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Mod 1 - Apostila Inflamaveisv2

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Inflamáveis
—
2 / 73
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 5
2 – O QUE É COMBUSTÃO? ........................................................................................................ 5
2.1 Triângulo do fogo ............................................................................................................. 6
2.2 Definições do MTE, ABNT e ANTT sobre produtos inflamáveis e combustíveis 7
2.3 Comburente ....................................................................................................................10
2.4 Comburente: hiperoxidação .........................................................................................12
2.4.1 Possíveis fontes de hiperoxidação ......................................................................12
3 – COMBUSTÃO ........................................................................................................................12
4 – CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS INFLAMÁVEIS – PERIGOS E RISCOS 16
4.1 Definições de perigo e risco .........................................................................................16
4.2 Definições de gás e vapor .............................................................................................18
4.3 Limites de inflamabilidade ou explosividade ...........................................................19
5 – ENERGIA DE IGNIÇÃO .........................................................................................................25
5.1 Definição de energia de ignição ..................................................................................25
5.2 Início da combustão .......................................................................................................25
6 – ENERGIA MÍNIMA DE IGNIÇÃO (MIE) ...............................................................................26
7 – VOLATILIDADE ....................................................................................................................28
8 – PRESSÃO DE VAPOR ...........................................................................................................29
8.1 Ponto de ebulição e capacidade calorífica ................................................................30
9 – PONTO DE FULGOR (FLASH POINT) ...............................................................................32
9.1 Definição de ponto de fulgor .......................................................................................32
9.2 Pontos importantes .......................................................................................................32
10 – PONTO DE COMBUSTÃO .................................................................................................34
3 / 73
11 – TEMPERATURA DE IGNIÇÃO OU TEMPERATURA DE AUTOIGNIÇÃO ...................34
11.1 Definição ........................................................................................................................34
11.2 Estimativa de temperatura de fontes de calor ......................................................35
12 – MISCIBILIDADE ..................................................................................................................37
13 – DENSIDADE DOS GASES E VAPORES ...........................................................................39
13.1 Definição de densidade e densidade relativa ........................................................39
13.2 Cuidados: densidade relativa .....................................................................................41
13.3 Cuidados: correntes de ar ...........................................................................................44
14 – MOBILIDADE ......................................................................................................................45
15 – RISCOS QUÍMICOS ORIUNDOS DA EXPOSIÇÃO A INFLAMÁVEIS E 
COMBUSTÍVEIS ...........................................................................................................................45
15.1 Sistema SFPQ ................................................................................................................49
15.2 Ficha de emergência ....................................................................................................50
15.3 Rótulo ..............................................................................................................................51
16 – CLASSIFICAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS GASOSOS SEGUNDO AS PROPRIEDADES 
FÍSICAS .........................................................................................................................................52
16.1 Gases comprimidos ......................................................................................................52
16.2 Gases liquefeitos ..........................................................................................................52
16.3 Gases criogênicos (líquidos) .....................................................................................53
17 – PERIGOS ENVOLVENDO INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS ......................................53
17.1 Incêndio ..........................................................................................................................53
17.1.1 Classes de incêndio ..............................................................................................54
17.2 - Riscos de Incêndio e explosão envolvendo combustíveis e inflamáveis 
(líquidos e gasosos) ..............................................................................................................54
17.2.1 Incêndio em poça (poolfire) ................................................................................54
4 / 73
17.2.2 Jato de fogo (jetfire) ............................................................................................56
17.2.3 Incêndio em nuvem (flashfire) ...........................................................................58
17.2.4 Incêndio em nuvem (flashfire)/explosão de nuvem de vapor confinado 
(vapor cloud explosion – VCE) ........................................................................................59
17.2.5 Impulso ...................................................................................................................61
17.2.6 Exemplos de ocorrências de explosão de nuvem de vapor confinado 
(VCE) ....................................................................................................................................62
17.2.7 Fireball (bola de fogo) .........................................................................................63
17.2.8 Boiling liquid expanding vapor explosion (BLEVE) .......................................64
17.2.9 Ebulição turbilhonar (boilover) ..........................................................................66
17.2.10 Efeitos físicos do incêndio e explosão ...........................................................68
17.2.10.1 Toxicidade da fumaça ................................................................................68
17.2.10.2 Efeitos da radiação térmica ......................................................................69
17.2.10.3 Efeitos da sobrepressão ...........................................................................71
18 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................71
5 / 73
1 – INTRODUÇÃO
Neste material, você aprenderá a classificar, segundo a NR 20, líquidos e gases 
inflamáveis e combustíveis. Será apresentado o significado de combustão, triângulo 
de fogo e tetraedro de fogo. Também serão tratados assuntos específicos, como 
reação em cadeia, pressão de vapor e ponto de ebulição, bem como energia de ignição, 
volatilidade, pontos de fulgor e de combustão, miscibilidade, densidade e mobilidade. 
Serão abordados temas importantes, como a classificaçãodos combustíveis gasosos 
segundo suas propriedades físicas, as tipologias dos incêndios/explosões, entre 
outros assuntos relacionados. 
Dessa forma, você conhecerá as principais características e propriedades dos 
inflamáveis e, além disso, será capaz capaz de identificar os perigos e riscos associados 
aos seus materiais.
2 – O QUE É COMBUSTÃO?
Combustão é a reação química de oxidação e exotérmica (liberação de energia) 
favorecida por uma energia de iniciação, que acontece quando os componentes – 
combustível e oxidante (geralmente o oxigênio do ar) – se concentram apropriadamente, 
com geração de gases, vapores, luz e calor.
Veja o exemplo abaixo:
CH4 + 2O2 ====> CO2 + 2H2O
∆H + 212,0 kcal/mol
Percebe-se nesse exemplo que o combustível (metano), a partir do contato com 
uma fonte de ignição (representada na figura pelos raios vermelhos) e o oxigênio 
(comburente), gera o dióxido de carbono (gás), vapor d’água, luz e energia na forma 
de calor. 
6 / 73
Ao contrário da combustão, que é uma reação extremamente rápida, existem outros 
tipos de oxidação que não geram luz e, por mais que gerem calor, este não é percebido, 
pois a reação se processa em velocidade extremamente lenta; por exemplo, a oxidação 
do ferro.
Veja a fórmula abaixo:
2Fe (s) + 3/2 CO2 (g) Fe2 O3 (s)
Para melhor entendimento da reação de combustão, serão abordadas a seguir 
informações sobre o triângulo de fogo.
2.1 Triângulo do fogo
O triângulo do fogo possui três elementos essenciais ao início da combustão.
Observe a imagem:
Apesar de haver comentários sobre o desuso do triângulo de fogo e sua substituição 
pelo tetraedro, ele ainda é usado, pois a combustão, ainda no seu início, não possui 
o quarto elemento, que é a reação em cadeia. Portanto, ele ainda é utilizado para
simbolizar o início de uma combustão, bem como da ocorrência de um flash.
De forma simplificada, pode-se dizer que o combustível é toda substância capaz 
7 / 73
de queimar e alimentar a combustão, ou seja, é o elemento que serve de campo de 
propagação ao fogo.
2.2 Definições do MTE, ABNT e ANTT sobre produtos inflamáveis e 
combustíveis
Considerando que o ponto de fulgor é a temperatura mais baixa na qual um composto 
se vaporiza em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamável com ar 
pelo contato com uma chama, a NR 20 define os produtos inflamáveis e combustíveis 
da seguinte forma:
 • Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60ºC.
 • Gases inflamáveis: gases que inflamam com o ar a 20ºC e a uma pressão padrão
de 101,3 kPa.
 • Líquidos combustíveis: são líquidos com ponto de fulgor > 60ºC e ≤ 93ºC.
A NR 20 não define o método utilizado para a determinação do ponto de fulgor dos
inflamáveis e combustíveis. Existem dois métodos destinados ao encontro do ponto
de fulgor: vaso fechado e vaso aberto. O método de vaso fechado é o mais utilizado
pelos prevencionistas em decorrência de ser mais restritivo e preciso.
Ponto de fulgor em vaso aberto (Cleveland)
8 / 73
Ponto de fulgor em vaso fechado (Pensky-Martens)
A NBR 17.505 apresenta a seguinte distinção entre líquidos inflamáveis e combustíveis:
 • Líquidos inflamáveis: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor, em vaso fechado,
abaixo de 37,8ºC.
 • Líquidos combustíveis: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor, em vaso
fechado, igual ou superior a 37,8ºC.
A NBR 17.505 ainda divide esses líquidos em classes. Veja:
9 / 73
A NBR 17.505 considera inflamáveis líquidos com ponto de fulgor de até 37,8ºC, 
diferentemente da NR 20, que considera inflamáveis líquidos com ponto de fulgor de 
até 60ºC. 
Existe ainda a definição apresentada pela Agência Nacional de Transportes – ANTT, 
que, na sua Resolução nº 420, apresenta uma definição diferente das demais. Ela 
considera líquido inflamável aquele que possui ponto de fulgor de até 60,5ºC (teste 
em vaso fechado) ou 65,5°C (teste em vaso aberto).
Como exemplo, podemos citar o querosene, que possui um ponto de fulgor em torno 
de 40ºC; portanto, segundo a NR 20 e a ANTT, este é um líquido inflamável, enquanto 
que a NBR 17.505 o classifica como líquido combustível.
Conforme essas explicações, questiona-se se a gasolina também é combustível. 
Utilizando termos da língua inglesa, facilita-se o entendimento: a palavra fuel 
(combustível) é relacionada a produtos utilizados para gerar energia e movimentar 
máquinas, enquanto as palavras flammable e combustible, assim como na língua 
portuguesa, referem-se a definições técnicas dos produtos baseados em seus 
respectivos pontos de fulgor.
Dessa forma, na língua portuguesa, a gasolina, que é considerada combustível para 
gerar energia e movimentar máquinas (fuel), também é considerada inflamável 
(flammable) pela sua periculosidade e pelo seu ponto de fulgor ser extremamente 
baixo (em torno de -40°C).
