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Apelação Penal

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Rita, senhora de 60 anos, foi presa em flagrante no dia 10/11/2019, ao sair da filial de uma grande rede de farmácias, após ter furtado cinco tintas de cabelo. Para subtrair os itens, Rita arrebentou a fechadura do armário onde estavam os referidos produtos, conforme imagens gravadas pelas câmeras de segurança do estabelecimento. O valor total dos itens furtados perfazia a quantia de R$49,95 (quarenta e nove reais e noventa e cinco centavos). Instaurado inquérito policial, as investigações seguiram normalmente. O Ministério Público, então, por entender haver indícios suficientes de autoria, provas da materialidade e justa causa, resolveu denunciar Rita pela prática da conduta descrita no Art. 155, § 4º, inciso I, do CP (furto qualificado pelo rompimento de obstáculo). A denúncia foi regularmente recebida pelo juízo da 41ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado ‘X’ e a ré foi citada para responder à acusação, o que foi devidamente feito. O processo teve seu curso regular e, durante todo o tempo, a ré ficou em liberdade. Na audiência de instrução e julgamento, realizada no dia 18/05/2020, o Ministério Público apresentou certidão cartorária apta a atestar que no dia 15/05/2020 ocorrera o trânsito em julgado definitivo de sentença que condenava Rita pela prática do delito de estelionato. A ré, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio.
As alegações finais foram orais; acusação e defesa manifestaram-se. Finda a instrução criminal, o magistrado proferiu sentença em audiência. Na dosimetria da pena, o magistrado entendeu por bem elevar a pena base em patamar acima do mínimo, ao argumento de que o trânsito em julgado de outra sentença condenatória configurava maus antecedentes; na segunda fase da dosimetria da pena o magistrado também entendeu ser cabível a incidência da agravante da reincidência, levando em conta a data do trânsito em julgado definitivo da sentença de estelionato, bem como a data do cometimento do furto (ora objeto de julgamento); não verificando a incidência de nenhuma causa de aumento ou de diminuição, o magistrado fixou a pena definitiva em 4 (quatro) anos de reclusão no regime inicial semiaberto e 80 (oitenta) dias-multa. O valor do dia-multa foi fixado no patamar mínimo legal. Por entender que a ré não atendia aos requisitos legais, o magistrado não substituiu a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Ao final, assegurou-se à ré o direito de recorrer em liberdade. O advogado da ré deseja recorrer da decisão.
APELAÇÃO
Endereçamento ao juiz 41ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado X e razoes endereçadas ao tjtinha
60 anos – diminui (não ) 
INSIGNIFICANCIA/Bagatela – valor insignificante e furto de coisa alheia móvel insignificante 
Bis in idem – utilização da reincidência na primeira e na segunda fase do sistema trifásico (ou um ou outro). 
Não configura reincidência – 
Regime aberto – art 33,§2, c cp
Substituição de pena – art 44 cp
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 41ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________, ESTADO X
( 5 a 8 linhas)
Processo nº __/__
Rita, já qualificada nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, por não se conformar com a r. Sentença de fl. .
Requer o recebimento e processamento do presente, com as anexas razões recursais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data
Advogado _________________
OAB. Nº _________
RAZÕES DE APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DO ESTADO DE X.
Processo nº __/__
Comarca de __________
Apelante: Rita
Apelado: Ministério Público do Estado X
DOUTO PROCURADOR,
COLENDA CÂMARA.
A r. Decisão de fl. X, não traz aos autos a correta e eficaz aplicação da Justiça, conforme será demonstrado pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
1. DOS FATOS.
A ré foi presa em flagrante em 10/11/2019, sobre a acusação da prática de furto qualificado, ao subtrair 5 tintas de cabelo no montante de R$ 49,45 de uma grande rede de farmácias, empregando o rompimento de barreira física descrito no artigo 155, §4.
O Ministério Público apresentou a denuncia baseando no entendimento de que houve indícios suficientes de autoria e materialidade, caracterizando a conduta descrita no artigo 155, §4 do Código Penal. A denúncia, devidamente recebida, seguiu seu tramite até o acontecimento da audiência de instrução e julgamento na data 18/05/2020, no qual o Ministério Público apresentou certidão cartorária na data de 15/05/2020, comunicando que o ocorreu o trânsito em julgado em definitivo de sentença que condenava a ré pelo crime de estelionato, conforme o artigo 171 do Código Penal. 
