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Legislação Tributária ............................................................................. 7 Capítulo I - Sociedade, Estado e Direito ......................................................... 7 1. Sociedade ................................................................................................ 7 1.1 A origem da vida em sociedade ............................................................... 7 1.2 O Estado e o Governo ............................................................................. 9 2. Estado ................................................................................................... 10 2.1 Atividades financeiras do Estado ............................................................ 11 2.1 Receitas Públicas - Classificação ............................................................ 12 2.2 Direito Tributário – Ramo do Direito Público ........................................... 13 2.3 Fontes do Direito Tributário ................................................................... 14 Questão debate: ........................................................................................ 15 Capítulo II - Tibutos ................................................................................... 15 2.1 – Tributos - Conceituação ..................................................................... 16 2.2 – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ............................................................ 17 2.2.1 – Introdução ..................................................................................... 17 2.2.2 – Impostos ........................................................................................ 18 2.2.3 – Taxa .............................................................................................. 18 2.2.3.1 – Taxa de Polícia ............................................................................. 19 2.2.3.2 Taxa de serviço ............................................................................... 20 2.2.3.3 Preço público x taxa ........................................................................ 21 2.2.4 Pedágio ............................................................................................. 21 2.2.5 Contribuições de Melhoria .................................................................. 22 2.2.6 Empréstimo Compulsório .................................................................... 24 2.2.7 Contribuições Especiais ...................................................................... 24 2.2.7.1 Contribuições Sociais ....................................................................... 25 2.2.7.2 Contribuição Intervenção no Domínio Econômico – CIDE ................... 28 2.2.7.3 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas ................................................................................................................. 30 2.2.7.4 Contribuições para Custeio do Serviço de Iluminação Pública ............. 31 2.3 - Competência residual da União ........................................................... 31 2.3.1 - Impostos Extraordinários ................................................................. 32 Questão debate: ........................................................................................ 32 Capítulo III – LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR ......................... 33 3.1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ................................................................. 33 3.1.1 Vigência da norma tributária no Espaço ............................................... 35 3.1.2 Vigência da norma tributária no Tempo ............................................... 36 3.2 Princípios Constitucionais Tributários .......................................... 37 3.2.1 Classificação ...................................................................................... 37 3.2.2 Princípios Constitucionais Tributários - Espécies ...................... 38 3.2.2.1 – Princípio da Legalidade ................................................................. 38 3.2.2.2 – Princípio da Irretroatividade .......................................................... 39 3.2.2.3 – Princípio da Anterioridade ............................................................. 40 3.2.2.4 – Princípio da Anterioridade Nonagesimal ......................................... 40 3.2.2.5 – Princípio da Igualdade .................................................................. 41 3.2.2.6 – Princípio do não Confisco .............................................................. 42 3.2.2.7 – Princípios Constitucionais Específicos ................................. 42 3.2.2.7.1 – Princípios Específicos do Imposto de Renda ................................ 42 3.2.2.7.2 – Princípios Específicos do IPI ....................................................... 42 3.2.2.7.3 – Princípios Específicos do ITR ...................................................... 43 Capítulo IV – MATRIZ E SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA ................................ 43 4.1. Obrigação Tributária ............................................................................ 43 4.2. Fato Gerador ....................................................................................... 45 4.2. Sujeição Ativa e Passiva ....................................................................... 46 4.2.1 – Contribuinte e Responsável ............................................................. 47 4.2.1.4.2- Responsabilidade do adquirente ou remitente: .............................. 49 4.2.1.4.3 - Responsabilidade dos sucessores e do cônjuge meeiro: ................ 49 4.2.1.4.4 - Responsabilidade na transformação societária: ............................ 49 4.2.1.4.5 - Responsabilidade pela aquisição de estabelecimento ou fundo de comércio: .................................................................................................. 50 4.2.1.4.6 - Responsabilidade de terceiros: .................................................... 50 4.2.2 Responsabilidade pessoal por infrações ............................................... 51 4.2.2.1 Exclusão da responsabilidade pela denuncia espontânea ................... 51 4.3 Capacidade Tributária Passiva ............................................................... 51 4.4 Domicílio .............................................................................................. 52 4.5 Lançamento ......................................................................................... 52 4.5.2 Aspectos do Lançamento .................................................................... 54 4.5.3 Alteração do lançamento após a notificação do sujeito passivo ............. 54 4.5.4 Modalidades de Lançamento ............................................................... 55 4.5.4.1 Lançamento por Declaração ou Misto ............................................... 55 4.5.4.2 Lançamento de Ofício ou Direto ....................................................... 55 4.5.4.3 Lançamento por Homologação ou Auto Lançamento ......................... 57 4.5.5 Crimes Tributários .............................................................................. 57 Capítulo V – SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .... 59 5.1. Suspensão do Crédito Tributário ........................................................... 59 5.1.1 - Moratória: ....................................................................................... 