Buscar

TCC - A (IN) SEGURANÇA JURÍDICA NA ANÁLISE DO CASO CONCRETO REFERENTE À FLEXIBILIZAÇÃO DO REQUISITO BAIXA RENDA NO BENEFICIO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
RENATA BURCH BRESSANE 
 
 
 
 
 
 
A (IN) SEGURANÇA JURÍDICA NA ANÁLISE DO CASO CONCRETO 
REFERENTE À FLEXIBILIZAÇÃO DO REQUISITO BAIXA RENDA NO 
BENEFICIO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2018
 
 
 
 
RENATA BURCH BRESSANE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A (IN) SEGURANÇA JURÍDICA NA ANÁLISE DO CASO CONCRETO 
REFERENTE À FLEXIBILIZAÇÃO DO REQUISITO BAIXA RENDA NO 
BENEFICIO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como requisito parcial para 
obtenção de título de Bacharel em Direito, na 
Faculdade de Direito da Fundação Escola 
Superior do Ministério Público. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Fabrícia Dreyer. 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2018 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DIRETORIA 
Fábio Roque Sbardellotto – Diretor da Faculdade 
Luiz Augusto Luz – Coordenador do Curso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Direito da Fundação Escola Superior do Ministério Público 
Inscrição Estadual: Isento 
Rua Cel. Genuíno, 421 - 6º, 7º, 8º e 12º andares 
Porto Alegre - RS- CEP 90010-350 
Fone/Fax (51) 3027-6565 
e-mail:fmp@fmp.com.br 
home-page:www.fmp.edu.br 
mailto:fmp@fmp.com.br
 
 
 
 
RENATA BURCH BRESSANE 
 
A (IN) SEGURANÇA JURÍDICA NA ANÁLISE DO CASO CONCRETO 
REFERENTE À FLEXIBILIZAÇÃO DO REQUISITO BAIXA RENDA NO 
BENEFICIO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO 
 
 
Trabalho de conclusão de curso de Direito apresentado à Faculdade de Direito da 
Fundação Escola Superior do Ministério Público, como requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel em Direito. 
O trabalho foi ________________________________ pelos membros da banca 
examinadora, obtendo nota ____________. 
 
Examinado em 13 de julho de 2018. 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 
 
_______________________________________ 
Professora Doutora Fabrícia Dreyer 
Fundação Escola Superior do Ministério Público 
Orientadora 
 
 
 
 
_______________________________________ 
Professor Doutor José Antônio Reich 
Fundação Escola Superior do Ministério Público 
 
 
 
 
_______________________________________ 
Professora Doutora Roberta Ludwig Ribeiro 
Fundação Escola Superior do Ministério Público 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente Trabalho de Conclusão abordará o benefício do auxílio-reclusão e suas 
peculiaridades. Inicia-se observando acerca de sua origem, a evolução histórica, sua 
conceituação e logo após os requisitos necessários para sua concessão. Em 
seguida, põe-se em tela os princípios constitucionais relacionados à matéria 
previdenciária. E por fim, aprofunda-se a discussão em virtude da 
inconstitucionalidade do requisito de baixa-renda para concessão do benefício de 
auxílio-reclusão, previsto pela Emenda Constitucional nº 20 de 1988. Verificou-se, 
através de análise da ADIN 1232-1 DF entendimento que proporciona a 
discricionariedade do magistrado ao julgar, podendo afastar ou não o requisito de 
baixa renda na concessão do benefício em questão. Explora-se outras 
jurisprudências, fazendo uma comparação entre elas, e assim, investigar no que diz 
respeito da segurança jurídica da matéria. O presente estudo tem como objetivo 
aprofundar o conhecimento em razão do referido benefício previdenciário, motivo 
pelo qual se faz necessário uma busca criteriosa em sua história, seus princípios 
constitucionais e especificidades. 
 
Palavras-chave: auxílio-reclusão; benefício; baixa-renda; inconstitucionalidade. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The present Conclusion Paper will address the benefit of confinement-assistance 
and its peculiarities. It begins by observing its origin, the historical evolution, its 
conceptualization and soon after the necessary requirements for its concession. 
Next, the constitutional principles related to social security matters are put on the 
table. Finally, the discussion is deepened because of the unconstitutionality of the 
low-income requirement to grant the benefit of confinement, provided for by 
Constitutional Amendment No. 20 of 1988. It was verified, through analysis of ADIN 
1232-1 DF an understanding that provides the discretion of the magistrate when 
judging, and may or may not depart from the low income requirement in granting the 
benefit in question. It explores other jurisprudence, making a comparison between 
them, and thus, investigate with regard to the legal certainty of the matter. The 
purpose of this study is to deepen knowledge about this social security benefit, which 
is why a careful search of its history, constitutional principles and specificities is 
necessary. 
 
Key-words: confinement-assistance; benefit; low income; unconstitutionality. 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
Ação Direta de Inconstitucionalidade ................................................................... ADIN 
Artigo ...................................................................................................................... Art 
Constituição Federal de 1988.............................................................................. CF/88 
Emenda Constitucional ............................................................................................ EC 
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários ............................................. IAPB 
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos ............................................ IAPM 
Instituto Nacional do Seguro Social .......................................................................INSS 
Lei Orgânica da Assistência Social ..................................................................... LOAS 
Lei Orgânica da Previdência Social ..................................................................... LOPS 
Número ..................................................................................................................... Nº 
Recurso Extraordinário ........................................................................................ REXT 
Regime Geral da Previdência Social ................................................................... RGPS 
Supremo Tribunal Federal ...................................................................................... STF 
Superior Tribunal de Justiça ................................................................................... STJ 
Turma Nacional de Uniformização ........................................................................ TNU 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 
2 DO AUXÍLIO-RECLUSÃO ..................................................................................... 10 
2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................ 13 
2.2 CONCEITO ......................................................................................................... 16 
2.3 REQUISITOS PARA CONCESSÃO .................................................................... 18 
2.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ...................................................................... 22 
2.4.1 Princípio da Solidariedade ............................................................................ 23 
2.4.2 Princípio da Universalidade .......................................................................... 23 
2.4.3 Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às 
Populações Urbanas e Rurais ................................................................................ 26 
2.4.4 Princípio da Seletividade e da Distributividade ........................................... 27 
2.4.5 Princípio dos Cálculos dos Benefícios considerando os Salários-de-
Contribuição corrigidos monetariamente .............................................................28 
2.4.6 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios ................................ 29 
2.4.7 Princípio do Valor da Renda Mensal dos Benefícios de Caráter 
substitutivo não inferior ao do Salário-Mínimo .................................................... 30 
2.4.8 Princípio da Previdência Complementar Facultativa .................................. 30 
2.4.9 Princípio do Caráter Democrático ................................................................ 31 
3. DA LIMITAÇÃO IMPOSTA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98AO 
AUXÍLIO-RECLUSÃO .............................................................................................. 33 
3.1 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 .............................................................. 34 
3.2 A INCONSTITUCIONALIDADE DO REQUISITO BAIXA RENDA ....................... 36 
3.3 O POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL ..................................................... 38 
3.4 A (IN)SEGURANÇA JURÍDICA NA ANÁLISE DO CASO CONCRETO .............. 40 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 54 
8 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo tem por objetivo abordar o tema auxílio-reclusão, que 
constitui benefício previdenciário com previsão no art. 201, IV da Constituição 
Federal de 1988 e regulamentado pela Lei de Benefícios da Previdência Social – Art. 
80 da Lei nº 8.213/91. Trata-se de um tema polêmico, pois a maioria dos membros 
da sociedade vê esse benefício como uma assistência do governo, gerando uma 
certa revolta, revolta essa desfundamentada, na medida em que as pessoas 
desconhecem a fonte de custeio de tal benefício e o fato de que a prestação em 
questão é concedida para um segurado – de baixa renda – do Regime Geral de 
Previdência Social. 
Tal prestação previdenciária vem insculpida na Constituição Federal de 1988, 
que garante como direito fundamental que todo e qualquer cidadão tenha uma vida 
digna. Para uma melhor compreensão do tema, a presente pesquisa se dividiu em 
dois grandes capítulos. No primeiro, será abordada uma evolução histórica do 
benefício chamado auxílio-reclusão, seu conceito, requisitos e princípios 
constitucionais atinentes à previdência social. 
Passando para o segundo capítulo, será explorado acerca da Emenda 
Constitucional nº 20/98, o que essa alteração provocou no benefício em tela. Ao 
entrar na esfera da referida emenda, será abordado o entendimento consolidado 
sobre o requisito de baixa renda inserido pela emenda, se ele é constitucional ou 
não, buscando amparo em decisões dos Tribunais Superiores. 
Por fim, será analisado acerca da problemática da insegurança jurídica que o 
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1232-1/DF promoveu. Nesse 
momento também será realizada uma pesquisa na jurisprudência de nossos 
tribunais, onde proporcionará uma comparação entre as decisões. 
 Com amparo na decisão proferida nos autos da ADIN mencionada, 
analisaremos a discricionariedade que esta proporciona ao permitir que o juízo de 
origem decida, na análise do caso concreto, em relação ao requisito baixa renda, se 
afasta ou não tal requisito. Com isso, será investigado a respeito da segurança 
jurídica dos direitos previstos no texto normativo, se, com o julgamento da referida 
ação, não gerou uma necessidade de edição de uma nova lei. 
9 
 