Ainda relacionados à combustão, serão abordados o sólido e o líquido. Eles não 
geram o fogo propriamente dito (a chama); antes de eles se inflamarem, é necessária 
a vaporização desses elementos.
Acompanhe a imagem abaixo:
10 / 73
Reação química: oxidação, exotérmica 
Fonte de calor: promove reação do combustível com oxigênio
Concentrações apropriadas
Sólidos
Líquidos
Mudança 
de estado Vapor
Carbono
Hidrogênio
CO, CO2, H2O,
SO2, luz, calor
COMBUSTÍVEL PRODUTOS
AR
O2
Esse processo não acontece com o gás, que se inflama diretamente, assim como os 
produtos pirotécnicos.
2.3 Comburente 
O comburente é todo agente químico que conserva a combustão. Considera-
se o oxigênio, que está no ar atmosférico em aproximadamente 21%, o principal 
comburente, mas existem outros produtos que podem se comportar como comburente 
sob determinadas condições, como, por exemplo, cloro, bromo e peróxidos.
O cloro, quando na presença do gás liquefeito de petróleo (GLP), reage como 
comburente, oxidando o GLP. Ao elevar o O2 (oxigênio) em 3%, aumenta-se em 100% 
a taxa de combustão do material. Por esse motivo, ao realizar qualquer atividade 
(principalmente em um espaço confinado) com líquidos inflamáveis ou combustíveis, 
deve-se certificar a porcentagem de oxigênio da área.
Em geral, para que haja a presença de chama, necessita-se de uma concentração 
acima de 10% de O2 (oxigênio), salvo algumas exceções. O hidrogênio, por exemplo, 
consegue ignitar-se com menos de 10% de oxigênio nas condições ambientais de 
temperatura e pressão (CATP).
O gráfico abaixo apresenta a quantidade mínima necessária de oxigênio (26°C) 
para ocorrer a combustão do metano, etano e propano, sob condições de pressão 
diferentes.
Acompanhe!
11 / 73
Observe que, à medida que a pressão do sistema aumenta, a quantidade mínima 
necessária de oxigênio para que ocorra a combustão diminui.
A tabela a seguir mostra a composição da nossa atmosfera, que é basicamente de 
nitrogênio (78%) e oxigênio (21%).
12 / 73
2.4 Comburente: hiperoxidação
Denomina-se hiperoxidação o excesso de oxigênio no ambiente (geralmente 
considerado acima de 23%). O oxigênio não é inflamável, mas altera a inflamabilidade 
de algumas substâncias, fazendo com que elas entrem em ignição a uma temperatura 
mais baixa e queimem de forma mais rápida, aumentando significativamente o risco 
de incêndio e explosão.
Importante! 
Um ambiente ventilado com ar atmosférico (ou seja, com aproximadamente 21% de 
O2, 78% de N2 e 0,9% de ar) não cria hiperoxidação.
2.4.1 Possíveis fontes de hiperoxidação
São possíveis fontes de hiperoxidação:
 • Purga com O2: é uma questão apresentada na NR 33, que trata de espaço confinado.
Nela, é determinado que é proibida a ventilação com oxigênio puro em espaço
confinado:
NR 33
[...]
Item 33.3.2
Medidas Técnicas de Prevenção:
“i” – proibir a ventilação com oxigênio puro em espaço confinado.
 • Utilização de oxigênio para realização de pintura à pistola em substituição ao ar
comprimido.
 • Furo na mangueira de oxigênio (corte oxiacetilênico).
 • Conexão da mangueira ressecada e/ou danificada do maçarico.
Lembre-se: todos esses pontos são possíveis fontes de enriquecimento deoxigênio 
no ambiente (principalmente confinado) e, dessa forma, elevam consideravelmente 
o risco de incêndio e explosão.
3 – COMBUSTÃO 
Ainda sobre o tema combustão, trataremos agora do tetraedro de fogo. Anteriormente, 
você conheceu o triângulo de fogo, que ainda podemos considerar uma ferramenta 
importante para explicar, por exemplo, como o fogo se inicia. Isso porque, neste 
13 / 73
momento, só temos combustível, comburente e fonte de ignição. 
A reação em cadeia só passa a ocorrer com a continuidade da combustão, cujas 
reações químicas geram o calor necessário para a quebra de novas moléculas de 
combustíveis, que reagirão com o comburente, mantendo, assim, a chama.
Dessa forma, a combustão é mantida pelo calor produzido pelas rupturas das 
moléculas do combustível (pirólise) que resultam em produtos intermediários 
instáveis (radicais). Esses radicais, como são instáveis, possuem necessidade de 
estabilização; portanto, liberam mais energia/calor. O calor liberado pela estabilização 
desses radicais mantém a chama acessa durante a reação.
Co
m
bu
re
nt
e
Calor
Combustível
Co
m
bu
re
nt
e
Calor
Combustível
Reação 
em 
cadeia
Para que você compreenda melhor a reação em cadeia, observe o exemplo a seguir:
14 / 73
A simulação acima apresenta a oxidação de uma molécula de hidrogênio. Podemos 
perceber que há uma molécula de hidrogênio mais uma de oxigênio, na qual a 
fonte inicial de ignição quebra a molécula de hidrogênio, formando dois íons de 
hidrogênio que tentarão se estabilizar, formando, assim, a hidroxila, que é um radical 
extremamente instável. Ao tentar se estabilizar, a hidroxila liberará mais energia, 
formando o vapor d’água, tornando-se, assim, uma molécula estável que libera 
energia, mantendo a chama, o que chamamos combustão autossustentada.
Como o fogo se processa no tempo?
A partir de uma molécula de hidrogênio que se quebrou e reagiu com o oxigênio para 
se estabilizar, essa molécula acaba por desestabilizar três moléculas de hidrogênio, 
formando três íons de hidrogênio. Esses três íons formarão nove e, por consequência, 
os nove formarão vinte e sete, os vinte e sete formarão 81 e assim sucessivamente.
Percebe-se, então, que o calor desenvolvido na combustão é proveniente da ruptura 
das ligações moleculares do combustível e posterior estabilização através de reações 
de oxidação. Esse calor é suficiente para quebrar novas moléculas de combustível, 
que irão novamente se estabilizar através da oxidação com um agente oxidante 
(comburente). Esse fenômeno é denominado reação em cadeia.
O triângulo da base desse tetraedro representa a reação em cadeia, sendo a interface 
entre os outros três elementos. 
15 / 73
A reação em cadeia é um processo que une os três elementos propriamente ditos da 
combustão (dando sustentabilidade à reação), e não um elemento em si.
Importante!
Várias literaturas trazem a configuração do fogo em forma de quadrado; no entanto, 
não é a mais correta para se tratar a combustão, tendo em vista que ela é uma 
interação simultânea de todos os elementos (combustível, comburente, fonte de 
ignição e reação em cadeia). Quando representados no quadrado, conforme figura 
abaixo, a reação em cadeia não interage com o comburente. 
Sendo assim, o correto é utilizarmos o tetraedro de fogo, considerado como base da 
reação em cadeia, como mostra a figura a seguir
16 / 73
Nessa configuração, todas as partes estão se tocando, ou seja, a interação ocorre 
simultaneamente entre todos os elementos, da mesma forma que acontece durante 
a combustão.
4 – CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS 
INFLAMÁVEIS – PERIGOS E RISCOS
4.1 Definições de perigo e risco
Perigo: fonte ou situação com potencial de provocar lesão, doença, morte, dano à 
propriedade, dano ao meio ambiente do local de trabalho ou uma combinação destes.
Exemplo de situação de perigo:
17 / 73
No cenário acima, vemos o trabalhador próximo a um tanque de armazenamento de 
produto altamente inflamável, o que representa claramente uma situação de perigo. 
Podemos observar que o perigo pode ser tanto relativo à questão intrínseca do 
produto (neste caso, ao cigarro, que pode trazer diversos problemas de saúde para o 
trabalhador) quanto à própria situação (aqui exposta pelo trabalhador fumando em 
área proibida, que possui potencial de formação de atmosfera explosiva).
Risco: combinação da probabilidade/frequência com a severidade/potencial de 
gravidade esperada de ocorrência de um determinado cenário.
Risco = f (frequência, severidade); onde f = função.
O risco também pode ser definido pela seguinte expressão matemática:
Risco = Perigo x tempo de exposição
 Medidas de controle
Podemos dizer, então, que o risco é uma função matemática.
No caso do exemplo de perigo acima, quanto maior o tempo de exposição, maior o 
risco.
Quanto maior a periculosidade do produto, maior a probabilidade do acidente.
Ou seja, caso o tanque da figura acima seja de armazenamento de gasolina, onde 
o ponto de fulgor é de aproximadamente -40°C, a probabilidade de haver vapor
18 / 73
suficiente para que o mesmo entre em ignição (e portanto o risco) é maior do que 
se o mesmo fosse de armazenamento de querosene, onde este possui um ponto de 
fugor de aproximadamente +40°C.
Já para efeito de medidas de controle, quanto mais barreiras são colocadas no 
sistema, a tendência é diminuir riscos.
As medidas podem ser preventivas e mitigadoras:
 • Preventivas: ações prévias tomadas para reduzir a probabilidade, as consequências
negativas ou ambas associadas a um risco.
 • Mitigadoras: ações tomadas para reduzir a magnitude dos impactos ou das
consequências negativas de um determinado evento.
O risco se apresenta em três categorias. 
Para a companhia, considera-se o exemplo apresentado (trabalhador fumando 
próximo a um combustível armazenado) categoria de risco não tolerável (NT), visto 
que essa condição se encontra sinalizada, conforme placa indicativa (proibido fumar) 
estampada no próprio tanque.
