Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mecânica da Ventilação A principal função do Sistema Respiratório é fornecer oxigênio, através de um sistema integrado, a todos os tecidos e células (inspiração) e servir como meio de expulsão do CO2 (expiração), proveniente do sistema venoso. O Sistema Respiratório também tem outras funções que não sejam estritamente respiratórias, como no caso da micção, que está relacionada com a contração dos músculos abdominais, que são músculos respiratórios, aumentando a pressão na cavidade abdominal fazendo com que seja mais fácil a expressão de urina. O vômito também é relacionado a contração dos músculos abdominais. Nós podemos classificar o estudo da fisiologia respiratória em 4 etapas: 1. Ventilação Pulmonar – troca cíclica de ar 2. Difusão – passagem do O2 entre alvéolos e sangue 3. Transporte – mecanismos para os gases serem transportados 4. Regulação – sistema nervoso Começando com a ventilação pulmonar, a primeira coisa que deve ocorrer no processo de ventilação é a entrada do ar pelas vias aéreas, quando a gente inspira nós colocamos pra dentro do nosso sistema ventilatório uma grande quantidade de oxigênio e logo nessa porção de entrada, a região nasal, é muito importante porque é nessa região que ocorre a função de acondicionamento do ar que podemos destacar a filtração, umidificação e aquecimento. Esses três processos ocorrem para facilitar a descida do ar até as regiões mais inferiores e para que esse ar possa ser trocado ao chegar nos alvéolos e é tão importante que serve para um diagnóstico clínico rápido, principalmente na neonatologia. Através do batimento da asa do nariz, pode ser possível ver a frequência respiratória da criança: ↑ batimentos - ↑ Frequência Respiratória. E se a frequência está mais elevada, o trabalho respiratório dela também estará aumentado . Frequência Respiratória: Recém-nascido: 60 Adulto: 12-14 Músculos da Respiração: Região da caixa torácicas Região abdominal Diafragma (marca a divisão entre as outras duas regiões) Respiração Calma e Tranquila Nesse tipo de respiração a musculatura que vai ser ativada será a diafragmática para que haja o processo inspiratório. A inspiração é um processo ativo, ou seja, a musculatura gasta energia, a expiração, ao contrário do que muitos pensam, também é um processo ativo. A princípio, se formos observar o parênquima pulmonar, podemos notar que ele é formado fibras de colágeno, elastina e reticulina, que são fibras que se esticadas querem voltar à sua posição de repouso, então quando a gente inspira todas essas fibras vão se esticando e para expirar elas vão querer voltar pra sua posição normal e com esse retorno tendem a expulsar o ar dos pulmões, mas para que a contração não aconteça muito rapidamente o diafragma realiza uma contração excêntrica (de frenagem) fazendo com que a contração ocorra mais lentamente e de forma gradativa. Respiração Profunda Nesse tipo de respiração o diafragma não dá conta sozinho, necessitando da ajuda de outras musculaturas, os mais acionados são os intercostais internos (expiração) e externos (inspiração). Os intercostais externos sempre se originam na costela superiores e vão se inserir na costela inferior, então quando o músculo se contrair a de baixo vai ser puxada em direção a de cima, aumentando o espaço do gradil costal porque nós ganhamos um espaço látero-lateral e também, como e esterno vai um pouco para frente, anteroposterior , pois as costelas sobem, dando mais espaço pro pulmão se expandir. Os internos são o contrário, se originam na de baixo e se inserem na de cima, puxando as de cima para baixo, então o espaço ganho na expiração vai ser perdido durante a expiração, facilitando a expulsão do ar dos pulmões. Esse movimento das costelas é chamado de Movimento de Alça de Balde . Durante a inspiração o diafragma baixa aumentando o espaço longitudinal e durante a expiração ele aumenta para a região superior, diminuindo o espaço longitudinal. O movimento