 
 
O presente trabalho visa responder a seguinte pergunta: ao permitir que o 
magistrado afaste o requisito de baixa renda há como afirmar acerca da existência 
da segurança jurídica na análise do caso concreto ao deixar a jurisprudência em 
aberto sobre a flexibilização de tal requisito? A partir dessa questão que a 
metodologia de pesquisa utilizada foi escolhida, adotando método de procedimento 
de pesquisa bibliográfica, documental e estudo de caso, examinando a legislação, a 
bibliografia e jurisprudência pertinentes. 
10 
 
 
 
2 DO AUXÍLIO-RECLUSÃO 
 
A Constituição Federal de 1988, devido a necessidade de o Estado intervir 
para atender deficiências da sociedade, determina o sistema de Seguridade Social 
no Brasil como sendo o complexo de proteção social, deixando ser um sistema de 
proteção para somente aqueles trabalhadores contribuintes e passando a ser um 
sistema de proteção a todo e qualquer indivíduo da sociedade1. Esse sistema tem 
como objetivo garantir que o cidadão se sinta seguro e protegido, proporcionando-
lhe assistência e recursos necessários. 
A lei de custeio da seguridade social, Lei nº 8.212 de 24 de julho de 1991, 
expõe o propósito desse sistema de proteção no caput de seu artigo primeiro, 
afirmando que é destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à 
assistência social2. Igualmente, a CF/88 também dispõe acerca dessas três técnicas 
protetivas em seu artigo 194, tratando-as como um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade3. Isto é, esse complexo é uma fonte 
de segurança para aqueles que precisam de amparo devido a alguma circunstância 
que passam ou estão passando no momento. 
Nesse sentido, a seguridade social pode ser conceituada como uma rede 
protetiva composta por ações do Estado junto a particulares, com o propósito de 
prover sustento às pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, e 
também para aqueles indivíduos que dela necessitarem, proporcionando um padrão 
mínimo de vida digna4. Ou também como o conjunto de princípios, regras e 
instituições que estabelecem um sistema de proteção social aos indivíduos que 
estejam passando por contingências que os prejudicam para prover as suas 
 
1
 SANTANA, Lucimara Diniz Teles; SERRANO, Ana Luiza Marques; PEREIRA, Normelia Santos. 
SEGURIDADE SOCIAL PÓS CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988: Avanços e desafios para 
implementação da política. VI Jornada Internacional de Políticas Públicas, 2013. Disponível em: 
<http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2013/JornadaEixo2013/anais-eixo16-
impassesedesafiosdaspoliticasdaseguridadesocial/pdf/seguridadesocialposconstituicaofederal1988av
ancosedesafiosparaimplementacaodapolitica.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. 
2
 Art. 1º A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes 
públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à 
assistência social. 
3
 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes 
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social. 
4
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 22. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016, 
p. 5. 
11 
 
 
 
necessidades pessoais básicas, bem como, a de suas famílias5. Portanto, mesmo 
sendo conceitos de dois autores diferentes, as duas opiniões versam no caminho de 
reconhecer que a seguridade é um meio de garantir aos indivíduos a obtenção de 
sua subsistência, buscando igualdade social para todos. 
Os direitos e obrigações que dizem respeito à Seguridade Social são 
estabelecidos pela lei, o que faz ser considerada sua natureza jurídica como ex lege, 
como publicista, ou seja, origina-se em função da lei, contemplando o contribuinte, o 
beneficiário e também o Estado na relação desse sistema6. À vista disso, constata-
se uma natureza pública, pois trata-se de uma imposição legal envolvendo a 
sociedade e o Estado. 
Conforme refere o caput do artigo 2º da Lei da Seguridade Social, a Saúde é 
um subsistema que é de direito a todos e um dever do Estado7. É dessa mesma 
forma que a autora Marisa Ferreira dos Santos conceitua a Saúde, sendo um "direito 
oponível ao Estado, que deve socorrer todos os que se encontrem em situação de 
ameaça de dano ou de dano consumado à sua saúde"8. Indopor um mesmo 
caminho, a Carta Magna9 dispõe que, em um plano jurídico subjetivo, a Saúde é um 
direito social, sendo de natureza humana e fundamental10. Portanto, a Saúde é um 
direito fundamental, tendo previsão legal, logo, é obrigação do Estado assegurá-la. 
Outra técnica protetiva é a Assistência Social, que como a Saúde, é um direito 
social de natureza humana e fundamental, segundo o que determina o artigo 6º da 
CF/88. Podemos conceitua-la na qualidade de política social que realiza o 
atendimento das necessidades básicas em razão da família, da maternidade, 
infância, adolescência, velhice e portadores de deficiências, independente de 
contribuição ao sistema11. Assim, a Assistência Social é um programa destinado a 
 
5
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 35. ed. - São Paulo : Atlas, 2015. p. 21. 
6
 Ibidem. p. 29. 
7
 Art. 2º A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
8
 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário. 6. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 
57. 
9
 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, 
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
10
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito da seguridade social. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. p. 217. 
11
 Ibidem. p. 259. 
12 
 
 
 
amparar os indivíduos que estiverem em estado de vulnerabilidade através de ações 
que possam garantir o mínimo de dignidade existencial à essas pessoas. 
Já o terceiro e último subsistema da Seguridade Social, diferente da Saúde e 
da Assistência Social não é destinado a todos os integrantes da sociedade. Disposto 
no artigo 3º da Lei da Seguridade12, a Previdência Social não ampara a totalidade da 
população, só contempla aqueles que, por meio de taxas previdenciárias, 
contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, e necessitarem de 
ajuda para prover prestações ao trabalhador e também para sua família quando o 
segurado perder a capacidade de trabalhar momentaneamente ou permanente13. 
Isto é, a concessão de benefícios quando o segurado não conseguir trabalhar por 
um certo tempo em razão de doença, acidente e maternidade, ou por não poder 
mais exercer atividade laborativa em função de morte, velhice e invalidez. Essa 
técnica protetiva está organizada sob forma de regime geral, sendo de caráter 
contributivo e filiação obrigatória14, exceto quando for segurado facultativo15. 
A contribuição feita pelos trabalhadores e empregadores à Previdência Social 
é um dos pilares da estruturação desse subsistema, pois é necessário que haja 
previsão de fundo de custeio para que se possa saldar os gastos resultantes da 
concessão e manutenção de benefícios previdenciários. Antes de conceder qualquer 
benefício, o INSS precisa analisar o caso concreto juntamente das normas que 
imperam sobre determinado benefício, assim, para a concessão de algumas 
prestações, é requisitado que tenham um número mínimo de contribuições 
devidamente pagas, conforme o que dispõe o artigo 24 da Lei do Plano de 
Previdência Social16, nº 8.213/91, que configura o requisito de carência para 
algumas prestações. Já para o benefício que está em tela no presente trabalho, tal 
 
12
 Art. 3º A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de 
manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego 
involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam 
economicamente. 
13
 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário. 5. ed. - São Paulo : LTr, 2013. p. 
285. 
14
 SANTORO, José Jayme de Souza; SANTORO, Maria de Fátima Gomes. Manual de direito 
previdenciário. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. p. 31. 
15
 Segurado facultativo é o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de 
Previdência Social, mediante contribuição, desde que não esteja exercendo atividade remunerada 
que o enquadre como segurado obrigatório. 
16
 BRASIL. Lei N.º 8.213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da 
Providência Social e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213compilado.htm>. Acesso em: 09 jun. 2018. 
13 
 
 
 
requisito não se faz necessário, como podemos ver no inciso I do artigo 26 da 
mesma lei citada: "Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes 
prestações: I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente". 
Os benefícios garantidos pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS 
apresentam atributos peculiares e regras próprias de concessão, devendo ser 
observadas detalhadamente. Como norma infraconstitucional, o RGPS tem a 
enumeração das contingências que terão cobertura17 amparadas pela Lei da 
Seguridade Social, Lei nº 8.212/91, e Lei do Plano de Benefícios da Previdência 
Social, Lei de nº 8.213/91. Dentre os benefícios previstos nas leis citadas garantidos 
pelo RGPS, temos o auxílio-reclusão, que devido a importância de sua existência, a 
sua função social e a ausência de informação acerca da prestação, merece um 
estudo aprofundado. 
 