59 5.1.2 - Depósito do Montante Integral ......................................................... 59 5.1.3 - Reclamações e Recursos .................................................................. 60 5.1.4 - Concessão de Medida Liminar em Mandado de Segurança. ................ 60 5.1.5 - OParcelamento. .............................................................................. 61 5.2 – Extinção do Crédito Tributário ............................................................ 61 5.2.1 – Pagamento ..................................................................................... 62 5.2.1.1 – Pagamento Indevido e Restituição ................................................ 62 5.2.2 – Consignação em Pagamento ............................................................ 62 5.2.3 – Compensação ................................................................................. 63 5.2.4 Transação ......................................................................................... 63 5.2.5 – Remissão ........................................................................................ 63 5.2.6 – Conversão do Depósito em Renda .................................................... 63 5.2.7 – Pagamento Antecipado e Homologação do Lançamento .................... 64 5.2.8 – Decisão Administrativa Irrecorrível ................................................... 64 5.2.9 – Decisão Judicial com Trânsito em Julgado ........................................ 64 5.2.10 - Decadência ................................................................................... 64 5.2.11 – Prescrição ..................................................................................... 65 5.2.12 – Dação em Pagamento ................................................................... 65 Capítulo VI – Tributos Federais Em Espécie ....................................... 66 6.1 – Cofins e Pis ....................................................................................... 66 6.1.1 – Regime de incidência cumulativa...................................................... 66 6.1.1.2 – Regime de incidência não-cumulativa ............................................ 68 6.1.1.3 – Regimes especiais ........................................................................ 68 6.1.1.4 – Incidência na Importação de Bens e Serviços ................................. 76 6.1.2 – Não incidência, imunidades e isenções. ................................. 77 6.1.2.1 – Imunidades ................................................................................. 77 6.1.2.2 – Isenções ...................................................................................... 77 6.1.2.3 – Não incidência ............................................................................. 79 6.2 – Imposto Sobre Produtos Industrializados ............................................. 79 6.2.1 - Contribuinte .................................................................................... 79 6.2.2 – Base de Cálculo, Alíquota e Período de Apuração .............................. 80 6.3 – Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica e da Pessoa Física .............. 80 6.3.1 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica .......................................... 80 6.3.2 – Imposto sobre a Renda da Pessoa Física .......................................... 81 6.4 - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ............................................ 82 6.5 – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ............................................................................................. 83 6.5.1 - Contribuinte .................................................................................... 83 6.5.2 - Hipóteses de Não Incidência ............................................................ 83 6.5.3 – Base de Cálculo E Alíquota............................................................... 84 6.6 – Imposto Predial e Territorial Urbano ................................................... 85 6.6.1 - Contribuinte .................................................................................... 85 6.6.2. - Progressividade do Iptu .................................................................. 85 6.6.3 – Base de Cálculo E Alíquota............................................................... 85 6.7 – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza .................................... 86 6.7.1 - Hipóteses de Não Incidência ............................................................ 86 6.7.2 - Contribuinte .................................................................................... 87 6.7.3 – Base de Cálculo E Alíquota............................................................... 87 Capítulo VII – PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL ........ 87 7 – Processo Administrativo Fiscal ............................................................... 87 7.1 – Princípios Aplicáveis ao Processo Administrativo Fiscal.......................... 88 7.2 – Procedimento de Fiscalização ............................................................. 88 7.3 – Exigência Fiscal ................................................................................. 89 7.4 – Instauração do Contencioso Administrativo ......................................... 90 7.5 – Julgamento em Primeira Instância ...................................................... 92 7.6 – Julgamento em Segunda Instância ...................................................... 93 7.7 – Julgamento em Instância Especial ....................................................... 94 7.8 – A Definitividade da Decisão Administrativa .......................................... 95 Bibliografia: ......................................................................................... 96 Legislação Tributária Capítulo I - Sociedade, Estado e Direito 1. SOCIEDADE 1.1 A origem da vida em sociedade Muito se discute a respeito da origem do Direito e da Sociedade, mas não há dúvida quanto a relação de dependência entre ambos. O Direito é contemporâneo à sociedade. As principais teorias que explicam a origem da sociedade são: A Teoria Contratualista e a Teoria Naturalista A Teoria Naturalista tem como expoentes Aristóteles e São Tomás de Aquino. Os naturalistas – assim chamados os adeptos da Teoria Naturalista – são favoráveis à idéia da sociedade natural, idéia essa que, atualmente, leva um grande número de pensadores a exercer uma forte influência na vida política da sociedade. Aristóteles, considerado o introdutor de tal pensamento (século IV a.C.), defendia ser o homem naturalmente um animal político e, assim sendo, só viveria isolado se fosse um bruto ou um Deus. No mesmo caminho se encontram outros importantes filósofos, dos quais podemos citar: Cícero, Santo Tomás de Aquino e Ranelletti. Dos três acima citados destacamos Santo Tomás de Aquino, autor da obra intitulada "Summa Theologica". Consagrou-se entre os autores medievais por ser o mais expressivo seguidor de Aristóteles, reafirmando as suas postulações e também por incrementar a idéia da vida solitária como uma exceção, conforme havia feito o filósofo grego, porém introduz uma nova visão, a qual é fundamentada em três hipóteses, a saber: a) ‘excellentia naturae’, quando se tratar de indivíduo notavelmente virtuoso, que vive em comunhão com a própria divindade, como ocorria com os santos eremitas; b) ‘corruptio naturae’, referente aos casos de anomalia mental; c) ‘Mala fortuna’, quando só por acidente, como nos