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Flavivírus - Dengue e Zika Vírus

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BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
 
• A maioria dos arbovírus, causadores das arboviroses 
(doenças virais transmitidas na natureza por meio de 
artrópodes hematófagos) pertencem à família 
Flaviviridae, gênero Flavivírus, do latim Flavos, que 
significa amarelo 
o Flavi faz alusão ao 1° vírus que foi identificado dentro 
do grupo, que é o vírus da febre amarela 
 
• Podem ser transmitidos por mosquitos e carrapatos 
 
• Existem mais de 70 espécies de Flavivírus, muitas das 
quais causadoras de doenças humanas as quais 
podem manifestar-se de forma distinta, desde quadros 
febris agudos com artralgias, cefaleia e mialgias, além 
de formas mais graves como febre hemorrágica, 
hepatite, encefalite e meningoencefalites 
o Produzem o maior número de infecções e doenças 
humanas, principalmente por conta da gravidade 
dessas doenças (arboviroses) 
 
• No Brasil, foram descritas 12 espécies de Flavivírus, que 
podem ser filogeneticamente agrupados em 3 ramos 
principais: 
o Febre amarela 
 
o Vírus da dengue, com sub-ramos para os tipos I, II e IV 
 
o Vírus da Encefalite Japonesa; não ocorre no país, 
juntamente com os vírus brasileiros da encefalite de 
Saint Louis, Cacipacoré, Iguape, Rócio, Ilhéus e 
Bussuquara 
▪ São transmitidos por mosquitos Culex¸ os quais são 
zoonóticos de aves e, quando infectam o homem, 
podem causar encefalite 
 
• Apresentam formato 
esférico, capsídeo proteico 
icosaedro, com 
aproximadamente 45nm – 
50nm de diâmetro, são 
envelopados e com projeções 
na superfície (espículas) 
o Os flavivírus adquirem o seu envelope ao brotar para o 
interior do reticulo endoplasmático 
 
• O genoma é constituído por RNA de fita simples de 
polaridade positiva (ssRNA+), linear, não segmentado, 
contendo no terminal 5’ 7 metilguanosina (cap), no 
entanto, o terminal 3’ não é poliadenilado, o que 
distingue a família Flaviviridae dentre os vírus RNA de 
polaridade positiva 
 
o Polaridade positiva é definida como um RNA com a 
mesma sequencia de bases do RNAm; exemplo: se a 
sequencia do RNAm é A-C-U-G, o RNA com polaridade 
positiva é A-C-U-G (com polaridade negativa seria U-
G-A-C) 
 
o Cada terminal apresenta regiões NTR, sendo que a 
parte proximal 3NTR’ é considerada heterogênea entre 
os vários Flavivírus 
 
o O genoma inclui 10 genes que codificam 3 proteínas 
estruturais (proteínas do core-C, da membrana-M e 
a glicoproteína de superfície-E) à esquerda da ORF 
(aminoterminal), e 7 proteínas não estruturais (NS1, 
ns2a, ns2b, ns3, ns4a, ns4b e ns5) à direita da ORF 
(carboxiterminal), das quais a NS5 apresenta 
sequências nucleotídicas mais conservadas entre as 
espécies do gênero 
 
▪ O genoma codifica uma poliproteína precursora, 
formada pela tradução do genoma de RNA 
completo, clivada durante e após a tradução por 
proteases virais e celulares no citoplasma para 
formar as proteínas virais funcionais estruturais e 
não estruturais 
 
o Envolve brotamento através da membrana do 
retículo endoplasmático e do aparelho de Golgi da 
célula hospedeira – a proliferação de membranas 
intracelulares é uma característica das células 
infectadas por flavivírus 
 
▪ A proteína G do envelope viral é capaz de adsorver 
(se aderir) a múltiplos receptores de diferentes tipos 
celulares em diferentes hospedeiros 
 
• Todos os flavivírus são relacionados antigenicamente; 
devido aos determinantes antigênicos comuns, os vírus 
exibem reações cruzadas em técnicas de 
imunodiagnóstico 
 