2.1 Histórico 
 
A primeira norma na legislação brasileira referente ao benefício de auxílio-
reclusão foi o Decreto-Lei nº 22.872, de 29 de junho de 1933, já revogada, que 
regulamentava o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos - IAPM18. No 
referido Decreto, pode-se observar a presença da normatização do benefício, 
conforme texto transcrito: 
 
Art. 63. O associado que, não tendo família, houver sido demitido do serviço 
da empresa, por falta grave, ou condenado por sentença definitiva, de que 
resulte perda do emprego, e preencher todas as condições exigidas neste 
decreto para aposentadoria, poderá requerê-la, mas esta sô lhe será 
concedida com metade das vantagens pecuniárias a que teria direito si não 
houvesse incorrido em penalidade. 
Parágrafo único. Caso e associado esteja cumprindo pena de prisão e tiver 
família sob sua exclusiva dependência econômica, a importância da 
aposentadoria a que se refere este artigo será paga ao representante legal 
da sua família, enquanto perdurar a situação de encarcerado.
19
 
 
17
 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário. 6. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 
75. 
18
 QUINTO, Eliana Monteiro Staub. Auxílio-reclusão: a inconstitucionalidade do critério de baixa 
renda, 2015. Disponível em: <http://www.dpu.def.br/images/esdpu/jornaldpu/edicao_4/Artigo_3_-
_Aux%C3%ADlio-
reclus%C3%A3o_a_inconstitucionalidade_do_crit%C3%A9rio_de_baixa_renda.pdf>. Acesso em: 01 
jan. 2018. 
19
 BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto nº. 22.872, de 29 de junho de 1933. Crêa o Instituto de 
Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, regula o seu funcionamento e dá outras providências. 
 
14 
 
 
 
 
No ano seguinte, em 1934, ocorreu a constituição do Instituto de 
Aposentadoria e Pensão dos Bancários - IAPB com o Decreto-Lei nº 24.61520. 
Porém, foi com o Decreto-Lei nº 54 do mesmo ano que tratou acerca da questão do 
benefício, que realizou a organização desse Instituto e também regulamentou o 
auxílio-reclusão com esta redação: 
 
Art. 67. Caso o associado esteja preso, por motivo de processo ou em 
cumprimento de pena, e tenha beneficiários sob sua exclusiva dependência 
econômica, achando-se seus vencimentos suspensos, será concedida aos 
seus beneficiários, enquanto perdurar essa situação, pensão 
correspondente à metadeda aposentadoria por invalidez a que teria direito, 
na ocasião da prisão.
21
 
 
Em 1960 foi promulgada a Lei nº 3.087, a Lei Orgânica da Previdência Social, 
trazendo inovações quanto ao benefício, bem como a ampliação da relação de 
dependentes e a implantação da carência de doze contribuições para concessão do 
mesmo22. É importante pontuar que, com a edição da citada Lei Orgânica, pela 
primeira vez a expressão "auxílio-reclusão" foi empregada no texto legislativo: 
 
Art. 43. Aos beneficiários dos segurados, detento ou recluso, que não 
perceba qualquer espécie de remuneração da empresa, e que houver 
realizado no mínimo 12 (doze) contribuições mensais, a previdência social 
prestará auxílio-reclusão na forma dos arts. 38, 39 e 40 desta lei. 
§ 1º O processo de auxílio-reclusão será mantido com certidão do despacho 
da prisão preventiva ou sentença condenatória. 
§ 2º O pagamento da pensão será mantido enquanto durar reclusão ou 
detenção do segurado o que será comprovado por meio de atestados 
trimestrais firmados por autoridade competente.
23
 
 
 
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-22872-29-junho-1933-
503513-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 04 jan. 2018. 
20
 JOSÉ, Patrícia das Graças. A interpretação Social do Benefício de Auxílio Reclusão, 2009. 
Disponível em: <http://qualidade.ieprev.com.br/conteudo/id/13504/t/a-interpretacao-social-do-
beneficio-de-auxilio-reclusao>. Acesso em: 04 jan. 2018. 
21
 BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto nº. 54, de 12 de setembro de 1934. Aprova o 
regulamento do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários. Disponível em: 
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-54-12-setembro-1934-498226-
publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 04 jan. 2018. 
22
 JOSÉ, Patrícia das Graças. A interpretação Social do Benefício de Auxílio Reclusão, 2009. 
Ibidem. 
23
 BRASIL. Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência 
Social. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/1950-1969/L3807compilada.htm>. 
Acesso em: 15 jan. 2018. 
http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/1950-1969/L3807compilada.htm
15 
 
 
 
Posteriormente, a CF de 1988 fixou um grande progresso no instituto do 
benefício auxílio-reclusão, pois passou a ser garantido constitucionalmente em seu 
artigo 201, inciso I. Entretanto, em 1998, o referido artigo foi alterado devido a 
Emenda Constitucional nº 20, passando a ter a seguinte redação final: 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, 
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que 
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei a: 
[...] 
IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de 
baixa renda.
24
 
 
O requisito baixa renda foi criado pela Emenda Constitucional, anteriormente 
citada, em seu artigo 13, contudo, a lei não disciplinou valor atualizado para a 
pertinente condição. Desta forma, hoje é classificado como segurado de baixa renda 
aquele cujo salário de contribuição é igual ou inferior a R$ 1.319,18 (um mil 
trezentos e dezenove reais e dezoito centavos), conforme Portaria Interministerial 
MPS/MF nº 15, de 16/01/2018, tendo uma atualização dos valores anualmente por 
publicação de nova portaria25. 
Após a constitucionalização do benefício, no ano de 1991, por meio da Lei nº 
8.213, a Lei dos Benefícios, o auxílio-reclusão teve seu capítulo próprio. Com a 
referida lei, o benefício teve disposição infraconstitucional, onde pontua sobre sua 
organização, concessão e demais aspectos, segundo o que aduz o artigo 80 e seu 
parágrafo único: 
 
Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão 
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não 
receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, 
de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço. 
Parágrafo único. O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído 
com certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a 
 
24
 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Planalto, 
Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018. 
25
 ______. Portaria Interministerial nº. 15, de 16 de janeiro de 2018. Dispõe sobre o reajuste dos 
benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dos demais valores constantes do 
Regulamento da Previdência Social - RPS. Disponível em: 
<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=90718#187268
3>. Acesso em: 15 jan. 2018. 
16 
 
 
 
manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência 
na condição de presidiário.
26
 
 
As legislações publicadas em seguida foram o Decreto-Lei nº 3.048 no ano de 
1999, que trouxe novas regras para a concessão do auxílio-reclusão, a Lei n° 10.666 
no ano de 2003, que ocasionou novas mudanças, bem como, novas normas quanto 
ao custeio, de acordo com seu artigo 2º, §2º27. Assim, a legislação que se faz mais 
recente é a Lei nº 13.183/2015, marcada por ter realizado alterações legislativas, no 
que tange a concessão do benefício pensão por morte, pois este reflete no auxílio 
reclusão, devido ao fato de serem concedidos nas mesmas condições. 
 