casos de naufrágio ou de alguém que se perdesse numa floresta, o indivíduo passa a viver em isolamento. Por fim, vale lembrar que essa corrente filosófica ainda defende duas outras condições da vida em sociedade, quais sejam: a) O de que o ser humano, mesmo provido de bens materiais necessários à sua sobrevivência, continua necessitando do convívio com seus semelhantes;b) O de que a existência do citado impulso associativo natural não exclui, de forma alguma, o aspecto volitivo humano. Já a Teoria Contratualista, cujos expoentes são Thomas Hobbes, John Locke e Rousseau, se opôs aos adeptos da idéia de sociedade natural. Sustentaram ser a sociedade, tão só, o produto de um acordo de vontades, ou seja, de um contrato hipotético celebrado entre os homens, motivo esse que lhes renderam a denominação de contratualistas. Os contratualistas, deve-se dizer, não foram uníssonos em suas explicações com relação ao motivo pelo qual os homens, em determinada etapa de sua evolução, decidiram agruparem-se aos seus semelhantes ao ponto de formarem uma instituição denominada sociedade. Contudo, existe entre eles uma convergência a um ponto comum: todos os seus adeptos negam o fundamento do impulso associativo natural, defendido pela Teoria Naturalista, e argumentam ser a vontade humana a única justificativa para a existência da sociedade. O ponto de partida das idéias contratualistas são as obras de Thomas Hobbes, em especial a que foi publicada em 1651, intitulada "O Leviatã". Hobbes pôs explicitamente em dúvida a doutrina do homem como um ser naturalmente social, o chamado zoon politikón. Afirmava que o homem não é sociável por natureza e só logra sê-lo por educação. Os homens vivem primeiro sem instituições, num estado de igualdade em que cada indivíduo tem direito sobre todas as coisas, o que Hobbes chama de “estado natural”. O esforço para obter vantagens e poderes sobre os outros fez com que o estado natural dos homens, anteriormente a sua reunião em sociedade, fosse a guerra de todos contra todos. Assim sendo, o estado de natureza é uma permanente ameaça que pesa sobre a sociedade e que pode irromper sempre que a paixão silenciar a razão ou a autoridade fracassar.A tendência natural dos homens para se causarem danos recíprocos entra em conflito com as imposições da razão natural que exige a preservação da vida e a possibilidade de cada um dos membros do grupo a conservar. E esse conflito só cessa com o triunfo da razão, isto é, com o contrato que assegura a cada um a propriedade de determinados bens. Em outras palavras, quando cada ser humano passa a respeitar o espaço do outro. Com essa finalidade e para salvaguardar o primeiro contrato, ou contrato social, estabeleceu-se um, segundo, o de domínio, mediante o qual os indivíduos se submetem às Instituições do Estado. A convivência entre os homens – ou seja, a sociedade – só é possível em virtude da submissão dos indivíduos a um poder estatal. Dessa forma, pode-se, por fim, concluir que apesar do contratualismo não possuir hodiernamente adeptos declarados isso não reduz sua importância no âmbito filosófico, e que a sociedade é advinda da necessidade natural inerente ao ser humano, em consonância com os aspectos volitivo e da consciência do homem. Portanto, não há como conceber o homem como um ser isolado, fora de um contexto social. 1.2 O Estado e o Governo Colocadas as duas principais teorias que explicam a origem da sociedade temos que centrar nossa atenção na formação do Estado, já que é com a formação do Estado e com o exercício do poder, que surge a necessidade de se cobrar tributos para custear as despesas do Estado. Assim veremos que o exercício desse poder em determinado território, nasce na família. A família é a origem primitiva da forma social. O poder familiar era exercido dentro de um certo território, onde todos os familiares moravam e defendiam os seus bens. Aos poucos elas foram crescendo (forma patriarcal) se transformando em gens, umas dominando as outras pela força, sempre unidas pela descendência. Este formato deu origem ao Império. Assim, a evolução havida desde a família, originou-se de dois princípios: a fragmentação e a aglutinação. Vale dizer, a família ia aos poucos se dividindo, pois com o aumento do número de seus integrantes estes se viam na contingência de se separar, a fim de obterem melhores meios de subsistência. Apesar disso, os membros dessas famílias separadas conservaram a convicção de que descendiam de um mesmo tronco. Isso servia de defesa contra os inimigos. Por isso, as famílias originárias de um tronco ancestral reuniam-se sob as ordens de um chefe comum. Dessa reunião surgiram as gens, as tribos e por fim, as cidades e impérios. Nesse momento já tínhamos esses pequenos povoados submetidos ao poder de um chefe, fatalmente absoluto, ou seja, exercia o poder sem limites. O governo, nada mais é que a organização do exercício do poder. É por meio dele que se viabiliza a vida em sociedade, vale dizer, a vida em sociedade organizada. É o elemento formal do Estado e se caracteriza, além da divisão do exercício do poder, pela soberania. Soberania é o poder que tem um Estado de se organizar juridicamente e de fazer valer dentro de seu território, a universalidade de suas decisões, lembrando que tais decisões e a própria existência do Estado deve ser reconhecida pelos demais Estado (países). As funções primordiais do Estado que são exercidas pelo governo, são a de realizar o bem comum, promover o auto-desenvolvimento da sociedade e perseguir a paz social. Assim, o Governo interfere na ordem social, econômica e jurídica, de forma a diminuir as diferenças sociais e realizar o bem comum, embora essa concepção seja atual e tenha se iniciado com a Revolução Francesa, no século XVIII. Por muito tempo a função do chefe do governo era conquistar território, centralizar o poder e saciar o luxo da nobreza. Não havia a idéia de que o principal objetivo do governo é promover o bem comum. Os pressupostos ou elementos do Estado são três, quais sejam:-Território, Povo e a Soberania O território é a superfície sobre a qual se estabelece o povo de modo permanente, incidindo aí a soberania. São elementos do território o solo, o espaço aéreo e o mar territorial. Também fazem parte do território do Estado a plataforma submarina, os navios de guerra onde quer que estejam, os navios mercantes em alto mar, os aviões militares, os que estejam no espaço aéreo livre e as embaixadas. Entende-se por povo o grupo social organizado. Diferencia-se povo e população já que o povo é constituídos pelos cidadãos que são ligados por laços de tradição, idioma, religião, respeito a um solo comum onde foram sepultados os seus antepassados e que serve de berço aos seus descendentes. E a população é o conglomerado de indivíduos estatisticamente considerados, num dado momento dentro do território do estado, ou seja, a população é integrada não só pelos cidadãos naturais do país, mas também pelos estrangeiros. Soberania é a propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que não deve a sua validade a nenhuma outra ordem superior, ou seja, ele pode discutir, aprovar e implementar as medidas que seu povo entender cabíveis sem a interferência de outro Estado. Adiciona-se a isso, o reconhecimento internacional – pelos outros países – da existência do Estado. De tudo o que foi dito dessumi-se a importância dos tributos. O Estado moderno deve prover aos seus cidadãos o bem comum, a paz social e o seu auto-desenvolvimento. Para tanto, se utiliza de políticas públicas para distribuição da renda e para a melhoria dos serviços públicos, tais como: educação, saúde, saneamento básico, segurança, habitação e dentre outros, o quais são possíveis de implementação somente mediante retribuição, por meio de pagamento de tributos. Em países mais desenvolvidos que o nosso, cito o Estados Unidos, o crime fiscal é levado às últimas conseqüências. Daí a importância do tema para a sociedade. No Brasil, embora essa consciência esteja crescendo, muito há que ser feito para um pleno convencimento das pessoas. 