çã
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
i. O 
mosquito 
infectado pelo 
vírus se alimenta 
durante o dia 
passando o vírus 
através da saliva 
ao picar 
 
ii. O vírus 
infecta os 
linfócitos e o tecido linfático 
 
iii. O vírus irá se replicar nos tecidos próximos ao 
local de inoculação ou próximo ao linfonodo 
 
iv. O vírus é liberado a partir destes tecidos e 
espalha-se pelo sangue e infecta os glóbulos brancos 
 
v. O vírus será liberado pelos g. brancos para c corrente 
sanguínea, caracterizando o quadro de viremia 
 
vi. Outros mosquitos se infectam enquanto picam 
uma pessoa infectada, ingerindo o vírus com o sangue 
(o vírus está se multiplicando no trato digestivo do 
mosquito) 
 
vii. O vírus replica-se no intestino do artrópode e 
dissemina-se para outros órgãos, incluindo as 
glândulas salivares 
 
viii. O vírus passa para as glândulas salivares, 
replica-se e será liberado da próxima vez que o inseto 
se alimentar. 
 
ix. A vítima, então desenvolve febre enquanto o 
sistema imune destrói as células infectadas 
▪ Apenas as fêmeas da espécie atuam como vetor 
para os vírus, pois somente elas necessitam de uma 
alimentação de sangue para a maturação dos seus 
ovos (sua prole) 
 
1. O vírus entra no organismo do hospedeiro 
 
2. Ocorre a ligação da proteína E aos receptores de 
superfície celular, e então a partícula viral é 
internalizada em um compartimento endossomal 
 
3. Ocorre a fusão das membranas endossomal e viral, 
possibilitando a penetração do nucleocapsídeo no 
citoplasma da célula hospedeira e o desnudamento do 
genoma viral 
 
4. O RNA viral exerce papel de RNAm, sendo traduzido em 
proteínas virais, produzindo uma longa poliproteína que 
é clicada em 3 proteínas estruturais e 7 não estruturais 
 
5. Após a tradução, começa a replicação do RNA viral de 
polaridade positiva, que envolve a síntese de fita de 
RNA negativa intermediaria, a qual serve de molda para 
a síntese de novas fitas de RNA genômico de polaridade 
positiva 
 
6. O genoma viral é envolto por proteínas virais para 
compor a partícula viral 
o O envelope viral amadurece no complexo de Golgi e é 
liberado da célula hospedeira por exocitose 
 
• O vírus da dengue foi descoberto em 1907, por Asburn e 
Craig 
 
• É uma doença de regiões tropicais e subtropicais; febril, 
aguda, de etiologia viral, transmitida pela picada de 
insetos (vetores), sendo a mais importante arbovirose 
(doenças transmitidas por artrópodes) que afeta o ser 
humano e um grande problema de saúde pública no 
mundo 
o É endêmica em 101 países 
 
o É uma doença de notificação compulsória e todos os 
casos suspeitos e/ou confirmados, devem ser 
notificados à vigilância epidemiológica 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
▪ É importante estabelecer os sorotipos circulantes 
nas diferentes regiões, para com isso estabelecer os 
riscos de agravos relacionados à dengue 
 
o Estima-se que 50mi de casos, em pelo menos 100 
países, ocorram anualmente, 500 mil são 
hospitalizados e 25 mil morrem por ano 
 
o Os padrões variáveis da doença provavelmente estão 
relacionados com o crescimento da população 
urbana, a superpopulação e a ineficiência nos 
esforços de controle do mosquito 
▪ O comportamento epidemiológico depende da presença e 
da quantidade de inseto vetor, susceptibilidade da 
população aos sorotipos do vírus circulante, quantidade de 
qualidade de criadouros peri e intradomiciliares do 
mosquito, clima favorável e proliferação do artrópode, 
capacidade de ação efetiva das autoridades sanitárias do 
local e grau de conhecimento da população na destruição 
de possíveis focos do inseto 
 
• A sua infecção pode ser assintomática (identificada 
através da viragem sorológica especifica) ou 
sintomática; pode se apresentar na forma branda, 
denominada dengue clássica (DC), que se manifesta 
como um período prodrômico (similar à gripe), ou na 
forma grave, conhecida como febre hemorrágica do 
dengue (FDH) 
o A maioria dos pacientes se recupera após a evolução 
clínica, leve e autolimitada 
▪ Pequena parte progride para doença grave 
 
o Recentemente, após a OMS ter alterado o sistema de 
classificação, os pacientes que se recuperam sem 
incidentes graves são classificados como acometidos 
pela dengue; caso o paciente manifeste um 
sangramento severo e comprometimento de órgãos, 
o caso é classificado como dengue severa 
▪ A mudança foi proposta com base num grande n° 
de pacientes que não eram hospitalizados por não 
apresentarem sinaisde hemorragia, mas que 
vinham a falecer mais tarde em razão da falência de 
órgãos 
 
