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MONOGRAFIA_CARLA_OLIVEIRA_REVISADA

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
DES - DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GORDA, BALEIA, SACO DE AREIA: O CORPO GORDO 
FEMININO E SEUS ENTRELACES EDUCACIONAIS 
 
 
 
 
 
Monografia proposta pela graduanda 
Carla Cristina Nazaré de Oliveira, 
sob a orientação do Prof. Dr. Jonas 
Alves da Silva Junior, como pré-
requisito parcial para a conclusão da 
graduação em pedagogia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVA IGUAÇU 
2019 
 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
DES - DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR 
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GORDA, BALEIA, SACO DE AREIA: O CORPO GORDO 
FEMININO E SEUS ENTRELACES EDUCACIONAIS 
 
Graduanda: Carla Cristina Nazaré de Oliveira 
Orientador: Prof. Dr. Jonas Alves da Silva Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVA IGUAÇU 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todas as pessoas que sofrem 
diariamente com a gordofobia, sobretudo as mulheres, e 
às mulheres fortes que fazem parte da minha vida. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Antes de tudo quero agradecer ao Senhor por me possibilitar chegar até 
aqui e por diversas vezes me encher da sua força e seu vigor, pois sem Ele eu 
nada seria. Quero agradecer a minha família por sempre estar do meu lado, me 
apoiando e vibrando com minhas vitórias. Aos amigos que trago de fora da 
Universidade, que sempre me deram forças e me incentivaram, desde a minha 
aprovação no ENEM até essa reta final. Aos amigos e laços que criei durante 
esses anos de Rural, que foram fatores determinantes pra minha formação 
tanto profissional quanto pessoal. Quero agradecer em especial a minha amiga 
Marcela Cardoso que foi de suma importância pra mim sobretudo nessa reta 
final, quase que como uma coorientadora me ajudando a revisar textos, com 
palavras de motivação e até com broncas quando pensei em desistir. 
As coordenadoras de curso, Ana Maria Marques e Sandra Sales pelo 
excelente trabalho como docente e pelo comprometimento com o curso de 
Pedagogia apesar de todas a dificuldades. 
Aos professores excelentes que cruzaram o meu caminho e com tudo 
dando errado lutam por uma educação pública e de qualidade e agradeço por 
aqueles nem tão bons assim, pois tive como exemplo o tipo de educadora que 
eu não pretendo ser. Ao meu orientador Jonas Alves, que me acolheu e esteve 
disposto a me ajudar agarrando um desafio totalmente diferente do que estava 
habituado. A Maria Luísa Jimenez por me proporcionar tanto aprendizado e 
pela sua acolhida com muito carinho nessa caminhada contra gordofobia. 
Ao meu terapeuta Tiago Santos por me incentivar, apoiar e me ajudar a 
me aprofundar e entender a minha relação com meu corpo e na lida com meus 
sentimentos. Principalmente por me ajudar a não surtar e ver as coisas por 
outro ângulo. 
Obrigada a todos e todas que fizeram parte da minha história e aos que 
contribuirão para elaboração desse trabalho, pelas trocas de experiência e por 
toda paciência destinada a mim nesses anos de muita luta e conquista. Sou 
grata pela minha caminhada até aqui. 
 
 
Muito obrigada! 
RESUMO 
 
O principal objetivo desta pesquisa é promover a reflexão a respeito do 
espaço que o corpo gordo ocupa na sociedade e consequentemente sua 
relação no meio educacional, sobretudo o corpo gordo feminino. Mulheres 
sofrem pressões sobre seus corpos desde crianças, não só na família mas 
também estão condicionadas a isso na escola, já que é um espaço onde 
todas as questões sociais perpassam. Essa fixação tem como objetivo não 
a beleza, mas, na verdade, uma fixação pelo controle e obediência 
feminina conforme afirma Naomi Wolf (1992) no livro “O mito da beleza” e 
que servirá de fundamentação norteadora atrelada à docilização dos 
corpos, amplamente difundido por Foucault (1987). Recorremos também 
ao Goffman (1988) quando fala sobre os estigmas. Neste caso, fazemos 
uma interface com o estigma do corpo gordo. É primordial entender como 
se deu a construção da subjetividade dessas mulheres, e por isso é 
necessário a análise e levantamento de dados de mulheres gordas de um 
Universidade da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro, que passaram por 
isso na sua vida escolar e continuam a passar na Universidade. Trata-se 
de uma pesquisa qualitativa cujo instrumento utilizado foram questionários 
com perguntas abertas e fechadas. Os resultados deste estudo nos levam 
a entender à importância do debate sobre a gordofobia dentro dos espaços 
acadêmicos. 
 
 PALAVRAS-CHAVE: Gordofobia; Educação; Estigma; Feminismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The main objective of this research is to promote reflection on the space that 
the fat body occupies in society and consequently its relationship in the 
educational environment, especially the female fat body. Women suffer 
pressure on their bodies from childhood, not only in the family but also 
conditioned on it at school, as it is a space where all social issues permeate. 
This fixation aims not at beauty but in fact a fixation by female control and 
obedience as Naomi Wolf (1992) discusses in the Myth of Beauty and which will 
serve as a guiding foundation linked to the docilization of bodies, widely 
disseminated by Foucault (1987), and also to Goffman (1988) who talks about 
stigma, especially in this research the stigma of the fat body. It is essential to 
understand how the construction of the subjectivity of these women took place, 
and that is why it is necessary to analyze and collect data on fat women from a 
University of Baixada Fluminense in Rio de Janeiro, who have gone through 
this in their school life and continue to pass. at the University. through 
questionnaires and qualitative research. The results of this research lead us to 
understand the importance of the debate about gordophobia/fat shamming 
within academic spaces. 
 
 KEYWORDS: Gordophobia; Education; Stigma; Feminism. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 09 
CAPÍTULO 1 - COM QUE CORPO EU VOU? TRILHANDO CAMINHOS E 
CONHECENDO CONCEITOS ..........................................................................11 
CAPÍTULO 2 - MEMORIAL: O CORPO QUE ME TROUXE ATÉ AQUI 
............16 
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA: UM PASSO DE CADA VEZ .......................22 
CAPÍTULO 4 - TENTANDO SE ENCAIXAR ................................................... 23 
4.1 A relação individual com o corpo .................................................... 23 
 4.2 - Gordofobia dentro das instituições de Ensino .............................. 
25 
 4.2.1. Gordofobia na escola ................................................................. 26 
 4.2.2. - Gordofobia na Universidade ...................................................... 
28 
 4.3 - O debate sobre gordofobia dentro de sala de aula ..................... 31 
CONSIDERAÇÕES FINAIS NOVOS CAMINHOS PARA SEGUIR ................ 34 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 38 
ANEXOS .......................................................................................................... 40
9 
 
INTRODUÇÃO 
Ao longo dos anos o corpo foi desempenhando papéis diferentes na 
sociedade, seja cultuado pela arte ou utilizado como alvo para o consumo excessivo. 
O corpo ocupa seu espaço na história. Mas será que todo corpo mesmo é visto e 
ouvido? Corpos femininos e masculinos são tratados da mesma maneira? 
Sabe-se que o corpo da mulher sempre foi alvo de olhares: desde a infância a 
menina a ensinada como tratar seu corpo e qual tipo de corpoé o ideal. 
Universalmente não é o corpo gordo. Como evidencia Jimenez (2017,p.3): 
 
Conceber que o corpo é uma construção histórica, social e cultural 
possibilita uma discussão sobre gênero enfatizando que o mesmo não pode 
ser uma ideia acabada, posto que é uma criação, na qual se realiza através 
das relações e instituições sociais, a família, escola, amigos, ao longo da 
vida, que acaba estabelecendo o que é ser homem e mulher. 
 