2. ESTADO Modernamente o Estado (em Estado Federados como o Brasil, considera-setodos os entes federados: União, Estados Membros, Municípios e Distrito Federal) tem diversos deveres ou funções, necessárias para alcançar os objetivos/fins a que se propõem uma Nação Politicamente Organizada e um Estado Democrático de Direito. Ver artigos 3o. e 6o, da Constituição Federal de 1988, abaixo transcritos: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - Garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Para que o Estado atinja esses objetivos, o povo lhe confere poder, decorrente de sua Soberania, para que, em nome da Sociedade (Povo), o Estado possa fixar normas de comportamento, que devem ser obedecidas por todos os membros da organização social. Ver parágrafo único, do artigo 1o, da Constituição Federal de 1988, abaixo transcrito: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. ” Vê-se daí que primeiramente são colocados os interesses sociais, coletivos, digam-se públicos, e em segundo plano os interesses individuais. De qualquer forma o poder do Estado não é e não deve ser, absoluto. Em que pese a prevalência do interesse público sobre o privado, as garantias individuais dos cidadãos são o fiel da balança. Assim, fica o Estado obrigado a observar as limitações previstas na Constituição Federal, a fim de que se tenha um equilíbrio nas relações Estado X particular. 2.1 Atividades financeiras do Estado Para a consecução dos seus objetivos, o Estado desenvolve várias atividades financeiras, notadamente com relação a capitação, aplicação e gestão de recursos, conforme figura 1.1 abaixo: Figura 1.1 Gestão dos Recursos Públicos Fonte: Elaborada pelo autor Captação dos recursos públicos Aplicação dos recursos públicos Nas questões financeiras, o Estado, assim como em um “condomínio”, não pode deixar ao livre arbítrio dos particulares, o atendimento às normas de conduta, fixadas pela sociedade no seu ordenamento jurídico. É um ônus da vida em sociedade, ou seja, para que a sociedade se estruture é necessário que cada indivíduo contribua financeiramente para isso. Você pode optar por comprar ou não uma casa em condomínio e no mesmo ato, estará optando pelas regras instituídas nele. Uma dessas regras é o pagamento da taxa condominial. A vida em sociedade não lhe dá esta escolha, já que quando você nasce fará parte de uma sociedade e esta situação lhe obrigará a arcar com os custos correspondentes. Assim, não se trata de uma opção, mas sim de uma imposição legal. As contribuições para a vida em sociedade são obrigatórias e instituídas por lei. São as Leis que permitem ao Estado tornar obrigatório o acatamento, por todos os indivíduos, das determinações que deverão levar aos resultados pretendidos com a Gestão, a Captação e a Aplicação dos recursos ou receitas públicas. Doutrinariamente podemos afirmar que as entradas ou ingressos nos cofres públicos são todos créditos, inclusive os simples movimentos de fundos, cauções, fianças, depósitos, indenizações e outras decorrentes do exercício do direito civil. 2.1 Receitas Públicas - Classificação Não são todas as receitas públicas que são de interesse de estudo do Direito Tributário, embora as receitas tributárias são a de maior vulto. As Receitas Públicas podem ser classificadas da seguinte forma Quanto à regularidade ou frequência: - Receitas Ordinárias, são as receitas previstas na estimativa de arrecadação; - Receitas extraordinárias, são as receitas não previstas na estimativa de arrecadação Quanto à forma de obtenção: - Receitas Originárias, aquelas advindas do próprio patrimônio do Estado; - Derivadas, aquelas advindas do patrimônio alheio. São a maioria das receitas. As Receitas tributárias são receitas “Derivadas” que satisfazem algumas condições, como por exemplo: não resultam de sansão de um ato ilícito, são instituídas por lei, são prestações pecuniárias, etc. O Direito Tributário define as obrigações e direitos do Estado e do contribuinte. 2.2 Direito Tributário – Ramo do Direito Público Os diversos ramos do Direito se dividem em Público e Privado. Ao ramo de Direito Público pertencem as normas jurídicas que disciplinam os interesses da coletividade, vale dizer, essas normas tutelam os interesses da sociedade. A essas normas aplicam-se princípios específicos tais como: a prevalência do interesse público sobre o privado, a não ocorrência da prescrição aquisitiva contra o Estado e algumas regras próprias, como: a contagem de prazo em dobro para recorrer e quádruplo para contestar, atos administrativos com ciência ficta, etc. Tais regras amparam o Estado em sua atuação, sempre o favorecendo frente ao particular. Já ao ramo de Direito Privado pertencem as normas jurídicas que disciplinam as relações jurídicas individuais. O princípio norteador das normas jurídicas de Direito Privado é o princípio da autonomia da vontade. Abaixo apresentamos o quadro 1. 1 sinóptico dos ramos de Direito. Quadro 1. 1 - Sinopse dos ramos do direito natural - dar a cada um o que é seu - viver honestamente - não lesar a outrem internacional constitucional - geral - T.G.E. Previdenciário Tributário administrativo penal processual penal civil trabalho Público interno eleitoral - privado internacional civil Direito Positivo escrito ou costumeiro comercial Fonte: Elaborado pelo autor Não será objeto do nosso trabalho o detalhamento de cada um dos ramos do Direito, matéria afeta a disciplina de Introdução ao Estudo do Direito. Trabalharemos nesse momento com o ramo do Direito Tributário. Segundo Rubens Gomes de Souza, o Direito Tributário pertence ao ramo de direito público que rege as relações entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado, na obtenção de receitas que correspondem ao conceito de tributos. As normas de Direito Tributário regulam o poder fiscal do Estado e as relações com as pessoas sujeitas a esse poder 2.3 Fontes do Direito Tributário Fonte do Direito é o lugar donde provém a norma jurídica. As chamadas fontes reais ou materiais, são os fatos da vida ou do cotidiano, os quais, após previsão legal, serão os “fatos tributáveis”, ou seja, fatos que geram obrigação tributária. Já as fontes formais – modo de exteriorização do Direito por meio de normas jurídicas escritas – são atos normativos onde o Direito cria corpo. O ordenamento jurídico brasileiro é baseado no Direito Romano. Dessa forma qualquer mandamento jurídico deve estar previsto na lei. Veja o que diz a Constituição Federal de 1988, no seu art. 5º, inciso II: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança eà propriedade, nos termos seguintes: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (grifei) Abaixo apresentamos um quadro sinóptico das principais fontes formais do Direito Tributário, em ordem de hierarquia: Constituição Federal, estadual ou Leis Orgânicas Emendas à Constituição ou as Leis Orgânicas Leis Complementares Leis Ordinárias, Medidas Provisórias e Tratados Internacionais* Decretos Legislativos** e Resoluções*** Normas infra legais *(após aprovação do legislativo) As Resoluções do Senado Federal fixam a alíquotas máximas do imposto estadual de Transmissão de Bens e Direitos Causa Mortis e Doação e algumas alíquotas do ICMS Por fim, vale ressaltar que a Jurisprudência e a Doutrina não são fontes formais do Direito Tributário. Questão debate: 1) A aplicação dos recursos públicos x a arrecadação tributária. 