbo achar em francês. Desse modo, o trabalho do poeta era muito relacionado ao improviso, as suas capacidades de melhor solucionar suas cantigas. Essas cantigas chegaram até nós através de três cancioneiros, que são livors que reúnem essas cantigas, são elas: Cancioneiro da ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca de Lisboa. Tem-se duas cantigas principais: a de amor e a de maldizer, cujas características serão discutidas mais adiante. Desenvolvimento. Falando agora sobre as cantigas de amor, trouxe o exemplo de uma cantiga: “Cantiga da guarvaia” de Paio Soares de Taveirós (2011). No mundo nom me sei parelh’ Mentre me for como vai Ca já moiro por vós e ai, Mia senhor branc’e vermelha! Queredes que vos retrai Quando vos eu vi em saia Mao dia me levantei Que vos entom nom vi fea! No trecho exposto acima, observa-se o uso do autor de expressões de dor como: ai, caracteristicas presentes nas cantigas de amor. Outro fator que mostra que essa é uma cantiga de amor é o culto a imagem da amada, quando ele diz que não via ela feia. A dor de um amor não correspondido, o sentimento triste e agoniante de um eu lírico masculino também são outras caracteristicas de uma cantiga de amor. Agora trazendo como exemplo a cantiga de amizade chamada: Ai eu, coitada de D. Sancho ou D. Afonso X (2011). Ai eu coitada, como vivo em gram cuidado Por meu amigo que hei alongado; Muito me tarda O meu amigo na Guarda. Ai eu coitada, como vivo em gram desejo Por meu amigo que tarda e nom vejo; Muito me tarda O meu amigo na Guarda. Diferente da de amor, a de amigo é dita por um eu lírico feminino como observado no genêro das palavras como em coitada. Outra característica no trecho : “Por meu amigo que hei alongado;”, aqui ocorre o lamento da mulher por um amigo que esta distante que geralmente se encontra longe ou pela guerra ou porque o amigo foi ao serviço militar. Esses tipos de cantigas narram um amor realista e não existem diferenças sociais entre os amantes. Mostra também o desejo da amada de estar perto de seu amado, sentimento muito presente nas cantigas de amigo. Para exemplificar as cantigas de escárnio, trouxe a cantiga “Ai dona feia” de João Garcia de Guilhade (2011) Ai dona fea, foste-vos queixar Que vos nunca louv’en meu cantar; Mais ora quero fazer um cantar Em que vos loarei todavia; E vedes como vos quero loar: Dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi perdom, Pois havedes (a)tam gram coraçom Que vos eu loe, em esta razom Vos quero já loar todavia; E vedes qual será o loaçom Dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei Em meu trobar, pero muito trobei; Mais ora já um bom cantar farei Em que vos loarei todavia E direi-vos como vos loarei Dona fea, velha e sandia! Aqui temos uma cantiga de escárnio pois o autor faz uso da ironia e sátira de modo indireto para fazer críticas a essa pessoa. Essas são as principais caracteristicas dessa cantiga. Partindo agora para de Maldizer, trago um trecho de Pero da Pont há feito um gram pecado de Afonso X (2011): Pero da Pont há feito gram pecado De seus cantares que el foi furtar A contom: que, quanto el lazerado Houve gram tempo, el xos quer lograr, e doutros muitos que nom sei contar, Porque hoj anda vistido e honrado. E por en foi Cotom mal dia nado Pois Pero da Ponte herda seu trobar; E mui mais lhi valera que trobado Nunca houvess el, assi Deus m ampar, Pois que se, de quant el foi lazerar, Serve Dom pedro e nom lhi en grado. Aqui, portanto, se observa as caracteristicas das cantigas de maldizer, onde o autor faz críticas, mas dessa vez de maneira direta citando o nome da pessoa a quem ele se direciona. Assim como a de escárnio, ele a usa para fazer críticas, mas dessa vez de uma maneira mais direta e clara do que a outra. Conclusão. Desse modo, observa-se que o trovadorismo surgiu em um momento de adversidade e que eram em sua grande parte com eu lírico masculino. Suas características são bem específicas o que ajuda a diferenciar uma da outra. Também é possível perceber os trabalhos dos autores para desenvolver o seu tema de modo que demonstrem ao público as suas emoções de maneira clara. Referências. AFONSO X. 2011. Galego-Portuguesas. 2011. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520&pv=sim. Acesso em: 27 maio 2021. GUILHADE, João de Garcia de. 2011. Galego-Portuguesas. 2011. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520&pv=sim. Acesso em: 27 maio 2021. TRAVEIRÓS, Paio Soares de. 2011. Galego-Portuguesas. 2011. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520&pv=sim. Acesso em: 27 maio 2021.
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