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INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS ROTEIRO DE COLETA - ESCALA PEDRO AUTOR: Farmacêutico Igor Lima Soares Histórico e Contextualização A prática baseada em evidências é necessária para que os pacientes recebam tratamentos eficazes, assim como para reduzir os custos de saúde. Com o crescimento da produção científica torna-se difícil para os profissionais de saúde selecionar quais as melhores evidências para embasar a sua conduta terapêutica. Além do grande número de estudos relacionados à eficácia de intervenções, outro problema encontrado por profissionais de saúde que desejam se atualizar adequadamente é o fato de que a qualidade metodológica dos estudos tende a ser muito heterogênea, sendo a maioria dos estudos de baixa qualidade metodológica. Esses estudos de baixa qualidade metodológica proporcionam conclusões com pouca validade científica, que infelizmente mais confundem do que orientam tomadas de decisão clínica. A PEDro é uma base de dados específica para estudos que investigam a eficácia de intervenções em fisioterapia, podendo ser acessada gratuitamente por meio do site http://www.pedro.org.au . Todos os estudos controlados aleatorizados disponíveis na PEDro possuem sua qualidade metodológica e descrição estatística avaliados por meio da escala de qualidade PEDro. Ao realizar uma busca, esses estudos são ranqueados em ordem de importância metodológica para facilitar o acesso rápido à evidência mais válida possível. A escala PEDro foi desenvolvida no final da década de 90 na Austrália com o intuito de ser um instrumento de avaliação de qualidade metodológica. A pontuação que um estudo recebe através da avaliação pela escala aponta a qualidade daquele estudo, indicando se os dados são satisfatórios para a inserção na prática clínica. Com base na importância de repassar informações de qualidade para o público- alvo da Liga Acadêmica de Fitoterapia e como forma de facilitar o desenvolvimento dos http://www.pedro.org.au/ trabalhos científicos, observou-se a necessidade de estabelecer uma ferramenta para a análise de artigos científicos para elaboração de revisões de literatura integrativas. Na inexistência de uma ferramenta específica para tal necessidade na área de ciências farmacêuticas, adotou-se a implementação da escala de qualidade PEDro, que apesar de ser voltada para profissionais fisioterapeutas, vem ganhando espaço na área de saúde em geral e sendo usada para avaliar artigos de outras bases de dados, como PubMed e Scielo. Estabelecendo uma Pontuação Os artigos são avaliados em uma escala de 0 a 10, recebendo 1 ponto para cada critério cumprido. A pontuação final da escala de qualidade PEDro é dada por meio da soma do número de critérios que foram classificados como satisfatórios APENAS entre os critérios 2 ao 11. O critério 1 não é considerado para a pontuação final por tratar-se de um item que avalia a validade externa do estudo. Se houver dúvida em relação ao preenchimento ou não de determinado critério ou este for satisfeito de forma parcial, a pontuação NÃO deve ser atribuída. A escala possui basicamente dois domínios: domínios relacionados a validade interna do estudo e domínios relacionados a validade externa do estudo. O domínio interno é relativo as variáveis do estudo que podem levar ao risco de um viés, ou seja, problemas na metodologia que podem prejudicar o peso que a conclusão do estudo mostra. O domínio externo ou validade externa é a capacidade que o estudo tem de ser generalizado para toda a população. Simplificando os itens da escala PEDro para avaliação de um ensaio clínico randomizado: 1. Os critérios de elegibilidade foram especificados? • Este item não é levado em consideração para a pontuação final. • O item avalia se o estudo deixa claros os critérios de inclusão e exclusão da população em estudo. 2. Os sujeitos foram aleatoriamente divididos nos grupos? • Avaliar se houve randomização dos pacientes nos grupos em estudo e se essa randomização foi feita de forma adequada. • As estratégias de randomização adequada são aquelas em que não se pode interferir de forma alguma no resultado final da randomização dos participantes (evitando assim o viés): Jogar uma moeda, se o resultado for cara o paciente irá para o grupo placebo e se for coroa irá para o grupo intervenção. • Exemplos inadequados de randomização: pela data de nascimento, pelo número de prontuários (P.ex. pacientes com nro de prontuário par alocados em grupo controle e pacientes com nro de prontuário ímpar alocados em grupo intervenção), por ordem de chegada (embora aleatório, introduz um viés). 3. A alocação dos sujeitos foi secreta? • O pesquisador, terapeutas, avaliadores dos desfechos e pacientes não devem saber o grupo no qual estão inseridos. É muito difícil respeitar este critério, mas é fundamental para garantir a qualidade metodológica de um ensaio clínico. P.ex: Usar envelopes selados, através de uma central online ou tabelas de números aleatórios em um software, de forma que a alocação seja secreta para todos os envolvidos no estudo. 