Finda a instrução criminal, o magistrado proferiu sentença em audiência alegando, no sistema trifásico, os seguintes itens: (i) o magistrado entendeu por bem elevar a pena base em patamar acima do mínimo, ao argumento de que o trânsito em julgado de outra sentença condenatória configurava maus antecedentes ; e (ii) na segunda fase da dosimetria da pena o magistrado também entendeu ser cabível a incidência da agravante da reincidência, levando em conta a data do trânsito em julgado definitivo da sentença de estelionato, bem como a data do cometimento do furto (ora objeto de julgamento). Por derradeiro, fixou a pena definitiva em 4 anos cumulados com 80 dias-multa (valor fixado no mínimo legal) em regime semiaberto, ignorando a possibilidade de substituição de pena.
O Parquet requereu a condenação do acusado (art. 155 § 4º, I do CP), pedido que foi acolhido pelo magistrado, condenando o réu a 2 (dois) anos de reclusão e multa, sem possibilidade de substituição de pena ou sursis.
2. DO DIREITO
a) da atipicidade da conduta
O caso narrado apresenta uma hipótese conhecida na doutrina como a bagatela. Não obstante a conduta guardar identificação com a conduta tipificada no dispositivo legal, há de se convir que a subtração de 5 tintas de cabelo não gera prejuízo ao patrimônio da referida vítima, uma vez que essa, como documentado, é uma grande rede de farmácias. Destaca-se também que o valor total dos itens subtraídos pode ser considerado ínfimo quando confrontados com o patrimônio desta farmácia, devendo assim ser reconhecida outra figura doutrinária baseada no princípio da insignificância. Desde modo, o movimento da máquina judiciária mostra-se desproporcional ao valor subtraído pela ré, comprovando assim ser o processo mais custoso para a máquina pública do que o fato à vítima. Assim sendo, caso o magistrado entenda pelo prosseguimento da denúncia, é necessária a ênfase a figura do furto privilegiado o artigo 155, §2º.
b) da substituição de pena
Seguindo a toada do item anterior, a sentença de fls. previu que a ré cumprisse, em regime inicial, o regime semiaberto e sem a possibilidade da aplicação da substituição de pena conforme exposto no artigo 44 do Código Penal. Conforme exposto na descrição fática, não há motivos para a não observância a substituição de pena, uma vez que o magistrado se baseou na reincidência, esta que sequer deveria ser reconhecida, tendo em vista que, a sentença transitada em julgado pelo crime de estelionato ocorreu após o acontecimento narrado. Assim sendo, não existe óbice para a aplicação da substituição de pena, uma vez que a ré, pode ser considerada uma ré primaria com bons antecedentes. Além disso, prevê o Código Penal que o regime inicial a ser cumprido é o aberto, nos casos da existência da primariedade, vide artigo 33, §2, alínea c. 
c) bis in idem
Conforme demonstrado, o magistrado, considerou a ré portadora de maus antecedentes com fulcro na reincidência por pratica de estelionato, na fase inicial do chamado sistema trifásico. Na fase seguinte, baseando-se nesta mesma condenação, aplicou a agravante de reincidência. Diante disto, há clara configuração do chamado bis in idem na seara penal, se tornando uma dupla condenação pelo mesmo fato. Portanto, tais argumentos são incabíveis para agravar ou elevara pena da apelante, observada o principio penal do ne bis in idem.
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) Seja o presente recurso conhecido e provido, declarando a absolvição da apelante com base no artigo 386, inciso III do Código de Processo Penal;
b) Subsidiariamente, requer a aplicação do disposto no parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal, qual seja a figura do denominado furto qualificado pela insuficiência de dano ao patrimônio;
c) Caso não reconhecida a atipicidade, deverá requerer a diminuição da pena pelo afastamento da circunstância agravante da reincidência;
d) A fixação do regime aberto para o cumprimento da pena;
e) Finalmente, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer-se a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos, aplicando o artigo 44, III do Código Penal.
Local e data
Advogado _________________
OAB nº _________
Rita, 
senhora de 60 anos
, foi presa 
em flagra
nte
 