4.2 Definições de gás e vapor
Sabe-se que um gás pode ser transformado em líquido pela aplicação de um 
acréscimo de pressão e um decréscimo de temperatura. O estado de agregação em 
que o material se encontra varia com sua pressão e sua temperatura. O estado no 
qual uma substância existe sob condições normais, ou seja, 0°C e 1,013 bar (ou 1 atm) 
de pressão é chamado estado normal de agregação. Assim, se uma substância se 
encontra, no estado gasoso, em condições normais de temperatura e pressão (CNTP), 
19 / 73
ela é chamada de gás. Se a substância é líquida ou sólida na CNTP, o estado gasoso 
por aquecimento ou redução da pressão é chamado de vapor. Na prática, a diferença 
física entre gases e vapores é que os vapores se desviam consideravelmente dos 
gases ideais. 
Do ponto de vista prático, todos os materiais que estão no estado gasoso em 
condições ambientais de temperatura e pressão (CATP), ou seja, em geral, 25°C e 1 
atm, são considerados gases. Por outro lado, a fase gasosa de uma substância que se 
apresenta no estado líquido ou sólido na CATP é considerada vapor. 
4.3 Limites de inflamabilidade ou explosividade
Anteriormente, definia-se combustão como o fato que ocorre quando o combustível 
está em uma condição apropriada.
Considera-se condição apropriada quando ela está entre dois limites importantes, 
ou seja, o limite inferior de inflamabilidade (LII) e o limite superior de inflamabilidade 
(LSI), que também podem ser chamados de limite inferior de explosividade (LIE) e 
limite superior de explosividade (LSE).
Dessa forma, define-se:
 • Limite inferior de inflamabilidade (LII) ou limite inferior de explosividade (LIE):
é a mínima concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de
provocar a combustão do produto a partir do contato com uma fonte de ignição.
 • Limite superior de inflamabilidade (LSI) ou limite superior de explosividade: é a
máxima concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar
a combustão do produto apartir de uma fonte de ignição.
Esses conceitos podem ser visualizados na figura abaixo:
20 / 73
A imagem acima apresenta, de um lado, o limite inferior de explosividade (LIE) e, 
do outro, o limite superior de explosividade (LSE). O meio é a faixa ideal para que 
ocorra a ignição. A partir do limite superior de explosividade, não haverá ignição, ou 
seja, o combustível está em uma mistura rica. No entanto, essa não é uma condição 
21 / 73
apropriada para fazer atividade, pois, em algum momento, poderá acontecer a perda 
do controle do ambiente e, por ser dinâmico, caso haja ventilação, automaticamente 
passará da mistura rica para a mistura ideal, tendo assim o risco de ignição. 
Veja a seguir uma imagem que ilustra bem uma situação em que há a liberação de 
GLP; no momento da ignição, ele alcança justamente a faixa de mistura ideal deste 
produto.
É importante então, trabalhar sempre bem abaixo do limite inferior de explosividade; 
se possível, em 0% de presença de combustível. Lembrando que, quanto menor a 
presença de combustível, melhor será a prevenção.
Os explosímetros (detectores de gás) portáteis, geralmente utilizados nas unidades 
da Petrobras, alarmam em dois momentos: 10% (alarme baixo) e 20% (alarme alto). 
No caso do alarme com 10% do LII, correspondente ao nível baixo, a atividade 
deverá ser paralisada, pois há presença considerável de produtos inflamáveis na 
atmosfera monitorada. No caso do alarme com 20%, correspondente ao nível alto, 
sinaliza-se que a atividade já deveria ter sido paralisada, pois o risco de ignição é 
iminente.
É necessário atentar-se sobre o perigo de trabalhar em um ambiente com diversos 
produtos inflamáveis ou mesmo com misturas de hidrocarbonetos, pois o ambiente 
estará repleto de materiais com faixas de inflamabilidade diferentes.
22 / 73
Exemplo: em um ambiente que possui GLP, existem várias frações, como butano, 
propano, buteno, propeno etc. Esses produtos/cadeias possuem limites inferiores de 
explosividade diferenciados. Daí a necessidade de trabalhar o mais próximo possível 
do limite de 0%; entretanto, se realmente não houver essa possibilidade, a atmosfera 
deverá ser monitorada a todo instante.
Podemos destacar alguns produtos que possuem uma faixa larga de explosividade, 
como, por exemplo, acetileno e hidrogênio.
Na imagem, podemos observar que o acetileno possui uma faixa que se inicia com o 
limite inferior de inflamabilidade em torno de 2,5 e um limite superior inflamabilidade 
de 100%, ou seja, isso significa que o acetileno pode ignitar com quantidades 
desprezíveis de oxigênio.
O acetileno é um produto extremamente instável, que, dentro do cilindro, não 
está puro; geralmente, ele se encontra em uma matéria porosa e é solubilizado na 
acetona. Dessa forma, em uma situação em que o cilindro sofra uma colisão ou, por 
exemplo, o oxigênio flua no sentido inverso do fluxo normal de acetileno, produzindo 
o retrocesso da chama (também conhecido como "engolir chama” ou “engolir 
fogo”) pode acarretar em uma decomposição do produto, que poderá chegar a uma 
temperatura de autoignição e explodir. 
23 / 73
É importante lembrar que o acetileno é um produto extremamente perigoso e possui 
a seguinte configuração química:
Por ser um alcino, é muito instável (também devido às ligações triplas) e, em 
qualquer situação que possa desestabilizá-lo, decompõe-se, podendo aumentar a 
temperatura, chegando a um nível de ignição. 
O hidrogênio também possui uma grande faixa de inflamabilidade, de aproximada-
mente 4% a 75% na temperatura e pressão ambientes.
Além disso, devemos tomar cuidado com alguns produtos que, por mais que não 
possuam uma faixa larga de explosividade, com pouca presença no ambiente, já 
tornam a atmosfera inflamável. Um exemplo é o benzeno, que, com uma concentração 
muito baixa (LII: 1,20%vol), já entra na condição de inflamabilidade. 
É importante ainda destacar que esses limites de inflamabilidade apresentados na 
prática devem ser usados com cuidado, pois as condições ambientais (ventilação) 
podem mudar rapidamente a concentração do combustível no ambiente.
Existem situações nas quais pode haver o alargamento da faixa, ou seja, a redução 
do limite inferior de explosividade e o aumento do limite superior de explosividade, 
tornando a mistura mais perigosa. 
O limite inferior de inflamabilidade (LII) de um produto diminui enquanto o limite 
superior de inflamabilidade (LSI) aumenta quando a:
 • Concentração de O2 aumenta.
 • Temperatura dos reagentes aumenta.
 • Pressão aumenta acima de 1 bar.
Acompanhe as imagens a seguir.
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Vemos, na primeira figura, o aumento da pressão acima de 1 bar, o que aumenta 
consideravelmente o limite superior de inflamabilidade. O limite inferior de 
inflamabilidade também é reduzido com a elevação da pressão; entretanto, de 
forma menos acentuada quando comparamos com o aumento do limite superior de 
inflamabilidade. Em relação à temperatura, acontece o mesmo.
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Por isso, a importância de trabalhar sempre com cuidado, monitorando sempre o 
ambiente onde há risco de presença de vapores ou gases inflamáveis para garantir 
que durante toda a atividade a quente, ou seja, que possa gerar chama, calor ou 
centelha, não ocorra a formação de uma atmosfera explosiva.
5 – ENERGIA DE IGNIÇÃO
5.1 Definição de energia de ignição
É a energia requerida para provocar a ignição de uma mistura de combustíveis, sob 
condições específicas, que pode ser fornecida por uma chama, centelha elétrica ou 
fonte de calor. 
5.2 Início da combustão
Numa situação de trabalho a quente, em um ambiente onde pode ser gerado calor, 
chama e/ou centelha, apresenta-se uma situação em que há comburente (oxigênio na 
atmosfera) e fonte de ignição. Assim, é necessário monitorar o local com o explosímetro 
para confirmar que, durante o desenvolvimento da atividade, não haja presença de 
combustível, evitando, assim, o fechamento do triângulo do fogo. Previne-se, dessa 
forma, a ocorrência de uma ignição na localidade de execução da atividade a quente.
Outra situação que deve ser observada é a transferência de inflamáveis de um tanque 
para outro. Esse procedimento pode gerar eletricidade estática e, posteriormente, 
descarga elétrica, transformando-se em uma fonte de ignição.
A energia de ignição é importante, visto que ela é necessária para ignitar uma 
atmosfera inflamável. Numa situação em que há combustível, comburente e fonte de 
ignição, porém esta última possua uma energia inferior ao que chamamos de energia 
mínima de ignição do produto, ela não será suficiente para ignitar a atmosfera.
Observe os exemplos a seguir.
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Vimos que o hidrogênio, além de possuir uma larga faixa de inflamabilidade, tem uma 
energia de ignição inferior à do propano, o que o torna um produto mais perigoso, 
visto que, com um nível energético menor, ele consegue entrar em ignição. 
Então, podemos dizer que:
 • Quanto menor a energia de ignição, maior o risco.
 • Quanto maior a temperatura ambiente, menor é a energia de ignição de determinado
produto.
6 – ENERGIA MÍNIMA DE IGNIÇÃO (MIE)
A energia mínima de ignição é:
a) A energia mínima em forma de descarga capacitiva necessária para causar
ignição de uma mistura explosiva sob condições CNTP.
b) Medida em mJ e tem importância principal em áreas capazes de gerar eletricidade
estática e descargas eletrostáticas (exemplo: local de abastecimento de caminhão
de gasolina).
Numa transferência de produtos através de dutos, o líquido tende a retirar elétrons 
do duto e ficar carregado negativamente, enquanto o duto permanece carregado 
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positivamente.
Uma descarga capacitiva ocorre entre duas superfícies cuja diferença de potencial 
(DDP) seja suficiente para romper o meio dielétrico ou isolante. Se esse meio isolante 
forma uma mistura explosiva, ou seja, possui um produto inflamável dentro da sua 
faixa de explosividade, ocorrerá a ignição.
A figura abaixo mostra a formação de uma centelha; caso o líquido carregadoseja 
inflamável, poderá ocorrer a ignição dos seus respectivos vapores. 