Sintomas 
Oligossintomático Evolução efêmera com 
síndrome febril 
inespecífica, síndrome 
exantemática ou misto de 
ambas 
Dengue clássica (ou 
Febre do dengue) 
Febre alta, dor de cabeça, 
dor nos ossos, músculos e 
nas articulações, 
principalmente dor 
retrorbital (atrás dos 
olhos), manchas 
avermelhadas na pele, 
apatia, cansaço, perda do 
paladar e apetite, 
exantema (geralmente 
acomete o tronco e 
membros inferiores); mais 
raramente náuseas e 
vômitos 
Linfonodos aumentados, 
erupção maculopapular e 
leucopenia são comuns 
Após uma semana os 
sintomas regridem, mas a 
fraqueza continua; 
raramente é fatal 
Dengue hemorrágica (ou 
Febre hemorrágica do 
dengue) – Dengue grave 
Dores abdominais, 
sangramento pelo nariz, 
boca e gengiva, 
dificuldade respiratória, 
perda da consciência, 
confusão mental, 
sonolência, pulso rápido e 
fraco, pele pálida, fria e 
úmida, manchas 
avermelhadas na pele, 
fezes sanguinolentas 
A pressão sanguínea de 
um paciente com dengue 
pode cair drasticamente 
durante fase 
hemorrágica, e uma 
pequena % desses casos 
são fatais, pois pode se 
desenvolver em choque 
(reversível se o 
tratamento for iniciado 
rapidamente) e 
hemorragia (ocorre 
quando o vírus está se 
replicando nos linfócitos 
circulante), 
principalmente 
gastrintestinal e na pele 
A síndrome do choque hemorrágico, que ocorre em 
indivíduos, geralmente em crianças com anticorpos 
heterólogos preexistentes não neutralizantes (que 
promovem a infecção de maiores números de células 
mononucleares dos linfonodos locais) devido a uma 
infecção previa com o vírus de sorotipo diferente, é 
devida à produção de grandes quantidades de 
anticorpos de reação cruzada no momento da 
segunda infecção de dengue 
 
A patogênese ocorre da seguinte forma: 
i. O paciente se recupera da dengue clássica, causada 
por um dos quatro sorotipos do vírus da dengue, e 
produz anticorpos contra aquele sorotipo 
 
ii. O paciente é infectado por outro sorotipo do vírus, 
ocorrendo uma resposta anamnéstica heterotípica 
(pecado imunológico - produção muito rápida de 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
um nível bastante elevado de anticorpos do tipo IgG, 
os quais possuem grande afinidade pelos seus 
antígenos) e grandes quantidades de anticorpos de 
reação cruzada contra o primeiro sorotipo são 
produzidas 
 
iii. Podem ocorrer duas situações: 
a. Imunocomplexos compostos por vírus e anticorpos 
são formados, ativam o complemento, causando 
aumento da permeabilidade vascular com fuga do 
plasma para os espaços intersticiais (pode acarretar 
em coagulação intravascular) e trombocitopenia 
(redução da produção de células sanguíneas) 
 
b. Anticorpos intensificam a entrada do vírus em 
monócitos e macrófagos (opsonização), com 
consequente liberação de grandes quantidades de 
citocinas vasoativas 
 