2) Qual é a importância da hierarquia das normas jurídicas para o Direito Tributário? Capítulo II - Tibutos É comum no nosso cotidiano a utilização indevida da palavra “imposto” com o mesmo significado de tributo. Na verdade tributo é um gênero, cujas espécies são: o imposto, a contribuição de melhoria, o empréstimo compulsório, a taxa, o pedágio, as contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e no interesse de categorias profissionais e econômicas. É cediço que a maior parte dos recursos públicos são provenientes dos Tributos e sendo eles a maior fonte de recursos do Estado, ganham notória importância para o equilíbrio das contas públicas, para a distribuição de renda e em muitos casos, são fator determinante para o sucesso ou insucesso de investimentos comerciais e industriais. É por meio dos tributos que se controla a entrada de produtos estrangeiros nocivos à economia e também que se possibilita o desenvolvimento econômico de regiões menos abastadas. Veja o exemplo da Zona Franca de Manaus. 2.1 – TRIBUTOS - Conceituação O Código Tributário Nacional, Lei 5.176, de 25 de outubro de 1.976, foi recepcionado pela Constituição Federal de 1.988 como status de lei complementar, senão vejamos. O artigo 146, da Constituição Federal, em seu inciso III, assim estatui: Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Como se vê a Constituição Federal ao prever que as normas gerais em matéria tributária serão regulamentadas por lei complementar, igualou o CTN à essas leis, já que tais normas gerais estão nele previstas. O artigo 3º do CTN, assim define tributo: Figura 2.1 – artigo 3º Código Tributário Nacional TRIBUTO Art.3o. CTN a)É TODA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA b)EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA POSSA EXPRIMIR c) QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO d) INSTITUÍDA POR LEI e) COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA Fonte: Elaborada pelo autor 2.2 – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 2.2.1 – Introdução Segundo o Código Tributário Nacional, são tributos os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Ver artigo 5º, do CTN, abaixo transcrito: Art. 5o., CTN: Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. O nosso Código Tributário é de 1.966. De lá para cá o Sistema Tributário Nacional sofreu várias modificações. Muito se discutiu a respeito da natureza de alguns tributos. Em 1.988 a Constituição Federal inseriu no capítulo destinado ao Sistema Tributário Nacional (art. 145 e seguintes) o empréstimo compulsório, o pedágio e as contribuições. É pacífica a natureza tributária dos empréstimos compulsórios e das contribuições. Muito se discute, porém no que tange aos pedágios. A Constituição Federal quando trata das limitações ao poder de tributar, se refere aos pedágios da seguinte forma: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;” (grifo nosso) Na nossa concepção o simples fato de existir disposição expressa na Constituição Federal, em especial, no Capítulo que trata do Sistema Tributário Nacional, indica a vontade do legislador originário de incluir tal exação dentre aquelas regradas pelos princípios tributários. No que se refere às contribuições especiais, o judiciário já se manifestou. São tributos. Não dispondo a Lei em contrário, as contribuições “especiais” obedecem às mesmas normas vigentes para os tributos. Uma dúvida que atormenta algumas pessoas é justamente a diferenciação de tributo, imposto, taxa ou contribuição de melhoria. A celeuma é resolvida pelo art. 4º, do Código Tributário Nacional, o qual estatui: “Art. 4º A natureza específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevante para determiná-la: I – A denominação e demais características formais adotadas pela lei II – A destinação legal do produto da sua arrecadação” Observa-se, portanto que a hipótese de incidência, também conhecida como fato gerador, descrita na lei, é que identifica ou revela a identidade (natureza) de um tributo. 2.2.2 – Impostos De acordo com o artigo 16, do CTN, Imposto é o tributo cuja obrigação tem como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Significa dizer que a obrigação de pagar um Imposto não decorrente de qualquer atividade ou serviço prestado pelo Estado. Os fatos geradores, também conhecidos como hipóteses de incidência, dos Impostos, são de dois tipos, a saber: a) Ou é um comportamento do contribuinte, como por exemplo: dar saída de uma mercadoria, prestar um serviço especificado na lei, transmitir uma propriedade ou valor financeiro; b) Ou é uma situação na qual ele se encontre, como por exemplo: ser proprietário de um imóvel, ser proprietário de um veículo, ter uma grande fortuna, etc. Podem ser instituídos pelos quatro entes federativos, a União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os Municípios, conforme competência tributária instituída pela Constituição Federal de 1.988. 2.2.3 – Taxa As taxas têm como fato gerador fatos vinculados à atividade estatal. Tanto o CTN quanto a Constituição regram essa matéria. Veja os dispositivos abaixo: Art. 77 do CTN: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Art 145, II, da Constituição Federal: A União, os Estados, o DF e os Municípios poderão instituir os seguintestributos: I-... II- Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela ou pela utilização efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição. Como as taxas são instituídas em razão do poder de polícia ou da prestação efetiva ou potencial de serviço público, existe vinculação entre a arrecadação e a destinação dos recursos, devendo estes serem empregados na manutenção da atividade estatal. É importante frisar que as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Também se observa que existem dois tipos de taxas. A taxa de polícia e a taxa de serviço, as quais serão tratadas nos tópicos a seguir. 2.2.3.1 – Taxa de Polícia Primeiramente faz-se necessária a definição do poder de polícia. Tal definição é encontra no artigo 78, do CTN, abaixo transcrito: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. A cobrança da taxa de polícia visa disciplinar o exercício de determinada atividade, referente ao cumprimento das normas pertinentes ou conceder autorização. O exercício dessas atividades pode afetar o interesse da sociedade e, portanto, sofrem limites e restrições de ordem pública. Lembre-se, as taxas de polícia não são cobradas em favor do contribuinte, mas sim da sociedade. 