do diafragma (pra cima e pra baixo) é em torno de 2cm. Na Doença Pulmonar Obstrutiva o movimento do diafragma é menor. Respiração de Esforço Esse tipo de respiração é dividido em: Inspiração de Esforço O músculo mais requisitado é o esternocleidomastóideo, esse músculo é facilmente encontrado e pode ajudar em análises clínicas. Numa inspiração de esforço esse músculo está mais evidente. Na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica devido ao trabalho respiratório dele ser tão de esforço que a musculatura dele vai estar bastante hipertrofiada. Expiração de Esforço Os músculos mais requisitados são os abdominais destacando: oblíquos externos e internos, transverso abdominal e reto abdominal, então toda a parte da musculatura abdominal vai agir no processo de respiração de esforço. Para que ocorra a respiração é necessário vencer a resistência dos pulmões, da pleura e da própria caixa torácica. OBS: os nossos pulmões tendem a colabar, se a gente retirar os pulmões e deixar ao ar ambiente poderemos perceber que a tendência dele é murchar, se a gente colocar um dreno na caixa torácica vai ter uma tendência a se abrir. As tendências vão ser controladas pelas pressões existentes no sistema respiratório, pressões essas que passamos a chamar de pressão alveolar(dentro dos alvéolos) e a pressão intrapleural(entre as serosas). Em repouso: Pressão alveolar: 0 mmHg Pressão intrapleural: -4 mmHg Patm =760 mmHg Pressões Esses valores podem gerar um pouco de confusão, quando o aluno vai pro livro tem livros que dizem que a pressão alveolar é de 760 mmHg, igual a pressão atmosférica, mas o aluno pensa que a pressão alveolar é 0 mmHg e o livro não explica isso. A pressão alveolar realmente é de 760 mmHg e a pressão intrapleural é de 756 mmHg, quantos mmHg a Pip(pressão intrapleural) está abaixo da Patm? 4mmHg. Então os pesquisadores preferiram trabalhar com valores pequenos, então fizeram o seguinte: se a gente pegar como ponto de referência a Patm, a gente pode dizer que o ponto de referência vai ser zero, então se a pressão alveolar é igual a atmosférica então a alveolar é 0(zero) e como a pressão intrapleural está 4 mmHg abaixo então ela é -4 mmHg. Inspiração Durante a inspiração a pressão alveolar(Pa) fica menor que a atmosférica, porque o ar tem que passar do que é maior pro que é menor, então para que haja inspiração a pressão alveolar tem que cair, ela cai cerca de 2 mmHg e a pressão intrapleural cai ainda mais chegando a -6 mmHg. Expiração Durante a expiração ocorre o contrário, a pressão alveolar agora tem que se tornar maior que a pressão atmosférica, podendo ir até 3 mmHg ou mais e a pressão intrapleural retorna a valores de repouso. Figura 1.(Imagem ilustrativa, atentem ao texto) Figura 2.(Imagem meramente ilustrativa) Diferenças Pressóricas São importantes na ventilação, a primeira diferença pressórica é a que vai definir se o ar vai entrar ou sair(1) que é a diferença: pressão atmosférica - pressão alveolar e outra diferença importante é: pressão alveolar - pressão intrapleural = pressão transpulmonar(2). 1. Toda vez que a pressão alveolar < pressão atmosférica o ar ele entra e toda vez que pressão alveolar > pressão atmosférica o ar sai no processo de expiração. Se a gente quiser quantificar a velocidade com que o ar entra e sai a gente usa a fórmula de fluxo: Patm - Pa = Fluxo R 2. Pa – Pip = 0 – (-4) = +4 repouso De forma prática a gente sabe que devido a essa constituição do parênquima pulmonar a tendência que vai ter o tempo todo vai ser de expulsar o ar de dentro dos alvéolos, porque cada vez mais que as fibras são esticadas, mais elas ganham força para querer voltar a sua posição de repouso, então vai ter que ter uma força que vá de encontro a elas, para que os alvéolos permaneçam abertos a cada momento respiratório,então essa força que vai de encontro à força de recolhimento elástico é chamada de pressão por força transpulmonar. Observe que o vetor está com a mesma intensidade, mas com direções