2.2 Conceito 
 
O auxílio-reclusão é um benefício devido apenas aos dependentes do 
segurado que for recolhido à prisão, ao longo do tempo em que estiver preso sob 
pena de regime fechado ou semi-aberto. Nesse sentido, Ibrahim28 conceitua o 
benefício como destinado exclusivamente aos dependentes do segurado preso, da 
mesma forma que a pensão por morte. 
Esse benefício tem previsão constitucional, amparado pelo artigo 201, IV, da 
Carta Magna, e redação infraconstitucional, disposta no artigo 80 da Lei nº 8.213/91, 
citado no subtítulo anterior. Ambos os textos normativos tratam das peculiaridades 
da prestação, abordando seus requisitos, a determinação do caráter contributivo, 
como pode-se observar no artigo transcrito abaixo: 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, 
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que 
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei a: 
 
26
 BRASIL. Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da 
Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L8213compilado.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018. 
27
 Art. 2
o
 O exercício de atividade remunerada do segurado recluso em cumprimento de pena em 
regime fechado ou semi-aberto que contribuir na condição de contribuinte individual ou facultativo não 
acarreta a perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão para seus dependentes. 
§ 2
o
 Em caso de morte do segurado recluso que contribuir na forma do § 1
o
, o valor da pensão por 
morte devida a seus dependentes será obtido mediante a realização de cálculo, com base nos novos 
tempo de contribuição e salários-de-contribuição correspondentes, neles incluídas as contribuições 
recolhidas enquanto recluso, facultada a opção pelo valor do auxílio-reclusão. 
28
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 22. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016, 
p. 683. 
17 
 
 
 
IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de 
baixa renda.
29
 
 
O Mestre e Doutor Hélio Gustavo Alves, após analisar conceituações de 
outros autores, bemcomo, Hermes A. Alencar, Ionas D. Gonçalves e Marina V. 
Duarte, conceituou auxílio-reclusão sendo "um benefício de prestação continuada, 
devido aos dependentes do segurado preso, que não continue recebendo renda, 
devido o seu cárcere, tendo os mesmos critérios da pensão por morte"30. Seguindo 
por esse mesmo viés, o autor Garcia conclui que esse é um benefício devido, nas 
mesmas condições que a pensão por morte, portanto direcionada aos dependentes 
do segurado recolhido a prisão que não estiver recebendo remuneração e nem 
auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço31. Desse modo, 
podemos concluir que pelo entendimento da maioria dos doutrinários, o benefício em 
questão trata-se de um apoio financeiro da Previdência Social para aqueles 
dependentes do segurado que estiver recluso, sendo devido de forma similar a 
pensão por morte. 
Em razão de possuir os mesmos critérios da pensão por morte, o benefício 
auxílio-reclusão tem como propósito amparar os familiares do segurado que teve 
sua liberdade restrita, incapacitando essa pessoa de prover a subsistência de seus 
familiares. Ou seja, os dois benefícios, tanto auxílio-reclusão, quanto pensão por 
morte, tem como objetivo auxiliar os familiares dos segurados em razão da 
assistência e proteção que o sistema da seguridade social se propõe a garantir. 
Seguindo por essa perspectiva, se faz importante observar que essa questão 
de prover assistência e recursos necessários não é somente um objetivo do sistema 
da seguridade social, mas sim uma obrigação e dever da previdência, haja vista que 
o segurado contribuiu com o INSS, ele pagou as contribuições previdenciárias para 
obter seus benefícios. Dessa mesma forma, se posicionam Castro e Lazzari quando 
dizem que: 
 
 
29
 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Planalto, 
Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20 abril. 2018. 
30
 ALVES, Hélio Gustavo. Auxílio-reclusão: direitos dos presos e de seus familiares. 2. ed. São 
Paulo : LTr, 2014. p. 45-46. 
31
 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito da seguridade social. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. p. 470. 
18 
 
 
 
Sendo a Previdência um sistema que garante não só ao segurado, mas 
também a sua família, a subsistência em caso de eventos que não 
permitam a manutenção por conta própria, é justo que, da mesma forma 
que ocorre com a pensão por falecimento, os dependentes tenham direito 
ao custeio de sua sobrevivência pelo sistema de seguro social, diante do 
ideal de solidariedade.
32 
 
O Direito Previdenciário foi construído para ter um caráter contributivo e de 
filiação obrigatória pois buscava alcançar em seus objetivos a proteção de seus 
segurados e dependentes, visando, assim, uma sociedade justa e solidária. 
Portanto, o benefício designado auxílio-reclusão é considerado como um 
instrumento que proporciona à família do segurado preso um amparo econômico. 
Acompanhando este mesmo viés, o autor Vianna33 entende que a prisão do 
segurado se trata de um risco social, visto que a partir deste fato que será gerada a 
necessidade de auxílio a família que se encontrará desprotegida. É com esta 
necessidade social que a prestação previdenciária terá a obrigação de promover a 
cobertura, suprindo a falta de condições de subsistência da família em razão da 
reclusão do segurado. 
Para que seja proporcionada essa cobertura do sistema da Previdência 
Social, é preciso que algumas condições sejam analisadas e que essas façam com 
que o segurado tenha direito ao gozo do auxílio-reclusão. Assim, no próximo 
subtítulo será tratado acerca dos requisitos para a concessão do referido benefício 
previdenciário. 
 
2.3 REQUISITOS PARA A CONCESSÃO 
 
Os dependentes do segurado preso poderão usufruir do direito ao benefício 
contanto que comprovem alguns requisitos previstos por lei. Citado no primeiro 
subtítulo, o artigo 80 da Lei nº 8.213/91 elenca os pressupostos para a concessão do 
benefício de auxílio-reclusão. 
Ao analisar o referido artigo, podemos encontrar a previsão de quatro 
requisitos, sendo: 1º) o recolhimento do segurado a prisão; 2º) o não recebimento de 
remuneração da empresa ou de benefício previdenciário; 3º) a qualidade de 
 
32
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira, LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 19ª 
Ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016, p. 839. 
33
 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2013. 
p. 555. 
19 
 
 
 
dependente do segurado; e 4º) a prova de que o presidiário era, ao tempo de sua 
prisão, segurado do INSS. Porém, além desses pressupostos previstos no artigo 80 
da Lei nº 8.213/91, a EC nº 20 de 1998, ao alterar o art. 201, inciso IV, da Carta 
Magna, acrescentou o quinto requisito para a concessão ao benefício, limitando a 
prestação aos dependentes do segurado que se enquadrarem como de baixa renda. 
O primeiro e principal requisito conferido para ocorrer a concessão do 
benefício auxílio-reclusão é a restrição à liberdade do segurado imposta pelo 
Estado. Segundo Raupp, o seu entendimento é de que "o requisito básico para o 
recebimento do auxílio-reclusão é o recolhimento do segurado ao cárcere, 
pressupondo que se encontra impedido de prover o sustento de seus dependentes, 
já que o seu é suportado pelo Estado"34. O auxílio-reclusão pretende amparar os 
dependentes do segurado, no que tange a questão financeira, em razão do 
afastamento deste de seu trabalho, não importando qual seja a causa do 
recolhimento à prisão, sendo por aplicação de sanção penal ou prisão provisória. 
Na sequência, o segundo pressuposto imposto para obtenção do benefício se 
dará perante a análise do acúmulo de benefícios, ou seja, caso se o segurado tiver a 
possibilidade de manter seus dependentes em razão de receber remuneração alheia 
ou estiver usufruindo de um outro benefício. Seguindo por essa direção, Balera e 
Mussi35 afirmam que, para receber o auxílio-reclusão, o recluso não pode perceber 
remuneração de empresa, estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou 
então, abono de permanência em serviço. Portanto, entende-se que o referido 
benefício não permite ser acumulado com os benefícios de auxílio-doença, 
aposentadoria de qualquer espécie, abono de permanência em serviço, porém será 
oportunizado a escolha para o recebimento do benefício que lhe for mais proveitoso. 
Passando para o terceiro requisito, estudamos a condição de dependente do 
segurado, pois, como já fora afirmado antes, o auxílio-reclusão não é devido ao 
preso, mas somente aos seus dependentes, sendo estes divididos hierarquicamente 
em classes, de acordo com uma ordem de preferência. O artigo 16 da Lei nº 
 
34
 RAUPP, Daniel. AUXÍLIO-RECLUSÃO: inconstitucionalidade do requisito baixa-renda. Revista 
CEJ, jul./set. 2009. p. 65. 
35
 BALERA, Wagner; MUSSI, Cristiane Miziara. Direito previdenciário. 11. ed. São Paulo: Método, 
2015. p. 260. 
20 
 
 
 