A ideia de estudar o tema surgiu devido à inquietação que tive ao me deparar 
como minha questão com meu corpo que perpassa todas as áreas da minha vida, 
inclusive na Universidade e anteriormente na escola. Como estudante de Pedagogia 
eu percebi a urgência e a necessidade de ser falar sobre isso em sala de aula. A 
gordofobia está presente na sociedade consequentemente na escola. Como os 
professores lidam com isso? Será que todos entendem o do que se trata? Por que 
as mulheres em sua maioria sofrem mais com as questões com o corpo? A 
gordofobia influencia na construção da subjetividade de crianças e adolescentes e 
acompanha até a vida adulta? Estes foram alguns dos questionamentos que me 
propus a investigar nesta pesquisa através de uma pesquisa qualitativa, usando de 
questionários como principal ferramenta. 
O objetivo geral da minha monografia é analisar como o corpo gordo e a 
gordofobia se relaciona com a jornada educacional das alunas gordas de uma 
Universidade Federal localizada na cidade de Nova Iguaçu, desde sua fase escolar 
inicial até o ingresso na Universidade. Tendo como objetivos específicos: 
 Identificar as alunas da Universidade que sofrem ou sofreram gordofobia 
durante sua trajetória educacional. 
 Refletir acerca da visão da sociedade sobre a mulher gorda. 
10 
 
 Relacionar como isso afeta a relação educacional das alunas e a construção 
da sua subjetividade. 
No que se refere à organização do texto, esta monografia se divide em cinco 
capítulos. 
O primeiro capítulo dispõe sobre o entendimento de corpo, sua história do 
corpo gordo aos longos dos anos e como ele usado para controle das mulheres tudo 
sob a ótica do referencial teórico. 
 O segundo capítulo é a escrita das minhas vivências através de um memorial 
que é peça fundamental para o desenvolvimento desta monografia, mostrando a 
minha jornada educacional e minha relação com o corpo, servindo de base para os 
capítulos posteriores. 
 O terceiro capítulo demonstra a metodologia utilizada para a fundamentação 
dessa pesquisa e quais instrumentos foram utilizados. 
 O quarto capítulo traz a análise dos dados coletados através dos instrumentos 
utilizados nesta pesquisa. Este capítulo está diretamente ligado com o segundo 
capítulo pois demonstra a semelhança das vivências deixando evidente a 
importância social do debate gerado a partir das minhas experiências pessoais, mas 
ao mesmo tempo compartilhadas por outras mulheres. 
 O quinto e último capítulo consiste em apresentar os frutos e resultados 
gerados a partir dessa pesquisa e demonstra a reflexão gerado a respeito do corpo 
gordo feminino e a importância da discussão nas instituições de ensino devido a 
demanda. 
Esta monografia demonstra sua relevância para educação trazendo ao campo 
educacional a reflexão sobre a prática da gordofobia e como isso interfere no 
desenvolvimento educacional, comportamento e a construção da identidade das 
mulheres gordas. Por fim, busco demonstrar a urgência sobre a discussão de tal 
assunto na escola contemporânea para que não só como alunos, mas como futuros 
profissionais entendermos de que forma sociedade se articula sobre o assunto e a 
escola como parte perpetua tais comportamentos. Tendo como objetivo final causar 
inquietações para avaliarmos o modo que vivenciamos questões relacionadas aos 
diferentes tipos de corpos e questões acerca do gênero feminino. 
 
 
11 
 
CAPÍTULO 1 - COM QUE CORPO EU VOU? TRILHANDO CAMINHOS E 
CONHECENDO CONCEITOS 
 
O corpo humano tem sido objeto de inquietações desde os primórdios da 
sociedade. Para Foucault (1987) o corpo é visto como instrumento de poder e um 
objeto político. A forma como nosso corpo é visto vem de uma construção social 
para atender as necessidades de quem detém o poder: 
 
o corpo também está diretamente mergulhado num campo político; as 
relações de poder têm alcance imediato sobre ele; elas o investem, o 
marcam, o dirigem, o supliciam, sujeitam-no a trabalhos, obrigam-no a 
cerimônias, exigem-lhe sinais. (FOUCAULT, 1987,29). 
 
Levando em consideração que o entendimento de corpo não é puramente 
biológico, os tipos diferentes de corpos trazem olhares diferentes sobre si, seja ele 
alto, baixo, magro ou gordo. O corpo gordo é aquele que nesta pesquisa será 
referencial principal de considerações. 
O corpo gordo existe e resiste desde muito tempo na sociedade. E traz sobre 
si a ideia de um corpo negativo. Um corpo que não é considerado desejado e visto 
como alvo de desejo e cobiça. Mas nem sempre foi assim. Tanto esse entendimento 
sobre o corpo gordo ser o ideal ou não, quanto essa ideia de que o gordo é sinônimo 
do que é pejorativo. 
É de importante compreensão entender sua construção social ao longo dos 
séculos e dependendo da cultura e onde ele esteja inserido a visão sobre o corpo 
gordo é distinto. No Ocidente, especificamente na era Medieval, o corpo gordo era 
visto como equivalência de poder aquisitivo e status, pois em época de fome o corpo 
robusto significava riqueza e poder, como diz Campos et al (2016, p.236): 
O imaginário social, então, idealizava o abastecimento de alimentos e, como 
símbolos de um mundo maravilhoso, os “países da fartura” eram descritos 
como paraísos na face da Terra, repletos de especiarias, carnes gordas, 
pão branco, além de vinho e cerveja. Era o predomínio do acúmulo. Ter 
saúde significava ter a barriga cheia. Nesse contexto, em contrapartida à 
fome e à escassez de alimentos, o gordo tinha prestígio e se impunha. 
Tinha o poder de seduzir e impressionar. Sugeria também abundância, 
riqueza e saúde. 
 
O corpo gordo não carregava consigo o peso de ser associado a palavras e 
expressões negativas. Ainda de acordo com Campos et al (2016,p.237), “naquele 
12 
 
contexto histórico, o gordo não era alvo de insultos e ofensas, algo que raramente 
ocorreria em outros momentos da história”. Essa percepção do corpo gordo ao longo 
dos anos foi ressignificada e através do tempo o que é gordura e seu papel ao 
longo da história foi se modificando. Com as crescentes críticas a figura do rei, a 
associação do corpo gordo com animais, como porcos e sátiras com o físico foram 
trazendo traços negativos ao corpo gordo, onde o rei glutão tinha abundância e o 
povo perece de fome. 
Décadas à frente, no início do século XIX, uma nova forma de avaliar a 
gordura surgiu, como afirma Campos et al (2016, p. 241): 
 
Foi um período de supremacia dos números, não em relação ao peso, mas 
em relação às circunferências, aos volumes e aos contornos do corpo 
ligados ao olhar. Os cálculos estatísticos também ganharam força junto à 
relação peso-estatura. Era o início das faixas de normalidade, dos índices, 
das medianas, das gradações do corpo. 
 
Já no séc. XX, o corpo, nos anos 1920, era mencionado com um elemento 
que antes não tinha destaque, os músculos. Campos et al (2016, p.244) diz que 
“Esse corpo deveria ressaltar uma “reta flexibilidade”, um “aspecto serpentino”. E o 
músculo desempenhava seu papel devidamente visado e “enobrecido”. Por fim, o 
corpo daquele tempo simplesmente perfila com a imagem do corpo de hoje.” 
Para que nosso entendimento sobre um dos aspectos do que é o corpo gordo 
na sociedade atual seja ampliado, é imprescindível entender o conceito de estigma 
cunhado por Erving Goffman (1988, p. 4) que é “a situação do indivíduo que está 
inabilitado para aceitação social plena”. Mas quais características categoriza um 
indivíduo como um alguém sobre umestigma, ou melhor, o que torna o corpo gordo 
como um corpo estigmatizado? 
Goffman (1988) coloca que o estigma pode ocorrer devido a três 
circunstâncias: abominações do corpo, como as deformidades físicas; culpas de 
caráter individual, como: vontade fraca, desonestidade, crenças falsas; e estigmas 
de raça, nação e religião. Em todas essas indicações pode-se encontrar a mesma 
característica sociológica: “um indivíduo que poderia ser facilmente recebido na 
relação social quotidiana possui um traço que se pode impor atenção e afastar 
aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros 
atributos seus” (Goffman, 1988, p.14). 
 