Ambos os cenários resultam em choque e hemorragia 
Geralmente o choque é hipovolêmico por quantidade 
insuficiente de volume sanguíneo e, por isso, o 
hematócrito é importante – quando alto, quer dizer 
que o paciente pode evoluir para choque 
hipovolêmico 
Sinais de alarme na 
dengue 
Dor abdominal intensa e 
continua, vômitos 
persistentes, evidencia de 
derrame cavitário 
(pleural, pericárdico), 
hipotensão postural e/ou 
lipotimia, hepatomegalia 
dolorosa, sangramento 
da mucosa, letargia e/ou 
irritabilidade, 
hemoconcentração (Ht > 
10%), acúmulo de liquido 
levando a ascite, 
diminuição da perfusão 
tecidual 
Mecanismo fisiopatológico dos sintomas 
Febre, adinamia e 
prostração 
Relaciona-se à presença, 
em níveis elevados, de 
citocinas séricas (TNF, IL-
6 e IFN) 
Mialgia Relaciona-se à 
multiplicação viral no 
próprio tecido muscular, 
inclusive o oculomotor, 
produzindo cefaleia/dor 
retrorbitária 
Fenômenos 
hemorrágicos – 
manifestam-se sob forme 
de epistaxe, 
gengivorragia, petéquias 
e hematúria 
A resposta imune envolve 
leucócitos, citocinas e 
imunocomplexos, 
causando aumento da 
permeabilidade por má 
função vascular 
plaquetária, resultando na 
queda da pressão arterial 
e manifestações 
hemorrágicas, associadas 
à trombocitopenia e 
disfunção plaquetária 
Desidratação Ocorre devido ao 
extravasamento vascular 
de líquidos, secundário ao 
aumento da 
permeabilidade vascular 
em decorrência do 
processo inflamatório 
Petéquias O processo inflamatório 
causa lesão endotelial 
resultando em fragilidade 
capilar, aumentando a 
ocorrência de petéquias 
Exantema Relaciona-se a liberação 
de histamina pelos 
basófilos, estimulada pela 
IL-8 
 
o O vírus da dengue ainda pode provocar artrite viral 
(imunocomplexo), uma vez que os vírus não infectam 
a articulação, mas desenvolvem imunocomplexos 
com anticorpos virais que são depositados nas 
articulações e induzem uma resposta anti-
inflamatória 
▪ As características clinicas da artrite viral consistem 
em artralgia (dor nas articulações, mas sem 
inflamação visível) ou artrite franca, em que a 
inflamação é aparente; as pequenas articulações 
das mãos são afetadas com mais frequência, no 
entanto, as grandes articulações também podem 
estar envolvidas 
 
▪ A maioria dos casos é de curta duração e resolve-se 
espontaneamente, no entanto, pode-se desenvolver 
um quadro de artrite crônica 
 
• Apresenta 4 sorotipos diferentes: 
o DENV1 e 2 – 5 genótipos 
▪ O tipo 1 foi identificado em 1977, isolado no Hemisfério 
Ocidental, e o tipo 2 esteve presente durante anos 
nas Américas 
 
o DENV 3 – 4 genótipos 
▪ Identificado em 1994 no Hemisférico Ocidental 
 
o DENV 4 – 2 genótipos 
▪ Identificado em 1981 no Hemisférico Ocidental 
 
o Os sorotipos 1 e 4 são os mais leves, já os 2 e 3 são os 
mais graves 
▪ Há variações genéticas dentro dos sorotipos e 
algumas variantes são mais virulentas, ou seja, tem 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
maior potencial epidêmico, ainda que todos os 
sorotipos possam causar doença grave 
 
▪ São distinguidos por ensaios moleculares e testes de 
neutralização 
 
o A imunidade é do tipo soro específica – um individuo 
infectado com o sorotipo 1 (DENV-1) irá desenvolver 
anticorpos neutralizantes e protetores apenas para o 
sorotipo 1, estando susceptível aos outros sorotipos 
virais 
 
▪ A infecção confere proteção duradoura contra o 
sorotipo causador da doença, mas a proteção 
cruzada contra outros sorotipos é de curta duração 
 
▪ Um indivíduo exposto a um sorotipo do vírus da 
dengue, quando exposto a outro sorotipo diferente, 
possui maior risco de evoluir para a forma grave da 
doença (febre hemorrágica) 
 
• Os vetores são representados pelo Aedes aegypti 
(Américas) e Aedes albopictus (Ásia e Pacifico) 
o São mosquitos diurnos, domésticos, que se 
reproduzem em recipientes naturais e/ou artificiais 
contendo água limpa ou suja, e possuem capacidade 
adaptativa, além dos ovos serem resistentes à 
dessecação 
 
o A vida útil do mosquito transmissor é de 45 dias, 
podendo vir a contaminar até 300 pessoas 
 
çã ó
• A infecção causada pelo vírus é iniciada pela picada do 
mosquito transmissor do vírus na pele, onde o vírus 
interage com as células dendríticas resistentes 
(macrófagos e monócitos), que se ligam à 
glicoproteína do envelope dos 4 sorotipos do vírus, 
levando à liberação de vírions intracelulares; a 
migração das células dendríticas para os linfonodos 
permite a apresentação dos vírus à célula T. 
 