Observe a figura abaixo que representa bem esse processo. Na região representada 
na cor azul, não ocorre ignição, visto que, ou está fora da faixa de inflamabilidade do 
produto, ou a energia gerada durante a descarga elétrica é inferior à energia mínima 
de ignição do produto. Por outro lado, na região representada na cor vermelha, ocorre 
a ignição, pois há o atendimento dos dois requisitos necessários, ou seja, dentro da 
faixa de inflamabilidade do produto e energia igual ou superior à energia mínima de 
ignição.
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Em situações de transferência de produtos inflamáveis para tanques e/ou veículos, 
é essencial que haja o aterramento e a equipotencialização. Dessa forma, ao gerar 
carga eletrostática, ela será logo dissipada para que não atinja o nível crítico em que 
a descarga abrupta possa formar centelha, ignitando, assim, a atmosfera explosiva. 
Lembre-se que existem gases com um nível de energia de ignição muito baixo, como, 
por exemplo, o hidrogênio e o acetileno.
O nível de energia mínima de ignição do acetileno é de aproximadamente 0,020 mJ, e 
o hidrogênio, 0,018 mJ. Esses dois gases possuem uma faixa de mistura ideal ampla 
e um nível de energia de ignição muito baixo, ou seja, são extremamente perigosos. 
Veja na tabela a seguir.
7 – VOLATILIDADE 
Os combustíveis líquidos são classificados em:
 • Voláteis – são os combustíveis líquidos que, à temperatura ambiente, desprendem 
vapores capazes de inflamar. Os produtos voláteis são os mais perigosos e precisam 
ser armazenados e manuseados com cuidados especiais. Exemplos: gasolina, 
nafta, éter, hexano, tolueno, benzeno etc.
 • Não voláteis – são os combustíveis líquidos que, para desprender vapores 
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inflamáveis, necessitam de aquecimento acima da temperatura ambiente. 
Exemplos: óleo combustível, óleo lubrificante, óleo diesel, querosene etc.
Conforme a figura apresentada acima, podemos concluir que, dentre os produtos 
destacados, o mais volátil é o éter, que consegue, em uma temperatura e pressão 
ambiente, vaporizar mais que os demais.
8 – PRESSÃO DE VAPOR
Pressão relacionada à temperatura, na qual um líquido que ocupa parcialmente um 
recipiente fechado tem “interrompida” a passagem das moléculas para a fase vapor.
Observe a figura a seguir.
Vapor
Líquido
A pressão de vapor é a habilidade que um líquido ou um sólido possui para se vaporizar. 
Quanto maior a habilidade, maior a pressão de vapor.
Um exemplo de sólido que possui uma pressão de vapor elevada é a naftalina, que 
facilmente se vaporiza em uma temperatura/pressão atmosférica.
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Veja o exemplo.
 
Observando a figura acima, percebemos que, na mesma temperatura, a gasolina 
produz muito mais vapor que o querosene. Dessa forma, a pressão de vapor da 
gasolina é maior. Assim chegamos a duas propriedades relacionadas: volatilidade e 
pressão do vapor. Quanto maior a volatilidade do produto, maior a pressão do vapor.
Veja alguns exemplos de produtos e sua pressão de vapor.
8.1 Ponto de ebulição e capacidade calorífica
Ponto de ebulição é a temperatura na qual a pressão de vapor (PV) iguala a pressão 
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atmosférica. Quanto maior a volatilidade do produto, menor seu ponto de ebulição.
No gráfico abaixo, veja que o éter possui menor ponto de ebulição se comparado ao 
álcool; percebe-se, além disso, que o éter (que, como visto anteriormente, tem alta 
volatilidade) possui o ponto de ebulição mais baixo. Dessa forma, podemos observar 
que, a 35ºC, a PV do éter se iguala à pressão atmosférica (1 atm), entrando, assim, em 
ebulição, enquanto o álcool etílico só atinge esse ponto a 78°C. 
Quanto maior for a sua pressão de vapor, mais volátil será o líquido, e menor será sua 
temperatura de ebulição em comparação a outros líquidos com menor pressão de 
vapor à mesma temperatura de referência.
A PV depende unicamente da natureza do líquido e varia com a temperatura, sem ser 
influenciada pela quantidade de produto envolvida. 
Em uma situação na qual o produto esteja em uma panela, bacia ou tanque, a pressão 
de vapor não será alterada, pois ele é uma propriedade intensiva e não depende da 
quantidade de matéria para sua graduação.
Diferentemente de outras propriedades, a capacidade calorífica, que é uma 
propriedade extensiva, depende da quantidade de massa para que seja feita a 
graduação. 
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Capacidade calorífica (C) determina a relação entre a quantidade de calor (q) fornecida 
a um corpo e a variação de temperatura (∆T) observada neste.
Veja a formula abaixo: 
Dessa forma, quanto maior for a amostra, mais calor é necessário para aumentar a 
sua temperatura; portanto, maior sua capacidade calorífica.
Por exemplo, se colocarmos um copo (200 ml) e uma panela (1 litro) cheios d’água para 
ferver sobre uma mesma chama, a água que está no copo ferverá antes da que está 
na panela, visto que, no copo, há uma quantidade (massa) inferior de água; assim, a 
capacidade calorífica desta será menor quando comparada com a massa de água que 
está na panela. 
9 – PONTO DE FULGOR (FLASH POINT)
9.1 Definição de ponto de fulgor
É a menor temperatura na qual um material combustível libera vapores em quantidades 
suficientes para que a mistura de vapor e ar se inflame a partir do contato com uma 
fonte de ignição. Além disso, é quando ocorre o limiar da mistura inflamável (LIE).
A temperatura do ponto de fulgor não é suficiente para que a combustão seja mantida, 
visto que, ao retirar a chama externa, a combustão não se mantém, ocasionando 
apenas um flash.
Através do ponto de fulgor, define-se se um produto é combustível ou inflamável. 
9.2 Pontos importantes
 • O valor do ponto de fulgor dos líquidos inflamáveis/combustíveis pode ser alterado
pela presença de impurezas.
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 • Caso um líquido, como, por exemplo, combustível, esteja misturado a um produto
inflamável, ele pode ter seu ponto de fulgor reduzido, tornando-se mais perigoso.
Certifique-se que as informações que constam na Ficha de Informação de Segurança
de Produtos Químicos (FISPQ) estejam corretas, ou seja, do produto comercial ou
do produto puro.
 • Cuidado redobrado ao manusear os líquidos inflamáveis, pois eles podem
liberar vapores nas condições ambientais de temperatura e pressão (CATP) em
concentrações suficientes para dar início à combustão.
Ressalta-se que, nas condições ambientais de temperatura e pressão (CATP), 
considera-se a temperatura em torno de 25°C e pressão em 1 atm, enquanto que, nas 
condições normais de temperatura e pressão (CNTP), consideramos a temperatura 
de 0°C e a pressão de 1 atm. 
Os líquidos combustíveis, por mais que aparentem ser menos perigosos que os 
inflamáveis, caso sejam atomizados ou pulverizados, como, por exemplo, em 
atividades de pintura à pistola ou, então, quando aquecidos, tornam-se tão nocivos 
quanto os inflamáveis. 
Segundo a ABNT NBR 17505-1, a volatilidade de um líquido é aumentada pelo 
aquecimento. Quando líquidos combustíveis são expostos a condições de 
armazenamento, a condições de uso ou a processos de operações em que os líquidos 
são aquecidos natural ou artificialmente ou até acima dos seus pontos de fulgor, 
tornam-se necessárias medidas adicionais de segurança contra incêndio, o que inclui 
ventilação, separação da exposição a fontes de ignição, diques e classificação da área 
elétrica.
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Resumindo:
 • As características dos líquidos mudam quando são atomizados (ex.: pulverizados
por ação de um propelente) ou aquecidos. Nesses casos, há um risco maior de
ignição tanto de líquidos combustíveis quanto de inflamáveis.
 • Certifique que não há fontes de ignição nas áreas de risco.
 • Tenha certeza que as condições de ventilação no ambiente no qual será necessário
o manuseio de produtos inflamáveis/combustíveis são adequadas. É importante
verificar se a ventilação ou exaustão é suficiente para não tornar a atmosfera
perigosa a ponto de entrar no limite inferior de explosividade e ocorrer a ignição
noambiente, principalmente se o local for confinado, onde há risco inclusive de
uma explosão.
10 – PONTO DE COMBUSTÃO
É a temperatura na qual o líquido libera vapor suficiente para entrar em ignição e 
manter a chama/combustão. Segundo as normas, ele deve manter uma sustentação 
da chama de, no mínimo, cinco segundos. 
O ponto de combustão está a poucos graus acima do ponto de fulgor.
11 – TEMPERATURA DE IGNIÇÃO OU TEMPERATURA DE 
AUTOIGNIÇÃO
11.1 Definição 
É a menor temperatura em que os vapores desprendidos por um material combustível 
aquecido se inflamam ao entrar em contato com o ar, independentemente ou não da 
presença de qualquer chama ou centelha externa. 
Veja a seguir alguns exemplos de ponto de fulgor e temperatura de ignição de alguns 
produtos. 
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Produto Ponto de Fulgor (oC) Ponto de Ignição (oC)
Etanol 12 365
Gasolina (Padrão) - 43 257
Querosene médio 40 238
Metanol 12 464
Benzeno - 11 555
Tolueno 4,4 536
Eteno - 136 490
Hexano - 35 225
Importante!
O correto é dizer temperatura de ignição ao invés de ponto de ignição, pois não é uma 
temperatura exata como outras temperaturas que são relativamente mais precisas 
(por exemplo, ponto de fulgor e ponto de combustão).
Posteriormente, falaremos sobre equipamentos que são certificados para permanecer 
em áreas com presença de atmosfera inflamável (áreas classificadas), mas, de 
antemão, é importante saber que esses dispositivos devem ter uma característica 
chamada temperatura máxima de superfície, que é a mais alta temperatura atingida 
em serviço sob as mais adversas condições (porém, dentro de tolerâncias) por 
qualquer parte ou superfície de um equipamento elétrico. A temperatura máxima de 
superfície desses equipamentos, quando aplicada em áreas classificadas, deve ser 
inferior às temperaturas de autoignição dos produtos aos quais eles serão expostos.