13 
 
É evidente que o corpo gordo traz consigo a tipologia da deformidade física, 
pois um corpo voluptuoso não é bem visto como natural do ponto de vista do 
imaginário social e senso comum, o colocando em posição de um corpo 
estigmatizado. Ele também é imbuído na tipologia da culpa do caráter individual 
quando uma pessoa é dita gorda porque quer, por não se esforçar o suficiente, por 
ser relaxado. 
O processo da estigmatização é cruel porque a identidade atribuída por um 
grupo a um indivíduo ou grupo social pode passar a ser a identidade que este 
mesmo grupo introjeta. A normatividade imposta passa a ser naturalizada, o que faz 
com que facilmente o grupo estigmatizado aceite posições inferiores de status social 
devido a ação coercitiva que é exercida sobre a categoria que lhe é imposta. A 
depreciação pessoal passa a ser introjetada pelo grupo estigmatizado. 
A fuga desse estigma passa a ser natural e socialmente aceito. Tanto a fuga 
quanto a categorização do mesmo. Com o passar das décadas podemos ver a 
busca crescente pelo corpo ideal, perfeito, visto que, já se entende através da 
perpetuação do estigma, que o corpo gordo de longe é o alvo de desejo. Já se 
entende que no presente século o padrão é o corpo magro, esbelto e esguio. 
Sobretudo essa busca pelo corpo ideal recai sobre as mulheres, pois como dito 
anteriormente o corpo tem uma função social construída culturalmente. E qual seria 
o papel da busca pelo corpo perfeito na sociedade, especificamente tendo como 
alvo o corpo feminino? 
Naomi Wolf (1992) em sua obra O mito da beleza destaca que ao longo dos 
anos as mulheres sempre foram controladas de forma que foram condicionadas a 
submissão por aspectos distintos. Anteriormente a mulher vista unicamente como 
dona de casa e cuidadora do lar cai por terra, mas é substituído pela busca eterna 
pelo ideal de beleza. O que Naomi chama do “mito da beleza” hoje podemos 
entender por padrão de beleza. 
O corpo feminino foi construído socialmente, principalmente através da 
influência das mídias, para ser belo, mas com único objetivo de satisfação 
masculina. Ainda segundo Wolf, o termo beleza é um conceito mutável é não é 
universal, tem cunho político, que serve para manter intacto o poder masculino: 
 
[...] A ideologia da beleza é a última das antigas ideologias femininas que 
ainda tem o poder de controlar aquelas mulheres que a segunda onda do 
feminismo teria tornado relativamente incontroláveis. Ela se fortaleceu para 
14 
 
assumir a função de coerção social que os mitos da maternidade, 
domesticidade, castidade e passividade não conseguem mais realizar 
(WOLF, 1992, p.13) 
 
A mulher diariamente recebe lembretes para a manutenção da sua beleza 
através da convivência social. Seja lendo uma revista, assistindo TV, redes sociais, 
enfim, o corpo da mulher não passa ser só dela mas se torna público de modo que 
ela não tenha mais ingerência sobre seu próprio corpo. O corpo gordo feminino, 
logo, é visto como público onde qualquer pessoa se acha no direito de dar opinião. 
Estar fora do padrão, no imaginário social, é como um passe com livre acesso a 
críticas e opiniões não solicitadas ao corpo gordo. Esse fascínio pelo controle do 
corpo do outro nos acompanha em vários segmentos da nossa vida, desde a 
infância. Crescemos com a ideia de que o corpo é moldável ao local que ele 
frequenta e que existem regras por quais ele deve se submeter .Foucault (1987) 
novamente é quem nos faz refletir acerca do corpo como manutenção do poder ao 
afirmar que” em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito 
apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações” (FOUCAULT, 
1987, p. 126) 
Essa ideia de que os corpos têm sobre si um poder coercitivo que nos 
moldam sem que sintamos Foucault chamou de docilização do corpo. É dócil “um 
corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e 
aperfeiçoado” (Ibid., p. 126). Suas formas de modelagens são dadas através do 
adestramento, sendo utilizado como uma poderosa ferramenta de controle, que age 
de forma disciplinadora, considerado como uma das “fórmulas gerais de dominação” 
(Ibid., p. 126). Vale lembrar que que este poder coercitivo se aplica na sociedade de 
diferentes modos, através “de origens diferentes, de localizações esparsas, que se 
recordam, se repelem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros, distinguem-se 
segundo seu campo de aplicação, entram em convergência e esboçam aos poucos 
a fachada de um método geral” (FOUCAULT, 1987, p. 127). A disciplina sobre 
nossos corpos age em instituições mais distintas desde a nossa infância. Um dos 
primeiros contatos da criança com essa disciplina de forma mais evidente é a 
escola, em que os corpos são condicionados a seguir um determinado padrão do 
início ao fim. A disciplina “visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem 
tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo 
mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente” (Ibid., 
15 
 
p. 127). Portanto, ela fornece mecanismos para o aprimoramento das técnicas, 
aumentando em assim suas utilidades, enraizadas em preceitos de docilidade. 
 Mediante o conceito de docilidade, recai sobre nós novamente o que Naomi 
Wolf (1992) fala sobre o corpo feminino ser objeto de manipulação e poder 
masculino. Meninas são condicionadas ao corpo perfeito, já em suas famílias e isso 
é levado como extensão para dentro das escolas e instituições de ensino no geral. 
Somos condicionadas a sermos obcecadas com a magreza, pelos pais, colegas de 
classe e até mesmo professores. A corrida pelo corpo perfeito é imposta às 
mulheres antes mesmo delas começarem a andar. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
CAPÍTULO 2 - MEMORIAL: O CORPO QUE ME TROUXE ATÉ AQUI 
 
O memorial aqui apresentado é um resgate de experiências e emoções, 
apresentando as diversas faces da minha relação com meu corpo e seus 
entrelaces educacionais. 
Não lembro exatamente o momento que me reconheci como gorda, mas me 
lembro desde muito nova ser vista e chamada dessa forma. A memória mais antiga 
que tenho sobre o meu sobrepeso é da minha mãe sempre dizendo que depois de 
ter sido internada após uma cirurgia com 3 anos de idade por conta de uma 
pneumonia, eu fiquei muito tempo no soro e engordei. Cresci ouvindo isso. Então 
sempre soube que era gorda. A partir do momento que isso se tornou uma questão 
pra mim não me lembro com precisão, mas foi a partir dos 10 anos quando estava 
na quarta série e me via diferente das outras meninas. Principalmente na época de 
desfile escolar em que todas participavam de ráfia, baliza e eu não me via num 
corpo apto para isso então meu esquadrão era sempre aquele básico, de uniforme. 
Além do início dos interesses românticos em que eu nunca era escolhida como alvo 
de interesse e sempre numa disputa eu ficava para trás. Me lembro exatamente de 
no último dia de aula da quarta série, eu com meus 11 anos, tinha interesse num 
menino da terceira série. Sempre fui retraída por saber que numa disputa eu ficaria 
para trás (assim como eu fiquei, pois, outras amigas minhas também gostavam 
dele). Então nesse último dia decidi que iria me declarar, armei todo plano naminha 
cabeça. 
Nesse dia havia acontecido uma apresentação na escola com os 
responsáveis e tudo mais. Me lembro que quando fui atrás do menino meu pai me 
chamou para tirar foto e eu fiquei muito irritada porque minha chance estava 
passando. Quando finalmente fui atrás ele já tinha ido embora. Não me lembro 
exatamente minha reação, mas só lembro de ter sido frustrante. Hoje em dia quando 
vejo essa foto em que estou claramente aborrecida eu sinto muito desconforto. De 
saber que eu poderia estar aproveitando aquele momento com a minha família, feliz 
e me despedindo dos meus amigos ao invés de me preocupar em encontrar o 
menino que eu gostava escondida. 
Por fim, quinta série, escola nova, pessoas novas, cidade nova. Nessa época 
meu pai ficou desempregado, então fui estudar em São João de Meriti, Vilar dos 
Teles, num colégio particular pago por um amigo da família. Minha irmã também foi, 
17 
 
mas não se adaptou e retornou para onde estava, eu não podia por que minha 
antiga escola era só até a quarta série. Então permaneci. 
Fiquei lá na quinta e sexta série. Confesso que foi muito difícil. Entrando na 
adolescência, escola nova e todas as questões com o corpo que a fase trás. Foi 
nesse ano que eu lembro de forma vívida da minha primeira dieta. Minha mãe me 
levou num endócrino e nutricionista. Eu tinha um livrinho onde dizia as calorias que 
eu deveria comer e o que comer e já havia recebido o diagnóstico de obesa. Quando 
vejo fotos dessa época só vejo uma criança com um biotipo “normal”. Eu me 
alimentava no lanche só com barras de cereais e exibia meu livrinho com orgulho 
porque finalmente eu seria magra. Época de paqueras e tudo mais e eu nunca era 
alvo de desejo de ninguém e eu sempre fui muito tímida, o que na realidade não 
condiz em nada com a minha personalidade de fato. Tentava me encaixar, mas não 
era tão bem aceita. Como foram anos difíceis eu não sei precisar exatamente quinta 
e sexta série, acho que meu cérebro apagou de alguma forma, as memórias se 
misturam, logo para mim foi tudo uma época só. 
Ser deixada de lado na escolha de menina mais bonita na sala, ouvir risadas 
e ofensas gratuitas, ser sempre a amiga dos meninos, ser olhada com desprezo 
entre outras coisas, sempre foram questões comuns para mim. Mas tiveram alguns 
momentos que foram muito fortes para mim e tenho gravado até hoje na minha 
memória de forma vivida. Uma foi quando fui fazer um trabalho na casa de uma 
colega de escola. Então fomos, 4 meninas mais um menino que era nosso amigo e 
também andava com a gente. Brincamos de salada mista, o menino escolhia entre 
nós e eu fui escolhida. Beijamos, apenas selinho. Decidimos não contar para 
ninguém. Outro dia na escola, rolou aquela zoação sobre o dia anterior em que um 
menino disse: “ficou sozinha com um monte de menina e não pegou ninguém. Nem 
a Carla.” Na época eu me senti mal, porém me achei ótima também porque eles não 
sabiam que ele tinha pegado exatamente a Carla. Mas não soube dizer exatamente 
o porquê, da sensação de perda mesmo com a vitória. Hoje eu sei. O fato de eu ter 
sido colocado por fim, após o ninguém é uma característica muito comum que o 
corpo estigmatizado traz consigo, em que ele é desumanizado, estranho como diz 
Goffman (1988, p.6): 
Enquanto o estranho está à nossa frente, podem surgir evidências de que 
ele tem um atributo que o torna diferente de outros que se encontram numa 
categoria em que pudesse ser - incluído, sendo, até, de uma espécie menos 
desejável - num caso extremo, uma pessoa completamente má, perigosa ou 
fraca. Assim, deixamos de considerá-lo criatura comum e total, reduzindo-o 
18 
 
