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APELAÇÃO CRIMINAL

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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA ___VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FEIRA DE SANTANA – BAHIA
Processo nº XXXXXXX
CHICO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos da ação criminal em epígrafe, que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, vem, respeitosamente, perante esse Juízo, por meio de seu advogado subscrito (procuração anexa a esta exordial), com fundamento no art. 593, inciso I, do Código de Processo Penal, interpor recurso de APELAÇÃO contra a r. sentença de fls. XXXX, requerendo, desde já, seja o recurso conhecido por este Juízo e, consequentemente, remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, para que dele conheça, dando-lhe provimento.
Requer ainda, os benefícios da Justiça Gratuita, tendo em vista ser o apelante pobre, acepção legal do termo, não podendo arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e da sua família.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Feira de Santana – BA, 10 de maio de 2020.
ADVOGADO
OAB
RAZÕES DA APELAÇÃO
Processo nº xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Origem:___ Vara Criminal da Comarca de Feira de Santana/BA
Ação Criminal
Apelante: CHICO DE TAL
Apelado: JUSTIÇA PÚBLICA
EGRÉGIO TRIBUNAL
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES
1 DA ADMISSIBILIDADE
O presente recurso é cabível, uma vez que investe contra sentença condenatória prolatada pelo respeitável Juízo a quo nestes autos de ação criminal.
Além disso, o presente recurso é tempestivo, vez que o prazo para apelação, conforme a legislação processual vigente, é de 5 dias contados a partir da data da intimação da sentença, que no caso em tela, se deu somente no dia 5 de maio de 2020, portanto, tempestivo o presente recurso.
O apelante requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, tendo em vista ser pobre no sentido legal, não podendo arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e da sua família.
2 DOS FATOS 
	Narram os fatos que Chico, vizinho de Juscival de tal que foi encontrado morto dentro de seu carro com dois tiros na cabeça numa madrugada na chegada de uma viagem, foi condenado pelo crime de homicídio qualificado por ser o único suspeito na vizinhança de ter cometido tal delito, pois Juscival já o havia denunciado à Polícia pelo tráfico de drogas tempos atrás.
	Sendo procurado pela Polícia, o apelante confessou o crime aos policiais, no entanto, no curso do processo, alegou que só confessou o crime por ter sido torturado e negou envolvimento no homicídio de Juscival, bem como alegou que na época do crime não estava respondendo a inquérito e nem a processo por tráfico de drogas. Alegou também que no caso não existiam provas válidas de seu envolvimento. Ocorre que, ao ser julgado pelo Tribunal do Júri, o apelante foi condenado pelos jurados pelo crime de homicídio simples, porém, a sentença proferida pelo Juiz em plenário, o condenou por homicídio qualificado, com pena de 15 anos de reclusão.
3 DA SENTENÇA
	O Juízo a quo julgando o feito, condenou o Apelante nas sanções do art. 121, § 2º, I, do Código Penal, fixando pena em 15 anos de reclusão. 
4 DO DIREITO
Em decorrência dos fatos alegados, vê-se que a sentença divergiu totalmente da classificação legal do crime, afinal o Tribunal do Júri decidiu e compreendeu pelo Crime de homicídio simples e não pelo crime de homicídio qualificado como foi proferida a sentença pelo juízo a quo.
Ocorre que a sentença proferida, sendo contrária à decisão do Júri, incorre em divergência no previsto no art. 593, III, b, do Código de Processo Penal, pois seria uma decisão diversa do que a lei expressamente informa.
Em que pese os fatos alegados e a situação de o julgamento ocorrer perante o Tribunal do Júri, deve-se prevalecer o princípio da soberania dos veredictos, na qual a decisão dos jurados é que deve fundamentar a sentença do Juízo.
Nesse diapasão verifica-se que o Juiz presidente equivocou-se ao proferir sentença diversa da decisão do Júri, ferindo legalmente o previsto na segunda parte da alínea b do artigo 593, III do código de processo Penal, que elenca:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
[...]
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados.
Além disso, entende-se que a decisão dos jurados no Tribunal do Júri, compreende uma vontade popular, denominada veredicto, sendo esta soberana, conforme nossa lei supra, a Constituição Federal, elencando em seu art. 5º, XXXVIII, alínea c, que “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: c) a soberania dos veredictos”.
Neste sentido, o entendimento de alguns Tribunais de Justiça versa sobre a nulidade da sentença quando proferida em desacordo com a decisão dos jurados. É o teor do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
EMENTA. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TENTADO. SENTENÇA CONTRÁRIA A DECISÃO DOS JURADOS. NULIDADE. OCORRÊNCIA. Nula é a sentença proferida pelo Juiz Presidente em desacordo com a decisão dos jurados impondo-se a nulidade.
(TJ-MG - APR: 105118150222231002 MG, Relatora: Denise Pinho da Costa Val, Data de Julgamento 23/06/00019, Data de Publicação 03/07/2019).
Diante do exposto, espera-se pelo necessário entendimento e correção, tendo em vista a violação supramencionada, afinal, a sentença proferida pelo Juízo a quo, deveria basear-se na decisão do Júri.
DOS PEDIDOS
Por estas razões, requer:
a) Que o presente Recurso de Apelação Criminal seja conhecido e provido, anulando então a sentença pelos motivos já expostos, vez que esta foi proferida em desacordo com o entendimento do Tribunal do Júri;
b) Que a pena-base do apelante seja fixada sem considerar a qualificadora trazida na sentença apelada, pois assim fazendo O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, além de velar pela correta aplicação da lei, estará fazendo a tão sonhada e almejada justiça.

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