opostas, logo quanto mais os alvéolos ganham ar maior vai ser a força de recolhimento elástico dos pulmões, então maior vai ter que ser a força transpulmonar Vamos acompanhar o processo de inspiração e expiração durante 4 etapas importantes: Pressão alveolar Pressão intrapleural Fluxo – velocidade com que o ar sai Volume corrente – quantidade de ar que entra e sai Durante a respiração sua musculatura respiratória vai se contrair e aí isso vai facilitar o aumento do gradil costal e a expansão do pulmão, uma vez que a pressão alveolar vai se tornar negativa, então durante a inspiração nós vamos perceber que a pressão alveolar vai cair de 0 para cerca de -2, acompanhando essa queda acontece o mesmo com a pressão intrapleural, que vai sair de -5 para -9, percebam que esse registro está sendo feito em cmH2O, mas também pode ser feita em mmHg basta saber a conversão A partir do momento que a inspiração vai aumentando, a velocidade com que o ar entra vai aumentando, quando a inspiração vai acabando a pressão alveolar vai voltando a 0, a pressão intrapleural vai se estabilizando num ponto mais negativo e o fluxo volta à 0 e aí se completa o volume corrente da inspiração. Na expiração o alvéolo vai ganhar uma pressão positiva pra poder expulsar o ar dos pulmões, a pressão intrapleural volta aos valores de repouso, o fluxo agora vai se comportar como negativo(sentido oposto) durante a expulsão do ar e isso tudo vai acontecendo de forma gradativa No processo de expiração o diafragma se contraindo no outro sentido, diminuição do gradil costal, vai ser criado uma pressão positiva alveolar que vai expulsar o ar dos alvéolos. FLUXO Então esse fluxo, essa velocidade, com que o ar passa pelos condutos aéreos pode ter comportamentos diferentes dependendo do local em que ele está passando. Nós podemos classificar o fluxo em: Fluxo Laminar Fluxo Turbulento Fluxo Transicional O fluxo laminar ocorre de maneira harmônica e limpa com nenhuma perturbação na passagem de ar dentro dos condutos aéreos. Esse tipo de fluxo acontece nos bronquíolos, por serem mais estreitos a velocidade com que o ar passa vai ser menor e isso facilita para o fluxo ocorra dessa forma. Observe que essas setinhas indicam a velocidade e o fluxo que passa no centro do conduto é mais rápido do que as setas próximas as paredes, por conta da força de atrito, a viscosidade do ar influi no tipo de fluxo. O fluxo turbulento ocorre quando a velocidade do ar é muito grande ao passar em determinados condutos, isso ocorre fisiologicamente na traqueia, e condutos grandes e que recebem o ar a grande velocidade. Uma área de fluxo laminar pode se tornar Número de Reynolds: ρ = massa específica do fluido v = velocidade média do fluido D = o diâmetro para o fluxo no tubo μ = viscosidade dinâmica do fluido turbulenta quando há algum tipo de empecilho na passagem do ar, como crostas de catarro. A fórmula de Reynolds determina qual o tipo de fluxo: 0 – 2000 → Laminar 2000 – 4000 → Crítico 4000 – 10000 → Transicional 10000 → Turbulência VOLUMES Volume Corrente(Vt) – quantidade de ar inspirado e expirado numa respiração calma e tranquila(500ml) Volume de Reserva Inspiratória(VRI) – volume de ar que ainda pode ser inspirado ao final da inspiração do Vt(3000ml) Volume de Reserva Expiratória(VRE) – quantidade de ar que se coloca pra fora além do Vt(1100ml) Volume Residual(VR) – quantidade de ar que permanece nos pulmões mesmo ao final da mais vigorosa das expirações(1200ml- 2000ml) o Se não houvesse o VR os alvéolos iriam colabar devido a diferença de pressão CAPACIDADE PULMONAR Capacidade Inspiratória(CI): Vt + VRI(3500ml) Capacidade Residual Funcional(CRF): VRE + VR(2300ml) o Quando a gente acaba de fazer uma expiração normal, tudo o que sobra de ar é a CRF Capacidade Vital(CV): VRI + VT + VRE o Todo o volume de ar que pode ser disponibilizado no pulmão Capacidade Pulmonar Total(CPT): VRI + VT + VRE + V Espaço Morto Anatômico: diz respeito à toda estrutura da árvore traqueo- brônquica