2.2.3.2 Taxa de serviço As taxas de serviço têm como fato gerador a atuação do Estado consistente na execução de um serviço público específico e divisível, efetivamente prestado ou colocado a disposição do contribuinte. O artigo 79, do CTN, assim disciplina o assunto: Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - Utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - Específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. A utilização efetiva se refere àquela não compulsória. São serviços colocados à disposição de toda a comunidade, mas só paga quem usa. A utilização potencial refere-se ao pagamento do serviço independentemente de estar se utilizando dele, mas necessariamente tal serviço deve estar à sua disposição do contribuinte, mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento. Vale dizer, o Estado deve se aparelhar para a prestação de um determinado serviço. Basta a existência de uma atividade administrativa em efetivo funcionamento. Feito isso, o serviço já será específico. Em alguns casos a cobrança da taxa mínima do serviço colocado a disposição e não utilizado, pode ser fator determinante para a sua viabilidade econômica ou mesmo para a sua eficiência. Serviços divisíveis são aqueles suscetíveis de utilização e mensuração separada por cada um dos seus usuários. A divisibilidade se relaciona com a possibilidade de se aferir quanto cada um dos cidadãos utilizou o serviço, ou seja, quanto o Estado prestou de serviço para cada um dos contribuintes. São exemplos de serviços indivisíveis a defesa do território nacional e a segurança pública; e divisíveis as taxas judiciais, a taxa d’água e a luz residencial. 2.2.3.3 Preço público x taxa O assunto é controverso. Alguns autores entendem que não existe preço público. Dizem que todo serviço prestado pelo Estado deve ser remunerado por meio de taxa de serviço. Faremos a distinção até porque defendemos a existência do preço público. Podemos afirmar que quando o serviço derivar de obrigação legal, será taxa, quando o serviço derivar de contrato, será preço público. Em outras palavras, quando for obrigatório, será taxa, pois decorre de lei, e quando for facultativo, decorrente de contrato de prestação de serviço, será preço público. A importância da distinção se materializa pela aplicação dos princípios tributários às taxas, enquanto aos preços públicos, se aplicam as regras cíveis da teoria geral dos contratos. São exemplos de preços públicos a conta telefônica e a tarifa de ônibus urbano. 2.2.4 Pedágio A inclusão do pedágio como tributo é um tema bastante controverso. Há quem entenda ser uma nova espécie tributária, eventualmente uma taxa de utilização de bem público, defendendo que o pedágio não é pago por serviços prestados, mas pela utilização da via pública. Outros entendem ser uma taxa de serviço pois, os recursos arrecadados são utilizados para a manutenção e adequação das vias, como também para custear serviços de guincho, telefone e assistências aos usuários. Não pode ser preço público, pois é obrigatório, instituído por lei e não é regido por contrato. A controvérsia sobre a natureza tributária ou não do pedágio foi sinalizada pelo Supremo Tribunal Federal – STF. Veja a ementa abaixo: “Tributário. Pedágio. Lei n. 7.712, de 22/12/88. Pedágio: natureza jurídica: taxa: CF, art. 145, II, art. 150, V. Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei n. 7.712, de 1988. ” (RE 181.475, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4-5-99, DJ de 25-6-99) 2.2.5 Contribuições de Melhoria A matéria está disciplina pelos seguintes dispositivos legais, abaixo transcritos. Constituição Federal: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Código Tributário Nacional: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - Publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - Fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante dacontribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Embora de pouca aplicação prática, devido a complexidade, a contribuição de melhoria só é devida se ocorrer a valorização de imóvel em razão de obra pública. Como dito alhures a contribuição de melhoria somente pode ser instituída se ocorrer valorização de imóvel em decorrência de obra pública. Não obstante, havendo desvalorização do imóvel em razão de obra pública será devido ao prejudicado a reparação cível pelo dano experimentado. O artigo 81, do Código Tributário Nacional, traz duas limitações ao valor de instituição da contribuição de melhoria, assunto polêmico em nossos tribunais, já que alguns doutrinadores entendem que tais limites não foram recepcionados pela lei maior, entendimento não compartilhado por este subscritor. Os limites são: Limite total: a despesa realizada; e Limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado; Deve-se ficar atento aos requisitos enumerados pelo artigo 82, do CTN, acima referenciados. 2.2.6 Empréstimo Compulsório O Empréstimo Compulsório se distingue das demais espécies tributárias por ter cinco características bastante marcantes, quais sejam: a) É instituído por lei complementar; b) É posteriormente devolvido aos contribuintes, segundo o prazo estipulado na lei que o criou; c) Tem aplicação vinculada a necessidade que motivou a sua criação; d) Tem como motivação para a sua criação despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública ou guerra externa efetiva ou iminente, ou ainda, para atender investimentos públicos urgentes e de relevante interesse nacional; e) Somente a União pode instituí-lo; A base normativa do Empréstimo Compulsório é o artigo 148, da Constituição Federal, abaixo transcrito: Art. 148 A União, mediante Lei Complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I- Para atender despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública ou guerra externa ou sua iminência; II- Investimentos públicos urgentes e de relevante interesse nacional, obs. Art.150, III,b, CF. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 2.2.7 Contribuições Especiais As Contribuições Especiais são também conhecidas como parafiscais para diferenciá-las da contribuição de melhoria. São classificadas em 4 espécies, quais sejam: a) Contribuições Sociais; b) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico; c) Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas; d) Contribuições para Custeio do Serviço de Iluminação Pública; As contribuições, diferentemente dos impostos, têm destinação específica, vale dizer, o produto da sua arrecadação deve ser empregado no custeio da despesa referida na lei de sua instituição. A competência para instituição das Contribuições Sociais, das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico e das Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas, é da União, embora os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, possam instituir planos previdenciários custear a aposentadoria dos seus servidores. É uma exceção. A matéria está disciplinada pelo artigo 149, da Constituição Federal, “in verbis”: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 2.2.7.1 Contribuições Sociais As Contribuições Sociais têm como objetivo o bem-estar e justiça social, mediante financiamento da seguridade social. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência – aposentadoria - e à assistência social - afastamento por invalidez, pensão por morte, auxílio funeral e prisão. Poderá incidir sobre a folha de salários, o faturamento, o lucro, loteria, produção rural, importação de produtos estrangeiros e eventos esportivos. A matéria está disciplinada pelo artigo 195, da Constituição Federal, “in verbis”: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) O lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - Sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - Do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. § 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão paraa seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pelo incidente sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 2.2.7.2 Contribuição Intervenção no Domínio Econômico – CIDE Visa possibilitar a atuação da União no domínio econômico, especialmente nas áreas em que o legislador entender que é necessária e salutar tal atuação. Não incidirá sobre as receitas decorrentes de exportação Atualmente existem duas contribuições de intervenção no domínio econômico, a saber: CIDE Exportação. Visa estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Incide, a alíquota de 10%, sobre os valores pagos e remetidos às pessoas residentes ou domiciliadas no exterior. Tais serviços implicam na transferência de tecnologia e na remessa de royalties. A arrecadação é direcionada para o desenvolvimento de pesquisas e projetos científicos, por meio de transferências Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT. Cide – Combustível. Visa subsidiar transporte de álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo, o financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e o financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. Incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível. Sua matriz legal está nos parágrafos 2º a 4º, do artigo 149, e parágrafo 4º, do Art. 177, ambos da Constituição Federal, abaixo transcritos: Art. 149 § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) II - Poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) II - Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) Ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) Específica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Art. 177 § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - A alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) Diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) II - Os recursos arrecadados serão destinados: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) Ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) Ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) c) Ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Por fim, aduzimos que a referidas contribuições foram instituídas pelas leis 10.168/200 e 10.336/2001. 2.2.7.3 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas Destina-se ao custeio das atividades das instituições fiscalizadoras das categorias profissionais ou econômicas, tais como as devidas: à Ordem dos Advogados do Brasil, ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, ao Conselho Regional de Contabilidade, etc. É cediço que por se tratarem de tributos, à essas contribuições se aplicam as normas gerais tributárias, em especial os princípios da legalidade, da irretroatividade, da anterioridade e da noventena. O seu fato gerador é o exercício da profissão regulamentada e fiscalizada pela entidade instituidora. A existência das entidades de controle e fiscalização das categorias profissionais e econômicas não deve ser interpretada como organismos burocráticos, mas como instituições de regulamentação e controle, cujos maiores benefícios são a representação e a defesa dos interesses das categorias respectivas. 2.2.7.4 Contribuições para Custeio do Serviço de Iluminação Pública A Emenda Constitucional 39/2002 instituiu a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - CIP, espécie de tributo que incide sobre a prestação do serviço de iluminação pública, efetuada pelo Município, no âmbito do seu território. O referido dispositivo legal acrescentou o art. 149-A, à Constituição Federal, o qual tem a seguinte redação: Art. 149- A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Esta contribuição foi introduzida em nosso ordenamento jurídico com a finalidadeespecífica de auxiliar financeiramente os municípios, já que os auxilia a custear grande parte da despesa com energia elétrica decorrente da iluminação pública. 2.3 - Competência residual da União O legislador originário introduziu na Constituição Federal de 1988 a possibilidade de apenas um ente federal, no caso a União, criar novos impostos, desde que já não tenham previsão constitucional, sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na própria Constituição Federal. Resta claro que no momento atual, em que a carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo, não há espaço político para a aplicação deste diploma legal. No entanto, a Constituição Federal tem vigência por prazo indeterminado e por sorte, deverá acompanhar várias gerações de brasileiros, motivo pelo qual em outro cenário político/administrativo tal dispositivo poderá ser de grande valia. A citada norma legal está estatuída no artigo 154, da Constituição Federal, abaixo transcrito: Art. 154 A União poderá instituir: I-Mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta CF. 2.3.1 - Impostos Extraordinários Trata-se de outra situação excepcional prevista pelo legislador constitucional originário. Como se sabe o Brasil é um país pacífico e que preza pela solução dos conflitos de forma harmoniosa. Por outro lado, não se pode afastar uma possibilidade remota de eventualmente ocorrer um conflito armado envolvendo o Brasil e nessas condições, a União certamente necessitaria de recursos adicionais para a defesa. Daí a justificativa racional para inclusão da previsão legislativa constante do art. 154, inciso II, da Constituição Federal, abaixo transcrito. Art. 154. A União poderá instituir: II - Na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Questão debate: 1. A luz do ordenamento jurídico pátrio o acréscimo patrimonial obtido por um bicheiro na sua atividade pode ser tributado? 2. COSIP e Princípios da Isonomia e da Capacidade Contributiva O Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina contra acórdão do tribunal de justiça local que, em ação direta de inconstitucionalidade estadual, declarara a constitucionalidade da Lei Complementar 7/2002, editada pelo Município de São José, que instituiu Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública - COSIP. Alegava o recorrente, em síntese, que por ser a hipótese de incidência do tributo o consumo de energia elétrica, restringindo o sujeito passivo da obrigação aos respectivos consumidores, haveria ofensa ao princípio da isonomia, uma vez que o serviço de iluminação pública seria prestado indistintamente a todos os cidadãos. Sustentava, ainda, que o fato de um contribuinte consumir mais ou menos energia elétrica não significaria que ele seria mais ou menos beneficiado pela iluminação pública, inexistindo, portanto, relação entre o que a lei chamou de “níveis individuais de consumo mensal de energia elétrica” e o custo de serviço de iluminação pública. Entendeu-se que a COSIP constitui um novo tipo de contribuição que refoge aos padrões estabelecidos nos artigos 149 e 195 da CF, ou seja, é uma exação subordinada a disciplina própria (CF, art. 149-A), sujeita, contudo, aos princípios constitucionais tributários, haja vista enquadrar-se inequivocamente no gênero tributo. Ressaltou-se que, de fato, como a COSIP ostenta características comuns a várias espécies de tributos, não haveria como deixar de reconhecer que os princípios aos quais estes estão submetidos também se aplicam, modus in rebus, a ela. Destarte, salientou-se que, apesar de o art. 149-A da CF referir-se apenas aos incisos I e III do art. 150 da CF, o legislador infraconstitucional, ao instituir a contribuição em análise, considerada a natureza tributária da exação, estaria jungido aos princípios gerais que regem o gênero, especialmente o da isonomia (art. 150, II) e o da capacidade contributiva (art. 145, § 1º). RE 573675/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-573675) Capítulo III – LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR 3.1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA O poder de tributar é o poder fiscal, a capacidade jurídica, instituída em lei, para criar tributos. O poder de tributar, também conhecido como competência tributária, difere das atribuições que são as de arrecadar e fiscalizar tributos ou executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, as quais podem ser conferidas a outra pessoa jurídica de direito público. A competência tributária é atribuída a um dos entes federados, quais sejam: União, Estados Federados, Distrito Federal e Municípios e está prevista no Capítulo I – Do Sistema Tributário Nacional, da Constituição Federal de 1.988, artigos 145 e seguintes. Em especial, a competência dos impostos está prevista nos artigos 153 a 156, da Constituição Federal. A atribuição da competência tributária de um imposto a um dos entes federados determina a outorga de competência legislativa a respeito do mesmo tributo. Neste aspecto, a Constituição foi ampla, impedindo inclusive que a União instituísse isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. As disposições sobre a competência tributária e as atribuições estão previstas nos artigos. 