8.213/9136 prevê a ordem de preferência na condição de dependentes, estando na 
primeira classe o cônjuge, a companheira, o companheiro e filhos menores de vinte 
e um anos ou maiores de vinte e um anos, desde que inválido; na segunda classe 
contemplam os pais; e na terceira classe estão os irmãos menores de vinte e um 
anos ou maiores de vinte e um anos e inválido. Ocorre que, a primeira classe de 
dependência é presumida, não se faz necessária comprovação, entretanto, a 
segunda e terceira classe devem comprovar a sua dependência. Importante frisar 
que a existência de dependentes de qualquer classe exclui o direito ao da classe 
seguinte, reconhecendo, ainda assim, a concorrência pelo benefícioentre os 
dependentes da mesma classe, devendo o valor do benefício ser dividido em partes 
iguais. 
O quarto e último requisito previsto no artigo 80 da Lei nº 8.213/91, refere-se à 
condição de qualidade de segurado e essa começa a existir a contar do momento da 
filiação e inscrição na previdência social. Para que o cidadão tenha direito ao 
benefício, é preciso que este, na data da prisão, tenha a qualidade de segurado e 
que seu último salário-de-contribuição37 tenha sido igual ou inferior ao valor descrito 
na Portaria Ministerial nº 15 de 2018, ou seja, no montante de R$ 1.319,18 (um mil 
trezentos e dezenove reais e dezoito centavos)38. Observa-se também que o 
condenado não precisa necessariamente estar pagando a previdência social visto 
que a qualidade de segurado se mantém, como regra, até doze meses após findar o 
benefício ou o pagamento das contribuições mensais, conforme o que afirma o 
artigo 15, inciso II, da Lei nº 8.213/91 que disciplina in verbis: 
 
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de 
contribuições: 
 
36
 Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do 
segurado: 
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor 
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência 
grave; 
II - os pais; 
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou 
que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; 
37
 Salário-de-contribuição é a base de cálculo da contribuição dos segurados e é também a base de 
cálculo da contribuição do empregador doméstico. 
38
 SANTORO, José Jayme de Souza; SANTORO, Maria de Fátima Gomes. Manual de direito 
previdenciário. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. p. 63. 
21 
 
 
 
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que 
deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social 
ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração.
39
 
 
O artigo 80 da Lei nº 8.213/91 aborda quatro requisitos para a concessão do 
auxílio-reclusão, contudo, a Emenda Constitucional nº 20 de 1998 alterou a redação 
do artigo 201, inciso IV da CF/88, acrescentando o quinto pressuposto para este rol, 
assim, passou a exigir que o segurado seja considerado de baixa renda, não sendo 
necessária a carência de contribuições, tal como é solicitado no benefício de pensão 
por morte. É considerado de baixa renda o segurado com renda igual ou inferior ao 
valor atualizado por Portaria Ministerial nº 15 de 16 de janeiro de 201840, atualmente 
se encontrando no montante de R$ 1.319,18 (um mil trezentos e dezenove reais e 
dezoito centavos). 
Essa questão já faz parte da conceituação deste benefício, pois muitos 
autores determinam o auxílio-reclusão apontando prontamente a condição de baixa 
renda para sua concessão. Isto posto, pode-se observar autores como Kertzman, 
que conceitua o auxílio-reclusão como "devido, nas mesmas condições da pensão 
por morte, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão"41. 
Entende-se assim, que esse requisito para a concessão do benefício já faz parte de 
seu conceito tomando a forma de uma característica. 
Tratamos aqui de uma matéria muito complexa e questionável, pois este 
pressuposto determina que somente será concedido o benefício para os 
dependentes do segurado preso que for considerado de baixa renda, assim, 
reduzindo a concessão e excluindo segurados com renda maior que a estipulada 
pela Portaria Ministerial nº 15 de 201842. O propósito central da prestação é 
substituir os meios de subsistência que o segurado preso proporcionava a sua 
família, pois esta encontra-se desamparada visto que perdeu o rendimento 
 
39
 BRASIL. Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da 
Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L8213compilado.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018. 
40
 GOVERNO FEDERAL. Portaria Interministerial nº. 15, de 16 de janeiro de 2018. Dispõe sobre o 
reajuste dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dos demais valores 
constantes do Regulamento da Previdência Social - RPS. Disponível em: 
<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=90718#187268
3>. Acesso em: 15 jan. 2018. 
41
 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 6.ed. Salvador: JusPODIVM, 2009, p. 
414. 
42
 ALVES, Hélio Gustavo. Auxílio-reclusão: direitos dos presos e de seus familiares. 2. ed. São 
Paulo : LTr, 2014. p. 99. 
22 
 
 
 
financeiro que lhe era passado pelo indivíduo que foi recolhido a prisão, mas indo de 
encontro a esse objetivo, a EC nº 20/98 visa restringir a concessão do mesmo, 
devendo selecionar para quem será cedida a prestação, levando-se em conta os 
mais necessitados. 
Entretanto, por ser um benefício estipulado por texto constitucional, o auxílio-
reclusão deveria ser garantido a todos os segurados, uma vez que esses contribuem 
com a Previdência Social. Desta forma, faz com que a constitucionalidade da 
referida emenda seja questionada ao negar um direito que, em tese, deveria ser 
igual a todos, sem distinção, nem mesmo por distinção de renda. Todavia, essa é 
uma matéria com entendimento já decidido pelo Supremo Tribunal Federal que será 
explorado no próximo capítulo, mas antes disso, é preciso levar em consideração o 
estudo dos princípios constitucionais e previdenciários em virtude de eles formarem 
a base do direito, bem como, a do direito previdenciário. 
 
2.4 PRINCÍPIOS PREVIDENCIÁRIOS 
 
Os princípios constitucionais compõem os fundamentos do nosso sistema 
jurisdicional, sendo a base do direito, orientando e adequando a compreensão de 
todas as normas jurídicas. Caracterizada como essencial, a interpretação das 
normas acompanhada dos princípios constitucionais se faz imprescindível, uma vez 
que, será dessa forma a identificação de uma norma inconstitucional. 
A definição de princípios jurídicos e sua distinção em razão às regras, 
segundo a teoria de Robert Alexy, citada por Daniel Machado da Rocha43, afirma 
que por tratar de categorias jurídicas linguisticamente formuladas, estas dependem 
do critério em função da qual a distinção é estabelecida. Logo, conclui-se, através 
dessa teoria, que os princípios são normas que ordenam que algo seja cumprido do 
modo mais prudente, porém, não será tomado como uma imposição definitiva, 
necessitando considerar e estudar todas as possibilidades fáticas e jurídicas. 
O Direito Previdenciário é uma esfera autônoma do Direito, em função disso 
dispõe de princípios próprios, característicos e específicos para a interpretação e 
 
43
 ROCHA, Daniel Machado da. O direito fundamental à previdência social: na perspectiva dos 
princípios constitucionais diretivos do sistema previdenciário brasileiro. Porto Alegre: Livraria do 
advogado, 2004. p. 124-125. 
23 
 
 
 
aplicação de sua matéria. Segundo Rocha e Baltazar44, os princípios que regem a 
previdência são inspirados nos princípios da seguridade social, entretanto, é preciso 
entender que estes princípios tem interpretações diferentes em razão de um ser de 
caráter contributivo e outro subsistema não. 
Em sua redação, a Lei nº 8.213/91, Lei de Planos dos Benefícios da 
Previdência Social – PBPS, determina os princípios que contemplam a Previdência 
Social, competindo a estes a orientação da referida matéria. Os princípios 
constitucionais previdenciários estão dispostos no artigo 2º da PBPS, conforme 
pode-se observar abaixo: 
 
Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos:I - universalidade de participação nos planos previdenciários; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios; 
IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição 
corrigidos monetariamente; 
V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o 
poder aquisitivo; 
VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-
contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do 
salário mínimo; 
VII - previdência complementar facultativa, custeada por contribuição 
adicional; 
VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a 
participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em 
atividade, empregadores e aposentados. 
Parágrafo único. A participação referida no inciso VIII deste artigo será 
efetivada a nível federal, estadual e municipal.
45
 
 
Portanto, é necessário que os princípios sejam atendidos, caso isso não 
ocorra, esse fato será determinado como violação de direito garantido, haja vista que 
todo o sistema jurídico será afetado. Desta forma, observa-se a importância e o 
máximo grau de hierarquia que os princípios constitucionais possuem diante de 
qualquer norma e sua interpretação. 
 