11.2 Estimativa de temperatura de fontes de calor
Abaixo, segue uma tabela com a estimativa de temperatura de algumas fontes de 
calor:
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Estimativa da temperatura de algumas fontes de calor
Fonte de Calor Temperatura ºC
Vela 700 - 1400
A 15 cm da chama da vela 200
Arco elétrico 4000
Chama de alcool 1200 - 1700
Chama de fósforo 1500
Chama de gás 1000 - 1500
Cigarro 300 - 100
Fósforo 800
Lâmpada 170 - 200
Madeira queimando 1000 - 1400
Oxi-acetileno 2000 - 3000
É importante termos conhecimento sobre essas temperaturas, pois, em caso de 
um acidente, poderemos avaliar quais são as possibilidades de danos pessoais, 
ambientais e patrimoniais que poderão ocorrer, bem como quais as possíveis medidas 
preventivas e mitigadoras que poderão ser implementadas. 
Outra importância sobre o conhecimento dessas informações é podermos avaliar, 
por exemplo, o risco de determinada fonte de calor ignitar uma atmosfera inflamável 
estudada, bem como verificar se há possibilidade de fragilização de materiais que 
podem ser submetidos a esses tipos de fontes de calor, o que poderá acarretar um 
cenário de emergência ou até um escalonamento de eventos (efeito dominó).
A temperatura produzida pelo hidrocarboneto geralmente possui uma temperatura 
de chama entre 900ºC e 1.300ºC. O propano, por exemplo, possui uma temperatura 
de chama que fica em torno de 1.200ºC. É importante reforçar que o aço começa a 
perder as suas propriedades de resistência mecânica aproximadamente a partir dos 
400°C.
Já o arco elétrico, conforme apresentado acima, apresenta temperatura de 
aproximadamente 4.000ºC, e o oxiacetileno, queimando em uma condição atmosférica, 
possui temperatura de 1.300ºC, podendo chegar a 3000ºC em uma condição de corte 
oxiacetileno. Ou seja, este combustível, quando queima em presença de oxigênio a 
99,9%, é um dos gases de maior poder calorífico existente. Por isso, é o mais utilizado 
em atividades de oxicorte.
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12 – MISCIBILIDADE
Miscibilidade é a capacidade dos líquidos de se misturarem. Dessa forma, a regra 
é: semelhante dissolve semelhante, ou seja, líquido polar dissolve líquido polar, e 
líquido apolar dissolve líquido apolar. 
Um exemplo simples que podemos perceber no nosso dia a dia é água, que não se 
mistura com óleo, pois a água é polar, e o óleo, apolar.
Observe a imagem abaixo:
A figura acima representa a estrutura molecular do etanol, com dois carbonos 
(simbolizados por esferas pretas), seis hidrogênios (esferas brancas) e um oxigênio 
(esfera vermelha), sendo que um hidrogênio está ligado diretamente ao oxigênio, 
formando o radical hidroxila (OH). Este radical traz polaridade para a molécula do 
álcool; por isso, ele consegue se misturar com a água, que também é um produto 
polar. 
A seguir, podemos visualizar a estrutura molecular da água, em que há a formação de 
um polo negativo (onde está o oxigênio) e um polo positivo (onde está o hidrogênio). 
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Uma forma de extinção de incêndio em álcool seria através da diluição com água. 
Entretanto, devemos nos certificar que não há risco de transbordamento do tanque, 
pois há necessidade de aplicação de uma quantidade elevada de água para combater 
incêndios em álcool através da diluição.
Vejamos agora a representação do etano.
Vemos na figura os átomos de carbono (em preto) e os de hidrogênio (em branco). 
Podemos observar que a molécula de etano é simétrica, não formando assim, nenhum 
polo negativo ou positivo. Concluímos desta forma que o etano é apolar e, portanto, 
não se mistura com a água, que é polar.
Importante!
Não podemos utilizar água diretamente para combater um incêndio de líquido apolar, 
por exemplo, um hidrocarboneto, pois a água, além de polar, é mais densa do que o 
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hidrocarboneto, ocupando, assim, o espaço inferior do recipiente. Posteriormente, 
ela se vaporizará, ocasionando um grande aumento do seu volume (1 litro de água 
transforma-se em 1.600 litros de vapor à pressão atmosférica). Com o aumento de 
volume, a água age como êmbolo numa seringa, empurrando o combustível quente 
para cima, arremessando-o e espalhando-o.
13 – DENSIDADE DOS GASES E VAPORES
13.1 Definição de densidade e densidade relativa
 • Densidade: é o grau de concentração de massa em determinado volume. 
 • Densidade relativa: é a relação entre a densidade de uma substância em estudo 
com uma de referência (ar, por exemplo). Se a densidade relativa for maior que um, 
a tendência do produto liberado na atmosfera é ficar próximo ao solo; se for menor 
que um, ele subirá. 
É possível verificar na Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ) 
a densidade relativa dos produtos.
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Na figura acima, vemos hidrogênio, gás natural, metano e acetileno com densidade 
inferior à densidade do ar, ou seja, em caso de vazamento, a tendência desses gases 
é subir. Do outro lado, vemos etanol, propano, butano, cloro, nafta, gasolina e 
querosene, todos mais pesados que o ar. 
Esses produtos, quando perdem contenção (vazam), tendem a se acumular nas partes 
mais baixas do ambiente com mais dificuldade para se dissipar. 
É importante atentar que, embora a densidade relativa do acetileno seja menor que 
um, ela possui um valor de 0,9; isso quer dizer que este produto possui uma densidade 
bem próxima da densidade do ar e, dessa forma, não se dispersa tão rápido quanto, 
por exemplo, o hidrogênio, que possui uma densidade relativa bem menor que um. 
Dessa forma, precisamos tomar um cuidado maior com esse hidrocarboneto, mesmo 
sendo mais leve que o ar.
Acompanhe a imagem a seguir.
P > 1
P < 1
Mais pesado que o ar, e densidade 
maior que um (dispersão lenta). 
Mais leve que o ar, e densidade 
menor que um (fácil dispersão).
O exemplo acima simula o comportamento de uma situação de vazamento com 
produtos que possuem densidade relativa menor que um e maior que um.
O produto do primeiro exemplo possui densidade relativa do seu gás ou vapor 
maior que um; dessa forma, em caso de vazamento, a tendência dele é descer e ficar 
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acumulado nas partes mais baixas do solo, ficando sua nuvem em um formato similar 
a um sino.
Oproduto do segundo exemplo possui densidade relativa do seu gás ou vapor menor 
que um; dessa forma, em caso de vazamento, a tendência dele é subir, apresentando 
uma melhor dissipação quando comparada aos produtos com densidade relativa 
maior que um; entretanto, caso haja algum confinamento e/ou a ventilação local não 
seja adequada, ele não está isento de se acumular em regiões mais altas. 
13.2 Cuidados: densidade relativa
É necessário tomar muito cuidado em relação à densidade do produto, porque ela é 
a forma que temos para saber como o produto se comportará no ambiente em casos 
de perda de contenção (vazamento, transbordamento etc.).
A figura acima apresenta um vazamento de um produto mais pesado que o ar (por 
exemplo, o gás liquefeito de petróleo) em um local onde está sendo realizada uma 
atividade a quente. Assim, é possível observar que o comportamento do gás associado 
ao contexto de confinamento do ambiente e da existência de fontes de ignição tornam 
a probabilidade extremamente elevada de incêndio e explosão e, dessa forma, de 
lesões graves ou fatais no trabalhador, além de elevado dano patrimonial. 
Por isso, a importância do conhecimento da densidade relativa dos produtos 
inflamáveis, uma das principais propriedades para avaliação do local para 
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posicionamento dos detectores de gases e vapores fixos e/ou portáteis a fim de que 
o monitoramento da atmosfera seja eficaz, minimizando, assim, a probabilidade de 
ocorrência de incêndios e explosões.
Quando nos damos conta da importância de conhecer bem a densidade relativa dos 
produtos, fica mais fácil compreender o comportamento da substância em caso de 
vazamentos. 
No exemplo acima, vemos o vazamento de hidrogênio subindo, visto que essa 
substância possui uma densidade bem inferior à do ar, e os vapores relacionados ao 
vazamento de gasolina ocupando as partes mais baixas, inclusive se propagando em 
outros ambientes, em decorrência da sua maior densidade quando comparada à do 
ar.
É necessário ter cuidado ao observar a FISPQ dos produtos químicos. Geralmente ela 
traz a densidade do produto comparando-a com o ar e com a água (quando aplicável). 
Veja o exemplo do GLP a seguir:
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GLP Líquido
0,5 kg/litro
H2O Líquido
1kg/litro
Ar
1kg/m3
GLP
Gás
2,0kg/m3
Produto: G.L.P
Data: 10/07/2015 Nº FISPQ: BR0401 Versão: 3
___________________________________________________________________
Limite inferior/superior de 
inflamabilidade ou explosividade: 
Pressão de vapor: 
Densidade de vapor:
Densidade:
Solubilidade: 
Superior: 8,5 - 9,5%
Inferior: 1,9 - 2,1%
>1 atm.
1,45 - 2,00 (ar = 1)
0,5 - 0,6
Na água: solúvel.
Em solventes orgânicos: bastante solúvel
Observando a figura acima, verificamos que, nas condições ambientais de temperatura 
e pressão (CATP), o GLP é um gás, e a sua pressão de vapor (PV) é maior que a pressão 
atmosférica (1 atm). 
Ressalta-se que um produto líquido, quando entra em ebulição, iguala a pressão 
atmosférica. 
Outro fator que também dever ser observado na imagem é a densidade relativa do 
vapor (1,45 – 20, [ar = 1]) e do líquido (gás liquefeito) (0,5 – 06 [água = 1]) do GLP. 
Dessa forma:
Comparado à água, o GLP é mais leve (densidade 0,5 – 06).