i. Período extrínseco (7 – 14 dias) de incubação: o vírus 
está se multiplicando dentro do mosquito e se 
dissemina para outros órgãos, incluindo as glândulas 
salivares; a saliva do vetor deve conter quantidade 
suficiente de vírus para transmitir uma dose infectante 
 
o Apenas as fêmeas da espécie atuam como vetor do 
vírus, pois só elas necessitam da alimentação de 
sangue (hematofagia), a fim de produzir a progênie 
 
▪ Os ovos são muito resistentes à dessecação, 
podendo permanecer por maisde um ano e serem 
transportados a grandes distâncias em ambientes 
secos; após contato com a água os ovos podem 
eclodir 
 
▪ Transmissão transovoriana: as fêmeas gravidas 
infectadas com o vírus podem contaminar os 
próprios ovos 
 
ii. Período intrínseco de incubação: o vírus está sendo 
transmitido do mosquito ao homem – período de 
incubação da dengue no corpo do homem é de 7 dias 
após o contato (picada do mosquito infectante) 
o Os seres humanos, por apresentar um alto nível de 
viremia (vírus presente na corrente sanguínea do 
hospedeiro), atuam como reservatório do vírus 
 
iii. Febre alta (39°C) entre o 4° e o 10° dia após a infecção – 
entre o 3° e o 4° dia de febre começa a produção de 
anticorpos 
 
iv. Depois do 5° dia de febre (tempo aproximado de 
duração), os antígenos virais já tem a sua 
concentração reduzida na corrente sanguínea a ponto 
de não poderem ser identificados no PCR, sendo 
realizado o teste sorológico (ELISA) para identificar os 
anticorpos contra os antígenos virais 
 
o O RT-PCR 
deve ser feito 
no início da 
febre (fase 
aguda – 1 ao 
6° dia [pico 
da carga 
viral]), pois o 
pico de 
antígenos virais ocorre nos primeiros dias de febre 
 
o Entre o 6° e o 7° dia de febre os testes podem dar negativo, 
tanto o PCR quanto o sorológico; nesse período (fase crítica) 
o pico de produção de antígenos virais já está baixo, 
inviabilizando sua detecção, ao mesmo tempo que ainda 
não foram produzidos anticorpos o suficiente para serem 
detectados no ELISA 
 
• Acredita-se que existam 2 formas de resposta imune à 
dengue: 
1. Previne a infecção 
e propicia a 
recuperação nas 
infecções – envolve 
resposta humoral (lise 
e neutralização viral). A 
primo-infecção por 
dengue estimula a produção de IgM, detectáveis a 
partir do 4° após inicio dos sintomas, atingindo níveis 
elevados por volta do 7° - 8° dia. As IgG são observadas 
em níveis baixos a partir do 4° dia após o inicio dos 
sintomas, elevando-se gradualmente atingindo valores 
maiores em semanas. Indivíduos que já tiveram 
contato prévio com outros sorotipos do vírus podem 
alterar o perfil da resposta imune, passando a ser 
infecção secundária 
 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
2. Relaciona-
se à 
imunopatologia 
da dengue 
hemorrágica. 
Pode ser 
observada em 
indivíduos acima 
de 1 ano de idade 
com infecção 
secundária por 
dengue e 
crianças menores 
de um ano, com 
infecção primaria, 
filhos de mães possuidoras de anticorpos para dengue. 
Acredita-se que indivíduos com dengue hemorrágica 
possuam populações de macrófagos maciçamente 
infectadas e produzam viremias elevadas 
 
ó
a. Inoculação de uma linhagem celular do mosquito com 
o soro do paciente acoplado a ensaios de ácidos 
nucleicos para identificação do vírus isolado (pesquisa) 
 
b. RT-PCR (reação em cadeia de polimerase utilizando a 
transcriptase reversa) na fase aguda (1° – 6° dia); 
técnica utilizada para amplificar o RNA viral extraído das 
amostras biológicas e conversão para DNAc (DNA 
complementar a fita de RNA) para posterior 
amplificação 
 
c. IgM-anti DENV/IgM envelope/membrana (E/M) para a 
proteína viral (6° - 60° dias após os sintomas) 
 
d. IgG-anti DENV (15° dia após sintoma) 
 