2.4.1 Princípio da Solidariedade 
 
44
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios 
da previdência social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. p. 7. 
45
 BRASIL. Lei N.º 8.213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da 
Providência Social e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213compilado.htm>. Acesso em: 01 mai. 2018. 
24 
 
 
 
 
Embora não previsto no artigo 2º da PBPS, o Direito Previdenciário tem como 
pilar fundamental a solidariedade entre os cidadãos da sociedade, visando 
possibilitar melhor convívio para essas pessoas. Em razão disso, a Previdência 
Social busca proteger e amparar todos os integrantes da sociedade para evitar 
riscos sociais, através do princípio da solidariedade. 
O princípio da solidariedade no sistema da previdência se materializa a partir 
da premissa de que todos aqueles contribuintes e o Estado vão colaborar na 
obtenção de recursos, para que esta sociedade permita a destinação de 
determinados valores necessários para a sobrevivência destes indivíduos46. Assim, 
por mais que não tenha previsão expressa acerca da atuação do princípio da 
solidariedade na previdência social, a CF/88 dispõe sobre este princípio em seu 
artigo 3º, inciso I, onde diz que os objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil são construir uma sociedade livre, justa e solidária. Observa-se que o texto 
constitucional afirma que ao trabalhar com o princípio da solidariedade estará 
tratando de um princípio fundamental, e por conta disso, os indivíduos de uma 
sociedade têm deveres em razão dessa comunidade, fazendo-se uma relação não 
só de garantias e proteções, mas de obrigações para conseguir manter um 
equilíbrio. 
Para Castro e Lazzari47 "somente a partir da ação coletiva de repartir os frutos 
do trabalho, com a cotização de cada um em prol do todo, é possível a subsistência 
de um sistema previdenciário". Isto é, as pessoas pertencentes a uma sociedade 
precisam se unir, pensar no coletivo, para ter a proteção de todos os seus membros, 
caso contrário, não haverá segurança, pois, o fundo financeiro não seria 
estabelecido em razão do curto tempo. 
É nesse sentido que Ibrahim48 pontua que este princípio é o de maior 
importância, pois revela o sentido da Previdência Social, no que diz respeito à 
proteção coletiva, já que as pequenas contribuições individuais geram recursos 
 
46
 ROCHA, Daniel Machado da. O direito fundamental à previdência social: na perspectiva dos 
princípios constitucionais diretivos do sistema previdenciário brasileiro. Porto Alegre: Livraria do 
advogado, 2004, p. 137. 
47
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira, LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 19ª 
Ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016, p. 88. 
48
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 22. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016, 
p. 64. 
25 
 
 
 
suficientes para a criação de um manto protetor para todos, o que viabiliza a 
concessão das prestações previdenciárias. O Regime Geral da Previdência Social 
impõe aos seus segurados a obrigação de contribuir para o fundo financeiro devido 
a cotização individual ser imprescindível para que seja feita a manutenção da rede 
protetiva. 
Portanto, a solidariedade visa oferecer proteção a todos os membros da 
sociedade, de modo que os mesmos dividam a responsabilidade com o Estado. 
Desse modo, oportunizando à proteção de pessoas naqueles momentos de 
necessidade, onde não têm capacidade para conseguir prover sua subsistência. 
 
2.4.2 Princípio da Universalidade 
 
A universalidade da previdência social está prevista no artigo 2º da Lei PBPS, 
onde consta que um dos objetivos da organização deste subsistema é a 
universalidade de participação nos planos previdenciários, reconhecendo as 
necessidades sociais existentes e as atendendo. Diferente de como é interpretada 
no sistema da seguridade social, aqui a universalidade não é proporcionada para 
todos os indivíduos da sociedade, mas sim para todos aqueles que forem 
contribuintes. 
Direcionando-se no mesmo sentido, Castro e Lazzari49 apontam a 
universalidade como sendo a realização de ações, prestações e serviços da 
seguridade social para aqueles que delas precisarem, bem como nos termos da 
previdência social, obedecendo o princípio contributivo. Ou seja, no que concerne o 
plano previdenciário, ao ser estabelecido a filiação compulsória e automática do 
trabalhador a um regime de previdência social, a ausência da contribuição não 
identifica falta de filiação, pois esta ocorre em razão do exercício de atividade 
remunerada. 
Dito isso, afirma-se que a universalidade da cobertura e do atendimento, no 
que se refere à previdência social, opera de forma mitigada, devido a existência do 
 
49
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira, LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 19ª 
Ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016, p. 91. 
26 
 
 
 
caráter contributivo50. Isto é, ocorre a determinação da obrigatoriedade da 
contribuição econômica do segurado para que ele possa ter direito aos benefícios e 
prestações do regime previdenciário 
Ao tratarmos da universalidade de benefícios e serviços da previdência social, 
não há a obrigatoriedade de concessão de um direito igual para todos os 
trabalhadores, pois ao passo que todos contribuem com o que podem 
financeiramente, nesta mesma forma serão fornecidas as prestações51. Por isso, 
não podemos dizer que um direito igual será concedido nas mesmas condições para 
todos os trabalhadores, levando em consideração que estes não contribuem da 
mesma forma e nem nos mesmos valores. 
 
2.4.3 Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às 
Populações Urbanas e Rurais 
 
A Seguridade Social tem suas prestações classificadas em benefícios e 
serviços. Os benefícios consistem em prestações pecuniárias e os serviços são 
obrigações de fazer no setor do sistema de segurança, postos à disposição das 
pessoas, bem como, o serviço social, a habilitação e a reabilitação. 
Anteriormente, a previdência tinha um tratamento diferenciado no que diz 
respeito aos trabalhadores rurais e os urbanos, eles não tinham os mesmos 
benefícios garantidos. A Lei Orgânica da Previdência Social nº 3.807/60, em seu 
artigo 3º, inciso II, excluía os trabalhadores ruraisda proteção previdenciária 
afirmando que os trabalhadores rurais assim entendidos, os que cultivam terra e os 
empregados domésticos52. 
Foi a partir da CF de 1988 que buscou-se terminar com essa discriminação de 
tratamento em razão de alcançar a igualdade para a concessão de benefícios e 
serviços desses trabalhadores. Ainda que muito precária, a zona rural carece de 
tratamento igualitário, mesmo se as contribuições não alcançarem um nível 
 
50
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios 
da previdência social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. p. 9. 
51
 Idem. 
52
 BRASIL. Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência 
Social. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L3807.htm>. Acesso em: 
30 set. 2017. 
27 
 
 
 
adequado, pois aqui aplica-se o princípio da solidariedade, onde o trabalhador 
urbano ajuda no custeamento dos benefícios do trabalhador rural. 
Outro preceito aplicável aqui é o princípio geral da isonomia, o qual determina 
que é suscetível uma parcela de diferenciação entre os segurados. Isto é, a 
equivalência estabelece que o valor das prestações previdenciárias deve ser 
proporcionalmente igual, sendo os mesmos benefícios, mas como valor da renda 
mensal é equivalente, ele não será igual em razão das formas diferenciadas que os 
trabalhadores urbanos e rurais têm para arrecadar o custeio da seguridade53. 
Portanto, as prestações da previdência social precisam ser iguais tanto para 
os trabalhadores rurais quanto os urbanos, os dois devem receber benefícios e 
serviços equivalentes. Ocorre que haverá situações em que o custeio e os 
benefícios serão distintos para os povos urbanos e rurais, as condições exigidas 
para que isso seja permitido é que sejam justificáveis, razoáveis e que não tenha 
nenhum privilégio para ambas as partes54. 
 