6º a 8º, do Código Tributário Nacional, abaixo transcritos: Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. O poder de tributar ou a competência tributária é indelegável, ou seja, um ente federado não pode delegar a outro ente, a sua competência tributária. Como vimos o sistema de competência tributária no Brasil é misto, ou seja, as quatro pessoas jurídicas de Direito Público têm competência tributária, mas o produto da arrecadação não fica totalmente com a pessoa competente para instituir o tributo, já que é dividido entre os entesÉ fato que dentre as competências do Estado, a de tributar é mais importante, já que o fruto da arrecadação viabiliza a execução de políticas públicas e a própria estrutura do Estado. Está intimamenteligada com a própria organização estatal, já que sem dinheiro não é possível ao Estado proporcionar ao cidadão a garantia mínima dos seus direitos. Ocorre, porém que o poder de tributar não poder ser ilimitado em razão da segurança jurídica e de abusos que poderiam ser cometidos caso o governante pudesse instituir e cobrar impostos de maneira aleatória, sem limite algum. Por isso sofre restrição por meio de normas constitucionais e infra-constitucionais. Na Constituição Federal encontramos esses limites principalmente nos art. 145 a 156 - princípios constitucionais tributários e imunidades. A própria competência tributária é um limite imposto ao Estado, pois como exemplo, a União não pode legislar sobre o IPVA, já que este é um tributo de competência legislativa dos estados federados. As normas criadoras dos tributos também os limitam, quando: disciplinam alíquotas máximas e mínimas, contemplam situação de isenção e suspensão, etc. 3.1.1 Vigência da norma tributária no Espaço A aplicação da norma tributária no espaço também é uma limitação aos entes federativos. A competência tributária delegada pela Constituição Federal deve ser exercida dentro do âmbito territorial do ente federativo, sob pena de ser considerada ineficaz a norma tributária. Em outras palavras o ente federativo exerce a sua competência tributária nos seus limites territoriais- Município, Estado, Distrito Federal e União. É possível ainda a celebração de convênios visando a concretização das ações fiscalizadora e arrecadadora, conforme se dessome dos art 102 e 199, do CTN, abaixo transcritos. Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio. Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma estabelecida em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar informações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação e da fiscalização de tributos. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Em âmbito internacional, os tratados nos quais o Brasil é signatário, têm vigência condicionada a sua aprovação, que se dá por meio de decreto legislativo, ingressando no ordenamento jurídico pátrio com força de lei ordinária. 3.1.2 Vigência da norma tributária no Tempo Para a determinação da vigência da lei tributária no tempo temos que estudar pelo menos 4 diplomas legais, quais sejam, a Lei de Introdução ao Código Civil - LICC – Decreto 4.657, de 04 de setembro de 1.942, o Código Tributário, a lei instituidora do tributo em referência e a Constituição Federal. Nos ateremos neste momento à LICC e ao CTN, tendo em vista que os demais diplomas legais serão comentados em momento oportuno. A regra geral em Direito é que as disposições legais se aplicam aos fatos presentes e futuros, só retroagindo em casos excepcionais. A LICC disciplina o assunto da seguinte forma, em seus art. 1º e 2º: Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953) § 2o A vigência das leis, que os Governos Estaduais elaborem por autorização do Governo Federal, depende da aprovação deste e começa no prazo que a legislação estadual fixar. § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. O Código Tributário Nacional trata da matéria no seu artigo 3º, com a seguinte disposição: Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - Os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - As decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista. O artigo em comento trata apenas dos atos infra-legais. No que tange às disposições legais veremos logo abaixo, as previsões constitucionais, as quais são bastante esclarecedoras. 3.2 Princípios Constitucionais Tributários 3.2.1 Classificação Princípios são um conjunto de pressupostos ou proposições diretoras. Portanto qualquer norma legal tributária deve estar em consonância com os princípios tributários. Não é demais frisar que a ofensa de uma norma a um princípio tributário invalida a sua aplicação. São constitucionais porque estão disciplinados na constituição de 1.988 e têm por finalidade garantir, restringir, vedar ou limitar direitos, notadamente as ações do poder fiscal público. O poder fiscal ou poder de tributar é a capacidade de criar tributos, a competência tributária. A competência tributária foi outorgada às quatro pessoas jurídicas de direito público interno, através do art. 145 da CF, ou seja, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Os princípios constitucionais tributários se classificam em: - GERAIS- Se referem a todos os tributos e contribuições, e estão disciplinados nos art. 145 a 150, da Constituição Federal. Podemos citar os seguintes: legalidade, igualdade, anterioridade, irretroatividade, não confisco e vedação da limitação ao tráfego. - ESPECIAIS - Se referem a determinada espécie tributária; e estão disciplinados nos art. 145 a 152, da Constituição Federal. Podemos citar os seguintes: pessoalidade, previsto no § 1º, do art.145, da CF, o princípio segundo o qual as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos, previsto no § 2º, do art. 145, da CF e a proibição da diferenciação tributária em razão da procedência/destino, prevista no art. 152, da CF. - ESPECÍFICOS – Se referem, especificamente, a determinados tributos, e estão disciplinados nos art. 153 a 156, da Constituição Federal. Podemos citar os seguintes: princípios da generalidade, universalidade e progressividade do imposto de renda, previsto no § 2º, do art.153, da CF, o princípio da não cumulatividade e seletividade do IPI, previsto no § 3º, do art.153, da CF e o princípio da progressividade em razão do grau de utilização da terra, para o ITR previsto no § 4º, do art.153, da CF. 3.2.2 Princípios Constitucionais Tributários - Espécies 3.2.2.1 – Princípio da Legalidade O Princípio da Legalidade é o princípio basilar para todos os ramos do Direito. O legislador constitucional disciplinou
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