no dia 
10/11/
2019
,
 
ao sair da filial de uma grande rede de farmácias, após ter 
furtado cinco 
tintas de cabelo
. Para subtrair os itens, Rita 
arrebentou a fechadura do 
armário onde estavam os referidos produtos
, conforme imagens gravadas 
pelas câmeras d
e segurança do estabelecimento. O valor total dos itens 
furtados perfazia a quantia de R$49,95
 
(quarenta e nove reais e noventa 
e cinco centavos). Instaurado 
inquérito policial
, as investigações seguiram 
normalmente. O Ministério Público, então, por entend
er 
haver indícios 
suficientes de autoria, provas da materialidade e justa causa
, resolveu 
denunciar Rita pela prática da conduta descrita no 
Art. 155, § 4º, inciso I, 
do CP (furto qualificado pelo rompimento de obstáculo
). A denúncia foi 
regularmente receb
ida pelo juízo da 
41ª Vara Criminal da Comarca da 
Capital do Estado ‘X’
 
e a ré foi citada para responder à acusação, o que 
foi devidamente feito. O processo teve seu curso regular e, durante todo 
o tempo, a ré 
ficou em liberdade
. Na audiência de instrução 
e julgamento, 
realizada no dia 
18/05/2020
, o Ministério Público apresentou certidão 
cartorária apta a atestar que no dia 
15/05/2020 ocorrera o trânsito em 
julgado definitivo de sentença que condenava Rita pela prática do delito 
de estelionato
. A ré, em seu
 
interrogatório, 
exerceu o direito ao silêncio
.
 
As alegações finais foram 
orais
; acusação e defesa manifestaram
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se. Finda a instrução criminal, o magistrado proferiu sentença em 
audiência. Na 
dosimetria da pena
, o magistrado entendeu por bem elevar 
a pena 
base em patamar acima do mínimo
, ao argumento de que o 
trânsito em julgado de 
outra sentença condenatória configurava
 
maus 
antecedentes
; na segunda fase da dosimetria da pena o magistrado 
também 
entendeu ser cabível a incidência da agravante da reincidênci
a
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levando em conta a data do trânsito em julgado definitivo da sentença de 
estelionato, bem como a data do cometimento do furto (ora objeto de 
julgamento); 
não verificando a incidência de nenhuma causa de aumento 
ou de diminuição
, o magistrado fixou a pen
a 
definitiva em 4 (quatro) anos 
de reclusão no regime inicial semiaberto e 80 (oitenta) dias
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multa
. O valor 
do dia
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multa foi fixado no patamar mínimo legal. Por entender que a ré 
não atendia aos requisitos legais, o magistrado não substituiu a pena 
privati
va de liberdade por pena restritiva de direitos
. Ao final, assegurou
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Rita, senhora de 60 anos, foi presa em flagrante no dia 10/11/2019, 
ao sair da filial de uma grande rede de farmácias, após ter furtado cinco 
tintas de cabelo. Para subtrair os itens, Rita arrebentou a fechadura do 
armário onde estavam os referidos produtos, conforme imagens gravadas 
pelas câmeras de segurança do estabelecimento. O valor total dos itens 
furtados perfazia a quantia de R$49,95 (quarenta e nove reais e noventa 
e cinco centavos). Instaurado inquérito policial, as investigações seguiram 
normalmente. O Ministério Público, então, por entender haver indícios 
suficientes de autoria, provas da materialidade e justa causa, resolveu 
denunciar Rita pela prática da conduta descrita no Art. 155, § 4º, inciso I, 
do CP (furto qualificado pelo rompimento de obstáculo). A denúncia foi 
regularmente recebida pelo juízo da 41ª Vara Criminal da Comarca da 
Capital do Estado ‘X’ e a ré foi citada para responder à acusação, o que 
foi devidamente feito. O processo teve seu curso regular e, durante todo 
o tempo, a ré ficou em liberdade. Na audiência de instrução e julgamento, 
realizada no dia 18/05/2020, o Ministério Público apresentou certidão 
cartorária apta a atestar que no dia 15/05/2020 ocorrera o trânsito em 
julgado definitivo de sentença que condenava Rita pela prática do delito 
de estelionato. A ré, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. 
As alegações finais foram orais; acusação e defesa manifestaram-
se. Finda a instrução criminal, o magistrado proferiu sentença em 
audiência. Na dosimetria da pena, o magistrado entendeu por bem elevar 
a pena base em patamar acima do mínimo, ao argumento de que o 
trânsito em julgado de outra sentença condenatória configurava maus 
antecedentes; na segunda fase da dosimetria da pena o magistrado 
também entendeu ser cabível a incidência da agravante da reincidência, 
levando em conta a data do trânsito em julgado definitivo da sentença de 
estelionato, bem como a data do cometimento do furto (ora objeto de 
julgamento); não verificando a incidência de nenhuma causa de aumento 
ou de diminuição, o magistrado fixou a pena definitiva em 4 (quatro) anos 
de reclusão no regime inicial semiaberto e 80 (oitenta) dias-multa. O valor 
do dia-multa foi fixado no patamar mínimo legal. Por entender que a ré 
não atendia aos requisitos legais, o magistrado não substituiu a pena 
privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Ao final, assegurou-

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