2.4.4 Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e 
Serviços 
 
O princípio da seletividade, diferente daquele voltado à seguridade social que 
é direcionado para o legislador, para que ele defina os requisitos e as 
eventualidades para a concessão ou não de um benefício, este é direcionado para a 
própria previdência priorizar as situações de necessidade social que considere de 
maior importância, mais grave. Então, por se tratar de matéria previdenciária, a CF 
possui um rol de contingências selecionadas e cobertas, onde o INSS vai decidir o 
grau de necessidade para então fazer a concessão da prestação. 
Seguindo essa lógica, Wagner Balera, citado por Ibrahim55, afirma que a 
seletividade atua na delimitação do rol das prestações, definindo os benefícios e 
serviços mantidos pela seguridade social, à medida que a distributividade direciona 
a atuação do sistema protetivo em razão das necessidades das pessoas. Ocorre 
 
53
 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário. 6. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 
17. 
54
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 22. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016, 
p. 67. 
55
 Ibidem. p. 67. 
28 
 
 
 
que a lei dispõe acerca dos serviços e benefícios previdenciários e sobre suas 
condições para a concessão, determinando as pessoas que devem receber o 
benefício. 
No que se refere a seletividade, a autora Ionas56 observa que a CF seleciona 
as contingências cobertas, dispondo em seu artigo 201, onde trata de um rol 
mínimo, podendo ser ampliado pelo legislador infraconstitucional, uma vez que este 
observe a existência de prévia fonte de custeio. Assim, é com esse rol que se 
constata a escolha dos benefícios e serviços, a delimitação de quais prestações 
serão concedidas. 
A questão da distributividade é voltada para um viés de justiça social para 
reduzir as desigualdades, tendo de distribuir as prestações para os que mais 
necessitam de amparo e proteção57. Há uma relação entre a escolha de quem 
receberá os benefícios e serviços selecionados pelo legislador para serem 
protegidos pela seguridade social, ou seja, o objetivo é que as pessoas mais 
necessitadas recebam melhores prestações, reduzindo as desigualdades sociais e 
regionais. 
Pode-se observar como exemplo da seletividade a concessão de alguns 
benefícios para somente uma parte dos segurados, tal qual o salário-família que é 
conferido àquelas famílias de baixa renda, e também se verifica a distributividade na 
pretensão das prestações em otimizar a distribuição dessa renda no país, 
beneficiando primeiro as pessoas e regiões mais carentes58. Desta forma, a atuação 
desse princípio busca ajudar e amparar aquelas pessoas que estejam em uma 
situação mais carente e de vulnerabilidade. 
 
2.4.5 Princípio dos Cálculos dos Benefícios considerando os Salários-de-
Contribuição corrigidos monetariamente 
 
 Com previsão expressa no § 3º do artigo 201 da CF/88, o princípio dos 
cálculos dos benefícios versa sobre a necessidade da atualização do valor dos 
 
56
 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 17. 
57
 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário. 6. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 
18. 
58
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios 
da previdência social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. p. 13. 
29 
 
 
 
salários-de-contribuição. Caso não haja a correção dos salários-de-contribuição, isso 
implicará na severa redução no valor do benefício, visto que integram a base de 
cálculo deste, ainda mais considerando-se o fator previdenciário59. 
 O princípio em questão, ao buscar pela constante atualização dos salários, 
visa permanecer atendendo a função social do benefício, ou seja, ajudar na 
subsistência do segurado que está em uma circunstância de momentânea ou 
permanente vulnerabilidade. A partir do momento que não há a correção monetária 
desses salários, ocorrerá a desvalorização do valor do benefício, pois a inflação 
comprometerá o objetivo da prestação em si, não proporcionando o amparo que lhe 
foi proposto. 
 
2.4.6 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios 
 
Ao ser concedido um benefício, este precisa compreender os mínimos gastos 
necessários de acordo com os valores levantados durante o período de contribuição 
do segurado. A partir do momento que a prestação é concedida, não será possível a 
redução do valor nominal do benefício, pretendendo manter o poder real de compra. 
O princípio da irredutibilidade atua como um mecanismo essencial para 
propiciar o efetivo funcionamento do sistema previdenciário, impondo a revisão 
periódica do valor dos benefícios pela aplicação de reajustes60. Foi em razão desse 
princípio e do contexto histórico, em razão de ser uma época de altos índices de 
inflação, que o constituinte de 1988 editou o artigo 201 da CF/88, que assegurou 
com seu § 4º o reajuste periódico dos benefícios, para, então, preservar o valor real 
das prestações. 
Tratando-se de benefícios previdenciários, há uma nítida busca pela 
preservação do valor real destes benefícios, pois há critérios definidos por lei, 
almejando que o valor das prestações não seja desvalorizado61. Assim, há a 
incessante busca pela correção monetária dos benefícios para que não ocorra uma 
perda do valor das prestações previdenciárias. 
 
59
 VIANA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 
422 
60
 ROCHA, Daniel Machado da. O direito fundamental à previdência social: na perspectiva dos 
princípios constitucionais diretivos do sistema previdenciário brasileiro.Porto Alegre: Livraria do 
advogado, 2004, p. 166. 
61
 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 17. 
30 
 
 
 
 
2.4.7 Princípio do Valor da Renda Mensal dos Benefícios de Caráter 
substitutivo não inferior ao do Salário-Mínimo 
 
Alguns benefícios previdenciários visam a substituir a remuneração do 
segurado que foi perdida mediante a ocorrência de uma contingência, onde lhe 
impossibilitou de realizar atividade laboraria, carecendo de auxílio. Para esses casos 
onde o benefício será substitutivo ao salário-de-contribuição ou do rendimento do 
trabalho do segurado, os valores das prestações previdenciários não podem ser 
inferiores a um salário-mínimo62. 
Porém, se caso o benefício concedido não for prestado em caráter 
substitutivo, não o princípio em tela não terá incidência. Ou seja, com disposição no 
§ 2º do artigo 201 da CF/8863, é imposto que para aquelas prestações que forem 
substitutivas ao salário, deverá ter um valor mínimo razoável para que possa atender 
as necessidades de subsistência do segurado, assim, cumprindo com o a razão 
social do benefício. 
 
2.4.8 Princípio da Previdência Complementar Facultativa 
 
Assim como há o regime público universal e obrigatório de previdência, 
também há a possibilidade da existência de regimes de previdência complementar, 
de caráter facultativo já que se trata de uma contribuição adicional ao regime geral. 
Todavia, mesmo sendo de natureza facultativa, há a imposição de limites tanto 
referentes ao teto salarial quanto a outras questões previstas nas Leis 
Complementares nº 108/01 e nº 109/01, assim, modulando suas linhas básicas de 
estrutura64. 
 
62
 VIANA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 
423. 
63
 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo 
e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e 
atenderá, nos termos da lei, a: 
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do 
segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. 
64
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios 
da previdência social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. p. 15. 
31 
 
 
 
A previdência social complementar foi feita para suprir necessidades básicas, 
suplementar o valor de benefício previdenciário que possa receber e também para 
sacar os valores depositados dependendo dos termos do contrato. Ou seja, esse 
sistema tem uma função social diferente do regime de previdência geral, aqui não 
busca a igualdade e a garantia da subsistência com dignidade, mas sim uma 
complementação do padrão de vida financeiro. 
 
2.4.9 Princípio do Caráter Democrático 
 
A redação constitucional diz em seu art. 1º que o Brasil é um Estado 
Democrático de Direito, e foi nesse sentido que o legislador constituinte se 
preocupou em envolver todos os interessados na proteção da seguridade social para 
participar de sua gestão. Acompanhando o que versa o artigo 1º da CF/88, o 
parágrafo único, inciso VII do artigo 194, prevê que a gestão da seguridade será 
quadripartite, de caráter democrático e descentralizada, determinando a participação 
dos trabalhadores, os empregadores, os aposentados e do Poder Público65, visando, 
assim, uma gestão realizada mediante discussão com a sociedade. 
Logo, ao tratarmos da previdência social, suas direções e matérias serão 
definidas pelo Poder Executivo, onde serão submetidas a análise do Conselho 
Nacional66. Entretanto, não há como negar a existência e o avanço da gestão 
quadripartite com a participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e 
Poder Público para a descentralização administrativa dessa esfera. 
Em razão dessa discussão acerca da gestão da seguridade, foram criados 
órgãos colegiados de deliberação, bem como o Conselho Nacional de Previdência 
Social - CNPS, onde se discute a gestão da previdência social; o Conselho Nacional 
de Assistência Social - CNAS, que aborda o tema da política e ações sobre esta 
área; e o Conselho Nacional de Saúde - CNS, onde se discute política de saúde67. 
Em todos estes conselhos têm integrantes dos quatro campos representando os 
trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo, portanto, a composição 
 
65
 AMADO, Frederico. Direito previdenciário. 5. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 33. 
66
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios 
da previdência social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. p. 17. 
67
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira, LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 19ª 
Ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016, p. 93. 
32 
 
 
 
destes conselhos é paritária a fim de que seus interesses profissionais e 
previdenciários sejam discutidos de forma igualitária. 
A concessão do auxílio-reclusão requer uma rigorosa verificação em respeito 
da vida do segurado e de seus dependentes, visando a comprovação dos 
pressupostos já explicitados neste capítulo, para isso se faz importante a exposição 
acerca do conceito do benefício, sua natureza jurídica, a evolução histórica, bem 
como os princípios constitucionais relacionados. No próximo capítulo será feito um 
estudo sobre o requisito imposto pela Emenda Constitucional n.º 20, se sua 
aplicação faz com que o benefício não atinja sua finalidade, se princípios 
relacionados a prestação não seriam violados, e as consequências acarretadas para 
o plano jurisprudencial. 
33 
 