Comparado ao ar, o GLP é mais pesado, e sua tendência é ficar acumulado nas partes 
mais baixas do ambiente.
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13.3 Cuidados: correntes de ar
Conforme a figura acima, é importante ficar atento às correntes de ar. Quando se 
libera um serviço a quente em uma área classificada, há a necessidade de confirmação 
de ausência de atmosfera explosiva no local durante a execução do serviço. 
Dessa forma, é primordial certificar-se que o posicionamento do explosímetro esteja 
correto, ou seja, localizado no ponto ao qual a corrente de ar direcione os possíveis 
gases e vapores inflamáveis que podem estar presentes naquele local. 
Sendo assim, as birutas podem auxiliar nessa avaliação dos melhores pontos para 
a realização do monitoramento da atmosfera durante a atividade; porém, é preciso 
levar em consideração a existência de barreiras físicas nas proximidades, bem 
como a topografia do local, pois tudo isso pode alterar a direção do vento, criando 
contracorrentes que podem modificar seu curso em um ponto específico. 
Quando houver dúvidas quanto ao melhor local para realizar o monitoramento, 
é importante verificar pelo menos quatro pontos ao redor dos possíveis locais de 
vazamento de produtos inflamáveis (levando-se sempre em conta a densidade 
relativa dos gases/vapores inflamáveis que podem estar presentes no ambiente) 
para minimizar a possibilidade de uma leitura equivocada.
Caso esteja disponível para a área onde ocorrerá a atividade a quente, pode-se 
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realizar um estudo de dispersão de gases a fim de planejar melhor o monitoramento 
da atmosfera do local.
O estudo de dispersão de gases consiste na análise do escoamento do gás liberado 
para a atmosfera através de orifícios de vazamento, considerando sua interação com 
o ar/vento, obstáculos e a geometria da unidade.
14 – MOBILIDADE 
O conhecimento sobre os mecanismos que explicam como se processa o deslocamento 
dos gases e vapores dos produtos inflamáveis nos ambientes é de suma importância 
para avaliação dos riscos, bem como das medidas adicionais de controle necessárias 
para maior garantia da segurança das atividades que podem ser realizadas nessas 
localidades.
A mobilidade pode ocorrer através de dois mecanismos: ventilação e difusão.
Ventilação
 • Movimentação de ar por meios naturais (ventos) e/ou artificiais (ventiladores, 
exaustores etc.).
 • Grande influência na concentração.
Difusão
 • Processo espontâneo de transporte de massa em um sistema físico-químico por 
efeito de gradientes de concentração. 
 • Gases e vapores migram do local com maior concentração para ambiente de menor 
concentração, até o equilíbrio.
 • Em geral, processa-se de forma mais lenta que a ventilação.
15 – RISCOS QUÍMICOS ORIUNDOS DA EXPOSIÇÃO A 
INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS
Os produtos químicos possuem diversas propriedades que podem, entre outras 
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coisas, prejudicar a saúde das pessoas que ficam expostas a eles sem as proteções 
adequadas. Essas proteções podem ser de caráter administrativo, individual (EPI) ou 
coletivo (EPC) e são essenciais para compatibilizar a realização das atividades, que 
requerem manuseio e/ou exposição aos produtos químicos, com a manutenção da 
integridade física e da saúde dos trabalhadores.
A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) é um documento 
normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, conforme a 
NBR 14725. Este documento, denominado Ficha com Dados de Segurança, segundo 
Decreto nº 2.657 de 03/07/1998, que promulga a Convenção nº 170 da Organização 
Internacional do Trabalho – OIT, deve ser recebido pelos empregadores que utilizam 
produtos químicos, tornando-se um documento obrigatório para a comercialização 
desses produtos.
A FISPQ, que é dividida em 16 seções, fornece informações sobre vários aspectos 
dos produtos químicos (substâncias ou misturas) quanto à segurança, à saúde e ao 
meio ambiente, transmitindo, também, recomendações sobre medidas de proteção e 
ações em situações de emergência.
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Ela é um instrumento de comunicação dos perigos e possíveis riscos, levando em 
consideração o uso previsto dos produtos químicos. O documento não leva em conta 
todas as situações que possam ocorrer em um ambiente de trabalho, constituindo 
apenas parte da informação necessária para a elaboração de um programa de saúde, 
segurança e meio ambiente.
MSDS/SDS, que, em inglês, significa Material Safety Data Sheet/Safety Data Sheet, 
são as siglas mundialmente conhecidas referentes a esse documento, o qual é 
apresentado por diversos modelos pertinentes a cada país.
Existem várias situações de grande importância e que devem ser verificadas na FISPQ; 
entre elas, é necessário observar a toxicidade dos produtos e ficar atento aos riscos 
e efeitos de cadaum deles no nosso organismo.
Os produtos podem ser altamente tóxicos, e suas respectivas contaminações podem 
acontecer por vias aéreas, contato com olhos e/ou pele, ou até mesmo por ingestão 
em casos de falta de higienização correta das mãos.
Principais vias de penetração no organismo:
• Respiratória
• Dérmica
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Propriedades Importantes:
• Pressão de Vapor
• Kow (Coeficiente de Partição Óleo/Água) 
Viscosidade
Em relação à volatilidade, por exemplo, já é sabido que os produtos que possuem 
pressões de vapor elevadas possuem enorme facilidade de vaporização na 
temperatura e pressão ambiente; por isso, a necessidade de grande atenção em 
relação a cada um deles.
Um fator de destaque que vemos na imagem acima é o Kow (coeficiente de 
participação óleo/água). Podemos afirmar que, quanto maior for esse coeficiente de 
óleo/água, maior é a facilidade de absorção e contaminação através da pele. 
Outro fator importante é a viscosidade, ou seja, quanto menor for a viscosidade de 
um produto, maior é a facilidade para ele se espalhar, aumentando assim a sua área 
de contaminação e a liberação de vapores inflamáveis/tóxicos.
Além das informações descritivas, as FISPQs podem apresentar pictogramas 
associados a frases de prevenção, frases de perigo, principais efeitos no organismo 
humano, quais os perigos e tipos de equipamentos de proteção coletiva (EPC) e/
ou individuais (EPI) são necessários para o manuseio e utilização de determinado 
produto etc.
Vejam alguns exemplos na tabela abaixo.
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Como exemplo da tabela acima, vejamos o petróleo, que possui indicação de 
inflamável, irritante, risco de contaminação por vias aéreas, risco de contaminação 
do meio ambiente etc.
A FISPQ pode ser considerada o documento mais importante para verificação dos 
dados de segurança de um produto químico. 
A Petrobras possui alguns sistemas que disponibilizam uma grande quantidade de 
FISPQs dos diversos produtos químicos utilizados e/ou produzidos na companhia.
Segue abaixo um exemplo de um desses sistemas, o SFPQ.
15.1 Sistema SFPQ
O Sistema de Fichas de Produtos Químicos permite que a força de trabalho do Sistema 
Petrobras tenha acesso às Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos 
(FISPQ) e às Safety Data Sheet (SDS e eSDS) dos produtos Petrobras, comercializados 
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no Brasil e no exterior.
Para acessar o SFPQ, basta utilizar a busca no portal Petrobras ou seguir o link: 
http://sfpq.petrobras.com.br/sfpq/pages/IndexGeral.faces 
15.2 Ficha de emergência
Utilizada unicamente para transporte de produto químico, possui apenas uma 
página, em que apresenta as principais características do produto químico e quais os 
procedimentos a serem adotados em uma situação de emergência.
Veja um exemplo abaixo.
É importante reforçar que as fichas de emergências não devem ser usadas como 
documento de dados de segurança dos produtos químicos nas unidades operacionais 
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(por exemplo: refinarias, unidades de processamento de gás natural etc.), pois, nestas 
instalações, o documento correto a ser utilizado para a comunicação dos perigos e 
possíveis riscos, bem como sobre as medidas de controle referentes aos respectivos 
produtos químicos aos quais os seus trabalhadores estão expostos durante a jornada 
de trabalho, é a FISPQ.
15.3 Rótulo
De acordo com a NR 26, a rotulagem preventiva é um conjunto de elementos com 
informações escritas, impressas ou gráficas, relativas a um produto químico. Ela deve 
ser afixada, impressa ou anexada à embalagem que contém o produto.
O rótulo de um produto químico é um documento de extrema importância para o 
usuário. Conforme já destacado acima, ele deve obrigatoriamente estar presente nas 
embalagens desses produtos, e suas informações devem atingir todas as pessoas 
que usam, manipulam, transportam, armazenam ou descartam produtos químicos.
Esse documento possui diversas informações de segurança sobre o respectivo 
produto químico, como, por exemplo, nome e composição do produto, formas seguras 
de manuseio, principais perigos e riscos etc.
Acompanhe a imagem abaixo. 
Identificação do Produto Palavra de Advertência
Composição
Frases de 
Perigo
Pictogramas
de Perigo
Frases de
Precaução
Informações 
Suplementares
http://rotulagem.cenpes.petrobras.com.br
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16 – CLASSIFICAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS GASOSOS 
SEGUNDO AS PROPRIEDADES FÍSICAS
A classificação dos gases é feita segundo suas propriedades físicas. Dessa forma, 
eles podem ser divididos em: gases comprimidos (permanentes), gases liquefeitos 
(condensáveis) e gases criogênicos (altamente refrigerados).
16.1 Gases comprimidos
Na temperatura ambiente, são armazenados de forma pressurizada (em uma pressão 
de até 205kgf/cm2) em recipientes denominados cilindros de alta pressão e estão 
sempre na fase gasosa. 
Exemplos de gases comprimidos:
 • Hidrogênio – gás inodoro, de densidade muito baixa em relação ao ar e 
extremamente sensível à ignição por ter uma faixa de inflamabilidade muito larga. 
Ele possui uma energia mínima de ignição muito baixa (0,018 mJ).
 • Acetileno – gás extremamente reativo, que não pode ser armazenado por pressão 
devido à possibilidade de decomposição em carbono e hidrogênio com elevada 
liberação de energia. Seu armazenamento é possível em massa sólida porosa 
embebida em acetona até a pressão máxima de 17kgf/cm2.