a uma pessoa estragada e diminuída. Tal característica é um estigma, 
especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito grande - algumas 
vezes ele também é considerado um defeito, uma fraqueza, uma 
desvantagem. 
 
Por questões religiosas eu não usava muitas saias cumpridas e uniforme da 
escola era jeans e a blusa. Isso fazia com que eu fosse ainda mais motivo de 
chacota. Num determinado momento, eu estava bem, hora do recreio fui até a 
cantina e peguei o último hambúrguer pronto que havia, quando ouvi ofensas de um 
menino que até considerava meu amigo. Aquilo mexeu muito comigo de uma forma 
que eu não lanchava mais na cantina e evitava comer na frente dele. 
Eu participava das danças da escola, mas sempre fui a menina que ficava no 
fundo ou não tinha destaque. No fundo até agradecia por não precisar chamar muita 
atenção. Meu rendimento quanto aluna era razoável, pois sempre me dediquei pra 
ser boa aluna, mas ao mesmo tempo tinha muitas faltas. 
Estudei nessa escola por apenas dois anos e na sétima série meu pai voltou a 
trabalhar e fui para uma escola próximo a minha casa, muito famosa no meu bairro, 
onde permaneci até o término do Ensino Médio. Estudei à tarde no primeiro ano e a 
minha turma era considerada a pior. Fiz bons amigos mas vivia uma relação muito 
conflituosa em especial com os meninos, pois ao mesmo tempo que se diziam meus 
amigos praticavam bullying pesados comigo. Porém fazia parte as zoações, afinal 
eram meus amigos e tinham me acolhido. Então, caso os perdesse, o que sobrava? 
E naquela época sempre vi como normal, afinal quem nunca foi zoado? 
Em paralelo às dietas, a pressão para emagrecer continuava, afinal se eu não 
fosse magra não iria arrumar namorado. Me lembro de ter sido a fase mais magra da 
minha vida gorda e mesmo assim vivia na constante sombra de “só serei feliz 
quando emagrecer”. Era todos dias torcendo para não ser alvo de piadas e 
humilhação, por isso sempre fiz de tudo pra ficar no anonimato, sem chamar muita 
atenção. Foi nessa época em que tenho memórias mais vívidas sobre minha relação 
com o TAG e a compulsão alimentar. Os médicos diziam que eu era ansiosa, 
descontava todas as minhas emoções na comida. Mas eu nunca entendi de fato 
como isso se articula. 
Em 2007, quando eu estava na sétima série, eu desenvolvi o hábito de 
arrancar cabelo, e às vezes até comia. Me lembro de fazer fileiras e fileiras no sofá. 
Teve um momento que a prática era tão forte que eu fiquei careca numa parte da 
19 
 
cabeça que até hoje meu cabelo é falhado. Na época eu não sabia, mas hoje eu sei 
que é um distúrbio chamado Tricotilomania. Isso afetou muita minha autoestima na 
época. Eu usava muitas faixas no cabelo e não saía muito. Em contrapartida vivendo 
toda pressão pelo emagrecimento e a puberdade eu comecei a emagrecer. Me 
lembro de ser minha época mais magra, ou menos gorda e mesmo assim eu me 
achava enorme. 
No ano seguinte mudei de turno, passei da tarde para manhã, o que eu não 
queria. Foi onde eu voltei a descontar na comida e engordei o que tinha perdido, o 
que hoje sei que todo esse desconto na comida tem um nome, e chamamos de 
compulsão alimentar. Passei para o turno da manhã e essa relação com o bullying 
foi diferente, pois a turma a qual eu pertencia e os amigos que fiz não tinham esse 
perfil. Durante meu Ensino Médio sofria por questões típicas da adolescência, como 
relacionamentos. Sempre era aquela que ficava de lado e dificilmente era alvo de 
desejo. Foi dessa maneira que me envolvi num relacionamento problemático. 
Achava que era isso que merecia e me permiti aceitar muitas situações pois não me 
achava capaz de arrumar outra pessoa. Sempre usava bermudas e calça, nunca 
shorts na rua e sempre optei por blusas de manga. Fiz muitas dietas nessa época 
também, inclusive tomei medicamentos. Me lembro de em determinada época ter 
desmaiado no metrô pois minha alimentação o dia tudo tinha se baseado em ovo 
cozido e couve-flor. Quando saí do Ensino Médio, no ano de 2012 entrei num 
looping infinito de dietas e consegui perder peso, mas ainda gorda. 
Quando ingressei na Universidade pela primeira vez eu estava no meu ápice 
de corpo mais magro, porém ainda me achava enorme de gorda. Foi quando 
comecei a ter meus primeiros contatos com amoda plus size. Na época fiz até um 
ensaio fotográfico e estudei a possibilidade de ser modelo plus size, foi quando a 
fotógrafa disse que pra isso eu ainda teria que perder peso. Foi um balde de água 
fria mas compreendi e acabei deixando de lado essa ideia. Em 2013 entrei na UFF e 
me mudei para Volta Redonda. Me lembro de viver uma vida relativamente tranquila 
sem grandes questões com o peso, mas no segundo semestre troquei de curso e 
voltei para o Rio e fui estudar em Niterói. Como foi tudo muito rápido foi uma das 
piores experiências da minha vida. Além do curso ser integral e eu ter de ir todo dia 
da Pavuna para Niterói eu não consegui criar laços. Entrei depois da turma fechada 
e a sua maioria esmagadora era composta por padrão e classe média, eu que 
sempre fui falante me senti totalmente deslocada. Foi quando a compulsão voltou 
20 
 
com tudo. Comia de forma descontrolada retomei os quilos que tinha perdido. Por 
fim, resolvi abandonar o curso que me fazia tão mal. 
Em 2014 comecei a trabalhar, e com isso voltei à rotina de emagrecimento. 
Me inscrevi na academia e fazia acompanhamento nutricional, mas é claro junto com 
as minhas dietas malucas. Recebi muitos elogios o que me deu mais gás, mas 
minha saúde estava péssima. Mais anêmica do que nunca, e quando saía da dieta 
era de forma brusca, depois seguiam dias de culpa e sofrimento. 
Em 2015 entrei na Rural, consequentemente abandonei a atividade física. 
Desde o meu ingresso até o presente momento engordei em média uns 20 kg e eu 
nunca me senti tão bem comigo quanto agora. Tão livre e tão plena para ser eu. 
Mas minha trajetória na faculdade nem sempre foram flores. Não me lembro o 
momento exato mas comecei a me apropriar do que é gordofobia e o gordo ativismo 
entre o fim de 2016 e ano de 2017. Passei por diversas situações gordofóbicas na 
Universidade. Um lugar que em tese deveria ser livre de preconceitos e julgamentos. 
Iniciando pela infraestrutura onde as cadeiras em sua maioria, não me comportam e 
fico sempre apertada e desconfortável. Banheiros também onde é sempre um 
malabarismo para conseguir utilizar quando não é o de deficientes. Também já fui 
olhada de cima a baixo por uma professora quando me viu entrando de shorts em 
sala: olhar hostil e de desprezo. 
Em um outro momento após me ver comendo salgado na sala, outra 
professora mudou o discurso da aula totalmente para alimentação saudável. Mas 
isso não ocorre só entre os docentes, mas entres os discentes também. Acho que o 
que mais me marcou até hoje foi num momento longe das obrigações acadêmicas, 
mas com universitários. 
Estava num momento vulnerável da minha vida, porém naquela época 
particularmente bem. Fui em uma das festas que ocorriam nas imediações do IM 
com minhas amigas e com um rapaz que eu me relacionava. Uma das minhas 
amigas decidiu ficar com um rapaz que estava num grupo de amigos, mas o rapaz 
foi extremamente grotesco e um dos meninos filmava como se fosse um trunfo e 
intervimos. Eles não gostaram, mas ficou “resolvido”. Não saímos do nosso lugar e 
curtimos a festa. Beijei o rapaz que estava comigo. Ouvi comentários do tipo: “nossa 
até a gordinha beijando e você ai não está pegando ninguém.” E o outro responde: 
“humilhante mesmo, mas essa aí é cheia de marra, abusada, nem tem moral pra 
isso, se enxerga não.” E zoações ao fundo. Isso me desestruturou de uma maneira 
21 
 