4. Avaliação da homogeneidade de variáveis prognósticas na linha de base. • Exemplo: Avaliação de uma intervenção X em pacientes com dor lombar crônica → Intensidade da dor, níveis de incapacidade. Se os indivíduos são divididos em dois ou mais grupos, então é importante que eles possuam variáveis prognósticas semelhantes, ou então equilibradas, valores parecidos entre os grupos. Essa informação geralmente está descrita nos resultados do trabalho. Se a estratégia de randomização foi adequada (critério 2), muito provavelmente este critério será cumprido. Exemplo de caso inadequado: grupo controle com média de intensidade de dor 3 e grupo intervenção com média de intensidade de dor 7, então o critério não foi preenchido. 5. 6. 7. Estes itens são relativos ao cegamento. • São importantes para garantir a qualidade metodológica do trabalho e diminuir qualquer risco de viés. É possível cegar 3 entes em um estudo clínico randomizado: os sujeitos que recebem o tratamento (critério 5), os terapeutas que administram o tratamento (critério 6) e os avaliadores dos desfechos dos pacientes (7). • Critério 5: Em fisioterapia é difícil cegar os pacientes, principalmente quando são prescritos exercícios ativos, em um estudo que avalia diferentes programas de exercício, pois o paciente invariavelmente saberá que está realizando um determinado tipo de exercício. O cegamento será mais fácil, por exemplo, no caso de um estudo placebo controlado (laser placebo X laser real; ultrassom placebo X ultrassom real) pois o paciente não saberá se está recebendo a terapia verdadeira ou não. DEVE EXISTIR ALGUMA FRASE OU SENTENÇA CLARA NO TEXTO INDICANDO O CEGAMENTO. • Critério 6: É bastante difícil cegar um terapeuta, pois quem aplica uma técnica sabe que está realizando aquela determinada técnica. Mas existem situações em que o terapeuta pode estar cegado. Exemplo: uso de um aparelho (desde que o aplicador não tenha ligado e configurado a máquina), administração de medicamentos. DEVE EXISTIR ALGUMA FRASE OU SENTENÇA CLARA NO TEXTO INDICANDO O CEGAMENTO. • Critério 7: DEVE EXISTIR ALGUMA FRASE OU SENTENÇA CLARA NO TEXTO INDICANDO O CEGAMENTO. Os avaliadores são aqueles que avaliam os resultados das intervenções, diminuição da intensidade da dor, por exemplo. 8. Avalia o viés de atrito. • Houve perda amostral durante a condução do estudo? Não se pode perder mais que 15% dos participantes até o final do estudo. A pontuação é preenchida quando o requisito for satisfeito. 9. Avalia a análise de intenção por tratar. • Todos os sujeitos que foram randomizados para umadeterminada condição de tratamento devem ser avaliados ao final do estudo, mesmo que o segmento dos pacientes tenham sido perdido (P.ex pacientes que pediram para trocar de grupo, pacientes que não realizaram todo o tratamento). Um exemplo de caso em que este critério não é pontuado, é quando o estudo realizada análise por protocolo, ou seja, se 10 pacientes foram randomizados para o grupo X, mas apenas 5 permanecem neste grupo até o final do estudo e apenas eles são analisados, é introduzido um viés e a qualidade de estudo é considerado comprometida. A pontuação pode ser atribuída se houver a justificativa plausível do motivo pelo qual o paciente foi excluído. As informações sobre esse critério geralmente estão disponíveis nos resultados do estudo. 10. Existe análise estatística da comparação entre os grupos? • Exemplo: Comparar dor entre os grupos, ansiedade entre os grupos. Dificilmente não é pontuado. 11. O estudo apresenta o resultado com medidas de precisão e variabilidade? • Medidas de precisão: Médias, Medianas • Medidas de variabilidade: Desvio Padrão, mínimos e máximos, intervalos de 95% de confiança para desfechos, etc. • Se o estudo apresenta os resultados de forma superficial, por exemplo, APENAS afirmando que 10% dos pacientes melhoraram, mas não dá as medidas de precisão e as medidas de variabilidade ele não satisfaz o critério para receber pontuação. Fonte:Shiwa, 2011 Fonte: Shiwa, 2011 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SHIWA, Sílvia Regina et al. PEDro: a base de dados de evidências em fisioterapia. Fisioterapia em Movimento, v. 24, n. 3, p. 523-533, 2011. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO - ESCALA PEDRO ELABORADO POR: Farmacêutico Igor Lima Soares ➢ Marcar com “X” quando o critério em análise for satisfeito. ➢ Marcar com “0” quando o critério em análise for parcialmente ou totalmente insatisfatório. ➢ Somar a pontuação total de cada estudo analisado ➢ OBS: A pontuação do critério 1 não deve ser levada em consideração para cálculo da pontuação total. IDENTIFICAÇÃO DO ESTUDO Critérios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 TOTAL 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 ...
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