que não faz parte das trocas gasosas, então é apenas meio de condução Espaço Morto Fisiológico(EMF): ocorre em áreas de trocas gasosas, quando o capilar que faz trocas gasosas com o alvéolo é destruído, então o O2 nesse alvéolo não vai ser passado para o sangue, então mesmo sendo área de troca gasosa, é uma área perdida(geralmente são 150ml numa respiração de repouso). Ventilação/minuto: Frequência Respiratória x Vt = 6000ml/minuto(normal) Ventilação alveolar = FR x (Vt – EMF) = 4500ml/minuto(geralmente) Quando o nosso corpo percebe que menos ar está sendo trocado ele se utiliza de um método para regular as trocas: aumentar a frequência respiratória FORÇAS ELÁSTICAS Forças de tensão superficial Quando há duas interações específicas: entre ar e líquido. Num compartimento cheio de água, as moléculas de água se atraem em todas as direções, porém as moléculas que estão exatamente na superfície perdem o vetor de atratividade superior, então os vetores de força acabam formando um vetor resultante e este vai direcionar para baixo, então na superfície começa a existir uma forte atração para baixo e uma forte atração de uma molécula com a outra, gerando a tensão de superfície. Colocando esse conceito no interior alveolar, que tem ar e líquido, então essa mesma tensão vai ser gerada criando uma pressão que vai fazer o ar alveolar ser expulso. Um pesquisador chamado Laplace relacionou a pressão no interior dos alvéolos com a tensão superficial sobre o raio(P = 4T/r), então a pressão superficial é igual pra todos os alvéolos, o que muda é o raio deles, então quanto maior o alvéolo menor será a pressão. Se os alvéolos menores desenvolvem maior pressão, então o ar dos alvéolos menores passariam para os grandes e colabariam, mas uma coisa impede que isso aconteça: a presença do surfactante. O surfactante é produzido pelos pneumócitos tipo II, que fazem parte da constituição alveolar, e possuem duas organelas bem desenvolvidas: Retículo Sarcoplasmático e Complexo de Golgi. O surfactante possui um fosfolipídio chamado de Dipalmitoilfosfatidilcolína, porque essa substância é anfipática, a extremidade polar é uma fita que fica em contato com a água e a extremidade apolar fica voltada para outras regiões, então devido a isso essa moléculas se impermeiam à moléculas de água(parte inaudível) diminuindo a tensão superficial. Outro efeito importante é a presença de canais ou poros de comunicação entre os alvéolos e ductos alveolares (Interdependência Alveolar): Canais de Martin, que comunicam ducto com ducto alveolar; Canais de Lambert, que comunicam ducto ao alvéolo e Poros de Kohn, que comunicam alvéolo com alvéolo. Efeito Pendelluft: interdependência dinâmica alveolar→ quando há transporte de gases entre os alvéolos COMPLACÊNCIA PULMONAR É a avaliação de volume e da variação de pressão, ou seja, toda vez que a gente tem variação de pressão, tem variação de volume. Quem ganha mais volume com menos pressão é mais complacente. Complacência é a variação de pressão submetidas a variações de volume(C = ΔV/ ΔP), no sistema pulmonar a complacência dele é em torno de 200ml/cmH2O, isso quer dizer que toda vez que variar 1 cmH2O o pulmão ganha 200ml. Contrapondo-se à complacência nós temos a elastância, que é a capacidade de retorno a posição inicial após ser esticado, então quanto maior a capacidade de retorno maior a elastância. RESISTÊNCIA DAS VIAS AÉREAS É a impedância à ventilação pelo movimento gasoso através das vias aéreas. Para se calculara resistência utilizamosduas fórmulas: Equação de Poiseullie: P: variação de pressão R: raio L: comprimento do tubo N: viscosidade do fluido Q: fluxo Forças de recolhimento elástico pulmonar Forças de recolhimento elástico da caixa torácica Pressão intra-abdominal contra o diafragma o Quanto maior a quantidade de gordura em regiões de vísceras abdominais, maior vai ser o impedimento do movimento diafragmático FORÇAS DE ATRITO Resistência viscosa do tecido Resistência das vias aéreas
Compartilhar