que a única coisa que consegui foi pedir para sair de lá. Não tive forças para reagir e 
mais uma vez o machismo e a preconceito me calaram. Me levou à reflexão que 
simplesmente pelo fato de eu ser gorda não tinha direito de me impor e exigir 
respeito por mim e pelas minhas amigas. Segundo Naomi Wolf (1992, p.247) que 
diz “Uma fixação cultural na magreza feminina não é uma obsessão com a beleza 
feminina mas uma obsessão com a obediência feminina.” E esse foi o exemplo claro 
pra mim de controle do corpo feminino. 
Após essa sucessão de fatos, cheguei à conclusão que já havia passado do 
tempo de se falar sobre o assunto na Universidade e o transformei em tema de 
pesquisa. Vi a real necessidade de demonstrar que não são casos isolados e que 
entender as questões que envolvem o corpo gordo feminino é de responsabilidade 
de toda sociedade, inclusive dentro do espaço acadêmico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
23 
 
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA: UM PASSO DE CADA VEZ 
Este capítulo se dispõe a tratar da metodologia utilizada nesta pesquisa. A 
pesquisa é de cunho bibliográfico, em que utilizei livros, artigos, periódicos e 
materiais disponíveis na internet para fundamentação da monografia. 
 Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória, em que se realizou um 
questionário virtual com 8 perguntas. As perguntas do questionário têm como 
objetivo verificar o entendimento prévio das alunas sobre gordofobia e analisar a 
relação da escola e Universidade com seus corpos. A escolha do uso da pesquisa 
qualitativa está pautada sobre o que diz Minayo (1994, p.21 e 22): 
 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se 
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser 
quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, 
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço 
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não pode 
ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 
 
Este questionário (anexo) foi direcionado a mulheres que se entendem como 
gordas e têm como requisito que sejam alunas do Ensino Superior de uma 
Universidade Pública do Estado do Rio de Janeiro, localizada na Baixada 
Fluminense. Participaram da pesquisa 36 mulheres, sendo a maioria do curso de 
Pedagogia onde há predominância de estudantes do sexo feminino. A faixa etária 
varia de 17 a 47 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
CAPÍTULO 4 - TENTANDO SE ENCAIXAR 
 
Este capítulo se propõe a entender a relação das mulheres com seus corpos 
e como isso afetou e afeta sua relação com a sociedade e consigo mesma, 
buscando mostrar que não se trata apenas da experiencia pessoal de alguém ,mas 
que é uma questão que aflige todas as mulheres fora do padrão vigente, no caso 
mulheres gordas. Foram feitas perguntas que visam compreender questões como: a 
sua relação com o corpo, a influência da escola e a Universidade nessa relação a 
fim de entender o poder que as outras pessoas têm sobre o corpo gordo. Mediante 
às perguntas feitas no questionário se estabeleceu 3 blocos para melhor 
compreensão entendimento sobre o assunto. 
 
4.1 - A relação individual com o corpo 
Este bloco busca entender a relação dessas mulheres com seu corpo. A 
primeira pergunta feita é pra saber o entendimento prévio que as entrevistadas têm 
sobre gordofobia e em seguida quando elas se percebem gordas. Gordofobia 
segundo Jimenez (2019, s/p.) é: 
 
Um preconceito com pessoas gordas. É uma discriminação que leva a 
exclusão social e, portanto, nega acessibilidade as pessoas gordas. É um 
estigma estrutural e cultural, reproduzido em diversos espaços e contextos 
sociais na sociedade. Esse prejulgamento gera a desvalorização, 
humilhação, inferiorização e restrições aos corpos gordos de modo geral. 
 
 A maioria das respostas colocavam o entendimento de gordofobia como 
“preconceito com pessoas acima do peso ou fora do padrão”, porém houve uma 
resposta em especial que me chamou atenção: 
 
 Preconceito e incômodo das pessoas por minhas formas voluptuosas (Linda, 47) 
 
Assim como Linda, muitas mulheres têm dificuldade em aceitar que a palavra 
gorda é apenas uma forma de caracterizar o corpo, como alto ou magro por 
exemplo, mas cria-se um estigma a respeito do corpo gordo em que ele é 
categorizado como ofensa, e por isso muitas mulheres têm aversão e até dificuldade 
em se intitular gordas e acabam usando palavras paliativascomo forma de abrandar 
a palavra gorda que tem sobre si o estigma. Logo “o termo estigma, portanto, será 
25 
 
usado em referência a um atributo profundamente depreciativo” (Goffman, 1988, P 
6). Além da aversão à palavra gorda, nota-se que acima do peso é outra forma de 
categorizar mulheres gordas, desta vez não como forma de abrandar o termo, mas 
em encaixar clinicamente as pessoas gordas como doentes, logo pessoas gordas 
estão acima do peso ideal. Mas qual é o peso ideal? A maioria se vale pela ideia do 
IMC, um termo médico que determina o índice de massa corporal, e através do 
cálculo entre altura e peso se limita o corpo entre saudável e doente. O que nos leva 
a pensar na segunda pergunta deste bloco: “Quando você soube que era gorda?” 
Essa pergunta foi criada no intuito de provocar identificação das mulheres com o 
termo gordo e quando elas começaram a se categorizar como gordas. Vejamos 
algumas respostas: 
 
Desde criança quando minha família falava que eu deveria parar de comer 
por ser muito gorda (Vitória, 22) 
 
Sempre fui gorda desde criança, creio que o fato de isso virar um problema 
ou eu " saber" foi quando recebi apelidos, primeiro dentro de casa e depois 
nas escolas. (Aurora, 22) 
 
Começou na época da escola (ensino fundamental), quando meus colegas 
de classe tiravam sarro de mim por conta do meu corpo. Eu também 
percebia que tinha poucas pessoas gordas como eu e parecia errado ser 
assim. O ambiente familiar também influenciou muito, pois meus pais viviam 
dizendo que eu era gorda e que precisava emagrecer. Perdi a conta de 
quantas vezes me forçaram a fazer dietas ou me impediram de comer 
coisas para eu não engordar. (Glória, 28) 
 
Após consultas médicas, onde o médico disse claramente: você tem 1.65m 
e já está com 68kg, emagrece, pois, se continuar você vai ficar horrorosa. 
Depois disso, tomei um choque! Não me achava gorda. Após entrar em 
depressão e ter diversas crises de ansiedade devido a alguns problemas 
pessoais, meu peso dobrou. Então, começaram as piadinhas, membros da 
minha família dizendo que eu precisava emagrecer, pessoas que eu não via 
há muito tempo quando me encontravam na rua diziam: nossa, vc tá 
gorda!!!!! Por tanta pressão, precisei procurar um médico. Apesar de estar 
cerca de 30kg acima do meu peso ideal, tenho uma saúde ótima, todos os 
exames com resultados ótimos, mas resolvi tentar emagrecer 
principalmente por pressão de terceiros. (Bela, 22) 
 
O ponto em comum dessas quatro falas é que nenhuma delas tiveram a 
percepção de ser gorda, mas sempre os outros ao redor apontavam isso. Seja na 
família, escola ou médico. A sociedade de modo geral sempre tende a nos encaixar 
de alguma forma em algum molde e nesse caso foi o da gordura e de maneira 
sempre pejorativa, como um anúncio de que algo estava errado. Para nenhuma 
dessas mulheres e nem para as 36 mulheres entrevistadas essa “descoberta” foi 
26 
 
atrelada a algo positivo, pelo contrário, como afirmam os relatos sempre foi um 
processo doloroso. O que mais me chama atenção foi a do médico em que ele diz 
“emagrece pois se continuar você vai ficar horrorosa!”. Isso é um exemplo claro de 
controle do corpo feminino através da aparência, onde caiu por terra mais uma vez a 
falácia da saúde, onde o próprio médico perpetua um comportamento gordofóbico. O 
que nos leva mais uma vez ao mito da beleza de Wolf: 
 
O mito da beleza não tem absolutamente nada a ver com as mulheres. Ele 
diz respeito às instituições masculinas e ao poder institucional dos homens. 
As qualidades que um determinado período considera belas nas mulheres 
são apenas símbolos do comportamento feminino que aquele período julga 
ser desejável. O mito da beleza na realidade sempre determina o 
comportamento, não a aparência. (WOLF, 1992, p. 16-17). 
 