16.2 Gases liquefeitos
Aqueles que podem ser armazenados na forma líquida em temperatura ambiente, 
apenas por compressão ou em pressão atmosférica em temperatura igual ou superior 
a -90ºC. Esses gases são acondicionados nos cilindros em estado líquido, em equilíbrio 
com a sua fase gasosa.
Exemplos de gases liquefeitos:
 • Amônia – muito tóxica e estreita faixa de inflamabilidade (16 a 25%).
 • Gás liquefeito de petróleo – mistura de propano/butano e buteno/propeno, 
sendo a maior quantidade de butano/propano (aproximadamente 50%). A faixa 
de inflamabilidade é de 1,6 a 9,6%. A fase líquida, quando vasa, se expande na 
atmosfera na razão de 1:260 vezes em relação ao seu volume original. Pode ser 
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armazenado em pressão atmosférica quando na temperatura de -45ºC.
16.3 Gases criogênicos (líquidos) 
São os gases armazenados em temperatura inferior a -90ºC à pressão atmosférica. 
Esses gases são armazenados e transportados em tanques criogênicos ou garrafas 
térmicas.
Exemplo de gás criogênico:
 • Gás natural liquefeito (GNL) – a temperatura de armazenamento é de -160ºC; após 
a vaporização, os gases formados, constituídos quase que totalmente de metano, 
adquirem faixa de inflamabilidade de 5,3 a 14%.
De acordo com a NFPA 55, os fluidos criogênicos possuem ponto de ebulição menor 
que -130ºF (-90ºC) na pressão absoluta de 14,7 psi (101,3 kPa). Dessa forma, para 
que eles sejam liquefeitos, é necessário reduzir sua temperatura bem abaixo da 
temperatura atmosférica. 
17 – PERIGOS ENVOLVENDO INFLAMÁVEIS E 
COMBUSTÍVEIS 
17.1 Incêndio
Reação de combustão de difícil controle ou incontrolável, dependendo das dimensões 
que ele possa alcançar.
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17.1.1 Classes de incêndio
 • Classe A – incêndios em materiais sólidos e fibrosos (madeira, papel, tecido, etc.).
 • Classe B – incêndios em líquidos, gases combustíveis ou sólidos que se liquefazem 
para entrar em combustão (gasolina, GLP, parafina, etc.).
 • Classe C – incêndios que envolvem equipamentos elétricos energizados (motores, 
geradores, painéis, etc.).
 • Classe D – incêndios em metais ou compostos químicos pirofóricos (magnésio, 
potássio, alumínio, zinco, hidretos, etc.).
 • Classe K: denomina-se fogo classe K quando o fogo ocorre em óleos vegetais ou 
em gorduras utilizadas para cozinhar. 
17.2 Riscos de incêndio e explosão envolvendo combustíveis e inflamáveis (líquidos 
e gasosos)
17.2 - Riscos de Incêndio e explosão envolvendo combustíveis e 
inflamáveis (líquidos e gasosos)
Conheceremos mais especificamente seis tipologias acidentais envolvendo produtos 
combustíveis e inflamáveis: 
 • Incêndio em poça (pool fire)
 • Jato de fogo (jetfire)
 • Incêndio em nuvem (flash fire)
 • Explosão em nuvem de vapor (vapor cloud explosion – VCE)
 • Fire ball/BLEVE
 • Incêndio em tanque
17.2.1 Incêndio em poça (poolfire)
Representa a queima de vapores de hidrocarbonetos gerados em poça horizontal, 
onde o combustível está estagnado ou com pouco movimento.
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Historicamente, o incêndio em poça representa um dos maiores riscos de acidentes 
de grandes proporções associados à indústria de óleo e gás, especialmente em 
decorrência de vazamentos de líquidos inflamáveis. Isso porque, geralmente, 
acontece em grandes tanques de armazenamento de combustível, dependendo de 
uma grande quantidade de recursos humanos para combatê-lo ou restringi-lo para 
que os tanques próximos também não incendeiem, aumentando as proporções do 
incêndio.
A energia liberada nesse tipo de incêndio está diretamente ligada ao diâmetro da 
poça. A questão da viscosidade também é bastante relevante, pois os líquidos com 
menor viscosidade tendem a formar poças com diâmetros maiores, liberando, assim, 
uma quantidade de energia maior.
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Para liberações contínuas, o líquido se dispersará, ampliando a zona de incêndio até 
que a velocidade de liberação se iguale à velocidade de evaporação. Essa condição 
permite calcular o diâmetro máximo alcançado.
No caso de liberações instantâneas, atinge-se o diâmetro máximo rapidamente 
para decrescer com o tempo até que o produto tenha sido consumido. Ou seja, em 
um vazamento de um tanque que possui uma trinca, por exemplo, a poça aumenta 
gradativamente até que a taxa de evaporação se iguale à taxa de liberação do 
vazamento. Nesse instante, o diâmetro da poça estacionará, cessando o vazamento. 
A partir daí, o diâmetro da poça começará a diminuir até ser totalmente consumida.
Outro perigo nessa situação é que, caso a poça esteja próxima a algum tipo de 
recipiente com inflamáveis, como, por exemplo, embaixo de uma esfera de GLP, há 
possibilidade de acarretar outras tipologias acidentais. 
17.2.2 Jato de fogo (jetfire)
Um jato de fogo pode ser definido como a ignição de uma liberação contínua de gases 
ou vapores inflamáveis contidos em tubulações ou em vasos pressurizados. 
Esse evento pode ser visualizado nas imagens abaixo:
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Portanto, a liberação não se deve a uma ruptura catastrófica do vaso (que, nesta 
hipótese, daria lugar, na maioria dos casos, a um fireball), mas, sim, a um orifício 
pequeno em relação ao tamanho do vaso ou por escape numa tubulação, gerando-
se uma saída turbulenta do combustível em forma de jato. Caracteriza-se pela alta 
temperatura da chama projetada na direção do vazamento. O movimento turbilhonar 
aumenta a eficiência da combustão, aumentando a dissipação de calor e induzindo 
outros equipamentos atingidos a também falharem.
Importante!
Para esse tipo de tipologia acidental, enquanto não houver a identificação e o controle 
do vazamento do produto inflamável, não se deve apagar o fogo, pois isso pode gerar 
outras consequências com maior potencial de dano em comparação ao próprio jetfire, 
como, por exemplo, uma explosão de nuvem confinada.
O jetfire pode associar-se ao início de uma situação de efeito dominó. Mesmo um 
jetfire de dimensão pequena, caso o jato esteja incidindo diretamente em uma esfera 
ou em um tanque com produto armazenado, pode acarretar outro tipo de tipologia, 
como, por exemplo, um BLEVE, gerando, assim, um escalonamento de eventos na 
planta.
17.2.3 Incêndio em nuvem (flashfire)
O incêndio em nuvem faz referência à combustão de nuvens de gás ou vapor não 
confinadas, às quais a frente de chama se desloca com velocidade subsônica, de modo 
que a sobrepressão gerada é insuficiente para gerar danos. Esse evento é dividido 
pelas seguintes etapas:
1ª etapa: liberação de um gás combustível (liquefeito ou não) ou geração de vapor 
como consequência da rápida vaporização de uma poça.
2ª etapa: o gás ou vapor é arrastado e disperso pelo ar e, na maioria dos casos, sua 
massa molecular é superior à do ar, o que origina uma nuvem densa que avança se 
espalhando pelas zonas mais baixas do terreno.
3ª etapa: a nuvem encontra um ponto de ignição, que produz uma combustão na qual 
a concentração está compreendida entre os limites de inflamabilidade. 
No flashfire, o efeito da radiação é muito maior do que a sobrepressão de ondas de 
choque, o que chega a ser irrelevante. O que ocorre no flashfire é praticamente uma 
radiação térmica. Caso uma pessoa esteja no meio dessa nuvem, ela receberá uma 
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radiação térmica possivelmente fatal. Qualquer instalação que esteja no meio dessa 
nuvem receberá, da mesma forma, essa radiação térmica.
17.2.4 Incêndio em nuvem (flashfire)/explosão de nuvem de vapor confinado 
(vapor cloud explosion – VCE)
Em uma tipologia de emergência com produto inflamável, a energia que será gerada 
irá gerar a radiação térmica e ondas de choque (sobrepressão). Diferentemente do 
flashfire, que geralmente ocorre em área aberta, a explosão de nuvem de vapor 
confinada (vapor cloud explosion – VCE) possui um percentual de ondas de choque 
mais acentuado do que a radiação e, frequentemente, envolve um ambiente com 
algum grau de confinamento.
Em uma tipologia acidental, é muito complexo definir se o evento foi 100% flashfire 
ou VCE, pois ele pode ocorrer com um percentual de cada um deles.
Caso o flashfire ocorra no interior de uma área confinada, pode-se produzir uma 
explosão com detonação (velocidade supersônica), cujos fenômenos perigosos mais 
importantes são de origem mecânica (ondas de pressão e impulso mecânico), assim 
como a formação de projéteis, sendo este evento denominado explosão confinada.
A transição entre incêndio e explosão (que depende, em grande parte, da massa de 
vapor da substância inflamável envolvida e do congestionamento da área afetada) é 
muitas vezes difícil de precisar.
Observe a imagem:
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Observe o gráfico a seguir. Ele apresenta um paralelo entre sobrepressão e velocidade 
de chama.
Através da figura acima, é possível observar que, quanto maior é a velocidade da 
chama, maior é a sobrepressão. Quanto mais alta for essa velocidade de chama, 
maior será o confinamento do ambiente acentuando a onda de choque, favorecendo, 
assim, a ocorrência de uma explosão quando da ignição de uma nuvem de gás/vapor 
inflamável. 
61 / 73
17.2.5 Impulso
Um dos efeitos da sobrepressão é o impulso, que pode ser representado pela figura 
abaixo:
A integração da pressão (força/unidade de área) no tempo resulta no impulso por 
unidade de área [I / A] tanto na fase + quanto na fase -.