e. Pesquisa do antígeno NS1 (proteína do vírus da dengue 
produzida em grande quantidade, geralmente durante 
o 1° ao 7° dia após os sintomas) – alta sensibilidade, 
mas não consegue diferenciar entre os 4 tipos de 
sorotipos 
 
f. Teste de inibição da hemoaglutinação 
o Os anticorpos neutralizantes e inibidores da 
hemoaglutinação surgem em uma semana após o 
início da febre da dengue 
▪ A análise pareada de soro da fase aguda e da 
convalescença para mostrar uma elevação 
significativa nos títulos de anticorpos é a evidencia 
mais confiável de uma infecção ativa de dengue 
 
o Alterações laboratoriais 
▪ Hematócrito (% que as hemácias ocupam o 
sangue) elevado: ocorre devido a complicações em 
que o plasma pode vazar de dentro do sistema 
circulatório, formando edema devido aumento da 
permeabilidade e da pressão hidrostática, deixando 
o sangue com maior concentração de hemácias 
 
▪ Leucopenia 
 
▪ Plaquetopenia 
 
▪ Hipoalbuminemia (reflete o extravasamento 
plasmático) 
 
o Prova do laço – não faz diagnóstico, mas é um teste 
complementar essencial; análise de petéquias no 
antebraço (a prova será positiva se houver 20 ou mais 
petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças) 
 
• Consiste principalmente no alívio dos sintomas, 
particularmente a desidratação pela perda de sangue 
e outros fluídos; reposição hidroeletrolítica (oral ou 
venosa) + medida da pressão arterial + controle da 
hidratação + medicamentos antitérmicos 
o É proibido o uso de salicilatos, como o ácido 
acetilsalicílico e dipirona em casos suspeito, nem 
medicamentos à base de diclofenaco sódico ou 
cetoprofeno; nesses casos usa-se paracetamol 
 
o A maioria dos indivíduos infectados se recupera sem 
cuidados médicos em uma semana, sem sintomas 
adicionais, provavelmente devido a uma resposta 
imune o vírus da dengue 
 
• Não há terapia antiviral ou vacina contra dengue 
totalmente disponíveis 
 
• A febre hemorrágica pode ser tratada por terapia de 
reposição de líquidos 
 
o A taxa de fatalidade para febre hemorrágica da 
dengue pode alcançar 15%, mas pode ser reduzida a 
menos de 1% com o tratamento correto 
 
çã
• Controle da proliferação dos vetores (insetos 
transmissores que são os veículos dentro da cadeia de 
transmissão viral) – Aedes aegypti 
o Não deixar água parada 
 
o Não deixar tanques descobertos 
▪ O mosquito acasala-se em climas tropicais ou 
subtropicais em recipientes de água ou em plantas 
próximos às habitações humanas 
 
o Implementar saneamento básico 
 
o Coleta regular do lixo 
 
o Uso de repelentes: 
▪ Larvicidas p/ Aedes aegypti (todos inócuos para os 
humanos e aprovados pela OMS): 
▪ Temephos a 1% (Abate, Larvin, Larvel, outros) 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
 
▪ Bacillus turighiensis israelensis (BTI) inseticida 
biológico para uso de maneira rotativa com o 
Temephos 
 
▪ Metoprene (análogo de hormônio juvenil dos 
mosquitos) – atua nas formas imaturas impedindo 
seu desenvolvimento 
 
o Roupas apropriadas ao adentrar os matos 
 
• Uso da vacina 
o A vacina contra a dengue (vacina com vírus 
quimérica) é relativamente nova no Brasil, 
protegendo contra os sorotipos circulantes do vírus da 
dengue, sendo disponível em clinicas particulares – o 
preço varia entre R$220 e R$350 
▪ Dengvaxia (vacina da Sanofi-Pasteur): liberada 
pela Anvisa em 2016; de acordo com a Anvisa, a 
eficácia da vacina na população acima de nove 
anos é de aproximadamente 65% contra os quatro 
sorotipos de vírus da dengue. Além disso, o 
medicamento reduz os casos graves da doença em 
90% e os índices de internação em 80%. É uma 
vacina tetravalente com vírus vivo atenuado, que 
deve ser tomada em 3 doses a cada 6 meses. 
 