4.2 - Gordofobia dentro das instituições de Ensino 
As instituições de ensino são parte fundamental para o controle disciplinar do 
corpo instituída para o bom funcionamento da sociedade capitalista. São peças 
importante para garantir a docilização de corpos e manter a manutenção em moldes 
pré-estabelecidos afetando até a construção da identidade do indivíduo, como afirma 
Foucault Apud Valeirão (2009,p.75) : 
 
[..] a escola faz parte de uma rede produtiva que age sobre o corpo social, 
não somente enquanto poder repressivo, mas principalmente como um 
dispositivo de produção de subjetividade que diz respeito ao contexto 
disciplinar que ocorre tanto na sala de aula como para além dela, afetando 
o processo de constituição do próprio sujeito. 
 
Levando isso em consideração, este bloco se refere a como comportamentos 
gordofóbicos dentro das instituições de ensino, tanto escola quanto Universidade, 
influem diretamente na vida destas mulheres sendo dentro ou fora das instituições, 
perpassando suas vidas pessoais. 
 
 4.2.1 - Gordofobia na escola 
Neste item será analisado especificamente a relação dessas mulheres gordas 
com a escola. É importante salientar que das 36 entrevistadas apenas 8 engordaram 
na fase adulta, o restante é gorda desde a infância. Eu pude perceber algumas 
repetições em comportamentos, como muitas respostas em que viam a relação da 
escola com o corpo fundamentadas em bullying e a timidez compulsória dessas 
mulheres. Mas o que pareceu curioso foi que em todas as respostas, essa relação 
27 
 
era descrita como negativa, nenhuma das mulheres entrevistadas deu uma resposta 
positiva a respeito dessa época de vida, o que me leva ao encontro direto com meu 
memorial em que compartilho das mesmas experiências. Mediante a isso fica mais 
uma vez evidente que essas experiências não são apenas individuais, mas sim 
compartilhadas por outras mulheres de diferentes idades. Goffman (1988) discorre a 
respeito do estigma e a influência que ele tem no comportamento dos 
estigmatizados e os ditos normais, que não são estigmatizados e contribuem para 
estigmatizar grupos e indivíduos. Pude observar como esse comportamento de 
estigmatizado esteve presente nas respostas a esta pergunta. Vejamos as respostas 
a seguir: 
 
Tinha poucos amigos e muitos tiravam sarro de mim, me ofendiam sem me 
conhecer. (Aurora. 22) 
 
Péssima. Não tive amigos por muitos anos até finalmente mudar de escola, e 
mesmo na escola nova passei por várias situações desagradáveis. (Glória.28) 
 
Nesses dois relatos percebe-se um afastamento de ambas do grupo dito 
normal, e como se cria uma identidade prévia da pessoa estigmatizada antes 
mesmo de conhecê-la, essa “dupla identidade” Goffman entende como identidade 
social virtual e identidade social real, 
 
A identidade real é o conjunto de categorias e atributos que uma pessoa 
prova ter; e a identidade virtual é o conjunto de categorias e atributos que as 
pessoas têm para com o estranho que aparece a sua volta, portanto, são 
exigências e imputações de caráter, feitas pelos normais, quanto ao que o 
estranho deveria ser. Deste modo, uma dada característica pode ser um 
estigma, especialmente quando há uma discrepância específica entre a 
identidade social virtual e a identidade social real. (GOFFMAN apud 
SIQUEIRA;CARDOSO JÚNIOR, 2011, p. 94) 
 
Com a criação desse estigma e a imagem deteriorada do indivíduo perante os 
ditos normais, essa pessoa estigmatizada começa a introjetar culpa, o local de 
inferior, indigno. “Faltando o feedback saudável do intercâmbio social quotidiano 
com os outros, a pessoa que se auto-isola possivelmente torna-se desconfiada, 
deprimida, hostil, ansiosa e confusa” (GOFFMAN, 1988, p.14). É o que podemos 
perceber na seguinte fala: 
28 
 
 
Sofri bastante bullying, tanto que até caí numa crise horrível de depressão, 
perdi totalmente a vontade de comer. Fazia somente uma refeição por dia 
quando minha mãe me obrigava e muitas vezes vomitava tudo, desenvolvi 
anemia, perdi 15 quilos em 2 meses. (Rosa, 20) 
 
Em contrapartida, a pessoa estigmatizada também nesse encontro com a 
pessoa dita normalpode responder de forma agressiva e, “em vez de se retrair, o 
indivíduo estigmatizado pode tentar aproximar-se de contatos mistos com 
agressividade; mas isso pode provocar nos outros uma série de respostas 
desagradáveis.” (GOFFMAN,1988, p.18): 
 
Compensava a frustração de ser gorda sendo a melhor aluna da sala em termos de 
notas e comportamento e isso fazia de mim uma pessoa que tentava menosprezar 
os outros por ser a queridinha dos professores. (Margarida, 22) 
 
Muito ruim, apresentei agressividade devido, problemas de socialização, 
hiperatividade, defit de atenção e depressão. Tentei suicídio. (Flor de Liz, 30) 
 
Além da agressividade, notamos como a perpetuação desse estigma afeta de 
tal maneira que o indivíduo se julga tão inferior a ponto de tentar contra si próprio. 
Mais uma vez chega-se ao entendimento que todos nos comportamentos são 
reproduções de padrões que reforçam estigmas. Por fim, além da gordofobia 
praticada pelos alunos em sua maioria houve uma fala em especial que me fez 
pensar acerca da minha postura como futura profissional da educação: 
 
No ensino fundamental I sofria bullying e chorava sempre, e diversas vezes 
ouvi de professores: "depois reclama que mexem com você", reafirmando a 
gordofobia e encorajando as crianças. No ens. fund. II foi mais tranquilo 
porque mudei de colégio e já tinha mais maturidade pra ignorar certas 
coisas. (Jasmin, 19) 
 
Como os professores, diretores, coordenadores e profissionais no geral 
agimos mediante a essa situação? Legitimam esse tipo de comportamento de 
alguma forma ou apenas se prendem à reprodução desse estigma sem confrontar 
atitudes preconceituosas dos seus alunos e de si próprio? Infelizmente esta 
pesquisa não se ateve a responder essa pergunta, mas me fez refletir que tipo de 
aluno eu estarei formando, muito mais para além da sala de aula. 
29 
 
 
 4.2.2 - Gordofobia na Universidade 
Levados pelo senso comum, temos a ideia de que na Universidade toda 
comunidade acadêmica é livre de preconceitos e costuma ser mais aberto, 
desconstruído. A Universidade é parte da sociedade, logo algumas questões que 
afligem a sociedade permeiam esse meio também. A pergunta que serve como 
fundamentação para esse bloco foi se já sofreu gordofobia na Universidade e como 
foi. Apesar da maioria das mulheres não saberem exatamente o que é a gordofobia, 
elas souberam identificar comportamentos gordofóbicos marcantes no ensino 
superior. Inclusive uma fala em si me chamou atenção pela ambiguidade em que a 
aluna diz que não sofreu, mas logo em seguida cita uma questão de gordofobia 
referente à acessibilidade: 
 
Não me recordo. Mas a falta de acessibilidade na Universidade me incomoda. 
Cadeiras que não são confortáveis para gordos são o ápice da tristeza. 
(Lavanda,30) 
 
Pude perceber uma repetição de padrão curiosa, tanto na escola quanto 
na Universidade, nota-se o despreparo dos professores para lidarem com o assunto, 
muito provavelmente pela falta de contato com o tema, em se vê mais uma vez a 
urgência de trabalhar o tema não apenas com os discentes, mas também os 
docentes. O que acaba por contribuir na interferência da formação deste aluno, 
aluno este estudante da Baixada Fluminense que já lida com várias questões 
referentes à permanência. Vemos isso de forma evidente nas seguintes falas: 
 
Sim, em um trabalho de campo, onde a professora não compreendeu que com meu 
corpo eu não teria acesso aos lugares que ela queria ir. (Gardênia,23) 
 