Dessa forma, podemos concluir que o impulso mecânico nada mais é que a taxa de 
decaimento da sobrepressão no tempo. Essa taxa varia de acordo com a tipologia 
acidental, acarretando respostas diferentes nas estruturas que estão expostas a essa 
sobrepressão, podendo ser mais ou menos catastróficas de acordo com a estrutura 
afetada e com o impulso resultante dessa tipologia acidental.
 
Na figura acima, são apresentadas duas curvas de explosões distintas (a e b) com 
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o mesmo pico de sobrepressão, tempo de chegada e duração da onda. Observa-se 
a curva b com um impulso positivo maior, o que significa que a sua integral é maior 
quando comparada à curva a; dessa forma, a resposta da estrutura para ambos os 
casos será diferente.
Cabe salientar que qualquer modificação ambiental (relevo ou altitude) ou no tipo 
de explosivo utilizado pode ocasionar mudanças significativas na forma como se 
apresentará a onda de pressão e suas consequências na estrutura.
17.2.6 Exemplos de ocorrências de explosão de nuvem de vapor confinado (VCE)
A explosão de nuvem de vapor confinado tem sido a causa de diversos acidentes 
catastróficos, tanto nas atividades onshore como nas offshore.
Flixborough Buncefield
Piper Alpha
Flixborough: acidente ocorreu em 1974 em decorrência de ciclohexano, ocasionando 
uma violenta explosão na planta de produção.
Buncefield: em dezembro de 2005, por causa de um problemano sensor de nível 
(medidor), um tanque de gasolina transbordou e cascateou (derramou o produto em 
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forma de cascata). Como ninguém percebeu logo no início, formou-se uma nuvem de 
vapor de gasolina, que, ao encontrar uma fonte de ignição, explodiu. No local, havia 
muitos tanques de armazenamento, e a nuvem de vapor tomou grandes proporções. 
A maior parte do efeito dessa nuvem foi em ondas de choque, que resultaram na 
destruição de mais de vinte tanques de combustível. 
Piper Alpha: em 6 de julho de 1988, um vazamento de condensado de gás natural 
que se formou sobre a plataforma incendiou-se, causando uma explosão enorme. 
A plataforma em questão possuía alto grau de confinamento, o que favoreceu a 
ocorrência da explosão.
17.2.7 Fireball (bola de fogo)
A bola de fogo é uma massa de gás ou vapor que se mistura com o ar, com quase 
todo o seu volume em condições de sofrer ignição. Isso significa que houve uma 
queima quase completa da massa, com energia sendo liberada sob a forma de 
radiação térmica. Normalmente, esse tipo de fenômeno ocorre em vazamentos de 
gases liquefeitos dentro de diques de contenção ou equivalentes. Ao sofrer a ignição, 
ocorre a formação de bola de fogo logo acima do piso.
Esse fenômeno também pode ser produzido a partir de uma nuvem não confinada de 
vapor inflamável, sem ser precedido de um BLEVE.
Basicamente, o que acontece em um fireball é que, ao se perder a contenção de um 
produto confinado (por exemplo, uma ruptura catastrófica), ele libera bruscamente 
uma grande quantidade de material, formando uma nuvem que, ao ignitar, se levanta, 
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alcançando grande dimensão.
Acompanhe a tabela.
Diâmetro da bola de fogo
Tanques
Tanques Diâmetro do Fireball
P 500 44 m
P 2000 69 m
P 20000 150 m
P 60000 215 m
Esferas Diâmetro do Fireball
350 t 388 m
1000 t 550 m
Esferas
A partir da tabela acima, observa-se que, quanto maior o tamanho do tanque ou esfera, 
maior será o tamanho que a bola de fogo (fireball) poderá alcançar, aumentando, 
assim, o potencial de severidade do evento. 
17.2.8 Boiling liquid expanding vapor explosion (BLEVE)
O BLEVE vem do acrônimo inglês boiling liquid expanding vapor explosion, que, 
em português, significa explosão de vapor de líquido em ebulição. Normalmente é 
originado pela ruptura catastrófica de um vaso que armazena um gás liquefeito acima 
de seu ponto de ebulição à pressão atmosférica, produzindo a liberação instantânea 
e massiva desse líquido à atmosfera. 
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O BLEVE pode ocorrer por líquidos inflamáveis e não inflamáveis. Em um tanque de 
armazenamento de água, por exemplo, pode ocorrer um BLEVE. A diferença é que, 
quando este evento ocorre com um líquido inflamável, é grande a probabilidade de 
gerar um fireball logo em seguida.
Segue abaixo uma ilustração e uma explanação mais detalhada da dinâmica para a 
ocorrência de um BLEVE.
Em uma esfera de armazenamento do produto, pode ocorrer, por exemplo, um incêndio 
em poça nas imediações do vaso de pressão (a), que, ao afetar o vaso, eleva sua 
temperatura e, consequentemente, a vaporização do líquido presente nele. Devido à 
pressão, a consequência é a abertura das PSVs (válvulas de segurança); no entanto, 
elas são dimensionadas para trabalhar em uma operação normal, e não em uma 
situação de incêndio, e certamente não conseguem aliviar tamanha pressão desses 
vasos (b). O fogo aumenta a temperatura da esfera, e o nível do líquido diminui a ponto 
de a chama atingir parte do vaso de pressão onde não há mais líquido para absorver 
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o calor, provocando a fragilização do aço desse vaso a partir de, aproximadamente, 
400ºC (veja figura abaixo), ocasionando perda considerável das suas propriedades 
mecânicas (c). 
Observe que, conforme pode ser verificado na figura abaixo, a resistência do aço 
cai com a temperatura. A cerca de 800ºC, ela tem apenas 10% da resistência em 
temperatura ambiente, lembrando que a temperatura da chama dos hidrocarbonetos 
fica em torno de 900 a 1.300ºC.
Fonte: http://www.projetoockham.org/historia_911_3.html
Associando o aumento da pressão no interior do vaso com a sua queda de resistência, 
ocorre a sua ruptura catastrófica (d). 
Com a ruptura da esfera, todo o inventário é liberado e, caso o produto presente na 
esfera seja combustível ou inflamável e encontre uma fonte de ignição, ocorrerá um 
fireball (bola de fogo).
17.2.9 Ebulição turbilhonar (boilover)
A ebulição turbilhonar ocorre quando os resíduos da superfície em chamas se 
tornam mais densos que o óleo não queimado e afundam, abaixo da superfície, para 
formar uma camada quente que mergulha mais rápido que a regressão do líquido da 
superfície. 
Quando essa camada quente, chamada onda de calor, atinge a água ou a emulsão 
água-óleo no fundo do tanque, a água, inicialmente, superaquece. Em seguida, ferve 
de forma quase explosiva, transbordando o tanque.
Para ocorrer o boilover, são necessárias algumas condições. 
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Observe a imagem.
A água pode surgir através de várias fontes. Uma delas é a tentativa de apagar o 
incêndio pela brigada jogando espuma, que é formada por água e ar, que acaba se 
expandindo por causa da sua ebulição. 
A razão para o boilover ser tão violento é o fato que a água expande em torno de 
1.700 vezes durante a sua ebulição. Esse grande aumento de volume, decorrente da 
mudança de fase da água, ocasiona um efeito pistão, empurrando o fluido combustível 
em chama para fora do tanque num movimento de projeção ascendente violento.
Importante!
Essa é uma tipologia de grande risco, devendo as equipes de brigada estarem sempre 
atentas, verificando periodicamente onde a onda de calor está localizada dentro 
do tanque, direcionando o jato d’água no costado do tanque, verificando, assim, 
se o tanque está na eminência de ocasionar um boilover. Esse evento é de grande 
periculosidade e pode ocasionar um acidente de grandes dimensões e de duração 
prolongada. 
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17.2.10 Efeitos físicos do incêndio e explosão
Os principais efeitos de incêndios e explosões são:
 • Toxicidade da fumaça.
 • Radiação.
 • Sobrepressão.
 • Impulso (decaimento da sobrepressão no tempo).
 • Alcance dos fragmentos (fator importante em situação de explosão, pois a projeção 
de pedaços de estruturas e vasos podem atingir outras estruturas e até pessoas 
que estejam nas proximidades).
17.2.10.1 Toxicidade da fumaça
A composição química da fumaça é altamente complexa e variável. Chega a ter duas 
centenas de substâncias, e a porcentagem dessas substâncias varia com o estágio do 
incêndio. 
Essas substâncias são formadas pela composição química do(s) material(is) em 
combustão, oxigenação e nível de energia (calor) no processo.
A toxicidade da fumaça depende das substâncias gasosas que a compõem. As mais 
comuns são:
a) Monóxido de carbono (CO): é encontrado em todos os incêndios e é resultado da 
combustão incompleta dos materiais combustíveis à base de carbono, como madeiras, 
tecidos, plásticos, líquidos inflamáveis, gases combustíveis, etc.
O efeito tóxico desse gás é a asfixia química, pois ele substitui o oxigênio no processo 
de oxigenação do cérebro, que é efetuado pela hemoglobina.
b) Gás carbônico (CO2): é encontrado também em todos os incêndios, sendo resultado 
da combustão completa dos materiais combustíveis à base de carbono. O CO2 não é 
considerado um gás tóxico; entretanto, é um asfixiante simples, ou seja, quando em 
quantidades relevantes no ambiente, ele desloca o oxigênio, reduzindo, assim, a sua 
concentração.
c) Gás cianídrico, cianeto ou cianureto de hidrogênio (HCN): é produzido 
quando materiais que contêm nitrogênio em suas estruturas moleculares sofrem 
decomposição térmica. 
d) Óxidos de nitrogênio (NOx): uma grande variedade de óxidos, óxi-ácidos e óxi-
anions, correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio de +1 a +5, que pode 
ser formada num incêndio. 
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As suas formas mais comuns são: monóxido de dinitrogênio (N2O), óxido de nitrogênio 
(NO), dióxido de nitrogênio (NO2)

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