 
 
3 DA LIMITAÇÃO IMPOSTA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 AO 
AUXÍLIO-RECLUSÃO 
 
O auxílio-reclusão, anteriormente estudado, trata-se de um benefício 
previdenciário destinado aos dependentes do segurado preso, sendo devido 
somente a eles e mais ninguém, caso o segurado não tenha dependentes, essa 
prestação não terá necessidade de existir. Um assunto também tratado no capítulo 
anterior foi acerca dos vários requisitos para a concessão deste benefício, dando 
ênfase a um deles, o pressuposto do segurado ser considerado de baixa renda. 
Essa condição disposta na lei foi feita em decorrência da Emenda 
Constitucional nº 20 de 1988, onde altera o texto constitucional, direcionando a 
concessão da prestação auxílio-reclusão somente para os dependentes daqueles 
segurados que possuírem baixa renda. Isto é, a alteração da redação constitucional 
foi instituída com o propósito de reduzir a concessão do benefício e excluir 
segurados, assim, deixando dependentes desamparados e fugindo da função social 
pretendido da prestação. 
A regulamentação do requisito ficou sendo responsabilidade do artigo 13 da 
emenda citada, onde esse determina acerca de quais segurados são considerados 
de baixa renda. Isto posto, podemos ver o artigo abaixo transcrito: 
 
Art. 13 - Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-
reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes, esses 
benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta 
mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a 
publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos 
benefícios do regime geral de previdência social.
68
 
 
Nesse artigo atenta-se para a expressa previsão sobre o pressuposto em 
questão, indicando que a renda do segurado preso deve ser utilizada como 
parâmetro para ser concedido o auxílio-reclusão. Foi com a criação desse 
dispositivo que fez com que os segurados que tenham renda brutal mensal superior 
 
68
 BRASIL. Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de1998. Modifica o sistema de 
previdência social, estabelece normas de transição e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm>. Acesso em: 30 abr. 
2018. 
34 
 
 
 
ao limite estabelecido não gerem o direito ao benefício de auxílio-reclusão aos seus 
dependentes. 
Deste modo, se faz necessário estudar e analisar essa Emenda 
Constitucional, visto que ela provoca modificações significativas no processo do 
benefício em questão, bem como também, explorar o posicionamento dos tribunais 
perante a matéria e o que isso acarreta, o que esse entendimento produz. Atesta-se 
para a importância da análise dessa EC, conforme será feita no próximo subtítulo. 
 
3.1 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 
 
A Emenda Constitucional nº 20/98 datada de 15 de dezembro de 1998 tem 
por objetivo a modificação do sistema de previdência social, estabelecendo normas 
de transição, entre outras providências. Entre tantas outras normas instituídas pela 
EC, tivemos a estipulação do requisito de baixa renda para a concessão do 
benefício de auxílio-reclusão. 
Antes da EC, a redação constitucional não restringia o recebimento do 
benefício, era disponível a todo segurado que fosse preso69. Foi com o artigo 13 da 
EC nº 20/98 que alterou a Carta Magna70, limitando a concessão do auxílio-reclusão 
somente aos dependentes dos segurados de baixa renda, como se pode ver no 
artigo abaixo transcrito: 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, 
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que 
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados 
de baixa renda;
71
 
 
 
69
 ALVES, Hélio Gustavo. Auxílio-reclusão: direitos dos presos e de seus familiares. 2. ed. São 
Paulo : LTr, 2014. p. 98. 
70
 Art. 13 - Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os servidores, 
segurados e seus dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham 
renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação 
da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de 
previdência social. 
71
 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Planalto, 
Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 30 abr. 2018. 
35 
 
 
 
A autora Ionas72, bem como outros doutrinadores73, introduz ao conceito do 
segurado, classificando este como de baixa renda, não podendo ter renda mensal 
superior ao que é disposto pela Portarias Interministeriais do Ministério da 
Previdência e do Ministérios da Fazenda, devido a publicação da EC nº 20/98. 
Assim, disciplinando seu entendimento indo ao encontro da alteração feita pelo 
artigo 13 da referida emenda. 
As consequências da EC mostram que sua constituição não foi realizada 
visando uma melhora no regime da previdência, mas sim por puro interesse 
econômico e financeiro. Em vista disso, Castro e Lazzari74 se posicionam, afirmando 
que a discussão da matéria emendada não foi realizada sob os pontos de vista 
jurídico e social, mas sim pelo prisma econômico, atuarial e dos resultados 
financeiros desejados com a aprovação do texto. 
Com a reforma da letra constitucional pela EC, os dependentes do indivíduo 
segurado que tiver renda excedente ao estipulado como baixa renda no momento da 
prisão, não terão mais direito ao benefício do auxílio-reclusão, desta forma, fugindo 
de seu objetivo principal de prover amparo a família do recluso. É analisando essa 
situação que Rocha e Baltazar75 criticam a alteração da CF/88, pois faz com que o 
benefício não cumpra com sua finalidade de amparar a família do segurado num 
momento de contingência social. 
Outro autor que diverge acerca da alteração da Carta Magna é Ibrahim76 ao 
considerar como inconstitucional, gerando uma "diferenciação desprovida de 
qualquer razoabilidade". Isto é, os dependentes poderão passar por uma situação 
economicamente difícil sem o rendimento do segurado, independentemente se este 
for de baixa renda ou não, pois ficarão privados de uma das fontes de subsistência, 
senão a única. 
Contudo, mesmo com o posicionamento de diversos autores acerca da 
inconstitucionalidade da emenda, a jurisprudência já tem entendimento consolidado 
 
72
 GONÇALVES, Ionas Deda. Direito previdenciário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 184. 
73
 Carlos Alberti Pereira de Castro e João Batista Lazzari, Fábio Zambitte Ibrahim, Hélio Gustavo 
Alves. 
74
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 19ª 
Ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016. p. 49. 
75
 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios 
da previdência social: Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2016. p. 489. 
76
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 22. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016, 
p. 684. 
36 
 
 
 
em relação a constitucionalidade do requisito. Esta questão será analisada nos 
subtítulos seguintes. 
 
3.2 A INCONSTITUCIONALIDADE DO REQUISITO BAIXA RENDA 
 
O requisito baixa renda teve sua origem na publicação da Emenda 
Constitucional nº 20/98, anteriormente estudada, ao alterar o artigo 201, IV da 
CF/88, estabelecendo mais um pressuposto para a concessão do auxílio reclusão. 
Ou seja, com a concepção da referida premissa, podemos observar a exclusão e 
discriminação dos segurados, fazendo o benefício divergir de seu objetivo central. 
A norma desvia de seu propósito ao deixar desamparados esses 
dependentes, haja vista que a finalidade do auxílio-reclusão é suprir, substituir os 
rendimentos do segurado recluso para a sua família. Ocorre que pode ser tanto 
uma família necessitada quanto de remuneração vultuosa, a ausência do segurado 
presume que poderá deixar os dependentes em situação de necessidade77. 
O valor a ser considerado como de baixa renda não foi definido por previsão 
legal, então, utiliza-se o valor determinado por Portaria Interministerial atualizada 
anualmente78. Com essa lacuna, o parâmetro de averiguação será o último salário-
de-contribuição a ser conferido para a concessão do benefício79, assim, caso o 
último rendimento tenha valor aumentado devido a recebimento de 13º salário ou 
outro valor, caso passe do valor de baixa renda, não será concedido o benefício. 
Ao analisar na esfera constitucional da matéria, pode-se observar que esse 
pressuposto viola os princípios constitucionais, levando em conta o fato de excluir 
dependentes de segurado com renda superior ao valor determinado da proteção 
social garantida pelo benefício, negando a estes a subsistência para uma vida digna, 
sendo este um direito fundamental, conforme o que dispõe o artigo 1º, III, da 
Constituição Federal80, portanto, violando atingido o mínimo das necessidades 
 
77
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 22. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016, 
p. 684. 
78
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 19ª 
Ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016. p. 840. 
79
 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Op. cit., p. 683. 
80
 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
III - a dignidade da pessoa humana; 
37 
 
 
 
básicas existenciais, inclusive a econômica para viver81 . Tal exclusão fere também o 
princípio

Continue navegando