Sim. Inclusive de professores. Já fui rotulada como preguiçosa e não capaz de 
realizar tarefas, embora toda a elaboração e ação do projeto foi feito por mim. 
(Hortência,25) 
 
É evidente o estigma do corpo gordo no caso relacionado a Hortência, em 
que é vista de forma depreciativa e incapaz. Já no caso de Gardênia faltou o 
30 
 
auscultar, uma visão apurada e mais afetuosa a respeito da formação da aluna, 
havendo também a exclusão que é mais um resquício da estigmatização. 
Como dito anteriormente, o controle pelo corpo feminino vem de uma 
necessidade dos homens em controlarem as mulheres de alguma forma, se refere a 
manutenção da submissão feminina, como aborda Wolf (1992). O patriarcado vende 
a ideia de que o corpo, em especial o gordo é público. Podemos perceber isso 
através das seguintes falas: 
 
Algumas vezes, quando falavam que eu era bonita mesmo sendo gorda, ou 
quando diziam que eu não poderia usar um short curto ou saia curta por ser 
gorda e ficar feio ou quando uso blusa mostrando a barriga. (Vitória, 22) 
 
Só por parte de homens héteros que não estava interessada e mesmo 
assim, eles fizeram questão de tecer um comentário sobre meu corpo 
quando estava passando. Uma vez, passando pelo corredor com uma 
colega magra por uns rapazes, um deles solta "não, tá maluco, a gorda não, 
a magrinha .... bonitinha (Magnólia, 28) 
 
É evidente que a “preocupação” com o corpo gordo perpassam todos os 
segmentos da vida das mulheres, na Universidade não se fez diferente, pois todos 
os relatos trazem consigo a ideia de controle desse corpo, sobretudo com questões 
estéticas e carregadas de estigmas. Somos cercadas por todos os lados: 
 
A verdadeira questão não tem a ver com o fato de nós mulheres usarmos 
maquiagem ou não, ganharmos peso ou não, nos submetermos a cirurgias 
ou as evitarmos, transformarmos nosso corpo, rosto e roupas em obras de 
arte ou ignorarmos totalmente os enfeites. O verdadeiro problema é a nossa 
falta de opção. (WOLF. 1992 p. 363) 
 
Vejamos agora o relato de uma aluna que viu seu corpo mudar na fase adulta: 
 
Engordei após entrar na faculdade. Deixei de ir a festas e eventos da turma 
para que não me achassem gorda demais, não usava roupas que 
marcassem o corpo para ninguém reparar (mais ainda) que meu peso tinha 
aumentado muito e fazerem comentários desnecessários. Quando estava 
com alguma roupa que marcava meu corpo, sentava nas últimas cadeiras 
da sala de aula para não ter a sensação de que todos estavam me olhando 
e falando de mim, me 'zoando'. (Bela, 22) 
 
Uma das ideias centrais defendida por Naomi Wolf é o rapto do nosso direito 
de escolha sobre nossos corpos. Ficamos o tempo todo pensando em como os 
outros vão agir e nos ver, que nos negamos o direito de viver. A fala de Bela é muito 
emblemática pois mesmo sem ao menos alguém chegar a falar algo, ela já se 
31 
 
privava. Ela deixou de viver, por não se achar digna o suficiente apenas por ser 
gorda. Não estar no padrão sequestra nossa alegria e cria sobre nós o sentimento 
de culpa. A culpa é o que alimenta o mito da beleza, afirma a autora. O importante é 
entender que a manutenção desse mito em todos os segmentos faz que mulheres 
se privem e se limitem, quando na verdade, 
 
Podemos dissolver o mito e sobreviver a ele mantendo o sexo, o 
amor, a atração e o estilo não só intactos, mas ainda mais vibrantes 
do que antes. Não estou atacando nada que faça as mulheres se 
sentirem bem; só o que faz com que nos sintamos mal. (WOLF, 
1992, p.363) 
 
 
4.3 - O debate sobre gordofobia dentro de sala de aula 
O último bloco deste capítulo discorre sobre o que essas mulheres vítimas de 
gordofobia, tem de opinião a respeito ao debate sobre gordofobia em sala de aula. 
Entendendo-se o conceito de sala de qual não só como o espaço físico onde se tem 
aula, mas a formação cidadã do aluno. Apesar de formas distintas de colocarem 
suas opiniões, foi unânime que todas concordar do papel que a escola tem na 
manutenção desse estigma e no poder transformador da educação. Aqui fiz uma 
análise levando em consideração dois tipos de respostas. O primeiro se trata de 
uma fala mais marcada, pensando nesse estigma de forma determinante. 
 
Sim, pois mexe muuuuuito com a parte psicológica de quem está acima do 
peso. Assim, impacta demais alguns alunos. Já deixei de ir pra aula, por 
exemplo, pra não ser zoada de gorda. (Bela, 22) 
 
Com a fala da Bela esbarramos numa questãode permanência: a evasão. O 
preconceito corrobora para o isolamento dos alunos e com isso acarretam sua 
desistência e tais alunos quando não desistem acumulam um número de faltas muito 
grande, atrapalhando o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. 
Vejamos as próximas fala: 
 
Sim. Porque quando era criança sofria com isso por conta dos apelidos, 
fingia não me importar, mas no fundo cada palavra me agredia 
profundamente e por muitos anos me impediu de ter uma autoestima 
saudável, afetou meu psicólogo tanto quando criança quanto na 
adolescência e até hoje permanece uma sombra de que ser gorda é feio e 
errado e em alguns casos ainda recebo olhares maldosos por isso, o que 
faz muitas vezes que não me sinta confortável em ambientes públicos. Ser 
32 
 
gordo não deveria de ser um problema e nenhuma criança, adolescente ou 
adulto deveria sofrer por isso. Acredito que sensibilizar crianças pode ser 
um começo para que não ofendam outra por seu físico seja muito 
importante para o crescimento psicológico saudável. (Aurora, 22) 
 
Com a fala da Aurora fica evidente que o estigma a colocou num local de 
inferioridade, e isto nos é ensinado desde a infância, pois, 
 
A menina aprende que as histórias acontecem a mulheres "lindas", sejam 
elas interessantes ou não. E, interessantes ou não, as histórias não 
acontecem a mulheres que não sejam "lindas". Esses primeiros passos na 
educação da menina sobre o mito a torna suscetível às heroínas da cultura 
de massa da mulher adulta — as modelos nas revistas femininas. São 
essas modelos que as mulheres geralmente mencionam primeiro quando 
pensam no mito. (WOLF, 1992 p.80) 
 
Sim, porque pode ajudar as pessoas a lidarem melhor com o preconceito 
alheio sem deixar que a autoestima seja afetada. Se eu tivesse recebido 
esse tipo de orientação antes, certamente teria me permitido viver mais 
coisas e não abaixaria a cabeça para ninguém que tentou me diminuiu por 
causa do meu corpo. É preciso ensinar meios para as pessoas gordas se 
defenderem e entenderem que continuam sendo maravilhosas, 
independentemente do corpo que tenham. (Glória, 28) 
 
Com essas duas falas consegue-se notar a consequência que de uma 
infância e adolescência pautada no preconceito. Infelizmente o preconceito não 
acontece só por parte do aluno. É inegável que construção da subjetividade é 
comprometida de alguma maneira com a estruturalização de estigma, como nos 
sinaliza Jimenez (2019, s/p.): 
 
Desde criança, aprendemos em casa com a família e depois nas escolas 
que o corpo belo e saudável, é o corpo magro. Infelizmente, o corpo gordo 
nas Instituições de Ensino segue a Gordofobia estrutural e, portanto, repete 
a exclusão e estigmatiza a criança/adolescente/adulto gordo, causando 
fobias, medos, traumas, bulliyng e suicídios. Os profissionais da educação 
repetem a estigmatização, e de maneira geral não sabem lidar com o 
preconceito, culpando na maioria das vezes a própria vítima. 
 
Já o segundo, é com um viés de empoderamento e enfrentamento onde as 
mulheres demonstram quem são e onde querem chegar. A mulher passa de refém 
da padronização para resistência e resistir é político. Aceitar seu corpo é um ato 
político. 
 