▪ Indicada de 9 a 45 anos; contraindicada em 
grávidas, fenilcetonúricos e imunodeprimidos 
 
í
• O vírus Zika é um flavivírus 
que normalmente causa 
infecções brandas em seres 
humanos, caracterizados pelo 
surgimento de febre súbita, 
cefaleia, artralgia, mialgia, 
erupções, dor atrás dos olhos, 
vermelhidão ocular (difere da 
conjuntivite que não tem dor, 
inflamação e inchaço 
palpebral) e exantema 
maculopapular, com raso 
acometimento das articulações; menos 
frequentemente provoca edema, odinofagia, tosse seca 
e alterações gastrointestinais, principalmente vômitos 
o Esses sintomas perduram por 4 – 8 dias e 
desaparecem sem deixar sequelas 
▪ 1:4 pessoas que adquirem o vírus Zika apresentam 
sintomas 
 
▪ Geralmente não exigem hospitalização, e os casos 
fatais são raros 
 
o No Brasil, os primeiros casos ocorreram em São Paulo 
e Bahia e, posteriormente, em outros estados; a 
principal hipótese é que o vírus tenha entrado com 
turistas na copa de 2014, onde foi detectado o 
genótipo asiático 
 
Sintomas 
 
Febre Pode estarpresente; baixa 
Artralgia Pode estar presente; dores 
leves 
Rash cutâneo 
(manchas vermelhas 
na pele) 
Quase sempre presente; se 
manifesta nas primeiras 
24h 
Prurido Pode estar presente; de leve 
a intensa 
Vermelhidão nos olhos Pode estar presente 
Complicações 
Microencefalia Até final de 2016 (SE 52) 
foram 2.366 confirmados, 
49 prováveis e 5.269 
descartados. Em 2017 
foram 246 casos 
confirmados e 936 casos 
em avaliação 
Síndrome de Guillain-
Barré 
N° de casos coincide com o 
aumento da infecção; a 
taxa normal é de 0,5 a 4 
casos por 100.000. 
Más formações não 
microencefálicas 
Surdez unilateral, danos na 
retina, cistos cerebrais ou 
inflamação em artérias 
cerebrais; pode ocorrer em 
qualquer etapa da gravidez 
Síndrome da Zika 
congênita 
1° trimestre: 30% de 
chance de ocorrer; 
ausência de resposta 
imune fetal: 
morte/sequelas 
 
2°/3° trimestre: x% de 
chance; alguma 
resposta imune fetal: 
sequelas na 1° infância 
 
A alteração neurológica 
vai variar de acordo 
com o mês de 
gestação, podendo ser 
branda ou severa 
Aborto 
espontâneo/natimortos, 
baixo peso, 
hepatoesplenomegalia, 
meningoencefalite, 
trombocitopenia, surdez, 
danos oftálmicos (catarata, 
cegueira, retinopatias), 
danos neurológicos 
(retardo mental, 
calcificações cerebrais, 
microcefalia), retardo no 
desenvolvimento, 
malformações articulares, 
anencefalia, hidrocefalia 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
Outras complicações Doenças oculares, má-
formação de membros e 
articulações (artrogripose), 
hidrocefalia, hidropisia fetal, 
crescimento fetal, 
problemas neurocognitivos 
tardios 
 
• É um vírus envelopado, icosaedro, possui um genoma 
de RNA de fita simples, linear, não segmentado e de 
polaridade positiva 
o Possui somente um sorotipo e são conhecidos dois 
genótipos, o asiático e o africano 
 
• Tropismo – capacidade e especificidade do vírus de 
invadir tipos celulares específicos 
o Citotrofoblasto 
o Macrófagos da placenta possibilitando o acesso do 
vírus aos vasos sanguíneos do feto 
 
• São capazes de se replicar tanto no hospedeiro 
vertebrado como no vetor hematófago 
 
• O vetor é constituído por várias espécies de mosquitos 
Aedes (o Aedes aegypti e o Aedes albopictus) são os 
mais preocupantes, mas no Brasil só existe o A.aegypti 
o As transfusões de sangue também representam 
outro meio de transmissão, podendo causar viremia, 
além da transmissão vertical (mãe e filho via 
placenta) 
 
o Há hipóteses em que o vírus também é transmissível 
através da urina, lágrimas e saliva, além do contato 
sexual (hematoespermia – presença de sangue 
contendo o vírus no sêmen/esperma ejaculado) 
 