Aceitar o corpo como ele é ou produzi-lo de modo criativo, pode provocar 
mudanças nas concepções de beleza, saúde e felicidade, já que podemos 
considerar esse processo uma expressão de resistência a corporeidade 
33 
 
capitalística, porque transfere o indivíduo para outra lógica de estar e ser no 
mundo. (JIMENEZ;ABONIZIO 2017, p.6 ) 
 
Sem dúvidas, temos que quebrar essa imagem que as pessoas tem de quê 
ser gordo é a pior coisa do mundo, ensinar que todos os corpos são lindos e 
que o importante é estar de bem com você mesmo, e ser gordo não 
sinônimo de ser doente ou preguiçoso. (Rosa, 20) 
 
Sim, as pessoas precisam aprender que ninguém é obrigado a ceder a 
todos os padrões de beleza impostos pela sociedade e que mesmo que vc 
não concorde vc tem que respeitar. Educação e respeito são a base para o 
fim desse preconceito. (Petúnia, 35) 
 
O processo de aceitação é um olhar cuidadoso para si, muda a forma como 
você se enxerga e consequentemente como vê o outro. 
 
Amar o próprio corpo pode transformar a forma de um indivíduo pensar e 
estar no mundo, reflexões reverbera uma revolução na criação de outro 
modo de estar, viver e ser na vida. Posicionamento esse que, através da 
aceitação e respeito com seu próprio corpo, possa acontecer inúmeras 
libertações que mude ou pelo menos abale a subjetividade capitalística dos 
indivíduos que experimentam padronizações severas corporais desde suas 
infâncias. (JIMENEZ; ABONIZIO, 2017, p.7). 
 
O início para que essa discussão seja efetiva não só por parte dos alunos, é o 
entendimento da importância e relevância do tema. Um dos relatos que li é de uma 
aluna que já atua na docência e que diz que já trabalha o assunto em sala: 
 
Com certeza sim. Em minha sala de aula o assunto é constantemente 
debatido, pois sou gorda, tenho alunas gordas e elas sofrem preconceito 
por parte dos outros alunos. Até eu já fui chamada de gorda de forma 
pejorativa por eles, me abalou bastante, mas isso só me incentivou a falar 
mais sobre o assunto para que eles deixem de reproduzir esse discurso 
gordofóbico da sociedade. (Girassol ,22) 
 
Por fim, essa troca é uma demanda urgente, para que possamos caminhar 
para uma educação que seja de fato inclusiva. 
 
 
 
 
34 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: NOVOS CAMINHOS PARA SEGUIR 
 
O que se percebe é que o empoderamento pode partir do coletivo para o 
individual, o movimento pode ajudar a mulher individualmente através de 
uma auto-reflexão se empoderar para se tornar ativista e empoderar outras 
mulheres. Ou seja, sou ajudada no coletivo a me libertar dos padrões que 
me fazem sofrer e quando consigo me libertar, acontece uma transformação 
com a maneira que me percebo para poder ajudar outras mulheres a 
passarem pelo mesmo processo. (JIMENEZ,2018, s/p.) 
 
Esta pesquisa antes mesmo de se findar começou a produzir frutos. No 
momento em que estava em busca de ciências que falassem sobre o corpo gordo. 
Além do movimento bodypostive, youtubers, eu sentia que faltava falar sobre a 
gordofobia de maneira mais densa. Foi nessas minhas andanças pela internet 
tentando me achar no mundo e construir uma rede de apoio que eu encontrei a 
professora Maria Luisa Jimenez Jimenez, ou de maneira mais afetuosa, Malu. 
Conheci uma mulher gorda, cientista e incrível que me ajudou muito nessa luta 
antigordofobia. 
A segui nas redes sociais e trocamos experiências, e numa dessas conversas 
ela me contou que estaria no Rio de Janeiro. Foi então que vi a oportunidade de ir 
mais fundo na minha pesquisa, na minha troca. Em primeiro momento pensei que 
poderia ser parte da minha banca, mas devido a contratempos o destino me 
reservava algo muito melhor. Foi quando surgiu a oportunidade de uma parceria. 
Tomada pela emergência de me fazer ouvir e de levar essa discussão para outas 
pessoas, gordas ou não surgiu a ideia de trazer para a prática o que já se tinha em 
mente. Corri atrás, não poderia deixar uma oportunidade como essa passar. 
Articulei com a coordenação do meu curso que prontamente me ouviu e me 
acolheu, em cada detalhe. Desde escolher um espaço em que o corpo gordo 
pudesse ser acomodado até os detalhes da acolhida da Malu. Foram dias 
trabalhosos, divulgações, parcerias e ideias e por fim chegou a data tão esperada. 
Dia 04/10/2019 foi o dia que ocorreu a primeira palestra sobre o corpo gordo, 
intitulada gordofobia na escola: novas maneiras de entender esse estigma (Figura 1) 
na Universidade Rural do Rio de Janeiro na Baixada Fluminense. 
35 
 
 
Figura 1 (arquivo pessoal) 
 
Além das palavras e ciência era importante mostrar que o corpo gordo também 
produz cultura e aquele corpo antes visto como gordo era um corpo em movimento, 
através da parceria que fizemos com a dançarina CrislayneMarques (figura 2). 
 
Figura 1 (Arquivo Pessoal) 
 
Foi uma tarde de muita troca e experiências, mesmo caindo num dia de baixa 
frequência foi incrível ver a materialização do desejo de fazer o estudo do corpo 
gordo chegar a outras pessoas. Vieram pessoas de outras Universidades, diferentes 
36 
 
idades e diferentes corpos, além de uma discussão sobre preconceito se instaurou 
também uma conversa sobre prática docente e sobre afeto (figura 3). Saber que um 
corpo estigmatizado e por muito subjugado foi pauta de uma palestra no meio 
acadêmico me deu certeza de que eu estava trilhando o caminho correto. 
 
Figura 3 (arquivo pessoal) 
 
O meu objetivo principal naquela tarde foi cumprido: aproximar pessoas 
independente da forma física. Naquela tarde todos juntos compreenderam que a luta 
contra gordofobia é papel de toda sociedade, independente de gênero, cor ou 
tamanho (figura 4). Vi a sala do auditório plural e heterógena, da forma como a vida 
é: cheia de diversidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 (arquivo pessoal) 
37 
 
 Depois desse momento de êxtase também compreendi que precisava trilhar 
meu caminho sozinha, e apresentei dois trabalhos sobre minha pesquisa. Um na 
semana acadêmica de Letras e outro na de Pedagogia. Sobre a minha vida, sobre 
meu corpo. Na minha Universidade que por tanto tempo foi minha casa. Criei laços, 
conheci pessoas, histórias que iam de encontro a minha, que precisavam ser 
ouvidas e outras que precisavam ouvir mais. Estabeleci laços com outras mulheres 
que se encontravam no mesmo caminho que eu, onde achávamos que se tratava 
apenas de algo único quando na verdade é uma rede institucionalizada que 
estigmatiza nossos corpos. Através não só dos questionários, mas também das 
trocas nos eventos, consegui constatar que o estigma se inicia desde a infância e 
nos acompanha até a fase adulta. 
Por fim, vi pessoalmente como próprio objeto da minha pesquisa a 
necessidade e a urgência que se tem em falar do corpo gordo, em falar sobre um 
preconceito tão institucionalizado. A urgência em mostrar que a gordofobia mata, 
destrói e nos tria a dignidade pouco a pouco. Sobretudo direcionada a corpos 
femininos. Concluo esse trabalho cheia se sementes nos bolsos, com vontade de 
afetar e tocar mais pessoas, de mostrar que a educação tem o poder transformador, 
tem o poder de dignificar o indivíduo que por muito tempo foi marginalizado por toda 
sociedade inclusive, dentro da escola. Ensinar nossas crianças e adolescente, 
preparar nossos educadores é apenas o início e talvez uma das partes mais 
significativas na luta antigordofobia. É a luta por uma educação mais inclusiva e de 
resistência. E sobretudo de existência, pois se fazer ouvir e se fazer ver, é sobre a 
luta diária e existir, e existir em tempos tão sombrios é um ato político. Termino com 
uma frase que um dia ouvi de quem já tanto me inspirou: meu corpo é político! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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WOLF, N. O mito da beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra as 
mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. 
 
 
 
 
 
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ANEXOS 
 
 Questionário para fim monográfico 
Gordofobia e sua relação educacional. 
Olá, manas! Esse questionário foi elaborado no intuito de levantar dados para a construção 
da minha monografia sobre a relação da gordofobia com a educação. Garanto o anonimato de 
todas e sinta-se à vontade! Conto com a ajuda de vocês. Vamos juntas! 
*Obrigatório 
Nome 
 
Curso 
 
Idade * 
 
 
O que você entende por gordofobia? * 
 
Quando você soube que era gorda? * 
 
Como era sua relação na escola por conta do seu corpo? * 
 
Você já sofreu gordofobia na Universidade? Como foi? * 
 
Você acha que gordofobia é um tema relevante para se tratar em sala de aula? Por 
quê? *

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