• Em 2015, numerosos casos de microcefalia em crianças 
recém-nascidas no 
Brasil, especificamente 
no Rio Grande do Sul e 
na Bahia, têm sido 
atribuídos à infecção da 
gestante, principalmente 
no 1° trimestre de 
gestação 
o Recém-nascidos do sexo feminino c/ microcefalia 
apresentarão perímetro cefálico (PC) < ou = à 31,5cm; 
nascidos do sexo masculino apresentarão PC < ou = à 
31,9cm 
 
o A microcefalia ocorre quando o vírus atravessa a 
placenta e infecta o feto de uma mãe infectada, 
causando dano encefálico e tamanho da cabeça 
menor do que o normal; as complicações consistem 
em distorção facial, deficiência mental, nanismo, 
hipersensibilidade, crises convulsivas e podem 
acarretar em óbito 
▪ O vírus pode ser detectado no líquido amniótico 
 
o Em janeiro de 2016, o Ministério da Saúde do Brasil 
notificou 3.174 recém-nascidos com microcefalia 
▪ Embora dados epidemiológicos relacionem a 
infecção pelo vírus Zika ao desenvolvimento da 
microcefalia, ainda não há, até o momento, 
comprovação causal cientifica desta relação 
 
• Além da 
microcefalia, também 
pode ocorrer a 
síndrome de Guillain-
Barré, um distúrbio 
autoimune no qual o 
sistema imunológico 
passa a atacar a 
bainha de mielina 
(estrutura que recobre e 
protege nervos periféricos), em que ocorre 
enfraquecimento e paralisia ascendente (manifesta-se 
primeiro nas pernas, podendo irradiar-se para o tronco, 
braços, pescoço e face), permanente ou temporária, de 
um ou mais membros; constitui uma das causas mais 
comuns de paralisia 
o O principal risco é quando ocorre o acometimento de 
músculos respiratórios e/ou cardíacos, podendo levar 
à óbito 
 
o Pacientes com SGB infectados pelo vírus Zika 
demonstram taxas de recuperação mais rápida do 
que os que não foram infectados 
 
Diferenças entre as manifestações clínicas na Dengue 
e na Zika 
Manifestação clínica Dengue Zika 
Intensidade da febre ++ +/ausente 
Exantema + ++++ 
Mialgia ++ + 
Artralgia +/- + 
Dor retrorbital +++ ++ 
Conjuntivite -/+ +++ 
Sangramentos ++ - 
Choque -/+ - 
Leucopenia/Plaquetopenia +++ - 
 
ê
• O vírus da Zika é neurotrópico, tendo como alvo células 
neurais progenitoras, bem como células neuronais em 
diferentes estados de maturidade, mas em menor grau 
 
i. Replicação nas células dendríticas e citoplasma dos 
fibroblastos e queratinócitos da epiderme e derme 
 
ii. Dispersão para os linfonodos e a corrente sanguínea 
 
iii. O vírus tem tropismo pelo SNC 
 
BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA 3° SEMESTRE 
iv. Infecção congênita pelo vírus – especialmente no 1° de 
gestação pode resultar em alterações cerebrais graves 
no recém-nascido, dentre as quais se destaca a 
microcefalia 
 
v. A infecção pelo Zika prejudica a interação entre os 
neurônios e as células da glia, considerada essencial 
para o desenvolvimento do córtex cerebral 
 
o A presença de anticorpos contra outros flavivírus pode 
aumentar a infecção causada pelo Zika, resultando 
numa infecção mais intensa (pecado imunológico) 
 
ó
• O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, 
PCR (viremia – 3 a 5 dias após início dos sintomas; 
virúria – carga viral alta e de longa duração, 
aproximadamente 10 – 20 dias), isolamento viral em 
cultura de células (urina até o 14° dia, sangue até o 7° 
dia), sorologia IgM (até o 14° dia), ELISA (reação cruzada 
c/ outros flavivírus, como o da dengue) 
 
• O tratamento consiste habitualmente em 
acetaminofeno (paracetamol) e dipirona para o 
controle da febre e manejo da dor 
o Não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico 
(AAS) e outros anti-inflamatórios, em função do risco 
aumentado de complicações hemorrágicas descritas 
nas infecções por outros flavivírus 
▪ No caso de gestantes deve-se ter um cuidado 
especial devido à relação do vírus da Zika com a 
microcefalia 
 
o Não há vacina disponível para o Zika vírus 
 
• A melhor forma de prevenção é a eliminação do 
mosquito que atua como vetor

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